2ª Conferência ECOseguros: As frases e as ideias decisivas

Terminou a 2ª Conferência Anual ECOseguros. Durante esta semana apresentámos os diferentes momentos que reuniram destacados dirigentes da indústria seguradora em Portugal. Veja ou reveja as conclusões

A 2ª Conferência ECOseguros terminou após mobilizar destacados membros da indústria seguradora nacional a discutirem Mediação, seguradoras, riscos, seguros de Vida, pensões, poupança.

Foram 6 momentos dos quais destacamos algumas ideias e convidamos para ver ou rever os painéis e apresentações:

O mundo e o Portugal dos seguros em 2022

José Ribeiro, Head of Insurance e Professor de Risk Management no Imperial College

  • “Há 3 tendências que, em minha opinião, apresentam a maior relevância: O possível retorno da inflação (…), o segundo é aumento do risco geopolítico e, o terceiro, o aumento dos riscos climáticos, que é amplificado pelo impacto das políticas de ESG” (ambientais, sociais e de governança das empresas).
  • “É muito importante dizer o seguinte: Esta transição não vai acontecer de um dia para o outro e vai demorar anos. Vai custar também cerca de 600 bilhões de dólares em investimentos nas fontes de energias tradicionais, não nas renováveis, até 2030.”
  • “Irá haver mudanças na regulamentação do setor de seguros na União Europeia e na proteção do consumidor.”
  • “2021 deverá ser mais um ano bom para a indústria e não há nenhuma indicação por agora de que 2022 possa ser diferente.”
  • “As seguradoras devem reavaliar o seu apetite de riscos catastróficos (…). O risco catastrófico total agregado e o risco catastrófico por natureza ou tipo de evento e procurar adequadas soluções de resseguro.”

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Agentes e Corretores: Como avança a transição para um ecossistema digital

Participaram David Pereira, presidente da APROSE; João Veiga, country manager da MPM Software, Luís Ferraz mandatário geral da Prévoir, e João Pedro Madureira CEO da Uthere.

David Pereira (APROSE)

  • “Existe uma diferença muito grande entre os associados da APROSE, desde os agentes singulares e os grandes corretores (…), no seu modo de encarar este mundo da digitalização e até da capacidade de entrar no mundo da digitalização. Sem dúvida nenhuma”.
  • “A relação entre a seguradora e o mediador está boa. Pode melhorar? Pode. Terá de melhorar, porque a tecnologia não para (…). Estamos todos a percorrer o caminho do futuro. Acho que isto só pode correr bem para todos”.

Luis Ferraz (Prévoir):

  • “Queremos que os ecrãs que os nossos responsáveis comerciais veem das outras seguradoras também lá tenham as nossas soluções”.
  • “(…) Havia um determinado número de soluções que nós não tínhamos e agora temos, e outras que vamos a passar a ter rapidamente e tudo isto foi um grande motor de desenvolvimento”.

João Veiga (MPM):

  • “Uma das barreiras que muitas vezes se encontram é a dificuldade que existe em conseguir casar, em termos de sistemas de informação, as seguradoras com a mediação de seguros”.
  • “Aonde há um caminho muito grande para andar é na pré-venda. (…) É um processo cansativo e exaustivo para a mediação de seguros em termos de processo de trabalho”.

João Pedro Madureira (Uthere):

  • “Nós somos uma mediadora puramente digital construída do zero com uma voz e um coração humano”.
  • “Acreditamos muitíssimo na liberdade de escolha das pessoas e só existe liberdade se houver opções e só existem opções livres se as pessoas perceberam as opções”.

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Riscos: Reduzir gap de proteção como eixo do crescimento

Reuniu Nuno Arruda, do Executive Board Portugal da Willis Towers Watson, Mário Vinhas, COO da MDS e Rui Machado, diretor Técnico da Caravela.

