Parceria da Bosch no Minho abre debate sobre financiamento da inovação

  • ECO
  • 11 Novembro 2021

A Bosch apresentou em Braga os resultados do projeto de inovação com a Universidade do Minho, dedicado às tecnologias de condução autónoma. Veja o debate sobre o financiamento da inovação.

A Bosch, juntamente com a Universidade do Minho (UM), desenvolveu o projeto Crossmapping the Future com o objetivo de inovar nos domínios da condução autónoma e da transformação digital na indústria.

Os resultados deste projeto foram apresentados na manhã de 9 de novembro, num evento que aconteceu no Altice Forum Braga, no qual foram exibidas as tecnologias para a condução autónoma desenvolvidas por esta parceria.

Depois de terem sido apresentados os resultados financeiros e de investimento do projeto, houve ainda uma mesa-redonda, moderada por António Larguesa, jornalista e editor Norte do ECO, onde foram debatidos os impactos do financiamento da inovação em Portugal.

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Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal, Rui Vieira de Castro, Reitor da Universidade do Minho, Luís Castro Henriques, presidente da AICEP, e António Cunha, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), iniciaram o debate após Fernando Alexandre, professor e investigador na UM, ter elencado uma versão preliminar dos impactos positivos desta parceria.

Esta aliança de inovação contribuiu para um crescimento exponencial da Bosch de Braga ao longo dos últimos anos. De acordo com Carlos Ribas, em 2014/2015, a empresa faturava 400 a 500 milhões de euros, mas este será o quinto ano consecutivo em que vai ultrapassar os mil milhões de euros de volume de negócios.

“Esta parceria entre a Bosch e a Universidade do Minho é de uma importância extraordinária para nós, mas tenho muita pena que as nossas entidades Bosch não consigam fazer com as outras universidades, no meio onde estão inseridas, aquilo que nós aqui em Braga temos vindo a conseguir fazer com a Universidade do Minho”, começou por dizer o líder da empresa. Notando que, se mais universidades aceitassem integrar projetos deste género, isso seria “uma vantagem para o país”.

“A universidade é hoje uma entidade transformadora da economia e da sociedade, mas há também uma transformação da própria organização ao assumir este tipo de projetos. No nosso caso, a própria universidade teve de se modificar para ser capaz de gerir em circunstâncias que são, por vezes, muito difíceis, o tipo de projetos que assumiu como seus. Este projeto recapacitou a nossa estrutura científica e teve impacto no modo como entendemos a formação”, explicou o reitor, Rui Vieira de Castro.

Ainda neste âmbito, Carlos Ribas reconheceu a importância que os fundos europeus tiveram para que este projeto pudesse avançar a partir de 2013. “Os fundos europeus, obviamente, são uma mais-valia e uma grande vantagem que nós temos. É muito mais fácil convencer o acionista — neste caso, a fundação Bosch, quem gere a Bosch a nível mundial — com estes apoios em Portugal, a fazer algo que inicialmente não estava previsto”, afirmou.

Carlos Ribas (Bosch) e Luís Castro Henriques (AICEP).

Luís Castro Henriques ressalvou que estes apoios também se deviam centrar na obtenção e na retenção de pessoas. “Esta é uma preocupação que temos de ter para a década e creio que isso também implica ter outros objetivos e outras iniciativas financiadas para se manter uma formação constante, um volume o maior possível que, obviamente, permita a retenção [de talentos]”, frisou o presidente da AICEP.

O atraso no desenvolvimento destes projetos foi outro dos pontos abordados durante o debate, com o responsável da Bosch a lamentar a demora na validação dos contratos: “Nós conseguimos fazer as coisas, mas demora, temos de esperar muito para que as coisas sejam validadas. E a inovação tem de ser hoje. Se a inovação não for validada hoje, amanhã já alguém inventou aquilo que tínhamos em ideia”.

“Independentemente dos atrasos, a verdade é que todos sabiam que os projetos iriam avançar de alguma forma, com mais ou menos adaptações. Esta parceria foi, de facto, fundamental. Gerou-se uma confiança entre a Bosch, a Universidade do Minho e a AICEP, e foi esta combinação que permitiu investimentos, ao longo dos últimos seis anos, de mais de 30 milhões de euros por ano em I&D (Investigação e Desenvolvimento)”, calculou o presidente da AICEP.

António Cunha, ex-reitor da UM e atual presidente da CCDR-N, considerou que, mesmo com todos os contratempos, o sucesso deste projeto mostra a importância da aposta numa Europa digital e mais inteligente, como sendo algo “absolutamente estrutural” nas políticas europeias e nas políticas portuguesas. “O financiamento à inovação está, por isso, certamente, garantido e enquadrado pelos próximos programas”, concluiu, perspetivando já o Portugal 2030.

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