Governo acelera medidas para cumprir metas do PRR
Portugal tem de cumprir 33 marcos e cinco metas até ao final deste ano para que se dê o próximo desembolso de verbas do PRR. Pedido de desembolso só deverá ser feito mais para o final de janeiro.
O ano está a chegar ao fim e o tempo começa a esgotar-se para cumprir todas as metas e marcos definidos com a Comissão Europeia no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Na última reunião de Conselho de Ministros foram quatro os pontos decididos para garantir que nada põe em risco o desembolso do próximo cheque da Comissão.
Portugal tem de cumprir 33 marcos e cinco metas até ao final deste ano para que se dê o próximo desembolso de verbas do PRR, caso contrário a avaliação da Comissão Europeia poderá ser negativa e Portugal verá negados os 1,3 mil milhões de euros da próxima tranche. No entanto o país já beneficia de um adiantamento de 2,2 mil milhões de euros. O pedido de desembolso do cheque só deverá ser feito mais para o final de janeiro, mas antes a Comissão tem de verificar se as condições foram todas cumpridas até 31 de dezembro.
O Governo aprovou uma resolução que adapta o Programa de Transformação da Paisagem — uma estratégia mais global e que até já está em vigor — para “melhorar a eficiência dos mecanismos de operacionalização das medidas nele inscritas”, mas também para “assegurar a execução das reformas previstas no Plano de Recuperação e Resiliência. Em causa está a Componente C08 – Florestas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que estavam previstas para o terceiro trimestre deste ano.
O Programa de Transformação da Paisagem “estabeleceu medidas inovadoras, tendo sido objeto de desenvolvimento, entre outros, pelo Regime Jurídico da Reconversão da Paisagem, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 28 -A/2020, de 28 de junho”, explicou ao ECO fonte oficial do Ministro do Ambiente. Ora este regime jurídico também foi alterado através de um decreto-lei, aprovado no Conselho de Ministros da semana passada, com o objetivos de “melhorar a eficiência dos mecanismos de constituição, execução e financiamento das áreas integradas de gestão da paisagem e das operações integradas de gestão da paisagem aí desenvolvidas”.
“O objetivo é desenvolver uma resposta estrutural na prevenção e combate de incêndios rurais, capaz de proteger Portugal de incêndios rurais graves num contexto de alterações climáticas, e com impacto duradouro ao nível da resiliência, sustentabilidade e coesão territorial”, explica o comunicado do Conselho de Ministros de quinta-feira que não foi precedido da habitual conferência de imprensa.
As medidas previstas no Programa de Transformação da Paisagem começaram a ser executadas, com a elaboração de Programas de Reordenamento e Gestão da Paisagem; a constituição de Áreas Integradas de Gestão da Paisagem e; da abertura de avisos para apoio a projetos de «Condomínio de Aldeia» em territórios vulneráveis. Mas, “a experiência na aplicação destas medidas revelou a necessidade de introduzir ajustamentos“, explicou fonte oficial do Ministério liderado por Matos Fernandes.
Ajustamentos que passam por prever o PRR como fonte de financiamento do Programa de Transformação da Paisagem; ampliar o universo de entidades promotoras das Áreas Integradas de Gestão da Paisagem, mas também atualizar o Programa de Transformação da Paisagem para o adequar aos novos conceitos do Sistema Integrado de Gestão de Fogos Rurais. Finalmente, são ajustadas as condições de financiamento ao previsto no Programa de Transformação da Paisagem, nomeadamente passando de 25 mil para 50 mil euros os limites dos apoios no âmbito da medida “Condomínio de Aldeia”.
Outra das medidas aprovadas em Conselho de Ministros foi a resolução que estabelece a programação adequada do investimento público em investigação e desenvolvimento (I&D). “A meta de investimento público em I&D para o período 2021-2030 é fixada em 3% do PIB em 2030, “face a um valor da despesa total em I&D de 1,62 % do PIB em 2020, quando a despesa privada representava 59% do total”, explicou ao ECO fonte oficial do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Portugal comprometeu-se a implementar esta reforma até 31 de dezembro deste ano. “A reforma integra a atualização da Estratégia de Inovação Tecnológica e Empresarial 2018-2030”, pode ler-se no Plano de Recuperação e Resiliência. “Esta atualização visa facilitar o financiamento e a operacionalização de Parcerias Público-Privadas para apoiar agendas ambiciosas de investigação e inovação. A reforma visa simplificar o acesso a instrumentos de financiamento para atividades de I&D e contribuir para aumentar a previsibilidade e a estabilidade do financiamento através do estabelecimento de um quadro de programação plurianual para o investimento público em I&D, com o apoio de um sistema independente de acompanhamento do investimento em I&D”, pode ler-se ainda no documento.
Finalmente, o Conselho de Ministros ainda aprovou um decreto-lei que atribui à secretaria-geral do Ministério da Administração Interna competências no que respeita à modernização e ampliação o Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP). Ou seja, passa a ser a entidade responsável por executar material e financeira dos investimentos previstos no PRR para melhorar a rede SIRESP, fazendo a ponte com a unidade de missão. Apesar de os investimentos no âmbito do Siresp só terem de estar concluído a 31 de março de 2026, é preciso dar este primeiro passo que consiste em identificar a entidade gestora no terreno, e só depois será possível lançar os concursos para cumprir os objetivos.
Já a assinatura do contrato entre o Banco de Fomento, o IAPMEI e a estrutura de missão para que a instituição gerida por Beatriz Freitas possa ser definida como entidade gestora do Fundo de Capitalização e Resiliência, ainda não aconteceu, o que põe em causa o cumprimento de um dos marcos que determina o desembolso da primeira tranche do PRR, tal como o ECO já avançou. Este era um dos marcos que Portugal tinha de cumprir até ao final do terceiro trimestre.
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