Fórum para a Competitividade vê PIB a crescer até 4,5% em 2022

O Fórum para a Competitividade prevê que o Governo vá falhar a meta de 2021 por algumas décimas e que em 2022 Portugal não irá crescer tanto quanto previa no Orçamento que foi chumbado.

Assumindo que adota uma “perspetiva mais prudente” do que outras instituições, o Fórum para a Competitividade atualizou esta quinta-feira as suas projeções económicas para Portugal, colocando o PIB a crescer entre 4,3% e 4,7% em 2021 e entre 2,5% e 4,5% em 2022. Ambos os números ficam abaixo da expectativa do atual Governo e significariam uma desaceleração do crescimento económico em 2022, enquanto a maioria das instituições prevê uma aceleração.

Várias fontes disponíveis consideram que a economia deve acelerar em 2022, podendo crescer acima de 5%, mas esta previsão deve ser lida com cautela, porque está relacionada com o atraso da recuperação portuguesa; porque há vários sinais de preocupação para este ano, em particular a persistência da inflação“, explica o diretor do Gabinete de Estudos do Fórum para a Competitividade, Pedro Braz Teixeira, no relatório das Perspetivas Empresariais relativas ao quarto trimestre de 2021 divulgado esta quinta-feira.

Perante este enquadramento, na ótica do Fórum, é preferível adotar “uma perspetiva mais prudente, estimando que o PIB de 2022 possa crescer entre 2,5% e 4,5%, em linha com 2021 ou, se os cenários menos favoráveis se concretizarem, abaixo do registado no ano transato”. Para 2021 prevê um crescimento de 4,3% a 4,7%, semelhante à previsão da Católica, mas abaixo dos 4,8% previstos pelo Governo. O número oficial será divulgado a 31 de janeiro pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Sobre o quarto trimestre de 2021, o Fórum escreve que “as restrições então decididas conduziram a um abrandamento da atividade em Portugal, não permitindo recuperar aquele atraso”, mas não adianta previsões para esse período. A Católica prevê um crescimento de 0,4% em cadeia e de 4,4% em termos homólogos no quarto trimestre de 2021.

Para 2022 a dúvida está relacionada com o contexto internacional. “A escalada nos preços da energia continua muito forte, bem como as dificuldades no abastecimento de componentes à indústria, com um forte impacto sobre a inflação“, exemplifica Pedro Braz Teixeira, acrescentando que os bancos centrais deixaram de “encarar a subida de preços de forma despreocupada”, o que levou a uma revisão em alta das expectativas de subidas dos juros. “No caso do BCE, ainda não se antecipam subidas da taxa de referência, mas isto pode mudar ao longo de 2022“, alerta.

Taxa de inflação em Portugal pode chegar aos 4% em 2022, segundo o Fórum

Após uma taxa de inflação de 1,3% no conjunto de 2021, o Fórum para a Competitividade antevê uma “aceleração limitada da inflação em 2022, para entre 2% e 4%”, bem acima das previsões das restantes instituições. A Católica prevê 2%, o Banco de Portugal 1,8% e a OCDE 1,7%, apenas para citar as instituições que atualizaram recentemente os números.

Ainda assim, o Fórum admite que os preços vão desacelerar no médio prazo: “Até meados de 2022, é provável a persistência de tensões inflacionistas significativas, mas que deverão abrandar posteriormente“.

Na zona euro, têm sido os problemas dos preços da energia a dominar a aceleração do índice geral de preços, mas nos EUA tem havido também um forte impacto dos bloqueios nas cadeias de abastecimento“, explica ainda Pedro Braz Teixeira, recordando que até há pouco tempo o que preocupava os bancos centrais era o risco de deflação (queda dos preços), inclusive por causa do impacto da pandemia (que provocou uma redução do consumo sem precedentes).

Em relação ao mercado de trabalho, a previsão do Fórum é que a taxa de desemprego caia para entre 6% a 6,5% em 2022, uma vez que Portugal está próximo do “limite inferior da estimativa da taxa natural de desemprego (entre 6% e 7%)”, o que “torna previsível um claro abrandamento do desemprego, ainda que o PIB cresça de forma expressiva”.

A falta de mão-de-obra decorre de três conjuntos de problemas: conjunturais, da pandemia e estruturais“, identifica o Fórum, propondo soluções como o aumento da imigração, a proteção dos trabalhadores contra a Covid-19, a passagem da formação do IEFP para as empresas, garantir que os desempregados não perdem rendimento por aceitar um emprego e reduzir “a duração do subsídio de desemprego quando a taxa de desemprego é baixa”.

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