COP26: Reino Unido quer “manter viva” a possibilidade de limitar o aquecimento global
“Precisamos de chegar ao final da COP26 e que todos sintam que [a meta de] 1,5 [graus centígrados] foi mantida viva”, afirmou a porta-voz britânica Allegra Stratton.
A presidência britânica da cimeira climática COP26 quer compromissos dos países em temas como o “carvão, carros, financiamento e árvores” para garantir que, no final, continue “viva” a possibilidade de limitar o aquecimento global a 1,5 graus centígrados.
“Precisamos de chegar ao final da COP26 e que todos sintam que [a meta de] 1,5 [graus centígrados] foi mantida viva”, afirmou a porta-voz Allegra Stratton num evento promovido pelo centro de estudos Institute for Gouvernment.
O Reino Unido é o anfitrião e preside, em parceria com a Itália, à 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) a realizar em Glasgow, Escócia, entre 31 de outubro e 12 de novembro.
A Conferência vai procurar por em prática as compromissos do Acordo de Paris, alcançado em 2015, sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa para limitar o aquecimento global a dois graus centígrados, de preferência a 1,5 graus centígrados, acima dos valores do era pré industrial.
No verão, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apresentou as prioridades para combater as alterações climáticas, introduzindo o mantra “coal, cars, cash, trees” [carvão, carros, financiamento e árvores].
Hoje, Stratton afirmou que a presidência britânica da COP26 quer convencer os países ricos a eliminarem o uso doméstico de carvão até 2030, mas os países em desenvolvimento poderão ter “um pouco mais de tempo, até 2040”.
Nos automóveis, o desafio feito aos países e fabricantes é que adotem o calendário britânico de fim da comercialização de motores de combustão até 2030, embora admita que a data mais provável para a generalidade dos países seja 2035.
Relativamente ao financiamento, a COP26 vai tentar que os países mais desenvolvidos concretizem a promessa de mobilizar 100 mil milhões de dólares (87 mil milhões de euros) anuais para ajudar os países vulneráveis em desenvolvimento a adaptarem-se e a protegerem-se do impacto das alterações climáticas.
O compromisso foi assumido em 2009, na COP realizada em Copenhaga, para se materializar em 2020, mas a pandemia covid-19 alterou os planos de muitos países e atrasou o processo.
Por fim, a COP26 vai tentar promover a plantação de árvores, parando e revertendo até 2030 a desflorestação mundial, procurando assim ajudar na captura de dióxido de carbono na atmosfera.
Allegra Stratton garante que, se forem feitos progressos nestes quatro temas, é possível limitar o aquecimento global, mas vincou que vai ser preciso empenho das grandes economias emergentes que formam o G20, como o Brasil, Índia e China.
Até agora, revelou, as metas nacionais para a redução da emissão de gases com efeito de estufa juntas apontam para um aquecimento global de 2,7 graus centígrados comparado com os níveis pré-industriais.
“Atualmente, não temos a ambição e os compromissos de que precisamos de todo o G20. O G20 é tão importante porque representa 80% das emissões globais”, enfatizou.
No entanto, afirmou existir motivos para “otimismo”, referindo as novas metas de redução de emissões feitas pela África do Sul, país cuja produção de energia depende do carvão, à qual estão associados muitos postos de trabalho, e a ratificação pela Turquia do Acordo de Paris.
Mais de 120 líderes mundiais são esperados num encontro de alto nível nos primeiros dias da COP26, que deverá juntar cerca de 25 mil participantes, entre políticos, ativistas, especialistas e negociadores nacionais.
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