Engie exposta a risco de 987 milhões de euros no Nord Stream 2
Grupo francês que cofinanciou o gasoduto russo-alemão diz ter exposição máxima de quase mil milhões de euros ao projeto. Empresa que administra o empreendimento já pediu falência.
O grupo francês Engie, que cofinanciou o gasoduto Nord Stream 2, afirmou estar exposto a um “risco de crédito” máximo de 987 milhões de euros neste projeto alvo de sanções após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“A Engie como mutuante está exposta a um risco de crédito de um montante máximo de 987 milhões de euros que poderá concretizar-se, nomeadamente, em caso de pedido de falência”, disse a empresa em comunicado, enquanto a entidade gestora do gasoduto acaba de entrar com um pedido de falência.
A operadora de gasodutos germano-russa Nord Stream 2, com sede no cantão suíço de Zug, entrou com um pedido de falência e todos os 106 funcionários foram demitidos.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou, em 22 de fevereiro, que Berlim tinha tomado medidas para interromper o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, para distribuição de gás natural russo à Alemanha. Scholz disse aos jornalistas em Berlim que o Executivo alemão estava a tomar medidas para responder às ações de Moscovo na Ucrânia.
“Sem essa certificação, o Nord Stream 2 não pode ser colocado em funcionamento”, disse Scholz durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, acrescentando que o assunto vai ser “reexaminado” pelo governo alemão.
O processo de certificação da empresa Nord Stream 2 AG como operador de transporte de gás é um requisito alemão que estava ainda por cumprir, apesar de o gasoduto ter entrado em fase de testes de segurança, em outubro.
O gasoduto que liga a Alemanha à Rússia, concluído em setembro do ano passado, tem uma capacidade de transporte de 55 mil milhões de metros cúbicos de gás anualmente, uma extensão de 1.230 quilómetros sob o Mar Báltico, estabelecendo a mesma rota que o Nord Stream 1, a operar desde 2012.
O projeto, detido pela empresa estatal russa de energia Gazprom e financiado por várias empresas de energia, estava projetado para arrancar em 2011 e o funcionamento em 2012, mas só saiu do papel 10 anos depois, devido às ameaças de sanções norte-americanas e às tensões geopolíticas.
O projeto teve um custo total de 9.500 milhões de euros e deveria duplicar a capacidade de exportação de gás da Rússia para a Alemanha.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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