O managing partner da Miranda & Associados perspetiva que, em Portugal, os setores de imobiliário, da energia, das tecnologias e da saúde deverão continuar a ser “bastante ativos”.
O managing partner da Miranda & Associados, Diogo Xavier da Cunha, mostrou-se confiante e otimista com o novo ano e admite que as perspetivas em relação ao volume de negócios são distintas em função da jurisdição. Ainda assim, a expectativa é de “conseguir retomar o crescimento a dois dígitos do volume de negócios”.
À Advocatus, perspetiva que, em Portugal, os setores de imobiliário, da energia, das tecnologias e da saúde deverão continuar a ser “bastante ativos”, havendo também alguma expectativa em relação a projetos financiados por fundos do Plano de Recuperação e Resiliência.
Que balanço faz do ano de 2021 no que toca ao mercado da advocacia de negócios?
Na Miranda, um balanço não é um exercício linear. Na verdade, temos que fazer pelo menos 14 balanços correspondentes às jurisdições que cobrimos através da Miranda Alliance. E a estes balanços jurisdicionais ainda temos que somar os balanços por escritório, pois em algumas jurisdições existe mais do que um escritório. Claro que também podemos fazer um balanço global e, a este nível, diria que 2021 foi um ano de ligeira recuperação. Mas estamos a ter realidades muito diferentes de País para País, com enorme crescimento em alguns e quebras moderadas noutros. Não há um padrão uniforme na retoma económica de cada País e isso reflete-se nas solicitações dos clientes e na procura de serviços jurídicos. Especificamente no que diz respeito à nossa atividade em Portugal, esta está em linha com a atividade de 2020, mas com uma clara tendência de crescimento nos últimos meses, a qual se prevê que se mantenha e assim possibilite um fecho de 2021 ligeiramente melhor do que 2020.
O que mudou no vosso escritório em termos de estratégia em 2021?
Em termos de estratégia propriamente dita nada de significativo mudou. O plano estratégico que aprovámos em 2016 continua a servir-nos de orientação e a sua atualização é algo que iniciaremos no próximo ano. Tivemos, contudo, algumas alterações de funcionamento bastante relevantes com o regresso ao escritório. Não só adotámos um regime de teletrabalho permanente para algumas funções dos serviços profissionais, como avançámos de forma firme no nosso inovador modelo de mobilidade para advogados – que apelidámos de M-Flex. A par disto encetámos um conjunto de iniciativas para reforçar o espírito colaborativo e participativo de todos os nossos advogados e colaboradores, assegurando que a coesão e o trabalho em equipa saem reforçados apesar da distância física associada à mobilidade. Também merece destaque a nomeação de um novo Conselho de Administração, em especial por demonstrar um enorme sinal de maturidade e vitalidade da Firma. A Rita Correia e a Catarina Távora, que ao longo dos muitos anos que serviram a Miranda no Conselho de Administração fizeram um trabalho inexcedível, entenderam que era chegado o momento de outros sócios mais novos poderem também participar deste esforço. E assim o Nuno Cabeçadas e o Ricardo Alves Silva juntaram-se aos outros 3 administradores que transitaram do anterior Conselho de Administração – eu próprio, a Ana Pinelas Pinto e a Tânia Cascais. Somos todos sócios que cresceram profissionalmente na Miranda – em alguns casos desde o estágio – e isso facilita muito o nosso trabalho. E vontade de servir a Firma e de a ajudar a continuar a ser cada vez mais forte é algo que não falta.
Quais foram os setores mais movimentados e cuja movimentação se refletiu em termos de faturação no escritório?
No nosso caso também não é fácil uma clara identificação destes setores, pois há claras variações de País para País. Focando-nos apenas em Portugal, diria que os setores da energia, do imobiliário e das tecnologias se terão destacado. Mas também vale a pena referir o setor da saúde, no qual tivemos oportunidade de trabalhar de forma crescente e significativa.
Quais são as expectativas para 2022 em termos de volume de negócios?
Estamos moderadamente otimistas em relação a 2022. Claro que as perspetivas são distintas em função da jurisdição, mas globalmente a nossa expectativa é conseguir retomar o crescimento a dois dígitos do volume de negócios.
Que tipo de operações podem vir a acontecer?
Cada um dos mercados em que estamos tem oportunidades próprias. Há mercados em que antecipamos um movimento forte de joint ventures entre investidores estrangeiros e parceiros locais. Noutros em que há um crescente interesse na atividade mineira e em projetos de infraestruturas, designadamente portos e ferrovias. E no setor da energia continuará a ter um lugar bastante relevante para nós, com projetos na área das energias renováveis, hídricas, centrais a gás, produção de GNL e infraestruturas de regaseificação, hidrogénio verde e captura e armazenamento de CO2, entre outros. O turismo também terá alguma retoma, sendo particularmente relevante em alguns mercados. Em Portugal, os setores imobiliário, da energia, das tecnologias e da saúde devem continuar a ser bastante ativos. Há também alguma expectativa em relação a projetos financiados por fundos do Plano de Recuperação e Resiliência. Dependendo do apoio que o futuro Governo possa inequivocamente dar à atividade mineira, esta poderia atrair mais investimento estrangeiro e isso poderia gerar oportunidades de trabalho interessantes, tanto ao nível da aquisição de participações em projetos já existentes como na obtenção de direitos mineiros para novos projetos. O contencioso e a criminalidade económica também continuarão a ser áreas bastante ativas. Por fim, salientaria os temas de Compliance e de ESG (Environmental, Social and Governance). São temas a que há muito nos dedicamos nos diferentes mercados para os clientes internacionais que representamos e que têm vindo a ganhar crescente relevância no mundo empresarial. Por isso criámos equipas dedicadas para cada uma destas matérias.
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“Estamos moderadamente otimistas em relação a 2022”, diz Diogo Xavier da Cunha
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