Pololikashvili está empenhado em continuar a reforçar o turismo como motor da prosperidade e da cooperação internacional

  • Servimedia
  • 10 Abril 2025

O Secretário-Geral procura prosseguir o seu trabalho num terceiro mandato para reforçar a posição do Turismo das Nações Unidas como líder no setor.

O Secretário-Geral do Turismo da ONU, Zurab Pololikashvili, apresentou a sua candidatura à reeleição para dirigir a agência especializada das Nações Unidas com o objetivo de continuar a promover o turismo a nível mundial, num contexto internacional complexo marcado pela incerteza e pela desconfiança.

Pololikashvili, depois de ter conseguido a recuperação do setor do turismo após os efeitos devastadores da pandemia de covid-19, está empenhado em prosseguir a linha de ação da organização e reforçar o papel do turismo a nível mundial como motor de prosperidade e cooperação.

Num momento histórico em que o turismo enfrenta grandes desafios – 56 conflitos ativos em todo o mundo, o número mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial, guerras comerciais e o aumento da “turismofobia” – o secretário-geral indicou que a sua candidatura se baseia na unidade, na segurança e na confiança, que são fundamentais para o desenvolvimento do turismo.

Para enfrentar estes desafios, Pololikashvili procura a continuidade no caminho para uma organização que liderará o desenvolvimento do setor não só como instrumento económico, mas também como catalisador da paz: “O turismo tem o potencial de mudar vidas, transformar economias e construir pontes entre culturas. Continuemos a trabalhar para fazer deste setor um verdadeiro instrumento de desenvolvimento e de cooperação global”, afirmou.

COLABORAÇÃO, INVESTIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Nesta linha, o atual Secretário-Geral e candidato à reeleição apresenta um programa que inclui vários blocos de ação com a intenção de elevar a posição do Turismo da ONU a nível global, ao mesmo tempo que apoia os destinos e os Estados membros, e promove a colaboração com entidades privadas de referência.

Entre as propostas estão a cooperação técnica internacional e o incentivo ao investimento em projetos estratégicos, uma abordagem em que a organização tem vindo a trabalhar há anos para promover a colaboração público-privada e ajudar no desenvolvimento de destinos turísticos em todo o mundo. Além disso, estão a ser desenvolvidos trabalhos em áreas como a educação, a inovação e a tecnologia, sempre apoiados por políticas sustentáveis e pela luta contra as alterações climáticas.

Nas palavras de Pololikashvili, “ao promover práticas inclusivas e sustentáveis, o turismo pode dinamizar as comunidades rurais, criar oportunidades para os jovens e fomentar o desenvolvimento económico local”. O Secretário-Geral apresenta assim um roteiro orientado para o futuro que visa reforçar a posição da ONU Turismo a nível internacional e fazer do turismo um símbolo de unidade, sustentabilidade e resiliência.

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Bloomberg destaca consenso positivo do mercado para a reunião desta quinta-feira da Telefónica

  • Servimedia
  • 10 Abril 2025

83% dos analistas que acompanham a empresa recomendam a compra (6) ou a manutenção (18) da ação, considerando-a um valor sólido e estável; com apenas 5 recomendações de venda.

A Bloomberg destaca um consenso de mercado positivo para a Assembleia Geral de Acionistas da Telefonica, convocada para esta quinta-feira em Madrid.

O total de 29 analistas internacionais que seguem atualmente a Telefónica mostra uma clara confiança nos fundamentos da empresa e na sua capacidade de gerar valor sustentado sob a nova liderança de Marc Murtra. Os analistas consultados destacam “a solidez dos fundamentos da empresa”, “a capacidade de gerar valor sustentado sob a nova liderança”, “a baixa exposição aos EUA”, “o elevado potencial de fusões e aquisições”… Este apoio reflete-se também no facto de o consenso de mercado atribuir à Telefónica um preço-alvo de 4,30 euros, o que sugere que as ações têm margem para subir em relação aos preços atuais.

O consenso da Bloomberg inclui analistas de telecomunicações muito experientes e especializados, que seguem não só a Telefónica, mas também outras grandes empresas de telecomunicações em todo o mundo.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 10 de abril

  • ECO
  • 10 Abril 2025

Ao longo desta quinta-feira, 10 de abril, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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A saúde tem um lugar de destaque na lista “Spain’s 100 Best CEOs” publicada pela Forbes

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  • 10 Abril 2025

Como salienta a revista, “num país tão envelhecido como o nosso, há um grande número de CEOs de empresas ligadas ao setor da saúde, sejam hospitais ou empresas farmacêuticas”.

A revista Forbes publicou a sua lista anual dos 100 melhores CEOs de Espanha em 2024, destacando o trabalho de líderes notáveis no setor da saúde.

Sob a liderança de Eduardo Pastor, a Cofares consolidou a sua posição como uma referência na distribuição farmacêutica de gama completa em Espanha, com uma quota de mercado de 29,85% em 2023. Nesse ano, bateu o seu recorde de vendas, distribuiu 450 milhões de unidades e expandiu a sua rede com 87 novas rotas. A cooperativa representa cerca de 12.000 farmácias e emprega mais de 3.000 pessoas. A sua estratégia baseia-se na inovação, na sustentabilidade e no compromisso com as pessoas.

