Próximo presidente da CMVM alerta para risco de bolha nas bolsas
CReSAP já deu "luz verde" a Gabriel Bernardino para liderar o regulador dos mercados. No Parlamento, deixou um aviso sobre o elevado valor das ações, que está "desligado" da economia.
O próximo presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Gabriel Bernardino, alertou esta terça-feira no Parlamento para o risco de uma bolha nos mercados acionistas.
Ouvido na comissão de orçamento e finanças no âmbito do processo de indigitação para líder do regulador dos mercados, Bernardino disse que se “assiste neste momento a elevados níveis de avaliação dos ativos, nomeadamente das ações, os quais parecem traduzir uma desconexão com a economia real, levantando dúvidas sobre a sua sustentabilidade”.
Segundo afirmou, este é um dos riscos a que os reguladores financeiros devem estar atentos.
Gabriel Bernardino, que se prepara para substituir Gabriela Figueiredo Dias, apresentou aos deputados a visão que tem para o seu mandato na CMVM nos próximos anos, tendo dado também atenção à “emergência dos criptoativos e da blockchain”.
Afirmou que estas tendências apresentam “um potencial de disrupção significativo nos modelos de negócio tradicionais de intermediação financeira, vislumbrando-se vantagens competitivas e riscos que importa avaliar com toda a ponderação”.
"Assiste-se neste momento a elevados níveis de avaliação dos ativos, nomeadamente das ações, os quais parecem traduzir uma desconexão com a economia real, levantando dúvidas sobre a sua sustentabilidade.”
Para Gabriel Bernardino, antigo presidente da Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares de Reforma (EIOPA, na sigla em inglês), “a CMVM deve apresentar atitude positiva face à inovação, mas assegurando a manutenção de elevados padrões de estabilidade financeira e de proteção dos investidores”.
No âmbito do mercado único de capitais da União Europeia, o futuro presidente do regulador considera que deve ser uma “oportunidade para desenvolver o mercado de capitais em Portugal”.
Aqui, “a CMVM deve atribuir particular atenção às iniciativas para facilitar o acesso das PME aos mercados públicos e à nova estratégia para os investidores de retalho”, detalhou Gabriel Bernardino.
Se for nomeado, Gabriel Bernardino revelou que irá “pugnar, no âmbito europeu, por um novo paradigma na transparência e prestação de informação aos investidores de produtos financeiros”. Isto porque “a grande maioria dos consumidores de produtos financeiros não lê e/ou não tem literacia financeira suficiente para entender a informação disponibilizada”. Bernardino quer informação mais clara e documentos mais simples para que os investidores consigam assimilar o que está em causa num produto financeiro.
No final da sua intervenção, também frisou que a CMVM deve ter autonomia financeira e que o regulador precisa de ser reforçado face ao aumento das funções que lhe são atribuídas.
A Cresap já deu parecer positivo à nomeação de Gabriel Bernardino para a CMVM, revelou o presidente da comissão, Filipe Neto Brandão, no arranque da sessão. A audição no Parlamento é obrigatória nos processos de nomeação para os reguladores financeiros, mas o parecer — que ficará a cargo do deputado do PSD Eduardo Teixeira — não é vinculativo.
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