Subida do preço do jet fuel complica contas da TAP
Cotação mais do que duplicou no espaço de um ano. No final de junho, a companhia já alertava que variações acentuadas do preço do jet fuel poderão vir a ter um impacto significativo nas contas.
A subida do petróleo não arrasta apenas o preço da gasolina ou do gasóleo. Também o combustível usado pelos aviões disparou com a retoma da economia e do setor, mais do que duplicando de preço no espaço de um ano. Uma má notícia para a recuperação da TAP, que vê agravar-se um dos seus principais custos.
O preço da tonelada métrica de jet fuel na Europa acumula uma valorização de 124% nos últimos 12 meses, para os 774,75 dólares, segundo dados da Platts disponibilizados pela IATA. A subida acentuou-se durante o verão, acompanhando a cotação do petróleo, que atingiu os 86 dólares em Londres na segunda-feira, o nível mais elevado desde outubro de 2018.
O preço do combustível é uma das variáveis determinantes nas contas de uma companhia aérea, como reconheceu a presidente da TAP durante uma entrevista no Portugal Air Summit, a 13 de outubro. “O preço do jet fuel está a subir, isso é uma certeza. Há duas dimensões críticas no negócio da aviação e que não conseguimos controlar, uma é o preço do combustível a outra é o mercado cambial, e neste momento o real brasileiro não está muito forte”, afirmou.
O preço atual do jet fuel está já acima do preço médio de 2019, de 631,7 dólares por tonelada métrica, e é duas vezes mais do que os 360,3 dólares registados em média no ano passado. A preocupação com este fator já constava do último relatório e contas da companhia aérea portuguesa: “Durante o primeiro semestre de 2021, o preço spot do jet fuel apresentou uma subida bastante significativa acompanhando a recuperação e abertura das principais economias globais, com um mínimo de 439 dólares por tonelada em janeiro de 2021, chegando a um máximo de 628 dólares por tonelada em junho de 2021″.
"Eventuais variações acentuadas do preço do jet fuel após 30 de junho de 2021 poderão vir a ter um impacto significativo nas contas da empresa.”
“Eventuais variações acentuadas do preço do jet fuel após 30 de junho de 2021 poderão vir a ter um impacto significativo nas contas da empresa”, acrescenta o mesmo documento. Variações que estão a acontecer, dado que a cotação já vai nos 775 dólares.
O ECO questionou a TAP sobre o impacto deste aumento do preço do combustível usado nos aviões, mas até ao momento não obteve resposta. É habitual as companhias aéreas fazerem a cobertura de risco (hedging) do preço, pelo menos de parte do combustível que compram. Antes da pandemia a empresa tinha como política fazer contratos até 12 meses, abrangendo entre 50% a 60% do consumo mensal estimado.
Na já referida entrevista na Portugal Air Summit, Christine Ourmières-Widener afirmou que a TAP está a fazer hedging do preço do jet fuel, mas não detalhou qual a política que está a ser seguida atualmente. Em 2020, a empresa teve de reconhecer uma perda de 165,3 milhões de euros devido ao cancelamento de contratos, decorrente da enorme quebra nos voos realizados — e no combustível consumido — por causa da pandemia.
A subida do preço do combustível é uma contrariedade para um setor que ainda se debate com fronteiras encerradas, restrições à circulação e alguma desconfiança dos passageiros por causa da pandemia. Na semana passada a Delta Airlines alertou os investidores que deverá voltar aos prejuízos nos últimos três meses do ano, mencionando o impacto do jet fuel mais caro. “O preço do combustível continua a aumentar, o que vai pressionar a nossa capacidade para manter os lucros”, afirmou Ed Bastian na apresentação dos resultados. A necessidade de recuperar a procura tem inibido as companhias áreas de repercutirem estes aumentos no preço dos bilhetes.
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