Setor imobiliário de gama alta tem um peso substancial na economia portuguesa

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

Esta é uma das conclusões do relatório “Portugal Realty Premium Market”, um estudo pioneiro desenvolvido em parceria entre a Porta da Frente Christie’s e a NOVA School of Business & Economics.

“Uma das coisas que senti assim que entrei na Porta da Frente, há cerca de dois anos, foi a falta de dados sobre o mercado”, começou por explicar João Cília, o CEO da Porta da Frente Christie’s. “Como esses dados não existiam, nem a sua interpretação, vivia-se de perceções. E foi por isso que desafiei o professor Pedro Brinca, da Universidade Nova, a criar uma metodologia que nos ajudasse a compreender melhor o mercado”. Foi assim, de uma necessidade concreta, que nasceu o estudo “Realty Premium Market” – com base em dados fornecidos pelo Confidencial Imobiliário, pelo Idealista, pelo Instituto Nacional de Estatítica e pelos dados da Christie’s a que a Porta da Frente tem acesso – que caracteriza o mercado imobiliário de gama alta em Portugal, mostra o seu impacto na economia e permite antecipar algumas perspetivas futuras.

Cília começou por explicar a segmentação do mercado de gama alta – que representa os 10% de transações mais caras do mercado – que foi dividida em três categorias: Affluent (imóveis entre os 10% e os 5% mais caros), Premium (entre os 5% e os 2% mais caros) e Luxo (os 2% mais caros).

Geograficamente, os distritos de Faro, Lisboa e Porto lideram a oferta deste segmento, ocupando 95% do mercado (com a Madeira a começar a ter alguma expressão), sendo Cascais e Estoril, Quarteira, Santo António e Avenidas Novas as localizações com maior número de imóveis disponíveis. Contudo, enquanto Faro recuperou os níveis de oferta de 2021, Lisboa e Porto ainda estão abaixo desses valores.

Em termos de nacionalidades, a Porta da Frente trabalha maioritariamente com o segmento internacional, destacando-se as nacionalidades americana e brasileira entre as que atualmente mais procuram Portugal para residir. “Em grande parte atraídos pelo clima, pelo estilo de vida, pela segurança, pela estabilidade política, pelo acesso à saúde e à educação, bem como a proximidade de outras capitais europeias”, esclareceu ainda o CEO da Porta da Frente, citando um estudo da PWC, de 2024, que classifica Lisboa como a 10ª cidade europeia mais atrativa para investimentos imobiliários em 2025.

Tendências de oferta e procura
A oferta de imóveis de gama alta sofreu uma contração entre 2021 e 2022, seguida de uma recuperação gradual a partir do final de 2022. A explicação para essa contração é simples: “deu-se a pandemia de Covid-19, um período em que o mercado praticamente parou. Depois da paragem, voltou a acelerar com mais oferta de casas no mercado, um maior ritmo de nova construção. O mercado cresceu não só pela retoma das transações, mas também pelo aumento dos preços da construção, em muito ampliados pela inflação”, explicou João Cília.

Em termos tipológicos, as moradias representam cerca de um terço da oferta, enquanto os apartamentos T2 têm ganho protagonismo nas preferências, crescendo 5 pontos percentuais entre 2021 e 2024.

Por outro lado, a procura por imóveis de gama alta mais do que duplicou entre 2021 e 2023, estabilizando posteriormente, “o que pode estar relacionado com o aumento das taxas de juro e com o fim do regime de Residente Não Habitual e dos Vistos Gold”, acrescentou Cília. Ainda assim, o segmento Luxo mostrou uma resiliência superior aos segmentos Affluent e Premium. Estima-se que as vendas totais do segmento de gama alta, em 2024, devem representar 5.581 milhões de euros.

O impacto económico do setor
O estudo evidencia que o setor imobiliário de gama alta tem um peso substancial na economia portuguesa. Em 2022, foi o ano de maior atividade económica do segmento, com a construção e a venda de imóveis contribuindo para um volume de produção de 8,1 milhões de euros e gerando mais de 106 mil empregos em termos de equivalentes a tempo completo. “Foi um ano extraordinário, foi o ano que maior atividade económica gerou e, por conseguinte, mais riqueza e mais remunerações para mais postos de trabalho”, comentou Pedro Brinca, coordenador do estudo junto com João B. Duarte. Contudo, em 2023, houve uma ligeira retração, reflexo das incertezas macroeconómicas e do aumento dos custos de construção, que cresceram cerca de 30% entre 2021 e 2024. O investimento no setor manteve-se alto, mas os desafios estruturais, como a escassez de mão-de-obra qualificada, continuam a ser um obstáculo ao crescimento.

O preço dos imóveis de gama alta registou um aumento nominal de 23% entre 2021 e 2024, mas em termos reais, se descontarmos o efeito da inflação, esse crescimento foi de apenas 3%. Esse fenómeno demonstra que, apesar da valorização, os aumentos de preço estão a ser compensados pelo aumento do custo de vida.

Dentro dos segmentos, o Luxo lidera os preços, seguido pelo Premium e pelo Affluent, como seria de esperar. A maior diferenciação nos preços entre os segmentos Luxo e Premium, comparada com a diferença entre Premium e Affluent, indica que os imóveis mais exclusivos têm vindo a ganhar maior valorização no mercado.

Desafios e oportunidades para o futuro
O estudo apontou vários desafios e oportunidades para o mercado de gama alta em Portugal, evidenciando, desde logo, que o mercado de habitação em Portugal precisa de mais medidas, sobretudo para reforçar a oferta, sobretudo para a classe média. “Só existem duas opções para a crise na habitação: ou se reduzem os preços da construção, ou se aumentam os ordenados das pessoas. Senão, não há milagres. O mercado está mal regulado. Não faz sentido existirem impostos sobre as transações. Isso impede que as pessoas redimensionem as suas casas consoante a fase da vida em que estão. Sabe-se hoje que 68% das pessoas vivem em casas sobredimensionadas e 12% queixa-se do oposto. Ou seja, têm de haver medidas fiscais. Neste momento estamos com fatores económicos favoráveis: os salários subiram, as taxas de juro desceram, há mais rendimento disponível e melhores condições de financiamento, sobretudo para os jovens. Mas, sem intervir na construção, no fundo estamos a subsidiar a procura e, consequentemente, o aumento dos preços. E está tudo certo: os preços sobem e aumenta a confiança dos investidores. Mas não vai ser assim que se resolve o problema da habitação em Portugal”, criticou Pedro Brinca.

