FMI: Banco mau? “Não há margem orçamental”
O Governo tem estudado várias soluções para o malparado, incluindo a criação de um veículo para "limpar" estes empréstimos tóxicos dos balanços dos bancos. Mas o FMI deixa claro: "Não há margem"
O Fundo Monetário Internacional (FMI) diz que “não há margem orçamental” para se financiar o chamado “banco mau”, uma solução que está a ser estudada pelo Governo para resolver o problema do malparado. O fundo liderado por Christine Lagarde diz, na quinta avaliação a Portugal, que é essencial que os bancos sejam capazes de angariar capital privado. Isto porque o nível elevado de dívida pública não deixa margem para que esta solução seja viável. Mais, o FMI diz que tem dúvidas de que houvesse investimento privado suficiente sem um esforço ambicioso por parte dos bancos, uma vez que seria difícil avaliar o valor dos ativos.
"O nível elevado de dívida pública não deixa margem orçamental que permita o financiamento público de um banco mau”
“O nível elevado de dívida pública não deixa margem orçamental que permita o financiamento público de um banco mau“, diz o FMI na quinta avaliação a Portugal. O fundo deixa assim claro que não apoia a solução que está a ser estudada pelo Executivo de António Costa. Ou seja, a criação de um veículo para limpar o malparado dos balanços das instituições financeiras nacionais.
O FMI diz que é “essencial que os bancos sejam capazes de angariar capital privado. Uma avaliação abrangente, incluindo alterações à estrutura de governance interna, anularia a incerteza em torno do crédito malparado e dos critérios usados para empréstimos futuros”.
“Há várias soluções que estão a ser estudadas e pensadas, também com o Banco de Portugal e o Governo. É um processo em curso”, disse Pedro Nuno Santos ao ECO. O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares disse que “esperemos que, a breve prazo, possamos ter uma resposta para um problema que é um constrangimento à concessão de crédito ao nosso sistema bancário às nossas empresas. E é por isso um bloqueio também a algum investimento e ao desenvolvimento da nossa economia”.
O FMI tem “dúvidas de que surja investimento privado suficiente sem que haja esforços credíveis e ambiciosos por parte dos bancos, considerando a dificuldade em avaliar o valor dos ativos”. A criação do banco mau não é pacífica na medida em que existe quem duvide da sua exequibilidade e da adequação às reais necessidades da banca, com os bancos a rejeitarem liminarmente uma solução que prejudique mais os rácios de capital.
Apesar do modelo do banco mau não estar ainda definido, o que está mais avançado passa pela compra ao valor do balanço (book value) do malparado da banca. Há interessados em comprar o malparado dos bancos ao valor a que estão registados, ou seja, sem ser necessário registar imparidades adicionais. O que levaria a que o impacto nos rácios dos bancos fosse nulo. A acontecer, permitiria uma injeção direta de 15 mil milhões de euros na economia que poderia libertar 75 mil milhões.
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