Mexidas no IRS dão 183 euros a casado com dois filhos e salário de 2.500 euros. Veja as simulações
O próximo ano traz novos escalões e taxas de IRS, estimando o Governo que irá "devolver" por esta via 150 milhões de euros às famílias portuguesas. Veja as simulações da EY para o ECO.
Em todos os cenários, os contribuintes deverão pagar menos IRS, em 2022. Na proposta de Orçamento do Estado para 2022 entregue esta segunda-feira no Parlamento, o Governo indica que pretende mexer não só nos patamares de rendimento coletável, como nas próprias taxas, agravando algumas delas. Ainda assim, tendo em conta a progressividade do imposto, todas as famílias deverão conseguir fazer alguma “poupança”, segundo as simulações feitas pela EY para o ECO. O Governo estima “devolver” aos contribuintes por esta via cerca de 150 milhões de euros.
De acordo com a proposta orçamental, o ano de 2022 trará uma alteração dos escalões de IRS que abrangerá mais de um milhão e meio de agregados com rendimento coletável superior a 10.736 euros. Mas como é que essa mexida no imposto sobre os rendimentos de pessoas singulares se refletirá, na prática, na vida dos contribuintes? A EY fez as simulações.
No caso de um solteiro, sem filhos, com um salário de mil euros, o IRS a pagar em 2021 é de 1.671,56 euros. Já em 2022, à luz da proposta orçamental, deverá passar para 1.671,22 euros, o que reflete um ganho, calcula a EY, de 0,34 euros.
Poupança mais expressiva terá, por outro lado, um solteiro, sem filhos, com um salário de dois mil euros. Em 2021, paga 5.847,94 euros de IRS. Já em 2022 vai pagar 5.798,42 euros de imposto, isto é, menos 49,52 euros.
E se esse mesmo contribuinte tiver um salário de cinco mil euros? A EY calcula que, nesse caso, o ganho deverá ser de 201,79 euros, passando o contribuinte de ter de pagar 22.060,39 euros em IRS para 21.858,60 euros.
Também os contribuintes casados podem esperar algum alívio, no próximo ano, a nível fiscal. Por exemplo, um casado (um titular), com um filho, e dois mil euros de salário deverá beneficiar de uma poupança de 49,58 euros. Isto uma vez que passa a ter de pagar 3.771,20 euros de IRS, em vez de 3.820,78 euros.
Vejamos outro exemplo de casados. Um agregado com dois titulares, dois filhos, e um salário de dez mil euros pode esperar um ganho 50,92 euros, já que o IRS a pagar desce de 103.792,66 euros para 103.843,58 euros.
Já um contribuinte casado (um titular), com dois filhos, e 2.500 euros de salário, pode esperar uma poupança de 180,3 euros, passando a ter de pagar 5.035,48 euros de imposto, em vez de 5.215,78 euros.
E mesmo nos rendimentos que passam a estar enquadrados no escalão mais elevado da nova tabela, prevê-se um alívio fiscal, estima a EY. É o caso de um contribuinte com um rendimento coletável de 75.100 euros. Descontadas as contribuições para a Segurança Social, em 2021 o sujeito passivo paga 27.820,43 euros de impostos, mas em 2022 vai pagar 27.621,33. Ou seja, menos 199,1 euros.
Já um rendimento coletável de 80.800 euros pagaria em 2021 30.385,43 euros de imposto, mas em 2022 vai pagar 30.357,33. Em causa está um ganho de cerca de 28 euros, estima a EY.
É importante explicar que, atualmente, há sete patamares de rendimento coletável na tabela de IRS, número que, em 2022, deverá passar para nove, com o desdobramento do terceiro e sexto escalões.
Assim, o novo terceiro escalão deverá passar a abranger rendimentos coletáveis de 10.736 euros a 15.216 euros, aplicando-se uma taxa normal de 26,5% e uma taxa média de 20,1%, ambas abaixo das taxas hoje aplicáveis a este nível de rendimentos. Já o novo quarto escalão deverá cobrir rendimentos de 15.216 euros a 19.696 euros, aplicando-se a taxa normal de 28,5% e a taxa média de 22%, esta última abaixo da hoje em vigor.
Por sua vez, quinto escalão abrangerá rendimentos de 19.696 euros a 25.076 euros, aplicando-se uma taxa normal de 35% e uma taxa média de 24,8%, esta última abaixo da atual. Já o sexto escalão cobrirá rendimentos de 25.076 euros a 36.757 euros, aplicando-se uma taxa normal de 37% e uma taxa média de 28,7%, também abaixo da que hoje está em vigor.
Por outro lado, o sétimo escalão abrangerá rendimentos de 36.757 euros a 48.033 euros, aplicando uma taxa normal de 43,5% e uma taxa média de 32,1%, abaixo das atualmente previstas para estes rendimentos. O novo oitavo patamar de rendimento coletável cobrirá de 48.033 euros a 75.009 euros, aplicando-se uma taxa normal de 45% e uma taxa média de 36,8%, esta última abaixo da que hoje está em vigor.
Por último, o nono escalão cobrirá rendimentos acima de 75.009 euros, patamar inferior ao que hoje está em vigor (80.882 euros), mantendo-se a mesma taxa prevista atualmente em vigor para o patamar mais elevado: 48%. Tal significa que a taxa mais pesada começará a ser aplicada a contribuintes com rendimentos menos expressivos do que até agora.
Apesar deste desenho e como o IRS é progressivo, mesmo os contribuintes cujos níveis de rendimentos estão associados a taxas de imposto que sobem deverão sentir algum alívio, indicam as simulações feitas pela EY para o ECO.
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Mexidas no IRS dão 183 euros a casado com dois filhos e salário de 2.500 euros. Veja as simulações
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