Apesar dos desafios do mercado em geral, o mercado imobiliário de gama alta em Portugal permanece robusto, com previsões otimistas para os próximos anos. A sua resiliência e capacidade de adaptação serão fatores decisivos para o seu crescimento sustentado num cenário económico global em constante transformação.

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Empresa familiar de Montenegro revela lista de clientes com avenças mensais. Veja aqui

Radio Popular, Ferpinta e Solverde estão entre as cinco empresas que mantêm um "vínculo permanente" com a consultora da família do primeiro-ministro, pagando avenças mensais até 4.500 euros.

A empresa familiar de Luís Montenegro revelou esta sexta-feira uma lista de clientes que com ela “mantêm um vínculo permanente”, com avenças mensais entre 1.000 e 4.500 euros, incluindo os casinos Solverde, a metalomecânica Ferpinta e a cadeia de lojas Radio Popular. O comunicado da Spinumviva é divulgado no dia em que foi noticiado pelo Expresso que a Solverde paga à empresa da esfera do primeiro-ministro uma avença mensal de 4.500 euros, deixando o chefe do Governo debaixo de fogo da oposição.

A atividade da Spinumviva ganhou contornos políticos este mês, levantando questões sobre o papel que o primeiro-ministro ainda terá nesta sociedade. O caso motivou o Chega a apresentar uma moção de censura ao Governo, chumbada na passada sexta-feira. Uma semana depois, porém, o assunto volta a aquecer com as suspeitas de um potencial conflito de interesses entre o primeiro-ministro e a Solverde, levando Montenegro a convocar um Conselho de Ministros extraordinário para este sábado, seguido de uma declaração ao país às 20h.

O documento de três páginas divulgado ao início da tarde desta sexta-feira começa por expor “as empresas que mantêm um vínculo permanente com a consultora Spinumviva na área da implementação e desenvolvimento de planos de ação no âmbito da aplicação do Regulamento Geral de Proteção de Dados”.

“Os preços cobrados e pagos pelos serviços prestados atendem à dimensão e complexidade dos trabalhos com cada cliente e oscilam entre os 1.000 euros e os 4.500 euros mensais”, refere a consultora, nomeadamente:

  • Lopes Barata, Consultoria e Gestão, Lda: uma empresa que, segundo informações consultadas pelo ECO na plataforma InformaDB, não tem atualmente atividade, tendo já adotado a designação JCB – Produtos Farmacêuticos, Lda.
  • CLIP – Colégio Luso Internacional do Porto, SA: um colégio privado dos ensinos pré-escolar, básico e secundário com instalações no Porto.
  • Ferpinta, SA: um grupo que diz ser “o maior fabricante ibérico de tubos de aço”, com atividade na indústria metalomecânica, fundado em 1972 pelo comendador e milionário português Fernando Pinho Teixeira.
  • Solverde, SA: empresa que explora casinos em Portugal, incluindo online, sendo detida pela família Violas, e da qual Montenegro é “amigo pessoal dos acionistas”, como assumiu o próprio no debate da moção de censura.
  • Radio Popular, SA: conhecida cadeia de lojas de venda de pequenos e grandes eletrodomésticos, telemóveis, computadores e outros produtos do género.

A Spinumviva revela também, em comunicado, a identidade de dois colaboradores que trabalham atualmente na empresa, designadamente a advogada Inês Patrícia e o jurista André Costa. Ambos os profissionais colaboram com a empresa desde 2022, de acordo com a referida nota.

“Não é admissível que se ponha em causa a prestação destes serviços, aos quais estão documentados e comprovados por contactos e rotinas que em muitos casos são diários”, aponta a Spinumviva. Mais acrescenta a empresa que a relação contratual com cada um dos clientes “teve início numa altura em que o Senhor Dr. Luís Montenegro era sócio e gerente desta sociedade, mas não tinha qualquer atividade política”.

“De resto, a prestação de serviços em causa é totalmente alheia a qualquer envolvimento político, razão pela qual se lamenta profundamente que uma relação puramente empresarial seja agora afetada tão injustamente”, sublinha ainda a consultora, atualmente gerida pela esposa de Montenegro, Carla Montenegro, e os filhos, Diogo e Hugo, depois de o atual primeiro-ministro ter vendido a sua quota à mulher num negócio que está a ser posto em causa, por serem casados em regime de comunhão de adquiridos.

Para as cinco empresas mencionadas, e “através de colaboradores qualificados”, a empresa da esfera de Montenegro diz prestar um vasto conjunto de serviços, incluindo “aconselhamento para aplicação de medidas corretivas face a práticas em desconformidade”, “contactos com a autoridade de controlo” e “elaboração ou revisão de documentos”, entre outros.

No rescaldo da notícia sobre a avença da Solverde paga à Spinumviva, Luís Montenegro reagiu esta sexta-feira de manhã com um apelo aos clientes para que se identificassem nas próximas horas, e afirmou: “Tenho uma vida pessoal e profissional que é absolutamente transparente dentro daquilo que são as balizas do exercício da advocacia e da consultoria. Não tenho nenhum problema em esclarecer aquilo que tem de ser esclarecido dentro da legalidade, da ética.”

Montenegro, que esteve com Emmanuel Macron no âmbito da visita do Presidente francês a Portugal, admitiu ainda ter “a obrigação ética” de pedir escusa de “todas as decisões ou perspetivas de decisões que envolvem pessoas ou instituições” com quem teve “relacionamentos profissionais ou até pessoas”. “Vou fazer a minha avaliação da situação pessoal, familiar e política e anunciarei ao país a minha decisão para encerrar este assunto de vez”, sublinhou.

Dito isso, o primeiro-ministro concluiu: “Vou fazer a minha avaliação da situação pessoal, familiar e política e anunciarei ao país a minha decisão para encerrar este assunto de vez.”

(Notícia atualizada pela última vez às 15h36)

Leia o comunicado na íntegra:

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o documento.

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De segunda mão a primeira escolha: o fenómeno da revenda de luxo

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

O luxo está a mudar. Com o mercado de segunda mão a crescer a um ritmo recorde, plataformas como a Fashionphile lideram uma revolução onde exclusividade, sustentabilidade e investimento se encontram.