Desde julho de 2023, Javier Sánchez-Prieto é CEO da IVI RMA Global, liderando a expansão e consolidação do grupo como líder mundial em reprodução assistida. A sua gestão está focada em reforçar a liderança internacional da empresa e estender o seu modelo de sucesso a novos mercados, num momento de crescimento estratégico impulsionado por um ambicioso plano de investimento em inovação médica, científica e tecnológica.

São vários os nomes que se destacam no setor farmacêutico. Entre eles, María Río, a única mulher a destacar-se no setor da saúde na lista da Forbes. Na sua função de vice-presidente e diretora-geral da Gilead Espanha e Portugal, liderou a transformação da empresa para a tornar um dos líderes do setor no país. Desde a sua chegada em 2012, trabalhou para reforçar a Gilead como um parceiro comprometido com o sistema de saúde e impulsionou o lançamento de produtos inovadores em áreas como o VIH, a hepatite e a oncologia, que melhoraram a qualidade de vida de milhares de doentes em Espanha.

O Presidente da AstraZeneca em Espanha, Rick R. Suárez, também faz parte da lista. Desde a sua nomeação em 2020, a empresa anglo-saxónica registou um crescimento sustentado, triplicando a sua força de trabalho para 2 500 empregados. Suárez consolidou o AstraZeneca Global Hub em Barcelona, um centro internacional de investigação clínica que está a reforçar a liderança científica em Espanha e na Catalunha. Com um investimento previsto de 1,3 mil milhões de euros até 2027, o centro tornou-se um motor de desenvolvimento científico e económico.

A sua estreia na lista deste ano é Christoph Müller, CEO da empresa de tecnologia médica B. Braun Espanha. Braun Espanha, que desde a sua chegada em janeiro de 2023 está a conduzir uma nova fase de crescimento e transformação estratégica. A B. Braun conta atualmente com mais de 2.600 colaboradores e 18 centros de produção, logística e diálise em todo o território espanhol, consolidando Espanha como um pilar fundamental da sua estratégia global.

Também incluído pela primeira vez está Carlos Gallardo, que reforçou a sua liderança à frente da Almirall desde que assumiu a presidência em novembro de 2022 e, posteriormente, o cargo de CEO em fevereiro de 2023. Com uma visão estratégica centrada na dermatologia médica e um portefólio altamente inovador com grande potencial de crescimento, conseguiu reforçar o posicionamento internacional da empresa neste domínio altamente especializado, marcando o início de uma nova fase de crescimento sustentado.

A Isdin também entrou na lista de 2024 com o seu CEO, Juan Naya, reconhecido pelo seu compromisso com o bem-estar e a saúde dos seus colaboradores, o que levou a que a empresa recebesse o prémio Forbes de Melhor Empresa para Trabalhar em Espanha em 2024.

O presidente da Novartis em Espanha, Jesús Ponce, repete a sua presença na lista deste ano, e fá-lo ao iniciar uma nova etapa. Após mais de seis anos à frente da filial espanhola, e depois de ter sido também presidente da Farmaindustria, Ponce vai assumir um novo desafio em Basileia como responsável internacional da área Cardiovascular-Renal-Metabólica.

Também fazem parte da lista deste ano Juan López-Belmonte, Presidente e Diretor Executivo da Rovi; Iñaki Peralta, Diretor Executivo da Sanitas e da Bupa Europe & Latin America, um forte defensor da colocação das pessoas no centro da atividade empresarial; e Alejandro Abarca Cidón, Diretor Executivo do grupo HM Hospitales.

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SDIN intenta uma ação judicial na Alemanha contra o Instituto Dr. Schrader, responsável pela realização dos estudos da OCU

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  • 10 Abril 2025

A empresa de dermocosmética alega deficiências na metodologia utilizada pelo laboratório para avaliar um dos seus produtos.

A ISDIN SA interpôs uma ação judicial no Tribunal Distrital de Hildesheim, Alemanha, contra o Instituto Dr. Schrader por alegada negligência no teste do nível de proteção UVA do seu produto ISDIN Fusion Water Magic SPF 50 em 2024.

De acordo com os meios de comunicação financeiros alemães, como o Finanznachrichten, a empresa espanhola considera que, após uma análise exaustiva do estudo, a metodologia utilizada pelo Instituto Dr. Schrader apresenta várias deficiências. A ação judicial surge na sequência da publicação dos resultados destes testes pela Organização de Consumidores e Utilizadores (OCU) em Espanha e pela Que Choisir em França, que a ISDIN considera prejudiciais para a sua reputação. A ação judicial intentada na Alemanha contra o Instituto Dr. Schrader, cujo diretor executivo é Joep Bruins, visa obter uma indemnização e uma ordem de cessação.

É importante referir que a ação judicial contra o Instituto Dr. Schrader surge num contexto em que a ISDIN também intentou uma ação judicial contra a OCU em Espanha com um processo, já admitido para processamento em janeiro passado, por concorrência desleal e por alegados estudos denegridores e enganadores para os consumidores.

Esta ação judicial deve-se ao facto de a ISDIN considerar que os estudos da OCU, presididos por Miguel Angel Feito e dirigidos por Ester Rodríguez, sobre os produtos de proteção solar, e especialmente uma análise de março de 2024 que questiona o nível de proteção UVA do ISDIN Fusion Water Magic SPF 50, são tendenciosos e afetam negativamente a sua reputação e o seu negócio. A ISDIN reitera o seu compromisso com a transparência e a qualidade dos seus produtos, e confia que os tribunais alemães avaliarão as provas fornecidas.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 10 Abril 2025

A reunião dos acionistas da EDP, evento do setor cervejeiro, dados da inflação do INE, debate sobre tarifas de Trump e debates para as legislativas marcam esta quinta-feira.

