Chinesa BYD adia produção em massa na nova fábrica na Hungria

  • Joana Abrantes Gomes
  • 11:53

Por sua vez, a fabricante chinesa vai acelerar a produção numa unidade na Turquia, onde os custos com a mão-de-obra são mais baixos.

A BYD vai adiar a produção em massa de veículos elétricos na sua nova fábrica na Hungria até 2026, ficando a operar abaixo da capacidade durante pelo menos os dois primeiros anos, avança a Reuters, que cita fontes familiarizadas com o tema.

Por outro lado, a fabricante chinesa — que em abril superou pela primeira vez a Tesla na venda de elétricos na Europa — vai arrancar com a produção mais cedo do que o previsto na nova unidade na Turquia, onde os custos de mão-de-obra são mais baixos, excedendo em muito os planos de produção inicialmente anunciados.

A transferência da produção de automóveis da BYD da Hungria para a Turquia seria um revés para a União Europeia (UE), que esperava que as suas tarifas sobre os veículos elétricos fabricados na China trouxessem mais investimento chinês e empregos na indústria bem remunerados.

A fábrica da BYD em Szeged, no sul da Hungria, está avaliada em 4 mil milhões de euros e vai iniciar a produção em massa no próximo ano, mas produzirá apenas algumas dezenas de milhares de veículos ao longo de 2026. Isto representaria uma fração da capacidade de produção inicial desta unidade, de 150.000 veículos, quando a capacidade máxima deverá ser de 300.000 automóveis por ano.

Oficialmente, a BYD afirmou apenas que iniciará as operações em Szeged em outubro, mas não divulgou publicamente quando começará a produção em massa. A produção na unidade húngara deverá aumentar em 2027, mas ainda estará abaixo da capacidade planeada, segundo as fontes citadas pela Reuters.

Já a fábrica da empresa chinesa em Manisa, no oeste da Turquia, avaliada em mil milhões de dólares e que deveria iniciar a produção no final de 2026, com uma capacidade anual de 150 mil automóveis, produzirá mais veículos do que a unidade na Hungria no próximo ano.

A BYD está a construir uma fábrica na Hungria para poder vender os seus automóveis na Europa sem estar sujeita a tarifas. Isto porque todos os automóveis que vende atualmente no continente europeu são fabricados na China e estão sujeitos às tarifas adicionais “anti-subsídios” da UE sobre as importações de veículos elétricos fabricados em território chinês, para além da taxa padrão de 10%. No caso da BYD, a tarifa total é de 27%.

Não obstante, muitos dos automóveis produzidos na nova fábrica na Turquia terão como destino também a Europa e não estarão sujeitos a tarifas quando exportados para a UE.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Unicórnio entra nas autárquicas. CEO da Sword Health é mandatário de Pizarro no Porto

Fundador da health tech sediada no Porto, onde emprega perto de 500 pessoas, assume compromisso com a candidatura autárquica socialista protagonizada novamente pelo médico e ex-ministro da Saúde.

Virgílio Bento, fundador e CEO da unicórnio Sword Health, vai ser o mandatário da candidatura do socialista Manuel Pizarro à Câmara Municipal do Porto, confirmou o ECO/Local Online. A apresentação formal está agendada para sexta-feira ao final da tarde no restaurante Bosco, no Jardim das Virtudes.

O líder da health tech, que conta com 500 mil pacientes e já recebeu mais de 300 milhões de dólares de investidores, tinha estado presente na apresentação da candidatura, realizada no início de junho no Palácio da Bolsa. A Sword Healh emprega cerca de 500 pessoas no Porto, onde prevê investir 180 milhões de euros até ao final da década. Paga 1.305 euros de salário de entrada e bónus de 20% a quem vive no Interior.

Virgílio Bento, fundador da Sword Health, é o mandatário da candidatura de Manuel Pizarro à Câmara do Porto nas eleições autárquicas de 2025

Na sessão em que o ex-ministro da Saúde prometeu 5.000 casas com renda moderada e transportes gratuitos para maiores de 65 anos se for eleito em outubro, Virgílio Bento referiu ser “a primeira vez que publicamente” apoia um candidato em eleições e lembrou como Pizarro foi o único que compareceu na inauguração da primeira sede na cidade, quando “ninguém queria saber” da empresa.