Nos últimos anos, o mercado de luxo em segunda mão deixou de ser um nicho para se tornar um dos segmentos de crescimento mais rápido dentro da indústria de bens de luxo. Com uma valorização global estimada em mais de 50 mil milhões de dólares, este setor atrai cada vez mais consumidores que procuram exclusividade, sustentabilidade e investimento em peças intemporais. Empresas como a Fashionphile, fundada em 1999, estão na vanguarda desta revolução, redefinindo a forma como se compram e vendem artigos de luxo.

A origem e evolução da Fashionphile
Criada por Sarah Davis como uma pequena operação no eBay, a Fashionphile rapidamente cresceu e se tornou uma referência em revenda de artigos de luxo nos Estados Unidos. Em 2006, a empresa estabeleceu a sua própria plataforma, investindo num sistema de autenticação rigorosa e num processo de compra facilitado. No fundo, trata-se de uma empresa tecnológica com a missão de tornar as marcas mais cobiçadas do mundo mais acessíveis, quebrando as barreiras do luxo tradicional.

O grande salto aconteceu em 2019, quando a Neiman Marcus adquiriu uma participação maioritária na empresa, tornando-se a primeira grande department store a investir diretamente no mercado de luxo em segunda mão. Com isto, os clientes passaram a poder vender as suas peças diretamente nas lojas Neiman Marcus, revertendo o valor obtido em novas compras.

A expansão da Fashionphile não parou por aí. A marca implementou um sistema avançado de avaliação e definição de preço, utilizando inteligência artificial para determinar o valor de mercado das peças com base em procura, condição e raridade. Além disso, reforçou os seus centros de autenticação e logística, garantindo um serviço eficiente e seguro para compradores e vendedores.

De acordo com a própria Fashionphile, que celebrou no ano passado 25 anos de atividade, acrescentando ao seu portefólio marcas como Khaite, The Row, Jacquemus, Phoebe Philo, Chrome Hearts, Rimowa, Loro Piana e Tag Heuer, os números não mentem: em 2023, o mercado global de produtos usados ​​foi estimado em 197 mil milhões de dólares. A projeção é que este valor aumente cerca de 100 mil milhões de dólares até 2026. Mas com esta escala maior surge uma série maior de desafios, como carteiras de designer ‘super falsas’ ou imitações que podem ser difíceis de distinguir das originais.

Este fluxo de falsificações convincentes — algumas das quais atingem preços de quatro dígitos — ocorre depois de as casas de luxo terem aumentado os seus preços nos últimos anos, levando os compradores a procurar réplicas de alta qualidade. E dão o exemplo da carteira Jackie, da Gucci, que sofreu um aumento de preço de 30% na plataforma. Outras marcas também registaram aumentos de preços impressionantes, como a Goyard (15%), Loewe (15%), Hermes (13%), Fendi (10%), Prada (9%) e Celine (9%).

“À medida que avançamos para o próximo quarto de século, continuamos empenhados em equipar a nossa comunidade com o conhecimento e a sensibilização para fazer escolhas informadas e participar ativamente na luta contra as falsificações”, defende a marca.

No final de Janeiro, a Fashionphile anunciou que 2024 foi o seu ano mais rentável até à data, tendo alcançando um notável aumento de 67% nos lucros ano após ano.

O crescimento do mercado de luxo em segunda mão
O mercado de revenda de luxo tem registado um crescimento impressionante. De acordo com um relatório da Bain & Company, a revenda de bens de luxo aumentou a um ritmo três vezes mais rápido do que o próprio mercado primário, prevendo-se que atinja 80 mil milhões de dólares até 2030. A mudança de mentalidade dos consumidores, aliada ao impulso da economia circular, tem impulsionado plataformas como a Fashionphile, The RealReal, Vestiaire Collective e Rebag.

Comprar produtos em segunda mão, principalmente de luxo, está a tornar-se cada vez mais popular, graças à Geração Z. Esta geração está a redefinir o mercado ao dar prioridade ao impacto ambiental em todos os aspetos da vida, incluindo a revenda de luxo, que tem uma pegada climática notavelmente mais baixa. A abordagem consciente do valor da Geração Z está a transformar rapidamente a perceção do luxo em segunda mão.

A popularidade deste mercado está associada a vários fatores, nomeadamente a sustentabilidade, a exclusividade, a raridade e o investimento. O consumo consciente tem levado os consumidores a optar por artigos em segunda mão, reduzindo o desperdício e prolongando o ciclo de vida dos produtos. Sendo que, muitos artigos vendidos nas plataformas de revenda são edições limitadas ou peças descontinuadas, tornando-se verdadeiros achados para colecionadores.
O valor de algumas peças de luxo, como carteiras Hermès e relógios Rolex, pode aumentar com o tempo, levando consumidores a considerá-las ativos de investimento.

Olhando para o futuro, e de acordo com este relatório da Bain, algumas tendências devem continuar a moldar o setor:

Integração de revenda pelas próprias marcas – Mais marcas de luxo estão a explorar o mercado de segunda mão internamente, como a Gucci, que lançou o seu próprio serviço de revenda Gucci Vault. A Chanel e a Louis Vuitton também estão a testar modelos de recompra e revenda controlados.
Expansão da certificação digital – O uso de NFTs e blockchain para autenticação de produtos de luxo está a ganhar força, permitindo que os compradores tenham um histórico transparente de propriedade e autenticidade.
Personalização da experiência de compra – Plataformas de revenda estão a investir em algoritmos de recomendação mais sofisticados, oferecendo uma experiência de compra cada vez mais personalizada.
Crescimento na Ásia e Médio Oriente – Estes mercados emergentes estão a tornar-se cada vez mais relevantes no segmento de luxo em segunda mão, com consumidores chineses e do Médio Oriente a impulsionar a procura por peças vintage e raras.
Com a aceitação crescente do mercado de segunda mão, a Fashionphile e outras plataformas estão bem posicionadas para redefinir a relação dos consumidores com o luxo, combinando exclusividade, sustentabilidade e inovação tecnológica. O futuro do luxo pode já não estar apenas no que é novidade, mas também na história e na longevidade dos seus produtos icónicos.

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Tendência: chuteiras ou ténis? O futebol a inspirar o que calçamos

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

A moda tem o dom de transformar o desporto em estilo de vida, e a mais recente tendência é prova disso: ténis inspirados em chuteiras de futebol. O fenómeno conquistou as passerelles e as ruas.

