Ryanair diz poder cancelar até 20 rotas em Lisboa devido a “slots” não utilizados pela TAP
Ryanair pode cancelar até 20 rotas de e para Lisboa, no verão de 2022, devido à acumulação de slots não utilizados pela TAP. Companhia espera que Governo exija libertação de slots até fevereiro.
O presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, estima que a companhia aérea poderá ser forçada a reduzir de sete para quatro o número de aeronaves em Lisboa no verão de 2022, podendo cancelar até 20 rotas devido aos slots não utilizados pela TAP. A informação foi avançada numa conferência de imprensa esta quarta-feira.
O CEO do grupo Ryanair apelou ao novo Governo português “que apoie a recuperação do tráfego e obrigue a TAP a libertar os slots não utilizados em Lisboa (dos quais não necessita) antes do final de fevereiro”. Michael O’Leary acusa ainda a TAP de bloquear slots (autorizações para descolar e aterrar num determinado período de tempo) sabendo que não os pode utilizar, visto que a sua frota irá ser reduzida entre 20%, a 25%.
O CEO do grupo Ryanair acusa a companhia aérea portuguesa de um “bloqueio desleal” e defende que esta medida impede o crescimento e a recuperação do tráfego, turismo, e emprego no aeroporto de Lisboa. A companhia estima uma perda potencial para a economia portuguesa de 250 milhões de euros em receitas do turismo no verão de 2022.
Segundo as estimativas da companhia, a TAP libertou menos de 5% dos seus slots em Lisboa, e avança que o auxílio estatal de 3 mil milhões de euros já custou mais de 300 euros a cada cidadão português. A Ryanair apelou também à abertura do Aeroporto do Montijo, ao fim da taxa eco anti-competitiva, e o seu CEO anunciou ainda a continuação da batalha legal contra a TAP junto dos tribunais da Comissão Europeia. “Esperávamos que a Comissão Europeia libertasse alguns dos slots não utilizados da TAP, mas estamos chocados. Vamos ter de retirar as aeronaves de Lisboa se a TAP não os libertar”, disse O’Leary.
Apesar da possível redução, a Ryanair anunciou 15 novas rotas para o verão de 2022 (165 no total), para destinos como Bari, Billund, Madeira e Paris, e diz esperar “um verão bastante forte”, à boleia da “forte” recuperação das reservas, esperando crescer para 11,5 milhões de passageiros transportados. A companhia espera ainda um regresso aos números pré-covid até março-abril de 2022, e prevê um crescimento melhor que o de 2019 na Madeira, no Porto, este verão, e em Faro.
O CEO da companhia aérea irlandesa enviou também uma carta ao primeiro-ministro, António Costa, a informar o seu pedido em relação à TAP. O plano de reestruturação da TAP prevê a libertação de 18 slots no aeroporto de Lisboa, mas apenas no inverno deste ano. Caso o pedido não surta efeito, em março a Ryanair irá retirar três aeronaves do aeroporto Humberto Delgado.
O CEO admitiu ainda que não haverá um aumento do preço dos bilhetes na sequência da escalada dos preços dos combustíveis e mostrou-se preocupado com as tensões militares na Ucrânia. “Estamos empenhados em continuar a voar, mas se for decretado que tal já não é seguro, então não o iremos fazer. Tudo o que podemos fazer é esperar e ver o que acontece”, comentou O’Leary.
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