“Ganhar com a Covid”? Brilhante Dias fala em má interpretação
Corrigido por Costa e criticado pela oposição, o secretário de Estado da Internacionalização contextualiza o “impacto positivo” da pandemia e queixa-se de ter sido mal interpretado.
Poucas horas depois de decretar em Paris que Portugal “ganhou com a Covid-19 porque, tendo as suas dificuldades, enfrentou-a com bastante êxito” – não sem antes avisar que iria dizer “uma coisa que talvez não seja politicamente correta” –, Eurico Brilhante Dias veio contextualizar as declarações e queixar-se de ter sido… mal interpretado.
“Lamento se não fui claro. É claro que lamento a circunstância em que estamos e que a interpretação que foi dada às minhas palavras na resposta a uma pergunta tenha sido essa. Isso lamento profundamente. Se a interpretação que fizeram das minhas palavras pareceu uma desvalorização da pandemia, evidentemente só tenho de lamentar e, naturalmente, retificar”, referiu o secretário de Estado da Internacionalização.
Em declarações à TVI24, já depois de ter levado um recado de António Costa – o controlo da pandemia “não é um cartaz turístico”, avisou o líder socialista –, o governante declarou ser “evidente que ninguém ganhou nada com esta pandemia” e que apenas estava a responder a uma questão centrada na perceção externa do país e sobre a marca Portugal neste contexto pandémico.
Se a interpretação que fizeram das minhas palavras pareceu uma desvalorização da pandemia, evidentemente só tenho de lamentar e, naturalmente, retificar.
Brilhante Dias insistiu que as declarações prestadas à margem da feira têxtil Première Vision, onde acompanhou a comitiva de 56 empresas portuguesas, eram antes de “valorização da forma como o país enfrentou a Covid-19” e é visto no estrangeiro. “Esse é o impacto positivo. Jamais me ocorreu que as minhas declarações, que tinham exclusivamente esse contexto, podiam ser uma desvalorização de uma situação gravíssima”, completou.
A intervenção do secretário de Estado em Paris acabou por alastrar para as autárquicas, com críticas de quase todos os partidos. Rui Rio (PSD) falou de “ridículo” e de um ponto da campanha que “já começa a reinar o absurdo”, enquanto Francisco Rodrigues dos Santos (CDS-PP) ironizou que Brilhante Dias “provavelmente esteve a viver noutro planeta nestes últimos dois anos”.
À esquerda, Catarina Martins falou de uma frase “profundamente infeliz” e Jerónimo de Sousa (PCP) lembrou que “uma marca onde houve tanto doente e tanto morto nunca é uma boa marca”. “Dizer que Portugal é uma marca, tendo em conta a Covid-19, é no mínimo descuidado”, sustentou o líder comunista.
Aumentar salários na indústria
Antes das polémicas declarações à RTP, perante os representantes da indústria portuguesa do têxtil e do vestuário, Eurico Brilhante Dias já tinha referido aos jornalistas que as indústrias mais tradicionais, como é o caso do têxtil, do vestuário e do calçado, “não têm futuro se não pagarem melhores salários”.
“Quando chegarmos à valorização da remuneração do trabalho, vamos ter melhores condições de fixar talento. Muitos jovens não ficam nestas indústrias porque as condições remuneratórias são mais atrativas nas concorrentes. A indústria não tem futuro se não for capaz de pagar melhor”, referiu o secretário de Estado.
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