Nos últimos anos, o calçado desportivo tem vivido uma revolução, com o design a cruzar fronteiras entre performance e estilo. Se os ténis chunky dominaram a cena no final da década passada e os modelos retro runner continuam em alta, a nova aposta recai agora sobre silhuetas que evocam diretamente o universo do futebol.

A estética das chuteiras clássicas, com os seus materiais técnicos, linhas aerodinâmicas e detalhes minimalistas, tem sido reinterpretada para um público urbano que procura referências desportivas aliadas ao conforto e à sofisticação. Este movimento surge também impulsionado pelo crescente fascínio pelo futebol enquanto símbolo cultural global, aliado a um desejo de peças versáteis que transitam facilmente entre diferentes ambientes e ocasiões.

Must-have: os novos LV Footprint Soccer
No interior da coleção masculina primavera-verão 2025 da Louis Vuitton, apresentada em desfile, uma série de sapatos LV Footprint Soccer completa as identidades globetrotter em exposição: viajantes, trabalhadores, atletas, estrelas.

A linha LV Footprint Soccer é a primeira do género desenhada por Pharrell Williams, inspirada nas chuteiras autênticas do mundo do desporto. Estes ténis elegantes, compostos por uma parte superior em pele com atacadores e uma sola de borracha acolchoada, expressam as assinaturas da marca em todo o seu design. Motivos florais retirados do Monograma Louis Vuitton e um logótipo LV interligado são esticados para formar uma pegada estilizada de cinco dedos na sola articulada, dando-lhe a capacidade de deixar um carimbo LV em solo macio.

A parte superior é acolchoada em linhas inclinadas à volta do dedo do pé, rampa e calcanhar, reforçadas pelo suporte e aerodinamismo de uma chuteira de futebol moderna. Uma língua de couro, que se dobra para a frente para cobrir um atacador com monograma, é gravada com um logótipo LVERS UNITED que faz referência ao universo do futebol profissional. O logótipo distinto da LV é repetido em grande formato como um detalhe na lateral do sapato, acima de um selo Vuitton mais pequeno numa fonte com um tom atlético. O ano de 1854 surge no verso, como referência ao ano de nascimento da maison.

Os LV Footprint Soccer chegam numa paleta ousada e monocromática, cada uma com um único tom sólido com destaques em branco: preto, branco, azul, vermelho ou verde floresta. A sua sola é uma continuação da cor do cabedal, com padrões num tom mais claro para dar mais dimensão ao efeito.

Veja inspira-se no movimento Panenka e inova
Inspirado no nome de uma jogada de futebol dos anos 70, conhecida como o suave movimento picado para marcar um penalti, a Veja apresenta Panenka – um novo modelo de inspiração retro que combina a herança do futebol e a cultura urbana do Brasil. Com cores clássicas que fazem referência aos antigos equipamentos de futebol e um design claramente influenciado por chuteiras vintage, Panenka contempla elegantes linhas frontais costuradas para uma silhueta mais robusta. Com uma estética acolchoada, graças à técnica de matelassé, as linhas evidenciam o estilo retro típico do futebol e a língua com cortes serrilhados complementa este visual, estando disponíveis em três combinações de cores.

Produzido no Brasil, este modelo conta com uma parte superior inteiramente feita em Organic Traced Leather, o couro mais macio da VEJA até ao momento, proveniente de fazendas com certificação 100% orgânica no Uruguai. A sola combina borracha proveniente da Floresta da Amazónia e borracha reciclada.

O futebol como estética global
Este movimento não é apenas uma tendência passageira, mas sim mais um exemplo da forma como o futebol influencia o universo da moda. Das camisolas oversized usadas como peças statement aos ténis que evocam os tempos áureos do desporto-rei, a cultura futebolística continua a deixar a sua marca. E com a popularidade crescente dos sneakers como peça essencial do guarda-roupa contemporâneo, é seguro dizer que esta fusão entre chuteiras e ténis terá um impacto duradouro no mercado. Uma tendência que, como o próprio jogo, promete conquistar multidões.

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PS, PSD e CDS aprovam alterações à lei dos solos no Parlamento. Já só falta Marcelo

Depois da discussão na especialidade, nova lei dos solos recebeu luz verde no plenário desta sexta-feira.

A alteração ao Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, vulgarmente conhecida por lei dos solos, passou a derradeira estação antes da chegada ao Palácio de Belém. No plenário desta sexta-feira, a Assembleia da República validou as votações decorridas na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação na passada quarta-feira, aprovando o diploma com os votos favoráveis do PS, PSD e CDS.

A alteração à lei dos solos, promotora da passagem de terrenos rústicos a urbanos por decisão das câmaras municipais, é um instrumento considerado pelo Governo como indispensável para criar habitação nova para a classe média e média-baixa.

Nesta sexta-feira, teve a esperada validação do PS após várias cedências do grupo parlamentar do PSD às exigências de alteração ao Decreto-Lei 117/2024, em medidas como a inscrição do critério da contiguidade territorial na lei – não permitindo a construção desgarrada no país sobre terrenos rústicos – e a adoção de preços nas casas a construir sob o princípio da habitação a custos controlados.

Chega, deputado não inscrito Miguel Arruda, Livre, IL, PAN, PCP, BE e a deputada socialista Cláudia Santos votaram contra, juntando-se ainda a abstenção do deputado do PS Filipe Neto Brandão.

Entre as novidades promovidas pelo PS está a obrigatoriedade de se fazer prova da viabilidade financeira dos projetos urbanísticos que venham a ser desenvolvidos sobre terrenos atualmente rústicos. A imposição de transparência financeira estende-se igualmente aos responsáveis pelo financiamento.

A conversão de terrenos rústicos em urbanos seguirá as regras estabelecidas no texto final apresentado pela Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação relativo à apreciação parlamentar feita ao referido decreto-lei.

A lei dos solos tem estado envolta em polémica, principalmente depois das controversas ligações entre alguns membros do Governo e empresas imobiliárias.

A lei “abre porta à especulação, à corrupção e atentados ambientais”, voltou a dizer Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, nesta sexta-feira, em plenário. Também à esquerda o Livre diz que o diploma “nunca devia ter existido” e que “corrigir o desastre é essencial”, apontando-se que “a única opção responsável é [o diploma] ser revogado”.

O Chega, por seu lado, diz que “nunca se viu contra o princípio da proposta de lei, mas detetou fragilidades e procurou apresentar propostas de alteração”, as quais não foram aprovadas na passada quarta-feira, pelo que “a lei continua má, permeável à corrupção”, o que levou ao voto contra do partido, explicou a deputada Marta Silva.