O INE divulgará esta quinta-feira os dados mais recentes sobre a inflação e o Conselho de Ministros debaterá as medidas a adotar em resposta às tarifas impostas por Trump. Os acionistas da EDP reúnem em assembleia e prosseguem os debates em preparação para as eleições legislativas.

Como evoluíram os preços?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar o Índice de Preços no Consumidor relativo a março. Em fevereiro, a inflação desacelerou para 2,4%, 0,1 pontos percentuais abaixo da taxa verificada em janeiro. Esta desaceleração deve-se, sobretudo, à diminuição do agregado relativo aos produtos energéticos para 1,5% – uma queda de nove décimas face aos 2,4% registados no mês anterior.

Executivo debate respostas às tarifas de Trump

O Conselho de Ministros tinha previsto discutir, esta quinta-feira, uma resposta às tarifas impostas por Donald Trump, que entretanto anunciou uma pausa de 90 dias nesta medida. Nos últimos dois dias o ministério da Economia reuniu-se com associações empresariais de diversos setores para avaliar “o impacto e as medidas de mitigação” das tarifas. O ECO adiantou que a resposta do Executivo para ajudar as empresas a mitigar os impactos da guerra comercial deverá passar por seguros de crédito à exportação, apoios à formação, apoios à internacionalização e a diversificação dos mercados.

Acionistas da EDP reúnem-se em assembleia geral

Os acionistas da EDP reúnem-se em assembleia-geral em Lisboa pelas 11h00. Na ordem dos trabalhos está a deliberação sobre a proposta de aplicação de resultados do exercício de 2024, assim como a proposta de distribuição de dividendos e também “conferir autorização ao Conselho de Administração Executivo para a aquisição e alienação de ações próprias pela EDP e sociedades participadas”.

Continuam os debates para as legislativas

Continuam os debates para as eleições legislativas agendadas para 18 de maio. Nesta quinta-feira há dois. O primeiro coloca frente a frente o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e Rui Rocha, presidente da IL e está marcado para as 21h00 na RTP1. Será o primeiro debate da IL que no mesmo dia divulga o seu programa eleitoral. O último será entre a coordenadora Mariana Mortágua, coordenadora do BE, e Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, às 22h00 na CNN Portugal. Pode ver o calendário completo dos debates aqui.

Qual o peso do setor cervejeiro na economia?

A assembleia geral dos Cervejeiros de Portugal vai decorrer entre as 10h30 e 13h00 em Lisboa e vai centrar-se no impacto económico do setor cervejeiro na economia nacional e na necessidade de desenvolvimento de políticas públicas que reforcem a capacidade de produção agrícola portuguesa. O evento conta com a participação de Rui Lopes Ferreira, Presidente dos Cervejeiros de Portugal, João Rui Ferreira, secretário de Estado da Economia e encerramento será feito pelo ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes.

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EUA pressionam empresas em Portugal contra diversidade. Ouça o podcast “Ao trabalho!”

O podcast "Ao trabalho!" traz-lhe as notícias que estão a marcar o mercado de trabalho, dos salários às novas tendências, todas as quintas-feiras.

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Donald Trump tem sido vocal contra os programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). E está mesmo a pressionar as empresas (europeias) que têm contratos com o Governo dos Estados Unidos a abandonarem essas iniciativas.

Este é um dos temas do novo episódio do podcast “Ao trabalho!”, que lhe leva todas as quintas-feiras os principais destaques do mundo laboral em menos de cinco minutos.

Falamos também sobre a falta de transparência no “bónus” de meia pensão atribuído pelo Governo anterior e ainda sobre os números mais recentes da imigração em Portugal.

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Filhos não estão a aparecer na declaração de IRS? É assim que pode resolver

Filhos dão direito a um "desconto" maior no IRS, mas na declaração automática "não costumam aparecer", avisa Deco Proteste. Pode ser preciso preencher manualmente para incluir dependentes.

Os contribuintes que tenham filhos têm direito a deduções no IRS mais expressivas do que os demais portugueses. Mas, para que isso aconteça, têm de confirmar que esses dependentes estão devidamente indicados na Modelo 3, antes de avançarem com a entrega. Caso percebam que essa informação não está pré-preenchida, devem recusar a declaração automática e preencher manualmente.

O alerta é deixado Soraia Leite, a porta-voz da Deco Proteste, em declarações ao ECO: “No IRS automático, não costumam aparecer os filhos, que dão uma dedução maior“. Neste caso, “é melhor prescindir do IRS automático para conseguir preencher manualmente os dados dos dependentes“, explica a mesma.

No caso de os dependentes terem de ser indicados de forma manual pelos contribuintes, há que o fazer no “rosto” da Modelo 3, no quadro 6B, conforme explica o novo guia divulgado pela Ordem dos Contabilistas Certificados.

Nessa área, é preciso indicar o número de contribuinte do dependente e, se aplicável, grau de incapacidade comprovado por atestado multiúso.