Elogiando Manuel Pizarro por “tratar todos da mesma forma”, quer more na Foz ou nos Guindais, ilustrou, o empreendedor nascido na Guarda, que vai avançar com solução IA para a saúde mental, sublinhou ainda nessa ocasião que “num momento tão crítico a nível político”, o país e a cidade precisam de “pessoas boas e de pessoas de bem”. “Precisamos de pessoas que não se alimentem do ódio”, acrescentou.

A corrida à segunda maior câmara do país nas próximas autárquicas promete ser renhida, com quase uma dezena de candidatos já anunciados. Além de Manuel Pizarro (PS), estão nesta disputa nomes como Pedro Duarte (PSD e IL), Miguel Côrte-Real (Chega), Diana Ferreira (CDU), Sérgio Aires (BE), Aníbal Pinto (Nova Direita), além de três independentes (Filipe Araújo, Nuno Cardoso e António Araújo).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Taxas do crédito à habitação em queda antes de reunião do BCE

  • Lusa
  • 11:41

Taxas Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação mensal da casa, caíram nos principais prazos. BCE anuncia rumo dos juros na quinta.

As taxas Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação mensal da casa, desceram a três, a seis e a 12 meses, isto em vésperas da reunião do Banco Central Europeu (BCE) para decidir o rumo das taxas de juro na Zona Euro.

  • A taxa Euribor a seis meses baixou para 2,032%, menos 0,019 pontos que na segunda-feira.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também caiu para 2,050%, menos 0,028 pontos.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses desceu para 1,944%, menos 0,027 pontos do que na sessão anterior.

Esta semana, na quarta e na quinta-feira, realiza-se a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt. Os investidores aguardam com expectativa a reunião de política monetária do BCE desta semana, que deverá manter as taxas, pelo que as atenções estarão centradas na possibilidade de a presidente da entidade, Christine Lagarde, dar alguma pista sobre os próximos passos.

Na última reunião de política monetária em 04 e 05 de junho, em Frankfurt, o BCE desceu as taxas de juro em 0,25 pontos, tendo a principal taxa diretora caído para 2%.

Esta descida foi a oitava desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024 e, segundo os analistas, deverá ser a última deste ano.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rui Moreira pondera candidatar-se a Presidente da República

  • ECO
  • 11:23

Autarca portuense está a trabalhar em eventual candidatura há várias semanas e já terá financiadores. Pode anunciar a decisão esta terça-feira à noite.

Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, está a ponderar candidatar-se a Presidente da República. A informação foi avançada na segunda-feira à noite pelo comentador Rui Calafate na CNN Portugal e confirmada pelo Observador e pelo Público.

“Em primeira mão, o Rui Moreira pondera uma candidatura presidencial. Tem recebido muitos apoios e muitos apelos sobretudo na área do Norte de várias pessoas de vários quadrantes políticos”, disse o comentador. “Está a ponderar, não sei se depois vai avançar”, acrescentou.

O Público noticia que a candidatura do autarca a Belém está a ser preparada “há umas semanas” e que já tem “financiadores”. Por sua vez, o Observador, que apurou a mesma informação, acrescenta que a intenção de concorrer a Belém deverá ser confirmada esta terça-feira à noite pelo próprio Rui Moreia no seu espaço de comentário na mesma estação televisiva.

A avançar, lembra o Público, seria uma mudança de posição por parte do histórico autarca portuense. Ainda em abril, em declarações à Antena 1, Rui Moreira dissera não estar “talhado” para assumir o cargo. “Já temos bastante candidatos, ainda vão surgir outros”, afirmou nessa altura.

No mesmo espaço de opinião na CNN, o comentador Rui Calafate confirmou ainda mais uma candidatura a Belém. “Posso-vos garantir neste momento que é imparável que João Cotrim Figueiredo vai ser candidato a Belém”, disse, referindo-se ao eurodeputado e ex-presidente da Iniciativa Liberal.