O comunista Alfredo Maia aponta uma “solução concertada pelo bloco central” e apelida as alterações produzidas na Comissão de Economia de “remendos muito fracos para tornar mais decente um fato mal talhado, mal cosido e que não devia ter sido feito”.

O “projeto de lei inicial já era claramente insuficiente” e, com as alterações, “tornou-se “inútil” e “a lei impraticável”, ao impor preços para terrenos privados, acusou Mariana Leitão, do Iniciativa Liberal. “Mais oferta e mais construção, é desse lado que estaremos sempre.”

“Estamos a alargar as áreas urbanizáveis para que os preços possam descer”, defendeu, por seu turno, Paulo Núncio, do CDS, parceiro de coligação.

Já a socialista Maria Begonha diz que “o Governo falha no essencial” e que “a prioridade” socialista “não seria recuperar a lei dos solos”, mas sim medidas como a reabilitação de fogos devolutos. A lista de alterações imposta pelo PS “não resolve, mas o diploma melhorou”.

“Recebemos uma urgência habitacional e que tem vítimas”. Apesar da necessidade do voto favorável do PS para passar a “Lei dos Solos”, os social-democratas não se coibiram de apontar responsabilidade pela crise habitacional ao PS.

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Reforço das interligações energéticas com França é “crítica”

O ministro da Economia disse que "conta muito" com França para estabelecer a ligação da energia produzida na Península Ibérica com o centro da Europa.

O reforço das interligações energéticas com a Europa é crítico para as empresas do setor e para acelerar a transição energética, avisam os empresários, reforçando que a ligação através de França é essencial para permitir que a energia produzida na Península Ibérica chegue ao centro da Europa. O ministro da Economia, Pedro Reis, diz que “conta muito” com os gauleses para permitir esta interligação.

Não há forma de colocar a nossa energia no centro de Europa sem passar por França e contamos muito com França nessa matéria“, defendeu Pedro Reis no Fórum Económico Luso-Francês, que decorre no Palácio da Bolsa, na cidade do Porto, e é organizado pela CIP, no âmbito da visita do Presidente francês Emmanuel Macron a Portugal.

A questão das interligações energéticas tem sido uma das exigências portuguesas e uma das preocupações das empresas do setor, na medida em que Portugal e Espanha não conseguem passar a energia para o centro da Europa devido à oposição francesa às interligações elétricas e de hidrogénio.

Nelson Luís, Diretor-Geral Adjunto da Akuo Portugal, no Fórum Económico Luso-FrancêsRicardo Castelo

O reforço das interligações com França é chave para conseguir transformar a ibéria numa power house da Europa“, referiu Nelson Luís, diretor-geral adjunto da Akuo Portugal, num debate dedicado ao tema das energias renováveis. Em Portugal desde 2018, devido a ter identificado o país com tendo condições para renováveis excelentes, a empresa francesa olha para Portugal como um investimento “estratégico”.

Nelson Luís diz que é preciso “mais investimentos e fazer com que esta transição energética seja um sucesso.”

Hugo Costa, Country Manager de Portugal da EDPRicardo Castelo

A maior circulação de energia entre a Península Ibérica e o resto da Europa será crítica”, concorda Hugo Costa, country manager de Portugal da EDP Renováveis. O responsável destacou ainda “a inovação e investimentos conjuntos em novas áreas que estão a ocorrer na área do hidrogénio verde”, mas alertou que, “sem consumo, não faz sentido instalar novas centrais de hidrogénio verde”. É preciso criar condições para que o consumo aumente.

Carlos Rosário, Country Manager e Managing Director Renewables de Portugal da EngieRicardo Castelo

Carlos Rosário, country manager e managing director renewables em Portugal da Engie, outra empresa francesa presente em Portugal, destaca que o país tem uma “meta ambiciosa na descarbonização” e a Península Ibérica “tem metas ambiciosas em termos de renováveis”.

O responsável da Engie, que tem em Portugal um dos países onde mais está a apostar, indica a necessidade de eletrificação do consumo. “Aqui também a eletricidade renovável tem um papel importante”, aponta.

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Pedro Nuno Santos exige explicações “cabais” a Montenegro. “Não podemos ter um primeiro-ministro sobre o qual recaiam suspeitas”

Líder socialista defende que não se pode ter um primeiro-ministro "sobre o qual recaiam suspeitas" e quer saber o motivo do aumento da faturação no ano em que Montenegro se tornou líder do PSD.

O secretário-geral do PS exigiu esta sexta-feira explicações “cabais” ao primeiro-ministro sobre a da Spinumviva, a empresa familiar de Luís Montenegro, entre as quais as razões da “explosão” de faturação em 2022. Pedro Nuno Santos defendeu que não podem recair quaisquer suspeitas sobre o chefe de Governo e que este não se pode escudar no silêncio.

O que precisamos é de um primeiro-ministro que dê as respostas. Não passa pela cabeça de ninguém que possamos continuar nesta situação, sem que o primeiro-ministro seja claro e responda de forma cabal a todas as dúvidas que se instalaram“, afirmou Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas no Parlamento. “Precisamos de um um primeiro-ministro que não tenha suspeições sobre si, tenha a confiança do país e que assuma a responsabilidade“, acrescentou.

O socialista reagia assim ao agudizar da polémica em torno da empresa Spinumviva, depois de se tornar público esta sexta-feira que a Solverde, empresa que tem concessão de casinos, está a pagar 4.500 euros por mês à sociedade da família de Luís Montenegro.

Pedro Nuno Santos considerou que a “notícia é grave” e confirma que “o PS tinha razão”, nomeadamente nas questões que colocou. “Os portugueses merecem e têm direito a ter confiança no seu primeiro-ministro. Essa confiança tem de ser restabelecida“, disse, acrescentando: “É fundamental termos todos a certeza que o primeiro-ministro não ficou a dever favor a ninguém”.

O líder socialista reforçou as três perguntas que tinha colocado a Montenegro durante o debate da moção de censura: “quais foram e quais são os clientes da empresa do primeiro-ministro?“, “quais são os serviços que foram prestados a estas empresas e por que preços?” e “quem é que presta os serviços da empresa, nomeadamente desde que o primeiro-ministro se afastou da empresa e que preço foi pago a quem presta os serviços”.