Nuno Arruda (Willis Towers Watson):

  • “Sob o ponto de vista dos riscos individuais, e das pessoas (…), verificamos que há matéria segurável que não está segura em patrimónios, em Responsabilidade, em Vida”.
  • “Infelizmente os seguros ainda têm hoje uma conotação negativa. Há que, na minha ótica, trabalhar para mudar isso (…). Há que fazer comunicação positiva sobre a matéria, há que trabalhar até nas universidades sobre a matéria (…)”.
  • “Não acho que a solução seja obrigar as pessoas a fazer seguros por tudo e por nada”.

Mário Vinhas (MDS):

  • “Há muita gente que há muito tempo, e há até algum trabalho já feito sobre risco sísmico, que defende a necessidade da construção de uma pool que tem que resultar de um trabalho entre o setor segurador, os reguladores, todas as entidades que estão envolvidas neste ecossistema, com o patrocínio e talvez a liderança dos reguladores e do Estado. Porque de facto, o que está em causa é muito sensível e muito material. E nós temos um risco sísmico, por exemplo, muitíssimo elevado (…). A solução tem de passar por aí”.
  • “(Os operadores) estão a selecionar risco, estão a ajustar o seu apetite de risco e estão a tentar fugir de alguns riscos (…). Isto significa que cada vez mais nós temos que trabalhar todos em conjunto, os seguradores os corretores e os clientes e olhar para a gestão de risco como uma coisa cada vez mais crítica, cada vez mais importante”.

Rui Machado (Caravela):

  • “No caso dos fenómenos sísmicos(….), existem cerca 6 milhões de habitações, apenas 50% estão cobertas por riscos de incêndio multirriscos, mas apenas 15% tem cobertura de fenómenos sísmicos”.
  • “Para colmatar este gap, a APS, que representa as seguradoras, já propôs ao Governo a criação de um fundo sísmico, no valor 8 mil milhões de euros. Ainda não temos respostas.”
  • “Julgo que, neste momento ainda não há uma oferta do lado das seguradoras capaz de dar resposta, uma resposta cabal, a esse gap que existe na proteção dos riscos cibernéticos, que além das alterações climáticas é o risco que está no top 2 de alguns estudos internacionais”.

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Seguros de Vida: Como consolidar o crescimento

Especialistas em seguros de Vida olharam para o futuro. António Castanho, Presidente da CA Vida, Marta Graça Ferreira Vice-Presidente da Real Vida Seguros e Paulo Ferreira da Cleva Inetum em debate.

António Castanho (CA Vida):

  • “Não há neste momento no mercado, salvo raras exceções, produtos que assegurem capital e rendimento. É boa notícia que os clientes estejam interessados neste tipo de produtos. Até há pouco tempo via-se os depósitos a crescer de forma desmesurada sem remuneração e criou-se condições para que esse dinheiro possa ser investido e que acrescente valor”.
  • “O PEPP é um projeto que tem um conjunto de exigências para garantir a portabilidade e temos de o avaliar antes de seguir por esse caminho. O importante é saber qual o enquadramento fiscal, estamos a concorrer com outros países e se não tivermos condições fiscais para o efeito não vamos conseguir fazer os PEPP. Antes disso, vale mais rever as condições dos PPR”.
  • “No futuro vamos progredir na confiança dos portugueses. Na tipoligia de investimento, até há 2 ou 3 anos atrás, as companhias conseguiam assegurar rendimento e capital. Hoje com o nível de taxas de juro e as exigências de capital que são impostas à solvência das companhias não se conseguem este tipo de as garantias. O ano de 2021 está a crescer 77% praticamente através de unit linked , sem garantia de capital e rendimento”.

