Universidades e politécnicos querem ensino presencial este ano letivo
Universidades e politécnicos defendem ensino presencial mas ainda aguardam a revisão da DGS da norma de lotação das salas. Limite de 50% de ocupação impede a presença de todos os alunos.
O Conselho dos Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos defendem que o ensino presencial é fundamental e que deve ser retomado o mais possível neste novo ano letivo. Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, defende igualmente que o ano letivo de 2021/2022 “só pode ser presencial”. O setor aguarda orientações da Direção Geral da Saúde (DGS) sobre a lotação máxima permitida nas salas de aula, para uma decisão final sobre o modelo de ensino a adotar este ano letivo.
As atuais orientações da DGS impõem uma lotação máxima das salas de aula a 50%, o que impede uma retoma total das aulas presenciais. Assim sendo, o recurso ao regime híbrido, já adotado no ano letivo anterior, é, para já, provável. Espera-se que DGS se manifeste sobre a norma nas próximas semanas e só então as instituições podem divulgar definitivamente as suas decisões sobre qual o modelo de ensino a adotar este ano letivo.
Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, defende o regresso a um regime presencial no ensino superior. “Só pode ser presencial. Obviamente que, durante a próxima semana, no princípio de setembro, iremos confirmar as recomendações da Direção-Geral da Saúde, mas não posso deixar de fazer um apelo a todas as instituições e, sobretudo, a todos os docentes que, no quadro daquilo a que eu chamo uma autonomia responsável, garantam condições de presença de todos os estudantes das instituições de ensino superior”, afirmou o ministro, em declarações ao Diário de Notícias.
Politécnicos querem o máximo de aulas presenciais possível
Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), garante que os politécnicos estão a mover esforços para terem “a maior percentagem (possível) de aulas em regime presencial”.
Os politécnicos estão focados no regresso ao ensino em aulas presenciais, “cruciais para desenvolver as competências necessárias”, sendo “dificilmente substituíveis por modelos híbridos”, defende Pedro Dominguinhos. Para além disso, o isolamento crescente nas camadas mais jovens e a falta da dinamização da atividade económica e social, que antes era regra com a presença dos alunos nas regiões, justificam a necessidade de um ensino cada vez mais em pessoa, acrescenta.
O recurso ao ensino online não está, no entanto, excluído, pelo que algumas aulas, como as teóricas, podem ser nesse regime. “Os Cursos Técnicos Superiores Profissionais, os primeiros anos dos cursos, bem como as aulas práticas, laboratoriais, tutorias, estágios ou ensinos clínicos serão 100% presenciais. Poderão existir atividades online síncronas nas aulas teóricas e em vários mestrados”, adiantou Pedro Dominguinhos ao ECO.
A decisão não está fechada, porque se aguarda pela revisão, por parte da DGS, da norma de limitação de 50% da lotação nas salas de aula, imposta no ano letivo passado. “De acordo com as regras atuais, o respeito pelo distanciamento físico impede que, em muitas situações, todos os estudantes possam assistir presencialmente às aulas. Esta é uma decisão importante e que condiciona, em algumas situações, o modelo a adotar”, explicou o Dominguinhos, também presidente do Instituto Politécnico de Setúbal. “Assim que tivermos decisões da DGS estamos em condições de comunicar o modelo final a adotar“, disse.
Universidades afastam a possibilidade de ensino totalmente à distância
As universidades aguardam igualmente a decisão da DGS. “O que já é certo é que está afastada a hipótese de regresso às aulas exclusivamente em regime de ensino à distância”, disse fonte do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas ao ECO.
Caso as aulas do ensino superior começassem neste momento, “as normas vigentes impediriam o regresso por completo à atividade presencial”. Nesse cenário, teria de se optar por um regime híbrido, semelhante ao aplicado no ano letivo anterior.
Se nas próximas semanas “a grande parte das restrições vigentes forem revogadas por novas normas e orientações da DGS e Ministério, deverão estar reunidas as condições para um regresso ao ensino presencial como norma geral nas universidades, mesmo que observando as regras sanitárias básicas como o uso de máscaras, a disponibilização de álcool gel ou a higienização e ventilação regular dos espaços”, afirmou a CRUP.
Na Universidade do Algarve, as aulas retomam, para já, 80% em modo presencial, tal como aconteceu no ano letivo passado, referiu o reitor Paulo Manuel Roque Águas ao ECO. O período de matrículas e atividades de acolhimento, entre 27 de setembro e 1 de outubro, vai ser à distância, referiu a universidade em despacho.
Entre as medidas de prevenção à Covid-19 em âmbito de aulas, que arrancam a 4 de outubro, para além do uso da máscara e distanciamento, está o intervalo de 10 minutos entre utilização das salas para as arejar e a permanência, sempre que possível, de uma turma no mesmo espaço. Caso a limitação da lotação das salas se mantenha a 50%, deve ser criado um regime de rotatividade nas turmas, sendo que quem fica em casa pode assistir às aulas em streaming. As avaliações devem ser presenciais.
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