Além de filhos biológicos, podem ser “adicionados” à declaração os adotados e enteados, bem como afilhados civis. Isto desde que cumpram as condições previstas no Código do IRS para que sejam considerados dependentes.

E que condições são estas? A lei prevê que podem ser considerados dependentes os filhos, adotados e enteados que sejam menores de idade e não sejam emancipados, mas também aqueles que sejam maiores de idade, mas não tenham mais do que 25 anos e não ganhem mais do que o salário mínimo nacional (11.480 euros, no conjunto do ano de 2024).

Podem ainda ser considerados dependentes, os filhos, adotados, enteados e sujeitos a tutela que sejam maiores, mas inaptos para o trabalho e para angariar meios de subsistência.

Além disso, podem ser abrangidos os afilhados civis (que tenham estado até à maioridade sujeitos à tutela do sujeito passivo), desde que não tenham mais do que 25 anos, nem aufiram mais do que o salário mínimo nacional, realça a Ordem dos Contabilistas Certificados, no guia.

“Descontos” por filho

– 726 euros por cada filho com menos de ou igual a três anos;
– 600 euros por cada filho com mais de três anos;
– 900 euros por cada filho com menos ou igual a três anos, caso seja 2.º dependente e seguintes;
– 1.187,50 euros por cada filho com deficiência;
– 1.900 euros das despesas de acompanhamento por cada filho em comum com grau de incapacidade igual ou superior a 90%.

Portanto, não podem ser considerados dependentes, na declaração de IRS, os menores emancipados, os maiores de 25 anos e os maiores de 18 anos que ganhem mais do que o salário mínimo nacional.

Quanto aos “descontos” no IRS associado a cada dependente, há que esclarecer que estes variam, antes de mais, em função da idade das pessoas. Por cada filho com três anos ou menos, a dedução correspondente é de 726 euros. Já por cada filho com mais de três anos, o “desconto” é de 600 euros.

Porém, caso seja 2º dependente e seguintes, a dedução é de 900 euros por cada filho com três anos ou menos. Já se estiver em causa um dependente com deficiência, o “desconto” é de 1.187,5 euros por cada filho. No caso de grau de incapacidade igual ou superior a 90%, podem também ser abatidos 1.900 euros de despesas de acompanhamento por cada filho.

Além destes “descontos”, os pais podem também abater ao IRS um conjunto de despesas dos dependentes, através das deduções à coleta, por exemplo, de saúde, educação e IVA pela exigência de fatura.

Filhos podem integrar mais do que um agregado?

Segundo realça a Ordem dos Contabilistas Certificados no seu guia, os dependentes não podem, simultaneamente, fazer parte de mais do que um agregado familiar, mesmo em caso de separação ou divórcio.

“Quando as responsabilidades parentais são exercidas em comum por mais do que um sujeito passivo, sem que estes estejam integrados no mesmo agregado familiar, os dependentes integram o agregado familiar do sujeito passivo a que corresponder a residência determinada no âmbito da regulação do exercício das responsabilidades parentais [ou] do sujeito passivo com o qual o dependente tenha identidade de domicílio fiscal no último dia do ano a que o imposto respeite”, esclarece a OCC.

Ainda assim, em caso de guarda conjunta, mesmo que só integre o agregado familiar de um dos progenitores, o dependente pode ser incluído na declaração de cada um dos sujeitos passivos (novamente, no quadro 6B) e as despesas podem ser apresentadas de forma partilhada. Aliás, é possível indicar a percentagem das despesas assumidas por cada sujeito. Caso não seja indicada essa percentagem, o Fisco assume uma partilha a meia, segundo a Deco Proteste.

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Bruxelas decide reprogramação do PRR sexta-feira

“A avaliação da Comissão sobre a revisão portuguesa do seu PRR será divulgada na sexta-feira”, avançou ao ECO fonte oficial da Comissão Europeia.

A Comissão Europeia só vai decidir sobre a reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português na sexta-feira, mas o Executivo está convicto de que receberá luz verde e por isso já agendou um evento para apresentar as novidades da ‘bazuca’.

A avaliação da Comissão sobre a revisão portuguesa do seu PRR será divulgada na sexta-feira”, avançou ao ECO fonte oficial da Comissão Europeia. Ao que o ECO apurou houve algum atraso face aos prazos previstos inicialmente.

O ministro Adjunto e da Coesão, Manuel Castro Almeida, já tinha reconhecido que a Comissão Europeia suscitou algumas questões na reprogramação. “Mas são pouco relevantes”, disse no ECO dos Fundos. Manuel Castro Almeida explicou que espera luz verde ainda em abril ou maio, dependendo de se a reprogramação fosse aprovada no Ecofin ou no Conselho de Assuntos Gerais.

Para já está agendado, para sexta-feira, dia em que o PSD apresenta o seu programa eleitoral, um evento para apresentar “as novidades do PRR, no âmbito da reprogramação e transparência”, com a presença do ministro Adjunto e da Coesão, Manuel Castro Almeida, o presidente da estrutura de missão Recuperar Portugal, Fernando Alfaiate, o presidente executivo do Banco de Fomento, Gonçalo Regalado, e o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Hélder Reis.