Pedro Nuno Santos avançou ainda com uma quarta questão, que considerou ser fundamental: “quais são as razões para a explosão da faturação em 2022, ano em que o primeiro-ministro decide afastar-se da empresa e é candidato à liderança do PSD?“.

O secretário-geral do PS realçou que “nunca esteve em causa o direito a ter uma empresa” e que isto “não é nenhum perseguição a um empresário”.

“Somos todos adultos. Não tem de ser na sequência da oposição que o primeiro-ministro deve responder ao país. Se o primeiro-ministro só fala na sequência de ações de outros partidos, estamos muito mal“, disse, acrescentando que o silêncio não pode ser a opção. “O que é importante é que o primeiro-ministro responda de forma cabal a todas as perguntas, colocada por nós PS, mas também às perguntas órgãos de comunicação social têm feito”.

Esta sexta-feira, o primeiro-ministro anunciou que irá falar ao país às 20 horas de sábado, após a realização de um Conselho de Ministros extraordinário e de fazer uma “avaliação pessoal, familiar e política”.

Quando o caso Spinumviva foi conhecido, Montenegro explicou que tinha vendido a quota que tinha na sociedade à mulher, o que, contudo, é um negócio sem efeitos práticos, uma vez que o primeiro-ministro vive em regime de comunhão de adquiridos. O Chega avançou mesmo com uma moção de censura, que não passou no Parlamento, mas nesse debate, pressionado pela oposição, Montenegro recusou-se a revelar a lista de empresas que contratou a sua sociedade. Logo naquele dia, foi conhecido que a Solverde seria um dos clientes, mas só esta sexta-feira veio a público que o grupo que tem uma concessão de casinos continuava a pagar mensalmente um valor de 4.500 euros, mesmo com Montenegro como primeiro-ministro.

(Notícia atualizada pela última vez às 13h29)

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Albuquerque Foundation: uma nova jornada cultural em Sintra

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

A Albuquerque Foundation oferece uma imersão na cerâmica chinesa antiga e contemporânea. Uma visita essencial para este fim de semana, repleta de cultura.

A Albuquerque Foundation, fundada pelo colecionador brasileiro Renato de Albuquerque e sua neta, Mariana A. Teixeira de Carvalho, abriu as suas portas ao público no dia 22 de fevereiro, em Sintra, trazendo consigo um novo olhar sobre a cerâmica chinesa antiga e contemporânea. Este projeto ambicioso combina a preservação do passado com a celebração da inovação artística, proporcionando uma experiência única aos visitantes.

O destaque inicial da fundação é a extraordinária Coleção Albuquerque de Cerâmica Chinesa, que compreende mais de 2600 peças reunidas ao longo de seis décadas por Renato de Albuquerque. Considerada uma das mais relevantes coleções privadas de porcelanas chinesas das dinastias Ming e Qing, esta coleção inclui exemplares imperiais, de exportação, e algumas raras “Primeiras Edições” – as primeiras encomendas de porcelana feitas por portugueses, com iconografia europeia.

Ao apresentar-se ao público pela primeira vez, a coleção oferece uma oportunidade única de explorar o legado e a história da cerâmica chinesa, com peças que datam de séculos passados, cujas influências transcenderam fronteiras culturais. A fundação tem como objetivo reforçar as ligações entre o Oriente e o Ocidente, destacando o papel histórico de Portugal nesse intercâmbio cultural e comercial.

A programação inaugural: conexões e contemporaneidade
A programação da Albuquerque Foundation é marcada por duas exposições de grande relevância. A primeira, “Connections”, curada por Becky MacGuire, dá início à exposição permanente, explorando a complexa rede de influências que moldaram a cerâmica chinesa. O público terá a oportunidade de apreciar peças que ilustram as interações globais, desde a dinastia Tang até o impacto da chegada dos europeus à China no século XVI. A curadoria traz uma abordagem inovadora ao mostrar como as diferentes culturas influenciaram a produção de porcelana ao longo dos séculos.

A segunda grande atração da fundação é a exposição de Theaster Gates, um dos artistas contemporâneos mais prestigiados da atualidade. A exposição “A Mão Sempre Presente” será inaugurada com uma instalação única, repleta de azulejos de cerâmica negra feitos em Tokoname, no Japão, que o artista apresenta pela primeira vez na Europa. Gates, conhecido por seu trabalho que mistura cerâmica, urbanismo e performance, explora temas como resistência, poder e a beleza do trabalho artesanal, criando um diálogo entre sua obra e a coleção histórica da fundação.

O espaço e a missão da Fundação
A Albuquerque Foundation ocupa uma quinta histórica transformada pelo atelier Bernardes Arquitetura. A arquitetura do espaço mistura tradição e modernidade, criando um ambiente perfeito para o encontro entre arte, história e comunidade. A fundação inclui também uma biblioteca especializada, um pavilhão para exposições temporárias de cerâmica contemporânea, um restaurante de gastronomia local e sustentável, e uma concept store que reflete a dedicação da fundação à cerâmica e ao saber-fazer português.

Além das exposições, a Albuquerque Foundation oferece um programa de residências artísticas e atividades educativas que visam promover o estudo e a valorização da cerâmica, tanto no contexto histórico quanto contemporâneo. Com uma proposta de ser um centro de excelência, a fundação busca criar um impacto social significativo, promovendo a inovação no mundo da cerâmica e convidando artistas e visitantes a participar ativamente da sua missão.

Mariana A. Teixeira de Carvalho, cofundadora da fundação, expressa a missão do projeto: “Este projeto honra a coleção do meu avô e, simultaneamente, suscita o diálogo e a criatividade em torno da cerâmica como prática artística. A nossa missão é celebrar a herança cultural, criar impacto social e difundir a inovação no mundo da cerâmica”.

Albuquerque Foundation
Rua António dos Reis, nº189, Sintra
Horários: Terça – domingo: 10h00 – 18h00

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Portugal tem uma agenda “muito interessante” para as empresas francesas

Perante uma plateia de empresários franceses no Porto, no âmbito da visita de Emmanuel Macron, o ministro da Economia apresentou Portugal como "um porto de abrigo" para o investimento estrangeiro.

O ministro da Economia, Pedro Reis, destacou esta sexta-feira que Portugal é hoje “um porto de abrigo” para o investimento e destacou que gostaria que “mais empresas francesas se identificassem [com a] agenda portuguesa”, que disse ser “muito interessante” para os empresários daquele país. O governante destacou setores da energia, defesa, tecnologia, indústria e automóvel como áreas com potencial para reforçar parcerias.

