Eletrónica de Aveiro controla qualidade do sangue na Letónia
Hospitais e bancos de sangue da Letónia usam sistema de monitorização desenvolvido pela unidade de I&D da Bresimar Automação, que dá emprego a uma centena de pessoas e vai faturar 15 milhões em 2021.
A Tekon Electronics, uma unidade de negócios da Bresimar Automação especializada em tecnologia de sensores sem fios, venceu um concurso público na Letónia com uma solução inovadora para medir e monitorizar em tempo real a temperatura nos equipamentos de armazenamento de sangue, assim como registar a ocorrência e a duração da abertura das portas de acesso a essas infraestruturas.
João Breda, administrador da Bresimar, contou ao ECO que a oportunidade surgiu através do distribuidor (Lasma) na Letónia, onde o grupo familiar de Aveiro já tinha alguns projetos na área da indústria e da logística. Depois de se mostrar “fiável” numa primeira fase de testes, o organismo de saúde letão avançou para a encomenda da solução completa.
A administração calcula que este projeto tenha um potencial de mercado superior a um milhão de euros. É que após equipar totalmente o principal edifício do State Blood Donor Center, em Riga, segue-se agora a instalação destes sistemas – rondam os 40 mil euros cada – nos restantes seis bancos de sangue, assim como nos 53 hospitais do país que têm este serviço e que precisam de instalações menores, no valor unitário de 18 mil euros.
Além disso, a empresa já está a partilhar este caso de estudo com os restantes distribuidores europeus “para promoverem a solução junto das entidades reguladoras de cada país e perceberem se têm esta necessidade”. O gestor confia no “gigantesco potencial” desta operação que pode “escalar também para o centro da Europa”, lembrando que a Letónia faz parte da European Blood Alliance (EBA), associação criada em 1998 e que tem atualmente membros em 26 países – incluindo o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST).
Criada em 2011 como uma marca própria, a Tekon Electronics funciona como uma espécie de departamento do grupo Bresimar para a área de investigação e desenvolvimento (I&D). Desenvolve e fabrica soluções sem fios para aplicações de medição e monitorização, estando habitualmente focada em temas como a Internet das Coisas (IoT) e a Indústria 4.0.
Daí que, quando surgiu este desafio na Letónia, o grupo que tem igualmente experiência de venda para mais de 20 países – “estamos habituado às exigências de cada país” – precisou “apenas” de adaptar uma solução que tinha desenvolvido para a cadeia de frio na logística alimentar. E que com a pandemia já tinha expandido também para o ramo farmacêutico, nomeadamente para os fornecedores controlarem a temperatura nos reagentes usados nos testes PCR para detetar a Covid-19.
Encontrar pessoas e alternativa aos chips
Com a alavanca da recuperação industrial em Portugal e nos principais países de exportação – Espanha, Itália, França, Inglaterra –, assim como o contributo de outros mercados externos em crescimento, como a Letónia, o Equador ou a Austrália, o grupo aveirense prepara-se para fechar o exercício de 2021 com um volume de vendas superior a 15 milhões de euros.
Fundada em 1982 por Carlos Breda, que está neste momento a passar os comandos para a segunda geração – o filho João vai ficar como CEO e a filha Carolina como diretora financeira (CFO) –, a Bresimar é especializada em automação, soluções de controlo industrial e engenharia. Emprega atualmente 105 pessoas e tem cinco posições em aberto para funções de software e hardware na Tekon Electronics.
“Estamos a contratar. Precisamos de mais pessoas porque o trabalho está a começar a surgir. E vamos investir também em ferramentas de trabalho para sermos mais competitivos porque infelizmente o mercado onde estava a parte dos semicondutores – falo da China e de Taiwan – não nos está a dar resposta”, completou o membro do conselho de administração.
Precisamos de mais pessoas porque o trabalho está a começar a surgir. E vamos investir também em ferramentas de trabalho para sermos mais competitivos.
Ainda assim, João Breda salvaguardou que o impacto da falta de chips não está a ser tão dramático como noutras indústrias, como o automóvel, uma vez que em 2019, antes do surgimento deste novo coronovírus, tinha feito “um grande investimento na compra de matéria-prima” e, por isso, “neste momento tem um bom stock para conseguir produzir”.
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