Portugal entregou a reprogramação do PRR a 1 de fevereiro.Em fevereiro e março, a Comissão esteve a analisar a nossa proposta de reprogramação. É suposto, nos últimos dias de março, tomar uma primeira posição sobre a nossa proposta. Uma posição que esperamos que nos seja favorável”, disse Castro Almeida ao ECO dos Fundos, o podcast quinzenal do ECO sobre fundos europeus, gravado na última semana de março. “Depois há que formalizar isso mais tarde, aprovando num Conselho de Ministros. E agora há aqui uma indefinição: se vai ser no Conselho de Ministros de abril ou no de maio, que será aprovada formalmente a reprogramação. Mas estamos confiantes que vai ser aprovada, com certeza”, disse o ministro.

Esta reprogramação teve como principais traços retirar do PRR tudo o que estava em risco de não ser concluído até junho de 2026, reforçar os investimentos na saúde e nas empresas, em detrimento das casas, das barragens e dos metros.

A saúde tem um reforço de 336 milhões de euros para a compra de equipamentos para as Unidades Locais de Saúde (ULS), “modernizando as infraestruturas e garantindo um melhor acesso aos cuidados de saúde”, segundo o comunicado do Ministério da Coesão. A ciência e ensino superior recebe um investimento adicional de 110 milhões para “equipamentos e modernização tecnológica das universidades, reforçando a capacidade científica e de investigação do país”. E para fomentar a inovação empresarial, a competitividade e o crescimento das empresas é criado um novo instrumento financeiro com uma dotação de cerca de 230 milhões de euros.

Mas em contrapartida alguns investimentos deixarão de ser financiados pelo PRR como a barragem do Pisão, a dessalinizadora do Algarve; a tomada de água do Pomarão; Linha violeta do Metropolitano de Lisboa e o investimento parcial na Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa que passam a ser assegurados pelo Portugal 2030.

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Não há novos interessados na mina de Moncorvo. Mas Governo está aberto a propostas

"Não há notícia, neste momento e no que diz respeito à exploração de minerais metálicos, de situações semelhantes às das Minas de Moncorvo", escreve o ministério do Ambiente.

O Governo terminou o contrato de concessão para a exploração das minas de Moncorvo, nas quais a empresa Aethel Mining estava encarregue de levar a cabo a exploração de ferro, alegando o incumprimento por parte da empresa de condições contratuais. Fonte oficial do ministério do Ambiente afirma que ainda não há interessados mas que novos candidatos são bem-vindos, já que o Estado tem “todo o interesse” na continuidade do projeto.

O aviso da revogação do contrato aviso foi publicado em Diário da República a 4 de abril, e, desde que essa decisão se tornou pública, não há conhecimento de potenciais interessados, informa o ministério do Ambiente, em resposta ao ECO/Capital Verde. No entanto, “o Estado continua a ter todo o interesse na reativação do projeto das Minas de Ferro de Moncorvo, pela sua importância económica e pelos benefícios que pode trazer ao Concelho de Torre de Moncorvo e à região.

Agora que a área está disponível, qualquer empresa interessada em explorar o recurso, e que considere ter capacidade para tal, pode apresentar junto da DGEG um pedido para que lhe seja atribuída a concessão. Contudo, “um eventual novo pedido não significa que a atual concessão será entregue, tal como está, ao novo concessionário”, ressalva o ministério. Os termos de uma eventual nova concessão serão os que resultarem do novo procedimento, e negociados entre o Estado e a empresa.

Por seu lado, a Aethel Mining admitiu, em declarações à Lusa, que vai recorrer aos tribunais contra anulação da concessão em Moncorvo.

Governo quer reforçar acompanhamento dos contratos

Não há notícia, neste momento e no que diz respeito à exploração de minerais metálicos, de situações semelhantes às das Minas de Moncorvo“, escreve o ministério do Ambiente. No entanto, de acordo com declarações da ministra da tutela, Maria da Graça Carvalho, o objetivo é reforçar o acompanhamento que é feito pela DGEG em relação aos contratos de concessão, tanto no que diz respeito às condições que são definidas inicialmente como também na concretização das medidas.

De momento, o acompanhamento dos contratos de concessão de depósitos minerais é feito pela Direção-Geral de Energia e Geologia, que vai verificando se as empresas estão a cumprir as suas obrigações contratuais, seja através das aprovações dos planos de trabalhos anuais ou de ações de fiscalização e visitas ao terreno.

Empresa não cumpriu prazos e pagamentos

De acordo com o ministério do Ambiente, existiram três razões para a DGEG ter decidido quebrar o contrato. A Aethel Mining, “apesar das várias insistências da DGEG”, nunca entregou os 700.000 euros que deveriam reforçar a garantia financeira, e também não pagou integralmente os encargos de exploração relativos à primeira fase do contrato, até 30 de julho de 2023. Em terceiro lugar, não foi cumprido o prazo de dar início à produção de concentrados de ferro até março de 2025, sendo que a empresa não havia sequer submetido um programa de trabalhos relativo a este ano e a DGEG não registou qualquer atividade no terreno na segunda metade de 2024.

A decisão foi tomada sob proposta da DGEG, “depois de seguir todos os procedimentos necessários e previstos na lei para a revogação do contrato”, entre os quais a audição da empresa.

Apesar da cessação do contrato, o Governo indica que a empresa ainda tem a obrigação de repor, “tanto quanto possível”, a situação que existia antes do início da exploração e a reflorestar a área afetada, no prazo de 12 meses.

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Avaliação da TAP ainda decorre. O que muda com o choque das tarifas

EY e banco Finantia ainda estão a trabalhar na avaliação para a privatização, diz o Governo. Novo contexto económico global tem impactos negativos e positivos para a companhia aérea.

