Economia recupera. Como ficam os estímulos do BCE?
A inflação tocou o alvo do BCE. A economia continua a dar sinais de recuperação. Mas ainda há muita incerteza política na Europa. Será que Draghi vai continuar a ajudar a região? Provavelmente, sim.
A inflação já atingiu a meta do Banco Central Europeu. E a economia continua a dar sinais de recuperação no início deste ano. O BCE decidiu continuar a comprar ativos até, pelo menos, ao final de 2017, apoiando a recuperação da região. Mas será que Mario Draghi consegue continuar a justificar a injeção de estímulos na zona euro? Provavelmente, sim. E tudo porque ainda há muita incerteza em torno do cenário político europeu. Enquanto não forem ultrapassadas as eleições na Alemanha, França e Holanda, o presidente do BCE deve continuar a dar a mão às economias do euro.
A zona euro está a dar sinais de recuperação. Na quinta-feira, dados mostraram que a inflação da região acelerou em fevereiro, alcançando o valor mais elevado desde janeiro de 2013. Tocou nos 2%, o alvo definido pelo BCE. Uma subida que, segundo o Eurostat, se deveu sobretudo à energia. Hoje, mais boas notícias. Segundo dados divulgados pela IHS Markit, o índice de compras de gestores (PMI) compósito — que avalia o desempenho do setor industrial e dos serviços na zona euro — ficou nos 56 pontos em fevereiro, o nível mais elevado em quase seis anos e em linha com as previsões.
Leituras acima dos 50 apontam para a expansão da atividade económica. Em janeiro, a leitura ficou nos 54,4 pontos. A zona euro fica, assim, a caminho de registar um crescimento de 0,6%, diz a Markit. “A leitura final do PMI pinta um cenário otimista de uma economia da zona euro que começa a recuperar”, diz Chris Williamson, economista da IHS Markit, à Bloomberg. O forte crescimento na Alemanha, Franca, Itália e Espanha “sugere uma reviravolta cada vez mais sustentável e robusta”, acrescenta.
O BCE decidiu continuar a comprar ativos até, pelo menos, ao final de 2017, apoiando a recuperação da região num cenário de vários riscos políticos. Mas será que, com estes sinais de recuperação, Mario Draghi continua a conseguir justificar a injeção de estímulos na economia do euro? Provavelmente, sim. Pelo menos enquanto não se souberem os resultados das eleições que decorrem este ano em vários países europeus.
Zona euro a recuperar? Sim, mas…
A inflação alcançou o alvo do BCE — de perto, mas abaixo de 2% — mas apenas graças à energia. Excluindo esta componente, os preços aceleraram apenas 0,9%. E apesar de o crescimento estar a recuperar, “parece que o BCE vai manter a retórica a favor da política acomodatícia nos próximos meses”, diz Chris Williamson, já que vai focar-se “nos obstáculos que a economia enfrenta em 2017 e, especialmente, na necessidade de a política continua acomodatícia perante um cenário de incerteza política”, remata o economista.
As eleições vão marcar o cenário político este ano. Se na Alemanha Angela Merkel vai ser novamente colocada à prova no outono, França tem eleições marcadas para 23 de abril (primeira volta) e 7 de maio (eleição final). Marine Le Pen deve ganhar a primeira volta, mas perder na segunda. Na Holanda, os eleitores vão às urnas no dia 15 de março.
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