Marta Graça Ferreira (Real Vida):

  • “Se não houver políticas de incentivo e fiscais no médio e longo prazo, as pessoas não poupam”.
  • Os orçamentos de Estado têm sido orientados na ótica do consumo, mas tem de se inverter mais para a poupança porque verificámos que (na pandemia) houve pessoas que nem tinham plano de emergência”.
  • “O imposto que é pago sobre as aplicações de aforro atinge 28%, uma taxa das mais elevadas da União Europeia, o Estado tem de voltar a olhar para isso (para as pessoas) constituírem as suas poupanças e os seus complementos de reforma”.
  • “Estes produtos (unit link) que passam o risco para os clientes são produtos de seguradoras mas que são muito vendidos em canais bancários. Os mediadores do mercado têm algum receio de vender estes produtos aos clientes finais por que o risco é todo do cliente e não há taxa garantida nem, principalmente, capital garantido”.

Paulo Ferreira (Cleva Inetum):

  • “A expectativa dos clientes em relação às seguradoras mudou. Há serviços que as pessoas já não dispensam serem digitais”.
  • “A distribuição fora dos bancos que está a crescer, os canais de distribuição devem ser mais advisors e menos utilitários”.
  • “Na Europa apenas um quarto das pessoas faz poupanças de longo prazo. Há uma literacia financeira a fazer por que há muita margem de crescimento”.
  • “A pandemia levou a que As pessoas estão mais sensíveis de se protegerem a si mas também aos seus familiares”.
  • “Vemos agora muitas parcerias com seguradoras quer para novos canais de venda, quer para produtos embalados de outra forma”.

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O papel de liderança das seguradoras em 2022

Um olhar de topo: José Galamba de Oliveira da APS, Rogério Campos Henriques da Fidelidade, José Gomes do Grupo Ageas Portugal e João Barata da Tranquilidade – Generali, falaram sobre os desafios de 2022.

José Galamba de Oliveira (APS – Associação Portuguesa de Seguradores):

  • “Em produção já estamos em números parecidos com 2019. No ramo saúde não houve impacto, as taxas de crescimento mantiveram-se sempre, fruto das preocupações que as pessoas tinham com a sua saúde e de o SNS ter estado concentrado na doença Covid -19. Neste momento o seguro de saúde chega a 3,3 milhões de pessoas”.
  • “Não acredito que no dia 22 de março haja produtos PEPP no mercado”.
  • “O PEPP pode ser uma alavanca para voltarmos a colocar a poupança na agenda política. Temos uma boa experiência com os PPR, mas foi sendo desvirtuado e hoje em dia é um produto de médio prazo, por que não há incentivos para os manter no longo prazo”.
  • “O PEPP é um produto muito importante, mas o sucesso vai estar dependente de existirem ou não incentivos fiscais. Temos de perceber a dinâmica do comportamento das pessoas”.
  • “O PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) é uma oportunidade para as seguradoras a nível europeu”.
  • “Se (em 2022) conseguíssemos ter uma regulamentação terminada para o PEPP e um modelo de incentivos seriam boas notícias para o setor mas também para Portugal”.

Rogério Campos Henriques (Fidelidade):

  • “Já estamos a viver todos os dias o impacto da inflação. Começamos a ter impactos nefastos. Vai tornar o ano de 2022 menos interessante. Estamos menos otimistas, que há 3 meses, por causa da inflação e sem se saber se vai haver aumentos de taxas de juros.
  • “Criou-se (erradamente) uma dinâmica comunicacional de que o problema da sustentabilidade das pensões não existe”.
  • “Há um problema muito sério no lado das reformas e os custos de saúde de uma população envelhecida vão ser enorme, que não tem sido abordado com o foco necessário e até para criar transparência junto do público. Se não houver consciência de que temos um problema no médio e longo prazo não teremos comportamentos corretos”.
  • “Sustentabilidade não é só ambiental, há pensões e saúde. Não vamos apenas nós ter práticas ambientalmente responsáveis. Passa por ter produtos, serviços, requisitos que levam os nossos clientes a adotar esse tipo de comportamentos”.
  • “Tremendamente importante é, em vez de estarmos a discutir ideologias políticas, existirem incentivos fiscais para quem compra seguros de saúde. Cada euro despendido em seguros de saúde é poupança no SNS (Serviço Nacional de saúde) e isso parece ser esquecido pelos decisores políticos”.
  • “O PRR não tem fundos para seguradoras. Mas existem hipóteses de investimento em investigação e desenvolvimento, e na área de transição digital”.

