Motivação e flexibilidade com proximidade

  • Renato Sousa Antunes
  • 8 Junho 2022

Os grandes desafios para a gestão de pessoas no curto-prazo serão a motivação à distância e o binómio flexibilidade/proximidade.

É inegável: 2022 vai ser um ano hiper complexo. Provavelmente tão ou mais difícil e imprevisível do que 2021 já foi para todos nós.

Escalpelizando o caso da indústria alimentar, onde assenta a atividade da Casa Mendes Gonçalves e das suas marcas, adivinha-se a continuação da atual tempestade perfeita impulsionada pelo contexto pandémico.

Custos galopantes e sem ponto de inflexão à vista, escassez efetiva de várias matérias-primas ou necessidade constante de minimização de contactos entre pessoas são só alguns exemplos.

Neste contexto particularmente complexo, adensam-se os desafios que as empresas e as marcas já enfrentavam antes de o mundo estar voltado do avesso. Dos vários que me vêm à mente, saliento um particularmente caro à Casa Mendes Gonçalves e à Paladin: a inovação constante. Mais do que a inovação per se, refiro-me à construção de um ambiente que promova a criatividade, que encoraje a busca de soluções por tentativa-erro, que conviva bem com a falha — sem esta, como se cria?

Porque é que isto é tão relevante para a gestão de pessoas? Essencialmente porque a inovação vem sempre das pessoas, não das organizações. São as pessoas que criam, lideram e fomentam o processo criativo. Às organizações cabe criar condições para que o mesmo perdure e se fortaleça. Como é que as organizações podem fazer isto? Através da criação das melhores condições para que as suas pessoas possam dedicar-se integralmente ao core das suas funções.

Por isso, é claro para mim que os grandes desafios para a gestão de pessoas no curto prazo serão (1) a motivação à distância e (2) o binómio flexibilidade/proximidade.

Motivação à distância. Motivar alguém é o exercício mais difícil para qualquer líder. A motivação funciona, acima de tudo, como combustível para a criatividade e a produtividade. Não menos importante, potencia a felicidade no trabalho e o sentimento de pertença. Só uma pessoa altamente motivada consegue exponenciar o seu impacto e atingir o seu verdadeiro potencial.

Motivar pessoas e equipas torna-se ainda mais complexo quando a equação inclui uma maior distância física. É, por isso, fundamental contar com lideranças hábeis na gestão da imprevisibilidade que isto acarreta. Líderes que saibam funcionar, acima de tudo, como elementos encorajadores das suas pessoas nas fases mais complexas. Líderes capazes de, mesmo no contexto de trabalho remoto, detetar e apaziguar potenciais atritos ou conflitos – provavelmente mais frequentes nesta altura de maior incerteza e ambiguidade. Líderes que consigam, em cima de tudo isto, funcionar como garante dos fluxos de trabalho, mantendo os níveis de exigência e de execução habituais.

Binómio flexibilidade/proximidade. Um dos poucos efeitos verdadeiramente positivos que a Covid-19 nos trouxe é a certeza de que é possível construir um mercado de trabalho mais flexível. As pessoas querem mais flexibilidade para o seu dia a dia e têm dito isso às organizações de forma clara. Além disso, muitas já mostraram que é possível fazê-lo sem abrir mão dos níveis de produtividade esperados. Se, por um lado, falta assegurar uma série de pressupostos para tornar os regimes de trabalho misto e/ou remoto justos para ambas as partes da equação? Claro que sim. Se, por outro lado, estes regimes vieram para ficar? Não tenho quaisquer dúvidas.

Para finalizar, cabe às lideranças ter o engenho de equilibrar a inevitabilidade de gerir cada vez mais à distância com a necessidade de manter as pessoas próximas dos seus pares e da sua organização. Ao limite, distância física e proximidade podem – e devem! – ser conceitos independentes. Assim o saibamos assegurar.

  • Renato Sousa Antunes
  • Head of Marketing and International Markets da Casa Mendes Gonçalves

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