Renováveis poupam às famílias até 300 euros na conta da luz em 2021
“As renováveis estão a permitir poupanças anuais na fatura de eletricidade até 300 euros, no caso dos domésticos, e até 30.000 euros, no caso dos consumidores não-domésticos”, disse a APREN
As energias renováveis permitiram poupanças médias anuais na fatura de eletricidade de até 300 euros aos consumidores domésticos e até 30.000 euros aos não-domésticos em 2021, segundo um estudo da Deloitte para a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).
O mesmo estudo prevê ainda que a produção de eletricidade com base em fontes renováveis “continuará a contribuir com um benefício económico para o sistema, uma vez que o preço médio anual de energia elétrica previsto para 2022 supera a tarifa garantida média atribuída à Produção em Regime Especial”.
Ou seja, devido a esta subida de preço no Mibel em 2021, em 2022 também não se perspetiva a existência de sobrecusto da PRE renovável.
No entanto, avisa Pedro Amaral Jorge, presidente da APREN: “Saindo nós de uma crise económica provocada por uma cenário pandémico, e entrando noutra provocada por um cenário de guerra, aquilo que era verdade em 2021, quando terminámos o estudo (as renováveis podem ser uma das saídas da crise), pode alterar-se face à redução da dependência dos combustíveis russos. Como? Vamos ter de incorporar muito mais percentagem de renováveis, multiplicar os eletrolisadores, duplicar a produção de hidrogénio verde na Europa, os biocombustíveis avançados e os combustíveis alternativos”, sendo que a Península Ibérica está bem posicionada nesse contexto, disse Pedro Amaral Jorge na apresentação do estudo.
O estudo sobre o “Impacto da eletricidade de origem renovável no preço suportado pelo consumidor em 2021”, elaborado pela consultora Deloitte para a APREN e apresentado esta segunda-feira, em Lisboa, concluiu que “as renováveis estão a permitir poupanças anuais na fatura de eletricidade até 300 euros, no caso dos consumidores domésticos, e até 30.000 euros, no caso dos consumidores não-domésticos”.
A análise observou também que, no ano passado, “sem a Produção em Regime Especial (PRE) Renovável, a eletricidade teria custado mais 88 euros por megawatt hora (MWh) no mercado grossista”.
Assim, no ano em que o preço da eletricidade bateu todos os recordes e subiu 230% face a 2020 no mercado grossista ibérico de eletricidade (MIBEL), a produção de eletricidade de origem renovável permitiu uma poupança anual superior a 4,1 mil milhões de euros na compra de eletricidade, concluiu o estudo.
Em termos acumulados, entre 2016 e 2021, a produção de energia de fontes renováveis em Portugal permitiu poupanças de 10.200 milhões de euros.
Daquele montante, cerca de 4.100 milhões correspondem só ao ano passado.
Adicionalmente, em 2021, a produção renovável contribuiu com 2.600 milhões de euros para o sistema elétrico nacional, correspondendo ao valor mais elevado da última década.
O sobreganho para o sistema elétrico, isto é, a diferença entre a poupança obtida com a PRE Renovável e o sobrecusto que lhe está associado, acumulado nos últimos 10 anos, corresponde a 5.900 milhões de euros, refere.
“As renováveis têm, de um modo geral, um custo marginal zero ou muito próximo do mesmo, o que contribui para a inserção de ofertas de eletricidade a um custo inferior no mercado, reduzindo assim o preço em mercado diário grossista da eletricidade para uma determinada hora”, referiu a APREN.
Este fenómeno deve-se a dois fatores: por um lado, e em grande parte, à tendência de crescimento do preço do gás natural (quatro quintos) – que atingiu valores seis vezes superiores ao registado em 2020. Por outro lado, em menor parte, mas de forma significativa, aos preços das licenças de emissão de CO₂ (apenas um quinto).
O Mibel, mercado elétrico em que Portugal e Espanha estão inseridos, assenta num modelo marginalista, o que significa que o preço da eletricidade é definido pela oferta de preço mais elevada necessária para satisfazer a procura.
O aumento do preço do gás tem sido um fator com a grande contribuição para o aumento significativo dos preços da eletricidade produzida a partir desta fonte, levando outras tecnologias a obter a mesma remuneração.
Este estudo da Deloitte teve como objetivo determinar o impacto que a produção de eletricidade com base em fontes de energia renovável teve no preço suportado pelo consumidor em 2021.
Este estudo atualiza uma análise da Deloitte sobre o “Impacto da eletricidade de origem renovável”, mais vasta, que tinha sido realizada em 2020, também por iniciativa da APREN.
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