Preço dos combustíveis pode forçar paragem de embarcações de pesca algarvias
A Organização de Produtores de Pesca do Algarve assinala que, “há um ano, o litro de gasóleo custava cerca de 50 cêntimos e atualmente custa perto de um euro”
Os armadores e pescadores algarvios estão “apreensivos” com o aumento do preço dos combustíveis e o subsetor do arrasto pode parar por falta de rentabilidade, alertou esta quinta-feira o presidente da Organização de Produtores de Pesca do Algarve (Olhãopesca).
Em declarações à Lusa, Miguel Cardoso disse que o setor está em conversações com o Governo, aguardando “por medidas de apoio e mitigação” que permitam fazer frente ao aumento da energia e dos carburantes, mas admitiu que, caso os preços continuem a subir, as embarcações com maior necessidade de combustível podem acabar por parar.
Questionado sobre a forma como os profissionais do setor estão a lidar com a subida de preço do combustível, aquele responsável, cuja associação representa 163 embarcações, referiu que já se sentem “algumas dificuldades”, uma vez que os preços “têm vindo a aumentar de forma gradual e isso vai retirando rendimento aos armadores e aos pescadores”.
Miguel Cardoso observou que, “há um ano, o litro de gasóleo custava cerca de 50 cêntimos e atualmente custa perto de um euro” e embora “todo o setor esteja a ser prejudicado”, as embarcações de arrasto sentem mais o peso da subida de preços por serem maiores e terem mais potência.
“Ainda não se põe [a situação de deixar de ir mar], mas já há subsetores, nomeadamente, aqueles que requerem mais motorização e mais potência motriz, como o arrasto, que já ponderam vir a entrar em inatividade se esta escalada de aumentos continuar, porque deixa de ser rentável”, alertou.
Aquele dirigente observou que essa paragem “já acontece em Espanha, onde grande parte da frota, principalmente do arrasto, já está parada”, com consequências no abastecimento de lotas e mercados, e advertiu que “aqui poderá vir a acontecer o mesmo se continuar esta escalada” nos preços.
“Por agora está tudo a funcionar, mas com grande apreensão e preocupação, tendo em conta a possibilidade de isto continuar a aumentar e aguardamos a todo o momento por medidas que possam ajudar a fazer frente a esta situação”, sintetizou.
A mesma fonte frisou que “o preço do peixe vendido em lota não acompanha estes aumentos”, porque “o sistema de venda em lota, de leilão decrescente, decorre da lei da procura e da oferta” e “não reflete” os aumentos dos custos de produção, levando a “uma constante quebra no rendimento”, dos armadores e dos pescadores.
Miguel Cardoso adiantou que o Ministério do Mar “informou que, a nível europeu, foram feitas propostas de apoio ao setor junto da Comissão Europeia, estas foram aprovadas por 21 países” e agora aguarda-se que, “a todo o momento”, que essas medidas “venham cá para fora para aplicação”.
Questionado sobre a natureza destes possíveis apoios, o dirigente da Olhãopesca respondeu que “ainda não se sabe em concreto que medidas são”, apenas que se trata de “medidas de apoio e mitigação” para fazer frente aos aumentos registados nos últimos tempos.
“A nível interno, parece que se quer implementar o fundo de compensação salarial da pesca, aguardamos também por notícias, mas estamos em proximidade com o Ministério do Mar para encontramos soluções para que a situação melhore”, concluiu o dirigente associativo.
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