Putin disse “claramente” a Macron que não procura um confronto
Em conversa telefónica, que durou mais de uma hora, Putin disse ao presidente francês que não tem qualquer "intenção ofensiva", nem procura um confronto.
O Presidente russo disse esta sexta-feira “muito claramente” ao seu homólogo francês que não procura uma confrontação na Ucrânia, anunciou a presidência francesa, segundo a qual os dois líderes concordaram na necessidade de desanuviar tensões e continuar a dialogar.
“O Presidente [Vladimir] Putin não expressou qualquer intenção ofensiva (…). Ele disse muito claramente que não estava à procura de confrontação”, disse o gabinete de Emmanuel Macron, citado pela agência noticiosa France-Presse.
A conversa telefónica, que durou mais de uma hora, permitiu aos dois chefes de Estado “chegar a acordo sobre a necessidade de uma desescalada” na tensão sobre a Ucrânia, disse o Eliseu (Presidência).
Sobre a segurança estratégica na Europa, Macron e Putin concordaram na “continuação do diálogo, que exigirá que os europeus (…) façam parte deste diálogo”, o qual envolve principalmente os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Relativamente ao conflito no Leste da Ucrânia, onde separatistas pró-russos combatem as forças ucranianas desde 2014, Putin insistiu nas conversações no chamado Formato Normandia (Rússia, Ucrânia, Alemanha e França), que visa implementar os acordos de paz de Minsk de 2015, segundo a presidência russa.
“Também deseja continuar com o Presidente [Macron] a discussão que começou hoje”, acrescentou o Eliseu. Emmanuel Macron deverá também falar com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, no final da tarde desta sexta.
“Irá falar-lhe do nosso empenho na soberania da Ucrânia, da nossa solidariedade neste período de tensão e do nosso empenho em continuar as negociações para encontrar uma forma de implementar os acordos de Minsk”, acrescentou a presidência francesa. A França exerce atualmente a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.
Antes da declaração francesa, a presidência russa (Kremlin) tinha informado que Putin disse a Macron que as respostas do Ocidente às suas exigências ignoraram as “preocupações fundamentais” da Rússia.
Entre as preocupações que ficaram sem resposta, Putin mencionou a recusa categórica da Rússia ao alargamento da NATO para o Leste europeu, aludindo claramente à Ucrânia e também à Geórgia, e o destacamento de armamento ofensivo para perto das fronteiras russas.
Também referiu a retirada das infraestruturas militares aliadas para as posições que ocupava em 1997, antes da expansão para a Europa Oriental e o espaço pós-soviético (1999 e 2004), segundo a agência espanhola EFE. Segundo o Kremlin, a Rússia “determinará a sua reação futura” depois de estudar em pormenor as respostas dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
A conversa entre Putin e Macron realizou-se no quadro da crescente tensão entre Moscovo e o Ocidente, que receia uma nova invasão da Ucrânia pela Rússia na sequência do envio de pelo menos 100.000 tropas russas para a fronteira com o país vizinho.
A Rússia negou essa intenção, mas disse sentir-se ameaçada pela expansão de 20 anos da NATO ao Leste europeu e pelo apoio ocidental à Ucrânia. Moscovo exigiu o fim da política de expansão da NATO, incluindo para a Ucrânia e a Geórgia, a cessação de toda a cooperação militar ocidental com as antigas repúblicas soviéticas e a retirada das tropas e armamento dos aliados para as posições anteriores a 1997.
Os Estados Unidos e a NATO rejeitaram formalmente, na quarta-feira, as principais exigências de Moscovo, mas propuseram a via da diplomacia para lidar com a crise. Em particular, abriram a porta a negociações sobre os limites recíprocos da instalação dos mísseis de curto e médio alcance das duas potências nucleares rivais na Europa, e sobre exercícios militares nas proximidades das fronteiras do campo adversário.
Embora o conteúdo da resposta dos aliados seja desconhecido, o Kremlin admitiu que “há poucos motivos para otimismo”, uma vez que a NATO considera a sua política de porta aberta não negociável, embora não tenha excluído novas rondas de negociações com o Ocidente.
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