Autonomia financeira das empresas melhorou em 2020, apesar da pandemia
A autonomia financeira das empresas portuguesas melhorou em 2020, apesar do impacto económico da crise pandémica, mostram os dados do Banco de Portugal.
O reforço de capitais próprios durante 2020 superou o impacto negativo da deterioração do resultado líquido (lucros ou prejuízos) no primeiro ano da pandemia. Assim, a autonomia financeira das das empresas portuguesas melhorou para 38,1%, mais 1,6 pontos percentuais face a 2019, apesar do impacto económico da crise pandémica, mostram os dados do Banco de Portugal divulgados esta segunda-feira.
“Apesar do impacto da pandemia sobre a rendibilidade das empresas e da expansão do seu passivo, manteve-se, em 2020, a trajetória de reforço dos capitais próprios, determinada por variações positivas das outras componentes de capital próprio (entre as quais se incluem entradas de capital e a incorporação de resultados transitados de períodos anteriores), que mais do que compensaram a redução do resultado líquido do período“, explica o banco central no Estudo da Central de Balanços dedicado à análise das sociedades não financeiras em 2020.
A melhoria da autonomia financeira das empresas portuguesas foi “transversal a todas as classes de dimensão e à generalidade dos setores de atividade”, com uma subida em torno de um ponto percentual na maioria dos setores — curiosamente, a subida foi maior nas microempresas do que nas grandes empresas. A única exceção foi a agricultura e pescas, mas a redução foi marginal. O aumento mais expressivo foi no setor da eletricidade e água (mais quatro pontos percentuais).
“Em 2020, as pequenas e médias empresas apresentavam a autonomia financeira mais elevada de entre as várias classes de dimensão: 40,6%, valor superior aos 38,0% e aos 35,4% associados às microempresas e às grandes empresas, respetivamente”, detalha o Banco de Portugal. Em termos setoriais, a indústria permanece à frente (44,5%), seguida da agricultura e pescas (43,3%), sendo que a pior autonomia financeira está no setor da construção (32%).
A autonomia financeira mede a percentagem do ativo das empresas que é financiada por capitais próprios (através de capital social, reservas, resultados transitados ou do resultado líquido do período) pelo que um aumento deste indicador sugere um reforço da capitalização das empresas.
No caso do setor dos serviços, que tem subsetores dos mais afetados pela pandemia, há uma evolução diferenciada. Por um lado, “as telecomunicações e as atividades dos serviços de informação estiveram entre as atividades cuja autonomia financeira mais aumentou”. Por outro lado, “nos transportes aéreos e nas atividades ligadas às agências de viagem, observaram-se as maiores reduções“, como seria de esperar.
Apesar desta melhoria, há um alerta do Banco de Portugal: “Não obstante a evolução da autonomia financeira em termos agregados, 27% das empresas apresentavam capitais próprios negativos, parcela um ponto percentual superior à verificada em 2019″. Ou seja, apesar da melhoria no agregado das empresas, há más companhias em maus lençóis: ter capitais próprios negativos — um passivo (dívida, por exemplo) superior ao ativo — significa que estão em falência técnica.
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