José Gomes (Grupo Ageas):

  • “Temos feito um caminho de criação de algum awareness , juntamente com a APS, junto das várias instâncias no sentido de existir algum suporte ao crescimento de poupanças, mas tal não aconteceu”.
  • “Os incentivos fiscais são fundamentais para a sensibilização e incentivo à utilização dessa poupança, mas não chega. Há que clarificar o pano de fundo das pensões, os meios alternativos para fazer face aos desafios das pensões. A classe política tem isso nas suas agendas, mas era preciso mais foco na sustentabilidade das pensões”.
  • “Aspetos de RGPD (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados) põe em causa a génese do próprio seguro. Era bom rever ou ouvir melhor o que isso implica e ajustar sem prejuízo para o consumidor”.

João Barata (Tranquilidade):

  • “Como setor a capacidade de resposta (dos seguros) à Covid-19 foi bastante boa. A imagem das seguradoras tem vindo a melhorar ao longo do tempo. É um trabalho que tem sido feito por cada seguradora por si e temos uma opinião mais favorável por parte da sociedade e dos nossos clientes”.
  • “Os objetivos do grupo Generali incluem investimentos em Portugal de forma mais significativa”.
  • “Trazer o setor para as decisões importantes para o país seria desejável”.

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Seguros ou Estado? Quem deve responder aos Riscos Catastróficos

Gonçalo Baptista da Innovarisk, Carla Sá Pereira da consultora EY e Carlos Figueiredo da corretora Marsh, debatem as crescentes catástrofes naturais e quem as deve proteger.

Gonçalo Baptista (Innovarisk Underwriting):

  • “Não sabemos se a amanhã surge um ataque cibernético que afeta simultaneamente milhares ou milhões de empresas e aí a indústria seguradora não terá resposta”.
  • “Em Portugal, 5 em cada 6 casas não tem cobertura de sismos. Se imaginarmos um sismo pior do que o de 1755, as pessoas não teriam dinheiro para reconstruir. Imagine-se o número de desalojados”.
  • “Temos um seguro de incêndio obrigatório para prédios em propriedade horizontal, por que não uma cobertura obrigatória para sismos”.
  • “O custo do seguro sísmico é caro principalmente nas regiões de Lisboa, Algarve, Vale de Santarém e Açores”.

Carla Sá Pereira (EY):

  • “Temos alterações climáticas e não sabemos bem a velocidade com o que estão a ocorrer o que põe muitas incógnitas nos danos que estão a ser estimados. Estimar o futuro com base no passado não é (neste caso) representativo do que vai acontecer”.
  • “Andamos conectados com smart phone e smart watch, pode a seguradora avisar segurados de eventos que possam estar a ocorrer, servir de prevenção e poupar vidas humanas e custos dos sinistros”.
  • “O papel do Estado é importante na criação de um Fundo Sísmico e na redução das vulnerabilidades pensando no ordenamento do território, nos materiais usados nas edificações e com uma fiscalização e regime sancionatório para infrações”.
  • “O Fundo sísmico vai carecer de muita análise mas também de vontade política”.

Carlos Figueiredo (Marsh Portugal):

  • “O mercado segurador e ressegurador tem hoje em dia capacidade de dar respostas a fenómenos catastróficos”.
  • “Há 16 anos já se apontava no Global Risk Report as pandemias e passámos por várias, mas nenhuma com o impacto da Covid-19. Hoje há possibilidades de acrescentar novos dados para estudos de risco”.
  • “Defendemos parcerias público-privadas que junte seguradoras e resseguradoras e os Estados que possam vir a responder por catástrofes”.

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A 3ª edição da próxima Conferência Anual ECOseguros, terá lugar em outubro de 2022.

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