A EY e o Finantia ainda prosseguem com os trabalhos de avaliação da TAP no âmbito do processo de privatização. Um trabalho que decorre agora num contexto económico muito diferente, marcado por uma intensa guerra comercial desencadeada por Trump. Quebra na procura por viagens pode penalizar a companhia aérea, mas queda do petróleo tem impacto positivo.

A consultora e o banco tinham sido selecionados pela Parpública para fazer a avaliação financeira para o processo de reprivatização da TAP lançado pelo anterior Governo. O novo relançou o processo e há cerca de seis meses pediu à EY e ao Finantia para atualizarem as contas. Um processo que ainda não está terminado.

“Os trabalhos de avaliação ainda decorrem”, respondeu ao ECO fonte oficial do Ministério das Infraestruturas sem, no entanto, esclarecer se o novo enquadramento económico vai ser considerado nos valores que vão ser entregues. A resposta foi dada ainda antes de Donald Trump na quarta-feira ter anunciado uma pausa de 90 dias nas tarifas, mantendo durante esse período de negociação tarifas reciprocas de 10% para 75 países.

O setor da aviação não foi poupado à forte queda das bolsas desencadeada pelo aumento global de tarifas anunciado por Donald Trump a 2 de abril e posteriores ações retaliatórias, mas apresentaram um desempenho bem melhor do que a generalidade do mercado.

As tarifas aduaneiras não se aplicam às passagens aéreas, mas há um impacto indireto que pode ser relevante. “Um ambiente de maior incerteza e receio quanto à evolução da economia global poderá levar a uma redução na procura de viagens, especialmente no segmento de negócios”, assinala ao ECO Nuno Esteves, analista financeiro que acompanha o setor.

Com a ampla incerteza global, o crescimento estagnou.

Ed Bastian

CEO da Delta Airlines

O CEO da Delta Airlines, Ed Bastian, assinalou esta quarta-feira na apresentação resultados do primeiro trimestre que “com a ampla incerteza global, o crescimento estagnou”. Para se proteger deste novo contexto de travagem da economia, a companhia aérea americana vai reduzir a oferta de voos planeada para a segunda metade do ano, que será afinal igual à de 2024, e irá “gerir ativamente” os custos e o investimento, anunciou. “Estamos a agir como se fossemos para uma recessão”, disse ao canal americano CNBC. O CEO da Air France – KLM reconheceu à mesma estação que estão a “registar uma ligeira quebra na classe económica” nos voos para os EUA.

Para a TAP, “uma eventual recessão nos EUA, aliada a uma depreciação do dólar, poderá traduzir-se num menor número de visitantes norte-americanos e numa redução da receita gerada por este mercado”, refere Nuno Esteves. A América do Norte foi responsável por 19,4% das receitas de 4.231 milhões conseguidas pela companhia aérea no ano passado.

Para 2025, a transportadora portuguesa antecipa um aumento de 2,8% na oferta de lugares e de 3% no número de passageiros neste mercado. Em resposta à agência Lusa, a TAP afirmou continuar confiante no sucesso das rotas que opera” para os EUA. “A melhor prova dessa confiança é que vai iniciar nos próximos três meses, três novas rotas, a saber, Lisboa/Los Angeles, Porto/Boston e Terceira/São Francisco”.

No reverso da moeda também há boas notícias para a TAP. Se em 2024 os resultados foram penalizados pela desvalorização do euro contra o dólar, nas últimas semanas tem acontecido o inverso. Depois de quase ter chegado à paridade, o euro transaciona agora na casa dos 1,10 dólares. “A apreciação do euro face ao dólar em 2025 (+5,91%) vai permitir uma menor fatura anual com o custo dos leasings (financeiros e operacionais) que em 2024 totalizavam os 2.037 milhões em moeda norte-americana, e tiveram um custo de 569 milhões de euros”, refere Nuno Esteves.

A cotação do barril (Brent) desce cerca de 20% desde o dia 2 de abril, o que se reflete no preço do jet fuel, a principal rubrica de custos da companhia aérea. “A TAP SA irá conseguir poupar aproximadamente 72,2 milhões de euros por cada diminuição de 10% no preço do jet fuel em 2025, considerando um nível de cobertura (hedging) de 31% e um nível de atividade em linha com o ano anterior”, estima o analista financeiro.

Apesar dos desafios atuais — nomeadamente a potencial perturbação do mercado norte-americano e a instabilidade no espaço europeu —, a TAP aparenta ter capacidade para gerir esta fase de uma forma relativamente controlada.

Nuno Esteves

Analista financeiro

“Apesar dos desafios atuais — nomeadamente a potencial perturbação do mercado norte-americano e a instabilidade no espaço europeu —, a TAP aparenta ter capacidade para gerir esta fase de uma forma relativamente controlada“, considera Nuno Esteves, que aponta a estabilidade laboral, a frota moderna, a forte presença no mercado brasileiro e o perfil de dívida como fatores favoráveis à companhia portuguesa.

Com a queda do Governo a privatização da TAP foi suspensa, embora os preparativos não tenham sido interrompidos. O Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, afirmou há duas semanas que o “trabalho de backoffice” para a venda da companhia aérea “continua a ser feito e será vertido para a pasta de transição”. A avaliação é um dos passos obrigatórios.

