Empresas atentas à evolução da pandemia. Já há quem prepare regresso ao teletrabalho

O teletrabalho pode voltar a ser obrigatório, em função da evolução crescente da pandemia de coronavírus, admitiu o Governo. As empresas estão atentas, e já se preparam para os vários cenários.

Com o número de infeções por Covid-19 a aumentar novamente e o aproximar do inverno, o teletrabalho — que deixou de ser obrigatório a 1 de agosto, passando a ser apenas recomendo — pode voltar a ser uma realidade nas empresas portuguesas. Embora a maioria dos líderes e gestores das organizações ouvidas pela Pessoas/ECO considerem ser ainda prematuro tomar decisões — preferindo acompanhar as diretrizes da Direção-Geral da Saúde (DGS) — em algumas empresas já se prepara um possível regresso ao teletrabalho. A ideia é estar pronto para qualquer cenário, evitando ser “apanhado na curva”.

“Caso o número de infeções aumente substancialmente, poderemos tomar medidas no sentido de adotar o modelo remoto a 100% novamente“, adianta Filipa Carmo, people management da Critical Software, mostrando-se preocupada com o aumento de contágios diários por toda a Europa e, em especial, em território nacional. No entanto, desta vez não se repetirão erros do passado.

“Se há coisa que esta pandemia nos ensinou é que temos de ser cada vez mais ágeis e flexíveis, e que não podemos ficar agarrados a modelos tradicionais de trabalho, que já não acompanham aquilo que são as próprias expectativas das nossas pessoas”, diz a responsável pela gestão de talento da tecnológica.

Também a Organon está a acompanhar “atentamente” a evolução da pandemia e do número de casos em Portugal. Com 60 colaboradores e um escritório localizado no coração de Lisboa, a farmacêutica norte-americana oferece aos seus colaboradores a possibilidade de trabalharem remotamente, tendo até lhes oferecido os equipamentos necessários para que possam desempenhar as suas funções a partir de casa. “Queremos que os nossos colaboradores possam trabalhar no ambiente em que se sentem mais produtivos, mas também mais seguros”, diz Ricardo Oliveira, diretor-geral da Organon Portugal.

Estamos preparados para qualquer cenário que possa vir a ocorrer, seguindo sempre atentamente as orientações da DGS.

Ricardo Oliveira

Diretor-geral da Organon Portugal

E preparação nunca é demais: “Estamos preparados para qualquer cenário que possa vir a ocorrer, seguindo sempre atentamente as orientações da DGS”, esclarece o gestor.

Na Sage, que decidiu recentemente voltar a abrir os escritórios de Lisboa e do Porto (sem ultrapassar os 50% de ocupação), as atenções estão também voltadas para as próximas fases da pandemia. Mas, antecipando qualquer decisão por parte do Governo, Fernanda Marmelo, people business partner da Sage Portugal, assegura que a empresa tem “todas as condições criadas para que a qualquer momento os colaboradores possam, se necessário, voltar ao teletrabalho”.

Esta é também a posição da EDP, que regressou em outubro ao escritório, também através de um modelo de trabalho híbrido. “A EDP tem estado atenta à evolução da pandemia e atualmente tem em vigor o regime de trabalho híbrido com um máximo de 50% de ocupação dos seus escritórios. Como tem sido prática até agora, a EDP continuará a seguir as diretrizes estipuladas pela DGS“, adianta fonte oficial da elétrica à Pessoas/ECO.

Na Atrevia, também ainda não foi implementada nenhuma medida adicional. “Neste momento estamos a cumprir com todas as normas de segurança e não temos contemplado modificar as medidas implementadas: contamos com os colaboradores no escritório dois dias por semana e três dias por semana a partir de casa“, diz Ana Margarida Ximenes. Ainda assim, a presidente da Atrevia Portugal salienta que, caso seja essa a indicação por parte do Governo, serão tomadas as medidas adicionais necessárias na empresa.

Continuaremos a acompanhar com toda a atenção as próximas fases e temos todas as condições criadas para que a qualquer momento os nossos colaboradores possam, se necessário, voltar ao teletrabalho.

Fernanda Marmelo

People business partner da Sage Portugal

O próprio Governo já admitiu um regresso ao teletrabalho obrigatório, quando compatível com as funções desempenhadas, caso a situação pandémica se continuar a agravar. Em declarações aos jornalistas à margem de uma conferência internacional, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, disse que “a situação vai sendo acompanhada, avaliada, em função do risco”, pelo que o Governo tomará “as medidas que sejam necessárias” a cada momento. Em reação, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) diz esperar que sejam tomadas “medidas proporcionais”.

Modelo híbrido, difícil de abandonar

Há também quem prefira adotar outro tipo de medidas, que não ponham em causa o modelo de trabalho híbrido. É o caso da The Loop Co., que pretende manter este modelo, independentemente do ritmo da pandemia. “A The Loop Co. tenciona manter o modelo de trabalho híbrido, independentemente da evolução das infeções por Covid-19“, assegura Manuel Tovar, cofundador da The Loop Co.

No entanto, foram já reforçadas outras medidas: “Nesta fase incerta exigimos para a colaboração presencial a apresentação de certificado de vacinação ou teste realizado em parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa. Nos espaços de trabalho implementamos ainda as medidas de distanciamento com recurso a divisórias entre áreas de trabalho e a utilização de máscara, arejamento e desinfeção”, detalha o líder da startup tecnológica com sede em Coimbra.

No ManpowerGroup, onde os colaboradores vão, pelo menos, um dia por semana ao escritório, o cruzamento entre colaboradores está muito limitado, o que torna mais fácil “garantir as regras de distanciamento e minimizar possíveis situações de risco”, garante Rui Teixeira, chief operations officer na ManpowerGroup Portugal.

“Tendo em conta os últimos dados sobre a evolução da pandemia em Portugal, consideramos que este continuará a ser o modelo mais indicado para salvaguardar a segurança e saúde das nossas equipas, sem deixar de garantir a evolução da nossa organização”, defende, acrescentando que, a curto prazo, não planeiam o regresso ao modelo presencial e que a companhia irá agir “em conformidade com as diretrizes que sejam anunciadas”.

Em declarações à Pessoas/ECO, o cofundador da Bloq.it diz que o regime de trabalho híbrido é o “melhor modelo”. A startup tem feito um um esforço para conciliar as preferências de todos os elementos da equipa com as diretrizes impostas pelas autoridades competentes, desde o início da pandemia. Esse esforço resultou num modelo híbrido — como, aliás, na maioria das companhias — em que são as pessoas que decidem a partir de onde querem trabalhar. O objetivo é “garantir sempre o máximo de segurança quando estão no escritório”, salienta João Lopes.

 

(Notícia atualizada às 11h30 com declarações da Sage Portugal)

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