Estado vai receber 625 milhões em impostos dos dividendos pagos pelas empresas do PSI
O Estado vai assim arrecadar 360 milhões de euros através da retenção em sede de IRC e os restantes 265 milhões de euros mediante a aplicação da taxa liberatória sobre os dividendos.
O Estado vai receber 625 milhões de euros em impostos com os dividendos pagos pelas empresas do PSI, o principal índice da bolsa de Lisboa, sendo a entidade que mais ganha com os lucros destas, segundo uma análise.
“As 15 empresas do PSI vão entregar aos seus acionistas o montante bruto de 2.414 milhões de euros sob a forma de dividendos, sendo a remuneração total superior a este valor devido a alguns programas de recompras de ações e à entrega pela Altri de parte da sua participação na GreenVolt”, segundo a análise da BA&N Research Unit “Dividendos – Quem ganha com os lucros da bolsa”.
Deste total, que corresponde a 68,8% dos lucros das empresas cotadas, o Estado vai receber, através dos impostos, 625 milhões de euros (26%), “montante que faz desta entidade a que mais tem a ganhar com os lucros alcançados por estas grandes empresas privadas”.
O Estado vai assim arrecadar 360 milhões de euros através da retenção em sede de IRC (Imposto sobre o Rendimento das pessoas Coletivas) e os restantes 265 milhões de euros mediante a aplicação da taxa liberatória sobre a parte dos lucros destinada a remunerar investidores particulares.
O valor a receber pelo Estado corresponde a mais do dobro do auferido pelo acionista que mais ganha com a distribuição de dividendos na bolsa de Lisboa. “A família Soares dos Santos, que controla a Jerónimo Martins, prepara-se para encaixar 277 milhões de euros, brutos, correspondentes a mais de metade dos dividendos pagos pela retalhista, que retém, entre outras insígnias, a Biedronka, na Polónia, e o Pingo Doce, em Portugal”, apontou.
Este é o acionista do PSI que mais vai receber, depois da Jerónimo Martins ter aumentado o dividendo para 78,5 cêntimos por ação. A China Three Gorges, por sua vez, com um dividendo de 19 cêntimos da EDP, vai juntar, em termos brutos, 150 milhões de euros.
Já a Semapa figura em terceiro lugar, “embolsando cerca de 100 milhões de euros com a Navigator, sendo que a ‘holding’ paga, depois, 41 milhões de euros, dos quais quase 35 [milhões de euros] serão destinados à Sodim, da família Queiroz Pereira”.
Entre as cotadas, a EDP (753 milhões de euros) e a Jerónimo Martins (493 milhões de euros) são as que destinam mais dinheiro aos seus acionistas com base nas contas do ano passado.
A consultora BA&N sublinhou ainda que, de acordo com os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a taxa de 28% aplicada aos dividendos em Portugal é a oitava mais alta entre os países da União Europeia em que foi possível apurar uma taxa. A liderar este ‘ranking’ surge a Irlanda (51%), enquanto no último lugar aparece a Letónia com 0%.
Os resultados líquidos das cotadas do PSI atingiram, no ano passado, 3,5 mil milhões de euros, um aumento de 46% face a 2020, e acima do valor registado antes da pandemia, segundo uma análise da BA&N divulgada em março.
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