O nosso desafio conjunto é conseguir ir além dos conflitos, das tentações protecionistas, mas também conseguir inverter o abrandamento estrutural europeu“, destacou Pedro Reis, numa intervenção no Fórum Económico Luso-Francês, organizado pela CIP no âmbito da visita do presidente francês a Portugal, e onde esteve presente também Laurent Saint Martin, ministro do Comércio Externo da República Francesa.

Para o ministro da Economia, as empresas devem ser colocadas no centro desta estratégia de redesenho da Europa, focada na competitividade, destacando que Portugal é hoje “um porto de abrigo” para o investimento estrangeiro.

“Temos de libertar as energias das empresas”, defendeu, realçando que Portugal tem vindo a tomar medidas para reduzir a burocracia, fiscalidade e complexidade. Mas quer ir mais longe, criando condições para as empresas investirem. Direcionando as atenções para os investidores franceses, Pedro Reis reforçou que gostaria que “mais empresas francesas se identificassem na agenda portuguesa”, acrescentando que é “muito interessante para os franceses”.

E elencou de seguida alguns dos pontos dessa agenda, como a “densificação das cadeias de valor, a consolidação das nossas empresas para a internacionalização, os fundos europeus, toda uma panóplia de concessões, de privatização, de PPP, de projetos que podem ser transformadores”.

O nosso desafio conjunto é conseguir ir além dos conflitos, das tentações protecionistas, mas também conseguir inverter o abrandamento estrutural europeu.

Pedro Reis

Ministro da Economia

Em termos de áreas de interesse, o ministro destacou vários exemplos, desde a tecnologia e inovação, até ao ecossistema verde e da biotecnologia azul, à defesa, mas também setores onde as empresas francesas já têm grande presença em Portugal. “Queremos afirmar o nosso cluster e França é um parceiro privilegiado em tudo o que tem a ver com o setor automóvel“, acrescentou.

“Mas também acreditamos que hoje há uma economia de serviços, novos data centers, serviços partilhados”, referiu, juntando ainda à lista “setores que orgulham” por “combinarem a tradição com o futuro”, como o têxtil, o calçado ou a metalomecânica“, em que Portugal “compara com o que melhor que há no mundo”. “Acreditamos que nestes setores podemos dar cartas e trabalhar na diferenciação. São estratégicos para Portugal e estão a expandir capacidade de internacionalização na nossa economia”, resumiu.

Pedro Reis falou ainda sobre a importância de abrir “mais joint-ventures, abrir temáticas, promover partilha de projetos conjuntos, coser linhas de apoio à exportação”. “Se criarmos condições de competitividade às nossas empresas, atraindo investimento e abrindo mercados terceiros, estaremos a fazer a nossa missão”, frisou.

Laurent Saint Martin, Ministro do Comércio Externo da República FrancesaRicardo Castelo

Laurent Saint Martin, ministro do Comércio Externo da República Francesa, lembrou a “relação amigável, histórica, cultural” que existe entre Portugal e França, que é focada no respeito e amizade. E disse que esta visita é “a oportunidade de juntar os empresários para falar da balança comercial” e reforçar laços comerciais.

Em termos de prioridades estratégicas, o ministro francês realçou “setores de excelência”, como as tecnologias, inovação, serviços e turismo, defesa, energia e setores tradicionais, notando que espera que esta visita permita reforçar as relações bilaterais entre os dois países.

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Uma dose de economia: Os principais desafios para a inovação em Portugal

  • ECO
  • 28 Fevereiro 2025

Neste episódio do podcast 'Uma dose de economia', as alunas do ISEG, Ana e Bárbara, falam dos maiores desafios para a inovação na economia portuguesa.

Neste episódio, Ana e Bárbara falam dos maiores desafios para a inovação na economia portuguesa, que incluem o financiamento, o excesso de burocracia e o ‘brain drain’ da emigração jovem. Elas propõem algumas soluções possíveis para abordar o problema.

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“Uma dose de economia” é um podcast onde alunos do ISEG discutem temas de atualidade ligados às finanças e à economia.

Este podcast é fruto de uma parceria entre o ECO e a associação ISEG Young Economics Society e todos os meses haverá um novo episódio.

 

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Receitas do turismo aceleram 14% no arranque do ano. Polacos destacam-se nas dormidas

Alojamento turístico recebeu um total de 1,6 milhões de hóspedes em janeiro. Britânicos mantêm liderança das dormidas de não residentes em Portugal, mas foi o mercado polaco que mais cresceu.

A atividade turística em Portugal manteve a trajetória de crescimento em janeiro. A estimativa rápida publicada esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra que o setor do alojamento registou 1,6 milhões de hóspedes e 3,7 milhões de dormidas no primeiro mês do ano, mais 8,3% e 6,3%, face há um ano, respetivamente.

Dados do INE mostram ainda que os proveitos do alojamento turístico totalizaram 262 milhões de euros em janeiro, uma subida homóloga de 13,8%.

As dormidas de residentes registaram um aumento de 11,3% correspondendo a 1,3 milhões, enquanto as dos não residentes registaram um crescimento de 3,8%, totalizando 2,4 milhões.

Fonte: INE

No que toca aos mercados externos, o britânico manteve-se como principal mercado emissor (quota de 14,6%), apesar do decréscimo de 3,3% face ao mês homólogo, seguido da Alemanha (peso de 11,2%), que cresceu 5,1% no período em análise.

No grupo dos dez principais mercados emissores, os que mais cresceram foram o polaco (16,6%) e o norte-americano (10,3%). Em sentido inverso, o mercado francês e o brasileiro registaram os maiores decréscimos entre os dez principais mercados emissores, com uma quebra de 9,6% e 8,8%, respetivamente.

No primeiro mês do ano, todas as regiões registaram crescimentos nas dormidas, com os maiores aumentos a verificarem-se na Península de Setúbal (+14,4%) e no Alentejo (+11,4%). Já o Algarve registou o crescimento mais modesto (+1,1%).

Fonte: INE

“As dormidas de residentes registaram aumentos em todas as regiões, tendo sido mais expressivos na Madeira (+35,9%) e no Algarve (+19,3%)“, indica o INE.

