FBI divulga documentos secretos do 11 de setembro após ordem de Biden

  • ECO e Lusa
  • 12 Setembro 2021

O FBI divulgou este sábado os primeiros documentos classificados sobre as investigações dos ataques do 11 de setembro, que mataram cerca de 3.000 pessoas há 20 anos.

O FBI divulgou este sábado os primeiros documentos relacionados com a investigação do 11 de setembro, os ataques sobre os EUA e as alegações de apoio do governo saudita aos sequestradores, na sequência de uma ordem executiva do Presidente americano, Joe Biden.

Os familiares das vítimas pediram a Joe Biden para não comparecer aos eventos de memória que lembraram o ataque feito há 20 anos se não desclassificasse os documentos que, segundo eles, mostrarão um envolvimento das autoridades sauditas no ataque.

Um documento de 16 páginas parcialmente editado e divulgado pelo FBI dá conta de contactos entre os sequestradores e associados sauditas, mas não revelam nenhuma evidência de que o governo de Riade foi cúmplice dos ataques, que mataram quase 3.000 pessoas.

A Arábia Saudita há muito que diz que não teve nenhum papel nos ataques.

Em comunicado divulgado a 8 de setembro, a embaixada saudita em Washington afirmou que a Arábia Saudita sempre defendeu a transparência em torno dos eventos de 11 de setembro de 2002 e saúda a divulgação de documentos confidenciais relacionados com os ataques por parte dos EUA.

Dos 19 piratas do ar que desviaram os quatro aviões que se despenharam naquele dia, fazendo cerca de 3.000 mortos, 15 eram sauditas.

A nota insiste nas ligações entre Omar al-Bayoumi, presumível agente saudita instalado na Califórnia, e dois dos piratas do ar, Nawaf al-Hazmi e Khalid al-Mihdhar, aos quais terá fornecido ajuda logística.

O documento, baseado em entrevistas realizadas em 2009 e 2015 com uma fonte cuja identidade é mantida em segredo, detalha os contactos e encontros de Omar al-Bayoumi com Nawafal-Hazmi e Khalid al-Mihdhar, ambos chegados à Califórnia em 2000.

Mostra ainda ligações mais fortes do que as que se conheciam até agora entre estes dois homens e Fahad al-Thumairy, imã conservador de uma mesquita de Los Angeles e diplomata acreditado no consulado saudita no final dos anos 1990.

Segundo o documento, números de telefone associados à fonte mostram contactos com pessoas que ajudaram Nawaf al-Hazmi e Khalid al-Mihdhar, entre os quais Omar al-Bayoumi e Fahad al-Thumairy, e incluindo a própria fonte.

A fonte disse ao FBI que al-Bayoumi, apesar do seu estatuto oficial de estudante, ocupava “uma posição muito elevada” no consulado saudita. “A ajuda de Bayoumi a Hamzi e Midha incluía traduções, viagens, alojamento e financiamento”, segundo a nota.

A mulher da fonte disse que al-Bayoumi falava com frequência de “jihad”, segundo o documento.

A nota estabelece igualmente outras ligações, encontros, conversas telefónicas e outras comunicações, de al-Bayoumi e Thumairy com o americano-iemenita Anouar al-Aulaqi, propagandista da al-Qaida na península arábica (Aqpa) morto por ‘drones’ americanos no Iémen em setembro de 2011.

Três administrações sucessivas recusaram desclassificar e publicar os documentos sobre as investigações aos atentados, tendo sido acusadas de querer proteger a aliança histórica entre Washington e Riade.

Jim Kreindler, um dos principais advogados das famílias das vítimas no processo contra Riade, considerou que o documento agora divulgado valida o argumento de que o Governo saudita apoiou os piratas do ar.

“Com esta primeira desclassificação de documentos, chegam ao fim 20 anos em que a Arábia Saudita contou com o Governo americano para cobrir o seu papel no 11 de setembro”, disse Jim Kreindler em comunicado.

As famílias esperam agora provas mais contundentes com a publicação de outros documentos desclassificados, o que se espera nos próximos seis meses, segundo o decreto assinado no início do mês por Joe Biden.

(Notícia atualizada às 11h06)

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