Diretora do FMI debaixo de fogo por suspeitas de “amaciar” relatório sobre o Brasil
Cerca de 200 funcionários do FMI exigiram que a diretora da instituição, Kristalina Georgieva, esclareça as alegações de que terá "amaciado" um alerta sobre os riscos ambientais para o Brasil.
Quase 200 funcionários do Fundo Monetário Internacional (FMI) exigiram que a diretora da instituição, Kristalina Georgieva, esclarecesse as alegações de que teria “amaciado” um alerta sobre os riscos ambientais para a economia brasileira.
Os esclarecimentos foram reclamados por 194 funcionários (7% do total) do FMI, em petição enviada para o provedor da instituição, conforme um e-mail consultado pela Bloomberg.
Este tipo de iniciativa é raro na história do Fundo e ocorreu depois de a Bloomberg ter noticiado que a análise da economia brasileira pelo FMI, ao abrigo do conhecido artigo IV, tinha sido “temperada”, depois de o governo de Bolsonaro ter questionado a linguagem.
Também em email consultado pela Bloomberg, dirigido na segunda-feira ao staff do FMI, Georgieva garantiu que neste caso todas as regras e todos os procedimentos tinham sido respeitados.
Georgieva foi recentemente visada numa auditoria que revelou pressões impróprias do Banco Mundial, quando a economista búlgara trabalhava na instituição, para favorecer a China num relatório sobre o clima de negócios.
A questão da manutenção de Kristalina Georgieva, de 68 anos, à frente do FMI, surgiu após a publicação, em 16 de setembro, das conclusões de uma investigação conduzida pelo escritório de advogados WilmerHale. Os autores do documento apontaram irregularidades na elaboração das edições de 2018 e 2020 do relatório “Doing Business” do Banco Mundial, acusando Georgieva de ter pressionado as suas equipas, quando era dirigente daquela instituição, para dar à China uma classificação mais favorável.
A investigação foi realizada a pedido do comité de ética do Banco Mundial, depois de o relatório, que classifica os países de acordo com a facilidade em fazer negócios, se ter tornado objeto de muita controvérsia e ter levado à demissão do antigo economista-chefe Paul Romer.
O FMI manifestou “plena confiança” em Georgieva após uma análise “exaustiva” das acusações que a visavam devido a estas pressões quanto estava no BM.
“Não há dúvida sobre a credibilidade do FMI, dos nossos dados, das nossas pesquisas. Então, o problema está do outro lado da rua”, afirmou Georgieva a 13 de outubro, numa referência à sede do BM, situada em frente à do FMI no centro de Washington.
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