Na globalidade dos estabelecimentos de alojamento turístico, a estada média foi de 2,29 noites, o que equivale a um decréscimo de 1,9% face a janeiro de 2023. O gabinete de estatística dá nota de que a estada média dos residentes (1,70 noites) aumentou 1,1% e a dos não residentes (2,80 noites) decresceu 2,8%.

Neste indicador, a Madeira registou as estadas médias mais prolongadas por parte dos não residentes (5,44 noites) e dos residentes (2,99 noites).

Por fim, o INE realça que a Grande Lisboa foi “a região que mais contribuiu para a globalidade dos proveitos (35,1% totais e 37,2% de aposento), seguida da Região Autónoma da Madeira (19,1% e 18,1%, respetivamente) e do Norte (16,4% e 16,5%, respetivamente.

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Digi terá captado mais de 50 mil clientes móveis em Portugal

Até ao fim do ano, a nova operadora terá conseguido captar mais de 50 mil clientes móveis. Mas fechou o ano com menos de cinco mil clientes com pacotes.

Os romenos da Digi estão ainda longe de conseguir replicar em Portugal o sucesso que têm tido em Espanha. Depois de se ter estreado no mercado português no início de novembro, a operadora terá fechado 2024 a captar menos de cinco mil clientes com as suas ofertas em pacote, segundo números da Anacom. Mas novos dados divulgados pela empresa esta sexta-feira permitem estimar que também terá angariado mais de 50 mil clientes móveis até ao fim do ano, período em que, no entanto, disponibilizou este serviço gratuitamente.

O forte investimento que a Digi tem canalizado para o país está a traduzir-se, para já, em poucos clientes, apesar de ter levado as empresas concorrentes a melhorarem os preços de algumas das suas ofertas. Não existem dados centralizados sobre a Digi, mas os resultados anuais do grupo mostram que a operadora registava no final do ano passado 321 mil clientes móveis (“unidades geradoras de receita”, no jargão do setor), incluindo os da Nowo, que tinha 270 mil quando foi comprada pela Digi em agosto, revelou a própria Digi na altura.

Mas vamos por partes. O último relatório da Anacom sobre o mercado das ofertas em pacote coloca a Digi com uma quota de apenas 0,1% no final do quarto trimestre, como noticiou esta sexta-feira o Jornal de Negócios. Tendo em conta que existem mais de 4,7 milhões de subscritores de pacotes em Portugal, de acordo com o mesmo relatório, a quota da Digi corresponderá a uma base de clientes com pacotes inferior a 4.750, isto sem contar com os clientes que o grupo romeno serve através da marca Nowo, que a Digi adquiriu no ano passado por 150 milhões de euros.

Aprofundando a análise, a Anacom atribui quotas de 0% à Digi nos pacotes com três, quatro e cinco serviços. Pelo contrário, a Digi destaca-se nos pacotes com dois serviços, com uma quota de 0,8%, que corresponderá a cerca de 3.242 clientes dos 405.303 que existiam em Portugal no final do ano passado.

Só que estes dados, por si só, não serão reveladores da total dimensão da pegada da Digi em Portugal. E por vários motivos. Por um lado, dizem respeito a um período de lançamento da marca no país, que começou a vender serviços, efetivamente, no dia 5 de novembro. Desde então, a operadora tem expandido a sua presença física ao instalar cada vez mais stands em locais de grande afluência de pessoas, como centros comerciais.

Por outro lado, os números do regulador abrangem só as ofertas em pacote, enquanto a Digi permite aos clientes escolherem exatamente os serviços que pretendem subscrever. Assim, um cliente que só subscreva um serviço não é contabilizado nas estatísticas da Anacom sobre os pacotes de serviços.

É aqui que entram os resultados anuais do grupo Digi, publicados esta sexta-feira, que permitem antever que a base de clientes da Digi em Portugal será maior do que os menos de cinco mil clientes que subscreveram ofertas em pacote.

A principal pista está no segmento móvel. Como referido, no relatório anual da Digi, a empresa indica ter 321 mil clientes de serviço móvel, incluindo os clientes da Nowo. Ora, quando comprou a Nowo, em agosto do ano passado, a Digi revelou que a antiga Cabovisão tinha “aproximadamente 270 mil clientes” móveis. São cerca de 51 mil a mais.

Também é possível calcular, com base em dados da Anacom referentes a terceiro trimestre, que a Nowo teria, no final de setembro, aproximadamente 250 mil clientes móveis, com base nos acessos móveis ativos com utilização efetiva através de telemóvel. Assim, a estimativa de captação de mais de 50 mil clientes pode até ser conservadora. Importa lembrar, contudo, que a Digi ofereceu o serviço móvel aos clientes até ao final de 2024.

Os 321 mil clientes que a Digi diz ter na rede móvel, incluindo os da Nowo, estão acima dos 127 mil clientes que diz ter no serviço de banda larga, mais 121 mil clientes de televisão paga e 107 mil clientes com telefone fixo. Recentemente, a Digi começou a tentar passar os atuais e novos clientes móveis da Nowo para o seu próprio serviço móvel, conforme noticiou o ECO.

O ECO enviou perguntas à Digi sobre o número de clientes da empresa no móvel, fixo, TV e telefone. Encontra-se a aguardar resposta.

Para já, em Portugal, a receita média da Digi com cada utilizador, nos 7,6 euros, está acima da média de 5,7 euros do grupo em todos os mercados em que opera, mas abaixo dos 8,7 euros que a empresa obteve em Espanha. Mas, no mercado vizinho, a empresa fechou 2024 com quase dois milhões de clientes de banda larga, quase 5,9 milhões de clientes móveis e 626 mil clientes com telefone.

Ainda assim, a empresa está focada em crescer no mercado nacional, onde em agosto passado já tinha “mais de 600 colaboradores”. A empresa está a executar um plano de investimento de “mais de 500 milhões de euros” no país, onde se inclui o valor pago pela Nowo e os mais de 67 milhões de euros que pagou pelas licenças 5G adquiridas em 2021 à Anacom.

A conta-gotas, vai-se conhecendo mais informação sobre a Digi. No início deste mês, a Anacom publicou dados que mostraram que a empresa romena já tem mais antenas 5G do que a Meo, em Portugal: “Analisando os dados por operador, a Nos era o operador com mais estações de base 5G instaladas (4.786), sendo seguida pela Vodafone (4.611), pela Digi (2.130) e pela Meo (1.562)”, referiu o regulador num balanço trimestral.

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