Ordem dos Economistas vai criar grupo de trabalho para acompanhar recuperação económica e PRR
O novo bastonário da Ordem dos Economistas, António Mendonça, não defende um bloco central, mas um acordo de longo prazo entre PS e PSD para que haja uma estratégia coerente para o país.
O novo bastonário da Ordem dos Economistas, António Mendonça, avança que uma das prioridades do início do seu mandato é a criação de um grupo de trabalho para acompanhar a recuperação económica e o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que irá produzir relatórios e recomendações. Sobre as eleições de 30 de janeiro, o ex-ministro das Obras Públicas de um Governo PS considera que é importante que haja um acordo de longo prazo entre os socialistas e os social-democratas.
Um dia depois de ter tomado posse como bastonário, após ter vencido Pedro Reis nas eleições internas, António Mendonça revela ao ECO que um dos primeiros passos que dará com a sua nova direção da Ordem dos Economistas será a criação de um grupo de trabalho para dar uma “atenção especial” à recuperação económica e à aplicação do PRR.
“Vamos procurar desenvolver a discussão, monitorizar e dar as sugestões que entendemos oportunas“, justifica, notando que o objetivo é “maximizar os impactos positivos na economia” e “trabalhar para repor uma trajetória sustentada de crescimento”. O PRR está neste momento a ser executado e prevê-se que Portugal vá pedir uma nova tranche à Comissão Europeia em breve.
Esta é uma das formas que a Ordem terá para aproveitar o que diz ser uma “grande formação e competências que têm de ser aproveitadas para enfrentar os desafios do país”, nomeadamente os “constrangimentos ao crescimento económico”. António Mendonça garante que dará “atenção à mobilização dos jovens economistas”, os quais enfrentam “situações profissionais que não são as melhores, com precariedade” e que acabam por ser “‘empurrados’ para o estrangeiro”.
Questionado sobre se considera que o inquérito às Parcerias Público-Privadas (PPP) rodoviárias — do qual foi arguido, mas não foi acusado — poderia afetar o seu mandato enquanto bastonário, o ex-ministro afastou essa possibilidade: “Não percebo porquê. A minha atividade profissional é ser economista. A minha eleição foi uma expressão de confiança dos economistas. Não tenho qualquer problema“, afirmou.
PS e PSD devem entender-se sobre o longo prazo
Aproximadamente daqui a mês será a vez, se houver uma solução à vista, de um novo Governo tomar posse, após as eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro. Questionado sobre se defende um Governo do “centrão” (PS e PSD), António Mendonça diz “ter dificuldade” em responder sobre se prefere ou não um bloco central, remetendo a geometria da governabilidade para o resultado da votação dos portugueses.
Porém, “independentemente dos resultados, vença quem vencer, deve haver um acordo entre os principais partidos relativamente a uma estratégia coerente para o país“, defende. O ex-ministro das Obras Públicas (2009-2011) dá o exemplo de Alemanha (tal como já fez Rui Rio nos debates, curiosamente) onde os partidos estiveram “meses a negociar e foi possível chegar a um acordo”.
“Deveria haver algumas linhas consensuais e de acordo entre as forças políticas mais importantes do país”, reforça, fazendo uma crítica geral sobre o foco “no curto prazo, sem uma visão de longo prazo”, que tem dominado a governação em Portugal. “O paradigma disto é a localização do novo aeroporto em que estamos há décadas para decidir onde vai ficar”, exemplifica.
Em entrevista ao ECO no início de dezembro, antes da eleição para a Ordem, Mendonça referia que esperava “que nestas eleições haja capacidade de gerar um consenso ou, pelo menos, um largo apoio para as necessidades estruturais que é necessário introduzir”. “O país precisa de um consenso relativamente às grandes transformações que é preciso pôr em marcha. Não sei se isso se faz com maioria absoluta, com aliança de partidos, mais à direita, mais à esquerda, ou mais ao centro”, defendia, reconhecendo que a maioria absoluta “é muito difícil de conseguir”.
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