No sábado, Cotrim Figueiredo já se tinha mostrado disponível para ser candidato presidencial, mas afirmou que a decisão não estava tomada. Em reação, Mariana Leitão, nova líder dos liberais, afirmou que o eurodeputado reúne “todas as características” para tal.

Estes dois nomes deverão, assim, juntar-se aos de Luís Marques Mendes, Henrique Gouveia e Melo, António José Seguro e António Filipe como os principais candidatos presidenciais já confirmados na corrida à sucessão e Marcelo Rebelo de Sousa.

A informação surge numa altura em que uma sondagem sobre as eleições Presidenciais feita pela Intercampus para o canal Now dá um empate técnico a Gouveia e Melo, Marques Mendes e António José Seguro, com o antigo chefe do Estado-Maior da Armada a apresentar uma ligeira vantagem em relação aos adversários — resultados de, respetivamente, 20%, 17,2% e 16,5%, mas dentro da margem de erro.

As eleições Presidenciais deverão acontecer em janeiro de 2026, provavelmente no dia 25, com uma possível segunda volta a 15 de fevereiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Receitas com impostos ambientais sobem na União Europeia, mas perdem peso

Eurostat regista um ligeiro aumento do volume de receitas recolhidas com impostos ambientais em 2023, mas assinala que o peso no PIB e no total de receitas fiscais diminuiu.

Apesar de as receitas com impostos ambientais terem aumentado ligeiramente — 2,1%, para 341,5 mil milhões de euros — na União Europeia, em 2023, o respetivo peso no Produto Interno Bruto e nas receitas fiscais totais decresceu. A maior parte destas receitas — quase metade — têm origem nas empresas.

O peso destes impostos no PIB da União Europeia era em 2023 de 2%, abaixo dos 2,4% registados em 2010. Esta categoria fiscal contribuía para 5,1% das receitas fiscais totais há dois anos, quando em 2010 tinha um peso de 6,3%.

Em 2023, as empresas geraram 49,4% do total de receitas fiscais ambientais na UE, sendo que as maiores contribuidoras foram as do setor da construção, minas e utilities (23,6%) e as do setor dos serviços (25,8%). As maiores contribuições registam-se na Chéquia (81,2%), Estónia (80,3%) e Roménia (79,1%), e as mais pequenas na Áustria (33,6%), Luxemburgo (34,9%) e Irlanda (38%).

Em Portugal, tal como havia sido divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística, o valor dos impostos com relevância ambiental ascendeu a cerca de 5,4 mil milhões de euros nesse ano, correspondendo a 5,6% da receita com impostos e contribuições sociais (5,3% em 2022). O Eurostat assinala que a indústria e serviços contribuíram com mais de 3 mil milhões de euros e a outra grande fatia — 2,3 mil milhões — foi amealhada junto das famílias.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Subscrições de Certificados de Aforro abrandam pelo terceiro mês

Certificados de Aforro continuam a perder gás refletindo a diminuição da remuneração associada a estes títulos. Captaram 319 milhões em junho, o valor mais baixo deste ano.

Os Certificados de Aforro continuam a perder gás. As subscrições líquidas abrandaram pelo terceiro mês seguido em junho perante a descida da remuneração oferecida por estes títulos de poupança do Estado.

As famílias portuguesas aplicaram um montante líquido de resgates na ordem dos 319,0 milhões de euros no mês passado, o valor mais baixo do ano, segundo os dados do Banco de Portugal.

Isto acontece numa altura em que a remuneração dos Certificados de Aforro continua a perder brilho por conta da descida da Euribor a 3 meses. Em abril, deixaram de render o teto máximo de 2,5% em abril. Em junho as novas subscrições feitas nesse mês viram a taxa de remuneração base cair para 2,07%. E continua a cair.

Ainda assim, apesar de os Certificados de Aforro convencerem cada vez menos investidores, o montante aplicado nestes títulos bateu novo recorde nos 37,82 mil milhões de euros.

