NATO diz que ainda não vê redução de tropas russas perto da Ucrânia

  • Joana Abrantes Gomes e Lusa
  • 15 Fevereiro 2022

Segundo Jens Stoltenberg, ainda não se verifica qualquer alteração das forças russas na zona da fronteira da Ucrânia.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse esta terça-feira que uma redução das tropas russas junto à fronteira com a Ucrânia não representa uma diminuição da escalada militar, indicando que ainda não se observa uma redução do número de militares, como a Rússia tinha anunciado esta manhã.

Em conferência de imprensa no quartel-general da NATO, em Bruxelas, o líder da aliança militar garantiu que continuará a acompanhar a situação na região e apela novamente à retirada russa. “Até agora, não vimos qualquer desescalada no terreno, nenhuns sinais de redução da presença militar russa nas fronteiras com a Ucrânia, mas vamos continuar a monitorizar e a seguir atentamente o que a Rússia está a fazer”, afirmou.

Os sinais que chegam de Moscovo relativamente à vontade de prosseguir os esforços diplomáticos, contudo, “dão alguma razão para um otimismo cauteloso”, ressalvou Stoltenberg, acrescentando que uma verdadeira desescalada significaria uma retirada substancial das tropas e do equipamento militar russo das zonas fronteiriças com a Ucrânia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, também sinalizou que se deveria ter cautela sobre os relatos de uma retirada de tropas russas. Escrevendo em inglês no Twitter, apontou: “na Ucrânia temos uma regra: não acreditamos no que ouvimos, acreditamos no que vemos”. “Se uma retirada real se seguir a estas declarações, acreditaremos no início de uma desescalada real”, acrescentou.

Esta manhã, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou o regresso de algumas tropas às suas bases permanentes, depois de terem concluído uma série de exercícios militares. Contudo, as tropas retiradas serão dos distritos militares mais próximos da Ucrânia, além de que continuam as manobras militares noutros locais junto à fronteira.

Rússia recusa participar em reunião da OSCE solicitada por Kiev

A Rússia recusou participar numa reunião convocada para esta terça-feira pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), pedida pela Ucrânia, sobre a sua atividade militar na fronteira ucraniana, anunciou a diplomacia russa. “Não, não vamos”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Grushko, aos meios de comunicação social russos sobre a reunião de hoje, citado pela agência espanhola EFE.

A reunião em Viena foi convocada por a Ucrânia ter ativado uma cláusula do acordo da OSCE sobre transparência no movimento de tropas, denominado Documento de Viena. “Exigimos uma reunião com a Rússia e todos os Estados participantes no prazo de 48 horas para abordar o reforço e a redistribuição de tropas ao longo da nossa fronteira e da Crimeia temporariamente ocupada”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, no domingo.

Em conformidade com este pedido, a presidência polaca em exercício da OSCE convocou a reunião para esta terça-feira, em Viena. Um porta-voz da presidência da OSCE anunciou, na segunda-feira, a realização da reunião de emergência na capital austríaca, mas sem especificar se a Rússia iria participar.

Grushko criticou a OSCE por responder à Ucrânia, alertando que a organização de 57 membros não deve ser envolvida em jogos políticos. “Se alguém vai jogar algum tipo de jogo político, que o faça, mas nós ainda levamos a sério as ferramentas de construção de confiança e segurança e não permitiremos que sejam utilizadas para fins inconvenientes”, disse Grushko, citado pela agência oficial russa TASS.

“Os mais preocupados com a pureza do Documento de Viena não levantaram um dedo para iniciar os procedimentos adequados quando o exército ucraniano bombardeou o seu próprio povo [na região do Donbass] e levou a cabo uma verdadeira operação militar contra eles com a participação das Forças Armadas”, acrescentou.

A OSCE mantém uma missão de acompanhamento do conflito no Donbass, onde separatistas pró-russos apoiados por Moscovo estão em guerra com a Ucrânia desde 2014. Desde então, o conflito provocou cerca de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo as Nações Unidas. O parlamento russo aprovou esta terça-feira um apelo ao Presidente Vladimir Putin para que reconheça a independência dos territórios controlados pelos separatistas, a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk.

O reconhecimento da independência por Moscovo marcaria o fim do processo de paz para o leste da Ucrânia (Acordos de Minsk) assinados sob a mediação da França e da Alemanha, que defendiam o regresso das regiões ao controlo de Kiev. “Em caso de reconhecimento, a Rússia retirar-se-ia de facto e ‘de jure’ dos acordos de Minsk com todas as consequências que daí decorrerão. Já advertimos contra esta posição”, reagiu, pouco depois, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h35)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

NATO diz que ainda não vê redução de tropas russas perto da Ucrânia

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião