Lesados do BPP pedem destituição da comissão liquidatária do banco ao tribunal

São 6.000 lesados que reclamam 1.600 milhões por causa da falência do BPP A Privado Clientes avança com pedido de destituição da comissão liquidatária junto do tribunal por ausência de atividade.

Os lesados do BPP entregaram junto do Tribunal do Comércio de Lisboa um pedido de destituição da comissão liquidatária responsável pelo BPP, que foi nomeada há mais de 11 anos pelo Banco de Portugal. Alegam “a falta de transparência e de comunicação” e ainda a “ausência de atividade” para os elevados gastos com a comissão liderada por Manuel Mendes Paulo, de acordo com um comunicado da associação Privado Clientes.

São cerca de 6.000 os clientes lesados do BPP, que reclamam 1,6 mil milhões de euros. Os ativos do banco ascendem a 900 milhões, insuficiente para os créditos reclamados. O fim do BPP foi decidido em 2010 e ainda hoje há milhares de lesados que procuram ser ressarcidos pela comissão liquidatária, através dos ativos que ainda restam.

A fuga de João Rendeiro em setembro para a África do Sul e a detenção do ex-banqueiro no início de dezembro trouxe o tema do BPP de novo para o centro da discussão pública.

“A falta de transparência e de comunicação, a enorme ausência de atividade da comissão liderada por Manuel Mendes Paulo, junto com uma série de questões que tem sido notícia na Comunicação Social ao longo dos últimos meses e a ausência de respostas da entidade responsável pela massa falida do BPP, levou a Privado Clientes entender não estarem reunidas condições para que a atual comissão liquidatária possa prosseguir a sua atividade”, justifica a associação em comunicado enviado às redações.

A associação diz que foi sempre ignorada pela comissão liquidatária nas diversas tentativas de contacto que fez no último ano: “Ninguém respondeu na sede da comissão, ou nenhum responsável da comissão que pudesse representar a instituição esteve presente no seu lugar físico de trabalho”.

A Privado Clientes refere ainda que “tudo leva a crer” que a comissão liquidatária em funções “quer perpetuar-se às custas dos credores” e falam em gastos anuais de quatro milhões de euros com a equipa liderada por Manuel Mendes Paulo.

A comissão liquidatária, segundo a Privado Clientes, conta com 28 colaboradores, que “custam, em média, mais de 70 mil euros anuais, pagos com o dinheiro dos credores”. O presidente Manuel Paulo ganha 4.650 euros por mês e os vogais José Pedro Simões e José Vítor Almeida ganham, cada um, 3.500 euros mensais, de acordo com a associação lidera por Jaime Antunes.

Outra crítica apontada à comissão liquidatária: não cumpre a ordem imposta pelo tribunal de indicar quanto cada credor tem a receber, “tentando-se desenvencilhar de todas as formas do cumprimento de tal obrigação”.

Também “não indica quanto é a potencial receita das ações em tribunal” e “não faz pagamentos, pelo menos parciais, aos credores”, acrescenta a Privado Clientes, que espera “a nomeação de uma nova comissão Liquidatária possa ser um passo no sentido de tornar a liquidação do BPP num processo mais célere, claro e transparente“.

(Notícia atualizada às 14h16)

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