Certificados perdem brilho

Fonte: Banco de Portugal

Já os Certificados do Tesouro mantêm-se fora do radar das famílias na hora de poupar: registaram subscrições líquidas negativas de 155,1 milhões de euros em junho. Há 44 meses que sai mais dinheiro do que entra nestes certificados onde, ainda assim, estavam aplicados 8,8 mil milhões no final do mês passado.

Tudo somado, Certificados de Aforro e do Tesouro continuam a representar uma importante fatia das poupanças dos portugueses, estando aqui aplicados mais de 46,6 mil milhões de euros.

(Notícia atualizada às 11h18)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sindicato dos Jornalistas apela à proteção dos postos de trabalho na dona da Visão

  • Lusa
  • 11:01

Luís Simões, presidente do sindicato, aponta que a concentração nos media é "muito perigosa”, considerando que a intervenção do poder político nestas situações pode ser uma solução.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas considera essencial proteger os 80 postos de trabalho que, atualmente, asseguram todas as publicações do grupo Trust in News (TiN), como a Visão, Caras ou Exame, apelando à intervenção do Estado em momentos de crise.

Em entrevista à agência Lusa, Luís Simões explica que os títulos que constituem o grupo TiN eram assegurados por 140 pessoas das várias áreas, não só jornalistas, “hoje são 80”, por isso é preciso “proteger esses postos de trabalho, dessas 80 pessoas, proteger os títulos e esta memória coletiva, que não pode desaparecer”.

Sobre a decisão do Tribunal da comarca de Lisboa Oeste, o responsável sindical refere que “a culpa não é da juíza que decretou o fim das empresas, a culpa é de quem durante anos geriu de uma forma inacreditável aquelas empresas, que empurrou todos estes órgãos para a situação em questão, que fez com que os trabalhadores de todos estes órgãos tivessem de um ano e meio a esta parte, permanentemente, salários em atraso, subsídios por pagar, condições de trabalho que se foram degradando”.

As mais básicas obrigações de uma entidade patronal não foram nunca respeitadas”, afirmou.

Neste sentido, para o presidente do sindicato, “não é solução o regresso de Luís Delgado”, até porque “ao mesmo tempo que a empresa estava em crise, o gestor Luís Delgado recebeu propostas para vários dos órgãos. Algumas recusou porque entendeu que era pouco dinheiro e a outras nem sequer respondeu”.

No atual contexto, Luís Simões refere que “muito provavelmente o que irá acontecer é dizer-se àqueles trabalhadores que vai ter de ser feita uma liquidação controlada, provavelmente com venda de títulos, se houver comprador”.

Neste sentido, o responsável alerta que “a concentração [no mercado] é muito perigosa”, pelo que a intervenção do poder político nestas situações pode ser uma solução, o que está em causa “é um rombo na pluralidade”. “Não temam a interferência do Estado porque os jornalistas saberão resistir nos momentos em que haverá interferências”, afirmou.

Para o responsável, em causa está a necessidade de preservar a memória do país, mencionando: “a Visão tem sido, ao longo dos anos, uma news magazine fundamental para entendermos a sociedade e o que nos rodeia. A Visão é memória. A Visão mostra-nos a forma como este país evoluiu ao longo dos anos”.

É um momento de a defendermos, de defender os trabalhadores, de defender a Visão e a memória coletiva“, disse o presidente.

Questionado sobre que balanço faz do panorama mediático português no primeiro semestre do ano, Luís Simões afirma que o país “anda de crise em crise”, estando o sindicato “a tentar que o diálogo com as empresas aconteça para não continuar uma coisa que tem sido muito séria, a degradação da condição de trabalho dos jornalistas, que tem sido inacreditável”. “Hoje é muito difícil ser jornalista”, afirmou o presidente do Sindicato dos Jornalistas.

Concentração do mercado e baixo consumo noticioso amplificam desinformação

Luís Simões defende também que a elevada concentração do mercado mediático em Portugal e o baixo consumo noticioso são fatores que contribuem para a amplificação da desinformação.

“O fenómeno da desinformação será muito idêntico em todos os países, centrando-nos na nossa realidade é algo um pouco mais grave. Somos um país pequeno, com pouca gente a consumir informação“, explicou o responsável.

Ao mesmo tempo que vamos perdendo órgãos de comunicação e assistindo a uma enorme e perigosa concentração, a desinformação vai conquistando espaço“, afirmou.

Além disso, os grandes investimentos em desinformação e “investimento zero na informação” podem fazer perder esta batalha, pois, em Portugal, sente-se “uma enorme resistência de todos os governos e de grande parte do poder político, (…) no apoio efetivo e eficaz à informação“, acrescentou.

Neste sentido, Luís Simões, admitiu que a “extrema-direita é a grande responsável por disseminar retóricas que não são verdade“, porque hoje em dia, no jornalismo, “em muitos momentos, é mais importante ser rápido do que ser rigoroso e verificar tudo”.

“Quem tem a responsabilidade de verificar não são os polígrafos”, afirmou o responsável, referindo que para combater a desinformação é preciso ter memória histórica e diversidade nas redações e “não só homens brancos de 50 anos”.

As grandes empresas de comunicação no século XXI têm vivido sempre nos limites. Temos 25 anos deste século e não lembro de não haver palavra crise colada à palavra jornalismo“, refere.

Apesar disso, o líder sindical refere que “provavelmente os grandes meios tiveram condições de responder bem à desinformação nos primeiros tempos, quando tinham redações maiores (…) e não havia a loucura de ter que se dar a notícia no segundo depois do acontecimento”.

“Se há condições para verificar tudo o que escrevemos, provavelmente em alguns momentos não há“, admite o responsável, embora o combate à desinformação tenha vindo a ser feito através de trabalhos jornalísticos de grande qualidade.

Neste contexto, Luís Simões destaca o caso do jornalismo desportivo, em que os jornalistas se afastaram nas suas fontes, fazendo com que a informação chegue através de outras pessoas, como as agências comunicação, “que em muitos casos têm mais gente e condições do que os próprios jornais”, admitindo que este é já um erro generalizado.

Apesar do cenário atual não ser catastrófico, a pandemia foi um momento “que não soubemos capitalizar”, considerou Luís Simões, afirmando que foi um momento em que houve um ‘boom’ de desinformação, mas em que as pessoas perceberam que a informação estava no jornalismo, pois “o jornalismo desmontou muitas das retóricas”.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas considerou ainda que a Inteligência Artificial (IA) trouxe desafios para os quais os jornalistas não estavam preparados, pelo que é importante apostar na formação.

Tem havido “zero contacto” com o SJ no desenvolvimento do Amália

O desenvolvimento do chatbot português ‘Amália’ foi outro dos temas abordados na entrevista, com o presidente do sindicato a lamentar que ainda não tenha havido qualquer contacto das universidades responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, bem como por parte da tutela governativa.

Luís Simões começa por explicar que, pelo que sabe, o modelo de Inteligência Artificial (IA) português está “na vertente do debate e engenharia”, o que não inviabiliza uma conversa sobre diretos de autor da informação utilizada para treinar a ferramenta de IA.

O Amália vai servir-se de informação produzida por jornalistas, na sua maioria, e é bom que assim seja, para a informação ser verificada”, por isso, “era muito interessante pensarmos que há direitos de autor e conexos que devem ser preservados”, explica.

Neste sentido, o presidente do sindicato diz ter havido “zero contacto” entre as universidades envolvidas no projeto, bem como por parte do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que detém no seu ministério a pasta da comunicação social.

Assim, para o responsável, este “é um bom momento de se pagar aos jornalistas pelo trabalho que fazem, que é informar“, ao mesmo tempo que se questiona se o Estado estará a preparar uma forma de salvaguardar o pagamento dos direitos de autor, quando determinada informação é usada para treinar o chatbot.

O que tem vindo a acontecer há muito tempo é que as empresas e os jornalistas produzem informação e toda a gente vai buscar. Utiliza-se essa informação ganhando dinheiro com a publicidade (…) e não acontece nada porque ninguém paga por essa informação produzida por outro”, explica.

