Venderam-se 190 mil casas em Portugal em 2021. Estrangeiros compraram 11%
Dados da consultora JLL apontam para um volume de vendas de 30 mil milhões de euros no mercado residencial, acompanhado por uma "forte subida dos preços".
Depois de ter sido um dos setores mais resilientes no primeiro ano de pandemia, o mercado imobiliário continuou a brilhar em 2021. De acordo com a consultora JLL, no ano passado foram transacionadas 190 mil habitações, um crescimento de quase 20% face a 2020. Naquele que foi o “melhor ano de sempre” para o setor, conseguiu-se um volume de transações na casa dos 30 mil milhões de euros.
“A habitação foi setor estrela do imobiliário em 2021, superando todos os anteriores níveis de atividade”, diz a JLL esta terça-feira, no dia em que divulgou o relatório anual de mercado “Market 360º”. No ano passado, a consultora estima que tenham sido vendidas 190 mil casas, mais 18% do que em 2020 e mais 12% do que em 2019 (naquele que tinha sido um ano recorde para o mercado residencial nacional).
Das 190 mil habitações transacionadas, 89% foram vendidas a compradores nacionais e cerca de 11% a estrangeiros. “Os fortes fundamentos de mercado deverão ter continuidade em 2022, esperando-se um novo ano de atividade em máximos”, diz a consultora, salientando que as alterações ao regime de vistos gold não deverão trazer consequências negativas para o mercado, “uma vez que Portugal é já um destino residencial reconhecido no estrangeiro”.
Apesar deste bom desempenho, persiste o problema da escassez de oferta. Joana Fonseca, responsável pela área de Research da JLL, nota que o stock de habitação “aumentou apenas 1,9% na última década, o que corresponde a cerca de 108.500 fogos, ou seja, menos do que se vendeu este ano”.
Pedro Lancastre, CEO da JLL Portugal, alerta ainda para os obstáculos que continuam no mercado residencial, nomeadamente a “morosidade e burocracia dos processos de licenciamento”. O responsável nota que o número médio de unidades residenciais licenciadas em Portugal na última década ficou 70% abaixo da década anterior (2001-2011).
Outro constrangimento é o forte aumento dos custos de construção, que impacta os planos de negócios e o preço para o utilizador final. Os últimos dados davam conta de um aumento de 7,4% nos custos da construção só no último ano. A consultora alerta para a urgência de se “gerir estes constrangimentos para que a criação de oferta possa ser célere e dar resposta às necessidades do país”.
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