Ataques financeiros online dispararam 233% durante a pandemia
Entre 2019 e 2021, o número de fraudes cresceu a um ritmo superior às transações online legítimas. Neste período, enquanto as transações online cresceram 65%, os ataques fraudulentos dispararam 233%.
A taxa de ataques financeiros fraudulentos online deu um salto de 233% entre 2019 e 2021, segundo a análise de 18 mil milhões de transações bancárias globais feita pela tecnológica portuguesa Feedzai, especializada em prevenção de fraude.
De acordo com o novo Relatório de Crime Financeiro “The RiskOps Age”, que a empresa publica esta terça-feira, o número de fraudes cresceu a um ritmo superior à taxa de transações online legítimas, refletindo um aumento substancial do risco.
“Viver um estilo de vida digital traz um mundo de conveniência, mas também oferece um ambiente de baixo risco e elevada recompensa aos defraudadores”, considerou Jaime Ferreira, vice-presidente de ciência de dados global da Feedzai.
A empresa comparou os dados de gastos e consumo antes e depois da pandemia de Covid-19, entre 2019 e 2021, e concluiu que, enquanto as transações online cresceram 65%, a taxa de ataques fraudulentos disparou 233%.
Um dos fenómenos identificados pela Feedzai foi o de “esconder à vista”, em que os criminosos tentam passar despercebidos em ambientes onde há um grande volume de transações de baixo valor cada, o que não chama a atenção.
Nas plataformas de entretenimento digital, que experimentaram um salto exponencial por causa do confinamento, a subida dos ataques fraudulentos entre 2019 e 2021 foi de 794%.
“É o ambiente perfeito para os defraudadores se esconderem – num número maciço de transações de baixo valor”, explicou Jaime Ferreira. O executivo disse que, quando maior o número de transações, maior a oportunidade dos defraudadores para testarem o uso de cartões roubados e outros esquemas sem levantar suspeita.
“Os consumidores e os bancos precisam de prestar atenção a essas pequenas transações fraudulentas antes de se transformarem em grandes montantes”, alertou.
As tendências aceleradas pela situação pandémica, incluindo a mudança das transações em pessoa para transações online, vieram aliar-se à abundância de dispositivos e contas que cada pessoa tem, o que cria grandes quantidades de dados.
Os bancos podem usar esses pontos de informação para criarem serviços mais personalizados, mas o risco de fraude aumenta em proporção. “Este é o momento de ligar equipas e dados para prevenir fraude e oferecer melhores experiências ao cliente”, considerou Jaime Ferreira.
No que toca a métodos, a fraude mais usada foi a invasão de conta (account takeover), seguida da aplicação de esquemas de engenharia social e de compras fraudulentas (em que os consumidores pagam por produtos ou serviços que nunca lhes são entregues).
A usurpação de identidade e os esquemas de smishing completam o top cinco, sendo este último um tipo de fraude que chega por mensagem de texto com hiperligações perigosas.
Jaime Ferreira mencionou um indicador interessante que adveio da análise aos dados do Reino Unido – onde as fraudes bancárias são 50% mais comuns via computador, telefone ou em pessoa que via aplicação móvel.
“Podemos estar viciados nos nossos aparelhos móveis, mas os defraudadores não são tão bem-sucedidos por esse meio”, indicou o responsável. “O facto de que os ataques foram 50% mais comuns quando os consumidores britânicos acederam ao banco via computadores, telefones ou em pessoa é uma indicação clara de que o dispositivo móvel é mais seguro no que toca ao acesso bancário”. Ferreira considerou que os consumidores “devem ser encorajados a usarem aplicações móveis seguras ao invés dos seus computadores”.
Para prevenir ataques de engenharia social, que são os segundos ataques mais usados, a Feedzai avisa os utilizadores que não devem abrir nem seguir hiperligações enviadas por email ou SMS, devem ter os seus dispositivos atualizados, usar autenticação de dois fatores e evitar fornecer informação pessoal ou sobre o empregador a terceiros.
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