Assim, para o responsável sindical este é o momento para as empresas, jornalistas e sindicatos discutirem uma forma de contornar este fenómeno, nomeadamente com o modelo de IA português.

Em matéria de IA no jornalismo, Luís Simões diz que o sindicato apresentou várias propostas para o livro branco de IA no jornalismo, medida presente no “Plano de Ação para a Comunicação Social”, apresentado pelo anterior governo, medidas essas que não avançaram por falta de tempo.

“Não houve tempo para trabalharmos muitas outras [medidas] que apresentámos e eu achei que este trabalho podia ter desenvolvimento e lamento hoje dizer que as eleições já foram há algum tempo, o sindicato tem pedido uma audiência com o ministro Leitão Amaro e ainda não tivemos resposta (…) não sei se isso quer dizer que o diálogo que mantivemos antes acabou”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

AFP denuncia situação desesperada de jornalistas em Gaza

  • Lusa
  • 10:59

A Sociedade dos Jornalistas da France Press denuncia situações de carência absoluta de alimentos e água e as consequências, da fome à falta de higiene, dos jornalistas e dos seus familiares.

A Sociedade dos Jornalistas (SDJ) da agência France Press (AFP) descreveu a situação desesperada dos seus camaradas na Faixa de Gaza, que veio a recolher a solidariedade da direção da organização noticiosa ao fim do dia.

Em comunicado colocado na rede social X, a SDJ recorda que não há lembrança de ver um trabalhador da Agência morrer de fome, desde que esta foi fundada em agosto de 1944, o que está em vias de ocorrer.

Em comunicado intitulado “Sem intervenção imediata, os últimos repórteres de Gaza vão morrer”, a SDJ especificou que a agência trabalha com 10 jornalistas independentes na Faixa de Gaza, que lhe fornecem textos, fotografias e vídeos.

Um deles, Bashar, que trabalha com a AFP desde 2010, detalhou a SDJ, no sábado conseguiu colocar uma mensagem no Facebook: ‘Já não tenho força para trabalhar’ (…)”.

No texto detalham-se situações de carência absoluta de alimentos e água e as consequências, da fome à falta de higiene, nas pessoas destes jornalistas e dos seus familiares. “Os seus pedidos de ajuda, dilacerantes, são agora diários”.

Depois do comunicado da SDJ, a Direção da AFP expressou a sua solidariedade, com os profissionais na Faixa de Gaza. Em texto colocado também a X, a Direção da agência “partilha a angústia expressa pela SDJ quanto à situação terrível” dos camaradas na Faixa de Gaza.

Mais acrescentou: “Assistimos desde há meses, impotentes, à deterioração dramática das suas condições de vida. A sua situação é hoje insustentável, apesar de uma coragem, um empenho profissional e uma resiliência exemplares“.

Desta forma, acrescentou, “a AFP, que conseguiu depois de meses de esforços retirar os seus oito assalariados da Faixa de Gaza e as suas famílias, entre janeiro e abril de 2024, desenvolve os mesmos esforços para os seus colaboradores independentes, apesar da extrema dificuldade de os retirar de um território submetido a um bloqueio estrito”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

UE propõe novo programa “AgoraEU” para apoiar os media

  • + M
  • 10:35

Orçamentado em nove mil milhões de euros, o programa quer apoiar a cultura e os media, "garantindo acesso mais simples aos beneficiários através de regras e acordos de financiamento comuns".

A União Europeia (UE) vai propor um novo programa, denominado AgoraEU e que, entre outras coisas, tem como objetivo apoiar os media. Esta é uma das propostas da Comissão Europeia para o orçamento da UE 2028-2034, que foi reforçado para dois biliões de euros.

Orçamentado em cerca de 8,5 mil milhões de euros, o programa AgoraEU visa apoiar a cultura, os media e a sociedade civil, “garantindo acesso mais simples aos beneficiários através de regras e acordos de financiamento comuns”. A vertente de apoio aos media conta com um financiamento total de 3,194 mil milhões de euros para o período 2028-2034.

