Recrutamento de TI: Queremos o melhor técnico ou o mais ajustado à empresa?

  • Antonio Loureiro
  • 26 Janeiro 2022

A verdade “nua e crua” que o mercado mostra é muito simples: as empresas contratam os profissionais pelas suas hard-skills, mas demitem-nos devido às soft-skills.

Quem tem uma empresa quer sempre os melhores profissionais nas suas equipas. Isto é especialmente verdade se estivermos a falar do departamento de Tecnologias da Informação (TI). Neste caso, todos querem o Cristiano Ronaldo das tecnologias – alguém muito bom tecnicamente, que resolva os problemas mesmo quando estes parecem perdidos.

Mas e se o melhor técnico não conseguir trabalhar em equipa? Se não souber “digerir” um Não, ou uma opinião contrária? Se não conseguir gerir ambientes de stress, pressão ou mesmo de conflito? Se não souber equilibrar a vida pessoal e profissional, cumprir regras, respeitar os outros ou aceitar diferenças? Se não gostar de partilhar ideias, o sucesso de um projeto ou o pódio com a restante equipa?

Neste caso continuamos a querer o melhor técnico, ou aquele que melhor se ajusta a um conjunto de requisitos que vai muito além do know-how tecnológico?

As competências técnicas são muito importantes devido não só à permanente e rápida evolução tecnológica, mas também ao papel crucial das TI na competitividade e sucesso das empresas. No entanto, a verdade “nua e crua” que o mercado mostra é muito simples: as empresas contratam os profissionais pelas suas hard-skills, mas demitem-nos devido às soft-skills.

Então qual é a fórmula mágica? É garantir o match perfeito entre as necessidades ambições do profissional e os requisitos e realidade da empresa. O problema é que isto não se faz com uma entrevista de 30 minutos focada nas certificações tecnológicas, cursos, mestrados, tecnologias e ferramentas dominadas, entre outros exemplos. É preciso que as equipas de recrutamento tenham competência para avaliar os candidatos tanto ao nível das hard-skills, como das soft-skills.

Este equilíbrio entre hard-skills e soft-skills no talento tecnológico pode revela-se uma verdadeira dor de cabeça para os Recursos Humanos (RH).

Porquê? Porque também aqui a equação é simples: quanto mais variáveis existirem, maior é o risco de erro. E um erro neste caso é um perfil mal traçado ou uma escolha mal feita, que acaba por dar inevitavelmente origem a perdas de produtividade, conflitos internos, erros de produção, e a custos elevados de contratação e formação de um recurso que nunca aportou valor para a empresa.

É preciso analisar as competências técnicas e sociais, gerir as diferenças geracionais e culturais, os benefícios, ambições, expectativas de carreira, objetivos e drivers pessoais… Tudo isto, enquanto controlam as propostas tentadoras que vão chegando de outros players, fruto de uma realidade de mercado que torna tudo ainda mais difícil – a procura é maior que a oferta.

Todo este trabalho de seleção pode ser facilitado pela tecnologia. As empresas de recrutamento e os departamentos de RH usam cada vez mais a inteligência artificial para selecionarem de forma mais rápida, eficiente e exata os melhores profissionais para uma determinada empresa ou projeto. E os benefícios para o processo seletivo são claros: maior precisão, justiça e agilidade na triagem, eliminação dos principais vieses de recrutamento, melhor experiência para o candidato e menos custos operacionais.

A inteligência artificial analisa automaticamente os currículos e outros indicadores registados, e seleciona rapidamente os candidatos com o melhor perfil. Mas e a inteligência emocional? A ligação humana feita durante o processo de recrutamento e ao longo de todo o percurso profissional? As perguntas e análises que a tecnologia ainda não consegue fazer?

Enquanto empresa de recrutamento multinacional recorremos à IA, a apps e a outras soluções para enriquecermos todo o processo de recrutamento e gestão de talento, mas ainda não deixamos tudo nas mãos das máquinas. A tecnologia no processo de recrutamento é um enabler fundamental, mas a relação pessoal entre o recrutador e o profissional mantém-se crucial durante todo o percurso profissional.

O equilíbrio entre as hard-skills e as soft-skills é muito importante para o sucesso de uma contratação, mas o equilíbrio entre a tecnologia e a relação humana nos processos de recrutamento e de gestão de pessoas é igualmente fundamental. É esta equação que, no final, gera criação de valor para o profissional e para a empresa.

  • Antonio Loureiro
  • CEO da Conquest One

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