Leão ataca Bloco e tenta conquistar voto do PCP com “melhorias significativas” nas pensões
A audição foi a mesma, mas o discurso não podia ter sido mais diferente. Ao Bloco, Leão passou ao ataque. Ao PCP, tentou conquistar o voto prometendo "melhorias significativas" nas pensões.
A agressividade com que atacou o Bloco contrastou com o tom apaziguador com que respondeu ao PCP. Foi assim o desempenho de João Leão na audição desta sexta-feira na comissão de orçamento e finanças sobre a proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022). A Mariana Mortágua (BE), o ministro das Finanças questionava sobre se “era contra” várias medidas e como o explicaria ao seu eleitorado. A Duarte Alves (PCP), o mesmo ministro admitiu uma “melhoria significativa” na medida de atualização extraordinárias das pensões.
Ao mesmo tempo que a Lusa divulgava um documento interno do Governo onde este argumentava que mostrou avanços em sete das nove propostas do Bloco, o ministro das Finanças atacava os bloquistas: “Não vejo como é que o Bloco pode explicar ao seu eleitorado e ao povo de esquerda” como é que “é contra” as medidas que o Governo prevê no Orçamento para 2022 e “prefere um Orçamento da direita”. “É contra a medida?”, questionou Leão diversas vezes. “Não percebo como é que o Bloco é contra a medida”, repetiu também. E atirou ainda que o Bloco de Esquerda aprovou, no passado, Orçamentos do Estado onde não constavam “avanços”, como o englobamento de rendimentos especulativos, que estão incluídos na proposta apresentada para 2022.
Palavras de Leão num tom mais agressivo, que contrasta com o seu tom habitual mais calmo, que foram mal recebidas por Mortágua. Momentos antes, a bloquista criticava a falta de execução de medidas do passado e o que diz ser um impacto reduzido das medidas previstas para o próximo ano, como por exemplo a reforma do IRS. A deputada do Bloco começou logo por atacar Leão por anunciar medidas de alívio para os combustíveis no momento imediatamente anterior à audição e, entre as várias críticas, notou que o englobamento “não vai ter nenhum efeito prático”. “Não percebo o objetivo da medida a não ser fazer parecer aquilo que depois não faz“, criticou. Mais tarde, Mortágua garantiu que não estava contra as medidas, mas que quer “medidas sérias” e consequentes.
Logo depois deste duelo entre o ministro das Finanças e Mariana Mortágua, seguiu-se a intervenção do PCP. Pela voz de Duarte Alves, os comunistas discorreram uma série de críticas ao Orçamento e à política económica geral do Governo: criticou a “obsessão pelo défice”, a falta de prioridade dada aos salários no setor privado e no setor público, a escassez de medidas para reter os profissionais do SNS ou a baixa atualização extraordinária das pensões. Motivos que levam o partido a manter a avaliação negativa que fez na semana passada ao Orçamento: “Não se alterou”, garantiu Duarte Alves.
Ou seja, também o PCP não se inibiu de criticar o Governo, mas a reação que obteve do outro lado foi bem diferente da que recebeu o Bloco. No tom calmo e pausado que lhe é característico, Leão começou logo a resposta por dizer que o Governo tem dado “sinais significativos de melhoria” de propostas que são caras ao PCP, dando o exemplo do que foi aprovado esta quinta-feira em Conselho de Ministros. Mas foi mais longe: “Estamos dispostos a dar passos significativos nesse âmbito, melhorando a atualização extraordinária de pensões“, anunciou, logo depois de enumerar vários números sobre a necessidade de manter a sustentabilidade das pensões em Portugal. Falta saber se tal passa por antecipar o aumento de agosto para janeiro ou se a abranger mais pensionistas além dos que recebem até 658 euros por mês — ou, quem sabe, as duas. Também esta sexta-feira o PS viabilizou uma proposta do PCP para se caminhar no sentido da gratuitidade das creches.
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