Europa: Setor bancário está em apuros

  • Rita Atalaia
  • 30 Setembro 2016

Não há planos de recuperação que ajudem neste momento os maiores bancos globais. O corte do número de empregos, suspensão de dividendos e multas estão a assustar o mercado.

O Deutsche Bank está a afundar para mínimos históricos com receios em torno de falta de capital, o Commerzbank diz que vai eliminar quase 10 mil postos de trabalho e o ING prepara-se para seguir o exemplo. Um cenário negro na banca que faz recordar os momentos de stress da crise financeira.

As atenções do mercado têm estado viradas para o Deutsche Bank, que tem sido a principal personagem na pressão vendedora que se está a registar no setor bancário europeu. O banco alemão já tocou novos mínimos históricos depois de uma queda de 9% para 9,89 euros. Os receios sobre a saúde financeira do Deutsche Bank estão a aumentar.

A instituição enfrenta uma multa milionária nos EUA — de 12 mil milhões de euros, embora tenha provisionado ‘apenas’ cinco mil milhões para fazer face a custos judiciais –, e perante uma situação de dificuldade em aumentar capital, os mercados já falam abertamente num resgate público, uma ideia que já foi afastada pelo governo alemão e pelos próprios responsáveis do banco.

Estas notícias levaram alguns hedge funds que negoceiam derivados e outros produtos financeiros complexos a reduzir a sua exposição ao banco, intensificando ainda mais os receios de que poderá precisar de ser resgatado. “O nosso banco tem sido algo de uma tremenda especulação — rumores de que desencadearam uma acentuada queda nas ações”, diz John Cryan, co-presidente executivo do Deutsche Bank.

Ainda na Alemanha, o Commerzbank disse que planeia eliminar 9.600 postos de trabalho e suspender o pagamento de dividendos, num altura em que o CEO, Martin Zielke, tenta aumentar a rentabilidade do banco. Estes esforços incluem uma restruturação que poderá custar mais de mil milhões euros ao banco. As ações do banco afundam 5,7%.

O nosso banco tem sido alvo de uma tremenda especulação — rumores de que desencadearam uma acentuada queda nas ações.

John Cryan

Co-presidente executivo do Deutsche Bank

O ING também poderá juntar-se a este cenário sombrio, já que se espera que anuncie milhares de despedimentos na segunda-feira, quando decorre o investor day. A notícia é avançada pelo jornal holandês Het Financieele Dagblad, citando fontes anónimas. O porta-voz do banco, Raymond Vermeulen, não quis comentar as notícias. O banco emprega cerca de 52.000 pessoas.

O mercado foi apanhado de surpresa com estas notícias. E os investidores não conseguem prever quando é que este cenário vai melhorar. Na dúvida, vendem. Não só os títulos das instituições cujos problemas ecoam nos mercados, mas também dos restantes bancos da Europa.

Apesar de todas as medidas implementadas desde a crise financeira para tentar salvaguardar a estabilidade em caso de stress num banco, os investidores preferem ser cautelosos. Nem os apelos dos altos responsáveis europeus parecem estar a conseguir acalmar os ânimos. As bolsas pintam-se de vermelho. Os índices europeus seguem todos com quedas de mais de 1%.

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