Sonae Sierra não vê “oportunidades” para novos shoppings em Portugal
Fernando Guedes de Oliveira salienta que “já não é na indústria dos centros comerciais” que pode ter o crescimento ambicionado. Retoma expansão de 100 milhões no Colombo e teme restrições no Natal.
O CEO da Sonae Sierra disse esta quarta-feira que “não há mais oportunidades para desenvolver novos centros comerciais em Portugal”. “Há oportunidades para criar valor nos existentes”, acrescentou.
Durante um encontro com jornalistas, no Porto, para apresentar a nova estratégia da empresa, Fernando Guedes de Oliveira salvaguardou que “a Sonae Sierra não está a sair dos centros comerciais”, que “vão continuar a ser o negócio core da empresa”.
“Se surgirem novas oportunidades, olharemos atentamente para elas, se forem sustentáveis do ponto de vista financeiro e comercial. Mas essas oportunidades são tão escassas que já não é na indústria dos centros comerciais que podemos ter o crescimento que desejamos”, completou.
O gestor reforçou que “continua a haver oportunidades para criar valor no portefólio dos centros comerciais”, até porque o futuro do retalho será multicanal – online e offline – e encara o retalho físico como “uma peça fundamental”. Falou até da tendência para as lojas serem cada vez maiores, pois “passam a ser a montra de todos os produtos e também um polo logístico para a operação online”.
“O mercado de centros comerciais na Europa está maduro. Portanto, as oportunidades de desenvolver de raiz ou adquirir novos centros comerciais e continuar a crescer exclusivamente nesta indústria são escassas e não compatíveis com a nossa ambição de crescimento. Fomos obrigados a procurar novas avenidas de crescimento no imobiliário, assentes no know-how que construímos nos centros comerciais, que a par dos aeroportos e dos hospitais são dos ativos mais difíceis de desenvolver”, resumiu.
E estão vendedores? “Estamos sempre vendedores de centros comerciais, se a oportunidade for boa, mas não é essa a nossa intenção. Temos um portefólio constituído maioritariamente por ativos do nosso core. Mas tudo tem um preço. Se aparecer uma oportunidade fantástica, olharemos para ela. Mas isso não está na nossa estratégia”, respondeu Guedes de Oliveira.
Tudo tem um preço. Se aparecer uma oportunidade fantástica, olharemos para ela. Mas [vender centros comerciais] não está na nossa estratégia.
Com Cláudia Azevedo na presidência do conselho de administração, a Sonae Sierra, sediada na Maia, tem atualmente quatro projetos de desenvolvimento e um de expansão, e aproximadamente 8 mil milhões de euros em ativos sob gestão, para os quais presta serviços ao nível dos edifícios.
A empresa que encerrou o exercício de 2020 com um resultado líquido negativo de 42 milhões de euros (vs. lucro de 60 milhões de euros em 2019) gere ainda 12 veículos de investimento para investidores institucionais, investidores qualificados ou investidores de retalho, no valor de 5,5 mil milhões de euros em Open Market Value (OMV), nos quais tem uma participação de 1,4 mil milhões de euros.
Expansão do Colombo e restrições no Natal
Em Portugal, o maior destaque vai para a retoma parcial do projeto de expansão do Colombo, num investimento de 100 milhões de euros. Previsto antes da pandemia com um orçamento maior (cerca de 150 milhoes), acabou por ser colocado em stand-by. O início da construção está agora agendado para o início de 2022.
Em declarações ao ECO, o administrador Jorge Morgadinho detalhou que em causa está um novo edifício de escritórios que vai ser feito por cima da estrutura original do Colombo – com um total de 33 mil metros quadrados e que fica virado para o Hospital da Luz – e também a expansão comercial do shopping, “subindo na cobertura para ter mais oferta”.
“Vai ser feita a primeira fase dessa parte comercial, que são quatro lojas grandes que vão ser criadas ali. Mas não vai ser feito tudo agora porque não é a melhor altura para estar a investir em grandes projetos do retalho quando ainda está a sair da pandemia”, justificou o gestor, que é diretor da Reify.
E numa fase em que se perspetivam novas medidas restritivas para travar o aumento das infeções em Portugal, a coincidir com o período natalício, o CEO da Sonae Sierra disse ao ECO que “a haver medidas para minorar ou desacelerar este crescimento, que sejam medidas mais soft, como a utilização de máscara obrigatória”, frisando que no ano passado “houve um grande impacto” no negócio dos lojistas.
“Não tenho uma bola de cristal. Não sei o que vai acontecer. Espero sinceramente que não seja necessário voltarmos a ter as restrições que tivemos, nomeadamente de ocupação de pessoas por metro quadrado nem de fecho ao fim de semana, como tivemos no ano passado”, respondeu Fernando Guedes de Oliveira.
É que, em termos médios, os centros comerciais detidos ou geridos pela Sonae Sierra já estão com vendas “acima do nível anterior à pandemia”. Sem detalhar valores, o gestor reconhece que “o teletrabalho ainda tem um impacto grande no consumo, mas está a reduzir gradualmente”, confiando que “as empesas estão a concluir que o teletrabalho é menos eficiente e tem o problema da aculturação das pessoas que entram de novo”.
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