Aquisição da Farfetch duplica equipa portuguesa em 2022
Fundada por Guilherme Faria e Rui Rapazote, que se conheceram em Xangai, a plataforma de revenda de moda de luxo em segunda mão Luxclusif vai ultrapassar a centena de funcionários em Portugal.
Década e meia depois de os fundadores se terem conhecido na China, a plataforma de revenda de moda de luxo em segunda mão criada por dois expatriados portugueses na Ásia foi comprada pela gigante Farfetch e em 2022 conta “mais do que dobrar a equipa em Portugal”, adianta ao ECO o cofundador e CEO, Rui Rapazote.
Com escritório no Porto e vários colaboradores a trabalhar em regime flexível noutras localidades portuguesas, como Viana do Castelo, Aveiro ou Coimbra, a Luxclusif começou por ter a equipa nacional dedicada sobretudo ao ramo da tecnologia, mas as cerca de 50 pessoas que emprega atualmente já cobrem todas as áreas da organização.
“Portugal continua a ser um mercado com ótimos profissionais, onde existe um bom balanço entre pessoas de tecnologia e [outras] com experiência em startups e modelos de negócio em rápida expansão. Por outro lado, ao passarmos a fazer parte do grupo Farfetch, acreditamos que há sinergias importantes em estarmos na mesma localização que as equipas principais do grupo”, justifica o gestor.
No total, a empresa comprada pelo unicórnio luso-britânico liderado por José Neves para liderar a moda de luxo em segunda mão, que se posiciona como um marketplace B2B e como um facilitador na revenda, contabiliza perto de 130 funcionários. Tem presença direta também nas Filipinas, Japão e China, e conta ainda com estruturas operacionais em regime de outsourcing na Estónia e nos Estados Unidos da América (EUA).
Em Portugal existe um bom balanço entre pessoas de tecnologia e [outras] com experiência em startups e modelos de negócio em rápida expansão.
Rui Rapazote espera “continuar a atrair talento para captar o potencial do mercado de resale”, que está a ganhar relevância para a indústria da moda de luxo. De acordo com o Conscious Luxury Trends Report, mais da metade dos clientes da Farfetch comprou ou vendeu artigos em segunda mão em 2020. As estimativas citadas pelo diretor comercial e de sustentabilidade do grupo, Giorgio Belloli, mostram que esta categoria está a crescer “três vezes mais rápido do que o mercado primário”.
Criada em 2012, a Luxclusif trabalha em sobre dois pilares distintos: um assente no fornecimento de malas e acessórios de luxo em segunda mão a retalhistas e marketplaces num modelo B2B2C (trade); e o outro em programas de retoma de malas e acessórios de luxo direcionados a marcas e retalhistas (buyback / trade-in), em que oferece um serviço que inlcui a componente tecnológica (plataforma), operacional (processamentos de produtos e autenticação) e comercial (venda e distribuição).
“Berço” asiático depois do Contacto
Rui Rapazote, 37 anos, é natural de Lisboa, estudou Gestão e Marketing e já viveu em Portugal, Suécia, China e Filipinas. Nascido sete anos antes em Coimbra, Guilherme Faria estudou Economia e, antes de se estabelecer durante alguns anos no Japão, onde estava a trabalhar quando conheceu o futuro sócio, ainda passou antes também pelos EUA e por Itália.
Em comum tinham a participação no programa de estágios internacionais INOV Contacto, promovido pela AICEP, que em 2007 o primeiro frequentava em Xangai e o segundo — atual diretor de operações (COO) — fizera dez anos antes, em Seul. E também o interesse pelo empreendedorismo, pelo e-commerce e por explorar modelos de negócio inovadores.
“Na altura da criação da Luxclusif, o valor percebido dos produtos de luxo em segunda mão no mercado asiático era significativamente mais baixo que nos mercados ocidentais. Começámos com uma pequena operação de trade com produtos consignados e percebemos que o potencial era enorme. Como já estávamos na Ásia, contratámos as primeiras pessoas nas Filipinas e, a partir daí, focamo-nos no desenvolvimento de soluções de tecnologia e de supply chain que permitissem melhorar todo o serviço”, recorda Rapazote.
A ligação à Farfetch começou em 2018, quando participou no programa de aceleração Dream Assembly. Prosseguiu mais tarde com o desenvolvimento do serviço de buyback de artigos em segunda mão (Farfetch Second Life) em que a Luxclusif forneceu a sua plataforma na Europa para autenticar, atribuir preços e depois vender as carteiras em segunda mão submetidas pelos clientes, em troca de crédito para gastar no site da multinacional que está a construir um campus em Matosinhos, prevendo acolher outras empresas, um hotel e 42 apartamentos.
Depois da aquisição, que “não foi um processo complexo”, o cofundador confessa ter “expectativas elevadas” quanto à integração no grupo sediado em Londres e cotado na Bolsa de Nova Iorque, que tem escritórios em 13 países e soma cerca de 6 mil trabalhadores. “Vamos continuar a expandir a base de parceiros na área de trade e lançar o programa Second Life em mais geografias. Por outro lado, vamos trabalhar com a Farfetch Platform Solutions no sentido de acrescentar buyback / trade-in aos serviços oferecidos às marcas e retalhistas”, remata o CEO.
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