Só indústria e transportes escapam ao aumento das insolvências em 2021
Foi entre as pequenas e médias empresas que se registaram as maiores quebras homólogas das insolvências (48 e 49%) em contraciclo com as micro e grandes empresas onde houve aumentos.
O número de empresas forçadas a iniciar um processo de insolvência estava a diminuir entre 2015 e 2019, mas a pandemia colocou um travão nesta tendência de queda e, em 2020, houve um aumento de 8,6% face ao ano anterior. E, de acordo o Banco de Portugal, o cenário volta a parecer mais risonho nos primeiros seis meses do ano, já que “as aberturas de insolvência diminuíram 21,5%, face ao semestre homólogo de 2019“. No entanto, numa análise mais detalhada é possível perceber que em todos os setores de atividade discriminados o número de insolvências aumenta no primeiro semestre, com exceção da indústria transformadora e os transportes.
No Relatório de Estabilidade Financeira de dezembro, publicado esta segunda-feira, é possível verificar que menos 48% das empresas da indústria transformadora iniciaram um processo de insolvência nos primeiros seis meses de 2021, face ao período homólogo. Mas se a comparação for feita com o primeiro semestre de 2019, então a redução foi de 43%.
Na comparação com o ano anterior à pandemia o setor dos transportes e do armazenamento também regista uma quebra de 28% que acaba por ser um pouco menor nos anos da pandemia com uma quebra homóloga de 26% nas insolvências no primeiro semestre deste ano.
Os setores mais afetados pela crise pandémica registaram um aumento do número de empresas com abertura de insolvência de 31% em 2020, ao invés dos setores menos afetados, que registaram uma redução de 5%, explica o Banco de Portugal. “No primeiro semestre de 2021, observou-se uma redução do número de empresas com abertura de insolvência, face ao primeiro semestre de 2019, de -4% e -33%, para os setores mais e menos afetados, respetivamente. Destaca-se o setor do alojamento e restauração em que se observa um aumento das aberturas de insolvência (87% em 2020 e 48% no primeiro semestre de 2021, face ao primeiro semestre de 2019)”, precisa a instituição liderada por Mário Centeno.
Mas em termos de peso no conjunto das insolvências é claro o peso do comércio (23,7%) no total das insolvências. “Em 2020 e no primeiro semestre de 2021 observou-se um maior peso dos setores indústria transformadora” (9,2%) “e alojamento e restauração” (10,5%) “no total de aberturas de insolvência face ao peso que têm no universo de empresas”. No extremo oposto estão as atividades imobiliárias e de consultoria e administrativas, pode ler-se no relatório. “O aumento do peso dos setores mais afetados deve-se, principalmente, ao setor do alojamento e restauração, destacando-se, ainda, no primeiro semestre de 2021, alguns subsetores do comércio”, frisa ainda o documento.
O Banco de Portugal revela ainda que, em termos de dimensão, foi entre as pequenas e médias empresas que se registaram as maiores quebras homólogas das insolvências — 48 e 49%, respetivamente — em total contraciclo com as micro e grandes empresas onde houve um aumento de 8% e 150%. É preciso referir que, no caso das grandes empresas, no primeiros seis meses de 2019 foram duas as empresas que iniciaram este processo e este ano foram cinco.
“Os setores mais afetados pela crise pandémica evidenciaram, em geral, dinamismo económico no período pré-pandemia, diz o Relatório de Estabilidade Financeira. “As empresas com abertura de insolvência de setores mais afetados pela crise pandémica apresentavam valores medianos do rácio de rendibilidade superiores ao do total de empresas com insolvência, enquanto os rácios de endividamento e de alavancagem medianos eram inferiores aos registados para esse mesmo total. Estas empresas tinham, no entanto, valores medianos de autonomia financeira menores. Por comparação com o universo de empresas destes setores, observa-se que as que registaram um pedido de abertura de insolvência tinham uma situação financeira mais frágil“, precisa ainda o relatório.
E mais de metade (56%) das empresas que abriram processos de insolvência em 2020 ou 2021, tinham crédito bancário à data do registo. E a exposição da banca a empresas com abertura de insolvência ascendia, em junho de 2021, a total de 450 milhões de euros, dos quais 32% diziam respeito a empresas dos setores mais afetados pela pandemia. Esta exposição representava apenas 0,6% do stock de crédito a empresas, estando 57% desse montante associado a empréstimos que já tinham crédito vencido.
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