Este programa tem vários objetivos, como o de apoiar e promover a diversidade cultural e linguística e o património, aumentar a competitividade dos setores culturais e criativos (em particular das indústrias dos meios de comunicação social e audiovisual), salvaguardar a liberdade artística e dos media e proteger e promover a igualdade, a cidadania ativa, os direitos e os valores.

Esta é uma prioridade uma vez que “a educação, a cultura, os media e os nossos direitos fundamentais moldam o tipo de Europa em que as pessoas vivem: aberta, qualificada e conectada. Os cidadãos esperam que a UE apoie a aprendizagem, a criatividade, os direitos, o acesso a conteúdos mediáticos diversos, o debate público e a vida democrática além-fronteiras. É isto o que faz da Europa uma união de valores”, refere a comissão europeia.

Sobre os media, a Comissão Europeia começa por apontar na sua proposta que os meios de comunicação social e os jornalistas na Europa estão sob “pressão crescente”, com a ascensão das plataformas online, a mudança dos hábitos de consumo e a “crescente disseminação da desinformação”. Este é um conjunto de desafios que tem “afetado as receitas e a distribuição de notícias, minando a viabilidade e a confiança do público nos meios de comunicação social e limitando o acesso dos cidadãos a conteúdos jornalísticos europeus diversificados e produzidos de forma profissional“.

Neste sentido, “a UE deve apoiar um ecossistema de informação viável, independente e diversificado, proteger os jornalistas ameaçados, promover a liberdade e o pluralismo dos meios de comunicação social e reforçar a integridade do espaço informativo, promovendo medidas e reforçando a cooperação destinada a combater a desinformação e a apoiar a literacia digital e mediática“, refere a comissão europeia.

Estas prioridades da UE surgem também tendo em conta que 92% dos europeus consideram que o apoio à independência e ao pluralismo dos meios de comunicação social e o combate à desinformação são prioridades políticas importantes. 81% dos europeus acreditam também que o apoio à viabilidade e à resiliência das indústrias audiovisual e dos media é uma prioridade política importante.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Uma nova era dourada para a energia nuclear”. Governo britânico investe em central de 45 mil milhões de euros

O investimento vai ser feito em parceria com empresas. O secretário da Energia britânico anuncia "uma nova era dourada para a energia nuclear".

O governo britânico anunciou esta terça-feira a decisão de investir, com algumas empresas, na futura central nuclear britânica de Sizewell C, no leste de Inglaterra, que custará cerca de 38 mil milhões de libras (quase 45 mil milhões de euros).

Esta futura central é um projeto fundamental para a segurança energética britânica e o governo britânico está a “fazer os investimentos necessários para inaugurar uma nova era dourada para a energia nuclear”, garantiu o secretário da Energia, Ed Miliband, em comunicado.

Londres já destinou quase 18 mil milhões de libras a este projeto e tem vindo a trabalhar nos bastidores há meses para procurar parceiros privados adicionais e garantir financiamento para um custo que aumentou pelo menos oito mil milhões de libras, em comparação com as estimativas iniciais.

O governo será o maior acionista, com 44,9%, à frente da Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ, 20%), do grupo de energia britânico Centrica (15%) e do fundo de investimento britânico Amber Infrastructure (7,6%). A empresa pública francesa de energia EDF já tinha anunciado a sua participação, de 12,5%, no início deste mês.

Desde o início da guerra na Ucrânia, Londres intensificou os seus esforços para se desfazer dos hidrocarbonetos e fez da energia nuclear uma das suas prioridades. Esta é também uma forma de atingir as suas ambições climáticas, complementando os imensos parques eólicos que estão a ser construídos no mar.

A Sizewell C, que incluirá a construção de dois reatores nucleares EPR de nova geração, está a ser liderada pelo grupo francês, que já gere a antiga frota nuclear do Reino Unido e está a construir simultaneamente outra central nuclear – Hinkley Point C -, no sudoeste de Inglaterra.

O preço de 38 mil milhões de libras anunciado representa um aumento acentuado em relação à estimativa oficial anterior, de entre 20 mil milhões e 30 mil milhões de libras (que muitas fontes consideraram desatualizada). Contudo, o governo britânico defende que se trata de um investimento 20% menor do que Hinkley Point C.