Nuno Esteves considera que “o facto de existirem atualmente três concorrentes europeus com uma elevada capacidade financeira, com know-how do setor e projetos estruturados que acrescentam valor ao país em setores da economia de elevado capital humano e tecnológico, vai permitir potenciar o preço de venda da TAP, com uma expectável recuperação dos valores injetados na empresa durante a pandemia”.

O analista financeiro avalia a TAP entre 1.720 e 1.745 milhões de euros, “recorrendo ao método dos cash-flows descontados e com base numa perspetiva prudente, ancorada nas quatro últimas transações e avaliações relevantes do setor — com destaque para a ITA Airways”. “Num espaço europeu onde cinco companhias aéreas detêm 76% da quota de mercado, manter a TAP isolada representa um risco elevado para o seu desempenho operacional e estratégico”, alerta.

O ECO questionou o Governo, o Grupo IAG e a Air France – KLM sobre o impacto que o atual contexto poderá ter na privatização da companhia aérea e todos preferiram não comentar.

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Acionistas da EDP reúnem-se em plena tempestade de Trump e das renováveis

Os acionistas da EDP têm, esta quinta-feira, reunião marcada. A Assembleia Geral acontece num momento em que a elétrica enfrenta vários desafios, nos Estados Unidos e negócio renovável.

A chegada de Donald Trump à Casa Branca criou instabilidade num dos principais mercados da EDP, os Estados Unidos, e incerteza em particular quanto ao futuro das energias renováveis, tecnologias que servem de pilar ao negócio da cotada portuguesa. É no meio desta ‘tempestade’ que os acionistas da EDP se reúnem esta quinta-feira.

Na mensagem que introduz o último relatório e contas da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade aponta tanto para “desafios significativos” como “oportunidades” que se apresentaram ao longo de 2024. Salienta que os custos de capital “mantiveram-se elevados” e que as mudanças políticas “introduziram novas incertezas”, referindo-se em particular à nova administração nos Estados Unidos e ao cenário no setor das energias limpas.

As cadeias de valor das renováveis estão distribuídas a nível global e vão ser negativamente afetadas por qualquer tipo de guerra de tarifas”, alerta Ben McWilliams, investigador no think tank Bruegel.

Isto, quer as tarifas se venham a demonstrar apenas uma ferramenta de negociação, quer se mantenham ativas por um longo período. “Vai ser um problema para a transição energética? Absolutamente”, afirma, por seu lado, o diretor do Boston Consulting Group, Bas Sudmeijer, citado pela Bloomberg. No entanto, defende que as indústrias ligadas à transição energética podem estar mais preparadas que outras para uma guerra comercial, já que se têm deparado com restrições comerciais crescentes na última década.

A América do Norte está “taco a taco” com o Brasil em termos da contribuição para o EBITDA da EDP: ambos os mercados entregam 18% desta rubrica. À frente deles só a Península Ibérica, que pesa 58%. Olhando do ponto de vista das tecnologias, as Renováveis, em conjunto com o segmento comercial, suportaram 67% do EBITDA da EDP.

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O setor das renováveis, em particular, já viu melhores dias, e o CEO da EDP também o reconhece: “Em 2024, o nosso negócio de Renováveis enfrentou um dos cenários mais desafiantes que o setor alguma vez experienciou”, lê-se na mensagem no último relatório e contas.

É desde 2022 que “os investidores têm vindo a olhar para as energias renováveis como uma alternativa pouco lucrativa e até pouco viável”, relata Vítor Madeira, analista da XTB, assumindo que é difícil determinar quando é que o mercado vai dar a volta a este sentimento, algo que está também dependente do desenvolvimento tecnológico.

João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa, reforça que “o segmento das energias renováveis atravessa de facto um ciclo menos positivo” e prevê que este abrandamento se prolongue até pelo menos meados de 2026, “refletindo uma normalização do setor após um período de forte crescimento”. Para o analista, a pressão sobre as renováveis resulta de uma combinação de inflação, subida de juros, desafios regulatórios e atraso nas infraestruturas de suporte.

A seu ver, para a EDP, esta fase implica maior prudência na expansão, com um foco em projetos de menor risco, mas não altera o posicionamento estratégico de longo prazo na transição energética. A EDP adicionou 4 gigawatts ao respetivo portefólio em 2024, “o maior aumento anual de capacidade até à data”, salientou Stilwell na mensagem no relatório e contas. Mas o responsável pelas Finanças da EDP Rui Teixeira, indicou que o investimento da EDP Renováveis deverá rondar os 3 mil milhões de euros em 2025 e situar-se abaixo desta fasquia em 2026, quando em 2024 se situava os 4,1 mil milhões de euros. A mesma tendência de abrandamento no investimento vai verificar-se na casa-mãe.

Mesmo num contexto mais desfavorável, “as renováveis continuam a disparar”, com volumes recorde de energia solar e eólica a serem atingidos todos os anos, e outras energias limpas a proliferarem, sublinha ainda o investigador do Bruegel. Considera ainda que o maior desafio da indústria é a competição no que toca ao fornecimento destas soluções, mais do que em relação à procura. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo global de eletricidade deverá crescer a um ritmo sem precedentes, enquanto se estima que a oferta elétrica aumente mais de 25% até 2030, com as renováveis a assumirem a liderança.

