Lesados do Banif vão estender recolha de reclamações à diáspora
A Associação dos Lesados do Banif (ALBOA) pretende entregar à CMVM cerca de mil reclamações e vai estender a ação à diáspora a partir do final deste mês.
A Associação dos Lesados do Banif (ALBOA) anunciou hoje que pretende entregar à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) cerca de mil reclamações e vai estender a ação à diáspora a partir do final de fevereiro.
“Em Portugal — estou a falar das regiões autónomas e continente — contamos recolher cerca de mil [reclamações de pessoas que se sintam enganadas pelo banco] para fazer o processo e depois, posteriormente, entregar à CMVM”, disse o presidente da ALBOA no Funchal após uma reunião com lesados do Banif na Madeira.
Esta associação está a promover encontros com as pessoas lesadas “no sentido de informar que é necessário apresentar o máximo de reclamações junto da CMVM”, explicou, tendo ocorrido o primeiro encontro nos Açores.
Além da reunião hoje no Funchal e em Faro estão já agendados encontros idênticos no Pico (19 de fevereiro), e em Faro, Lisboa e Aveiro (dia 20) e no Porto (dia 21), tendo o responsável anunciado que, “paralelamente, no final do mês, a associação está a organizar-se para ir à Venezuela” contactar os lesados naquele país.
“Será a primeira saída em termos da emigração” para realizar uma ação semelhante, sublinhou, apontando que a ALBOA dispõe de informação de que existem “cerca de mil lesados”, reforçando que “falta ainda a África do Sul e os Estados Unidos da América”. Jacinto Silva complementou que “este processo vai avançar em duas fases”, sendo a primeira em Portugal, com a “entrega dos processos à CMVM. “Depois iremos fazer na diáspora e vamos reforçar estas entregas de reclamação”, vincou.
O presidente da associação indicou que estas iniciativas visam “mostrar ao organismo [CMVM) que os produtos foram colocados de uma forma comercial agressiva” e “com praticas não corretas”.
“Com esta ação queremos demonstrar junto da CMVM que uma coisa é o processo administrativo que possa estar inerente à subscrição e outra coisa foi a prática com que foi feita”, destacou, opinando que “os produtos foram subscritos de voz e só depois foram feitas as documentações para regularizar os processos”.
Jacinto Silva sustentou que a associação pretende que a “CMVM depois de analisar todas as reclamações que vão ser apresentadas tenha uma visão diferente do que tem tido até à data”. Também apontou as reclamações de lesados nos Açores ascendem a cerca de 400, devendo existir um número idêntico na Madeira.
A ALBOA representa cerca de 3.500 obrigacionistas subordinados do banco que perderam 263 milhões de euros no processo de resolução e venda da instituição financeira, os 4.000 obrigacionistas Rentipar (‘holding’ através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a participação no banco), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil acionistas.
Em 20 de dezembro de 2015, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif com a venda da atividade bancária ao Santander Totta por 150 milhões de euros e a criação da sociedade-veículo Oitante para a qual foram transferidos os ativos que o Totta não comprou. Continua a existir ainda o Banif, agora ‘banco mau’, no qual ficaram os acionistas e os obrigacionistas subordinados, que provavelmente nunca receberão o dinheiro investido.
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