Embora a EDF detenha 72,6% de Hinkley Point C, foram levantadas críticas no Reino Unido, apontando para a excessiva proporção de financiamento que será suportado pelo contribuinte britânico para a nova central de Sizewell C. Mas em França, onde a revitalização do setor foi aprovada pelo governo, as despesas da EDF, uma empresa 100% pública, estão a ser acompanhadas de perto.

As somas astronómicas e as derrapagens orçamentais associadas aos projetos nucleares da empresa no Reino Unido já estão a provocar algumas críticas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Novo embaixador americano vê “ameaça” na influência das empresas chinesas em Portugal

  • ECO
  • 9:58

Durante a audição de nomeação no Senado, o empresário do setor automóvel que Trump apontou para liderar a diplomacia em Lisboa mostrou-se preocupado com peso da China em grupos como EDP, REN ou Mota.

O novo embaixador norte-americano em Portugal, John Arrigo, está preocupado com a presença de empresas estatais chinesas em companhias portuguesas como a EDP, REN ou Mota-Engil, e garantiu que vai abordar esta problemática quando chegar a Lisboa.

“Será correto que algumas das maiores empresas da China sejam proprietárias de algumas empresas de energia de Portugal? Será correto que algumas empresas de construção da China sejam proprietárias de algumas das maiores empresas de construção em Portugal?”, questionou John Arrigo durante a sua audição de nomeação no Senado dos EUA.

De acordo com as declarações deste empresário do setor automóvel que Donald Trump apontou para Lisboa, proferidas durante a semana passada e reproduzidas pelo Jornal Económico (acesso pago), o diplomata referiu ainda que “gostaria de [se] sentar [com os responsáveis] e discutir todas as ameaças que temos entre o setor energético, a construção e os gastos com defesa em Portugal”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Supremo abre porta à penhora de contas congeladas da Venezuela no Novobanco

  • ECO
  • 9:37

Decisão do Supremo Tribunal de Justiça abre caminho para a execução dos 1,3 mil milhões de euros que o estado venezuelano tem em depósitos no Novobanco.

O Supremo Tribunal de Justiça reconheceu a validade de uma sentença de um tribunal arbitral internacional, baseado em França, que condenou o Estado venezuelano a pagar 713 milhões de euros a uma empresa mineira canadiana, a Gold Reserve. A decisão pode agora abrir portas a uma execução dos 1,3 mil milhões de euros que a Venezuela tem em depósitos no Novobanco, escreve o Jornal de Notícias (acesso pago).

O litígio remonta a 1992, ano em que a Gold Reserve passou a explorar o depósito mineiro “Las Brisas”, localizado em Sifontes, no Estado de Bolívar. Os estudos de exploração indicam que a área tem reservas estimadas em 10,2 milhões de onças de ouro e 1,4 mil milhões de libras de cobre. Porém, em 2008, o então Presidente venezuelano, Hugo Chávez, nacionalizou as ações da empresa canadiana e retirou-lhe a exploração, acabando esta por fazer um requerimento de arbitragem ao Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos (ICSID).

Tendo em conta que a Venezuela tem contas milionárias em Portugal, a empresa mineira decidiu avançar judicialmente nos tribunais nacionais na tentativa de cobrar a dívida. Em fevereiro, o reconhecimento da sentença francesa havia já sido reconhecida pelo Tribunal da Relação de Lisboa, mas a Venezuela recorreu para o Supremo invocando o princípio da imunidade de jurisdição e a violação da ordem pública. O Supremo confirmou os argumentos da Relação, reconhecendo a dívida.

De acordo com o mesmo jornal, apesar da decisão do Supremo, persiste a dúvida sobre o modo como a Gold Reserve pode penhorar as verbas existentes no Novobanco, uma vez que estão em contas de várias empresas estatais, entre elas o Banco de Desenvolvimento Económico e Social e a estatal Petróleos de Venezuela SA, além de várias filiais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.