Contudo, os ventos não parecem para já soprar de feição, pelo menos os que vêm do outro lado do Atlântico. A administração dos Estados Unidos mostra-se avessa às energias renováveis. No caso da EDP, a incerteza em torno dos projetos de energia eólica offshore nos EUA impactou os resultados de 2024, com a Ocean Winds (joint-venture entre a EDP Renováveis e a Engie) a registar uma provisão para potenciais atrasos nos projetos, a qual afeta a EDP em 100 milhões de euros. Foi outro projeto da subsidiária de energias limpas, um de energia eólica na Colômbia que a EDP Renováveis deixou cair, que ditou um grande rombo nas contas de ambas as cotadas. Às contas da casa-mãe subtraiu 400 milhões de euros.

O CEO da EDP declarou-se “cautelosamente otimista” em relação aos Estados Unidos na chamada com analistas que decorreu no rescaldo da apresentação de resultados da EDPR, argumentando com o crescimento da procura que antevê neste território, muito apoiada na instalação de centros de dados. A empresa continua a ver este mercado como um de “baixo risco”, de acordo com o plano de investimentos divulgado em fevereiro.

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Os mercados têm vindo a reagir negativamente a um contexto mais imprevisível e menos favorável nas renováveis. A ação da EDP está a perder mais de 8% desde o início do ano, enquanto a subsidiária de energias limpas conta uma quebra de 30% no mesmo período. No horizonte de um ano as perdas são, respetivamente, de 17,4% e 44,6%.

No entanto, nem tudo são perspetivas negativas: caso as bolsas internacionais continuem a cair, as empresas defensivas, que incluem a EDP, podem sair beneficiadas, defende o analista da XTB. “No entanto, a empresa não deve esperar um forte crescimento” – deve apenas conseguir “aguentar-se nos níveis atuais”, prevê.

Resultados não impressionam. Redes seguram

No final de fevereiro, as duas cotadas do grupo EDP prestaram contas aos investidores. O primeiro número a sair, o dos resultados da EDP Renováveis, caiu com estrondo: um prejuízo de 556 milhões de euros. Horas depois – e imprevisivelmente, já que estava previsto para o dia seguinte – conheceu-se o lucro da casa-mãe, que também mostrou uma quebra, embora mais ligeira (de 16%), e manteve-se em terreno solidamente positivo. A elétrica contou 801 milhões de euros no final de 2024.

A EDP aguentou-se apoiada na solidez das redes. Este negócio contribui com 33% do EBITDA da empresa, tendo vindo a crescer paulatinamente, até aos atuais 1.590 milhões de euros. Desde 2023 que a cotada apresenta agregados na mesma rubrica os resultados obtidos com os segmentos de Renováveis e o Comercial, que em conjunto são responsáveis pelos restantes 3.329 milhões de euros do EBITDA.

“A valorização das redes como eixo estratégico é uma escolha racional e ajustada ao contexto”, entende João Queiroz, do Carregosa, adiantando que espera que este segmento reforce o seu peso e relevância. “A rede passa, assim, a constituir um ativo estratégico não apenas de estabilidade, mas também de transformação”, entende.

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Apesar do suporte das redes, o cenário não é brilhante. “Os valores fundamentais têm-se vindo a deteriorar nos últimos dois anos para a empresa. A EDP baixou as suas métricas financeiras e, como seria de esperar, o seu valor caiu”, resume Vítor Madeira.

Os lucros da EDP têm vindo a diminuir, assinala a XTB, ao mesmo tempo que sublinha que a empresa baixou as suas receitas durante oito trimestres consecutivos em relação ao período homólogo anterior. Em paralelo, a dívida tem subido para níveis inéditos, tendo superado os 19 mil milhões em 2024. O elevado volume “pode ditar mais encargos com a dívida quando as suas obrigações forem renovadas”, observa o analista da XTB.

É inequívoco que o desempenho menos favorável em alguns segmentos resulta sobretudo de fatores externos e não de falhas de gestão”, avalia João Queiroz, que deteta “pragmatismo” na forma como a gestão tem procurado um reequilíbrio, reforço da eficiência, desinvestimento em geografias “não core” e reposicionamento estratégico. “A EDPR, apesar das dificuldades em 2024, manteve a sua dinâmica de crescimento de capacidade e controlo de custos”, destaca.

Os principais riscos que João Queiroz identifica no que respeita a EDP são a incerteza regulatória em mercados-chave, a execução de projetos em geografias mais complexas, a exposição cambial — em particular no Brasil — e a possível erosão de resultados devido à redução dos ganhos com a rotação de ativos na EDPR. Estes riscos podem ser mitigados por uma gestão ativa da dívida, preferência por financiamento em moeda local nos mercados emergentes, controlo rigoroso de custos e foco em atividades com maior controlo e retorno.

Na mensagem que assina no relatório e contas, o CEO conclui que a empresa mantém-se focada “no cumprimento das metas financeiras para o período 2025-2026” e diz-se “confiante” na capacidade da elétrica de “gerar valor sustentável” para os acionistas.

Na mesa da Assembleia Geral vai estar, como habitual, a aprovação dos resultados da cotada, a distribuição dos resultados e de dividendos, a autorização para compra e alienação de ações próprias por parte do Conselho Executivo no que diz respeito à EDP e às suas participadas, assim como a avaliação da prestação da administração e órgãos de fiscalização da elétrica.

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