Tribunal de Contas europeu alerta para cheques da bazuca pagos indevidamente

Tribunal de Contas Europeu concluiu que “há pagamentos que não cumpriram todas as condições e falhas nos sistemas de controlo dos países da UE” relativamente aos 48 mil milhões de euros do MRR.

O Tribunal de Contas europeu está “preocupado” com o aumento dos erros nas despesas do orçamento europeu, diz o Tribunal de Contas no relatório anual de 2023.

A instituição liderada por Tony Murphy emitiu “uma opinião adversa sobre a legalidade e regularidade das despesas orçamentais da UE” e “uma opinião com reservas sobre a legalidade e regularidade das despesas ao abrigo do Mecanismo de Recuperação e Resiliência” (MRR), ou seja, a bazuca europeia que financia os Planos de Recuperação e Resiliência (PRR). Uma opinião exatamente idêntica à expressa no relatório anterior referente a 2022.

Mas com uma nuance: a situação tem vindo a agravar-se. “Em 2022, havia erros em 4,2% das despesas (3% em 2021), mas em 2023 o valor subiu para 5,6%”. Tal como nos últimos quatro anos, o TCE conclui que “a taxa de erro estimada é generalizada e passa dos limites – por isso, dá uma opinião desfavorável (“adversa”) sobre as despesas da UE em 2023 – e salienta que o “grande aumento desta taxa é principalmente causado pelos erros nas despesas da área da coesão, que atingiram 9,3% (tinham sido 6,4% em 2022)”. Mas, a estimativa de erro da Comissão (risco no momento do pagamento) é de 1,9%, ou seja, significativamente inferior ao intervalo estimado pelo Tribunal.

Um erro não é uma fraude. De acordo com o entendimento do tribunal, os erros referem-se a situações em que os fundos não são utilizados de acordo com as regras europeias ou nacionais, mas também quando uma despesa é paga indevidamente com verbas do orçamento da UE.

O ano passado, o Tribunal comunicou ao Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF) 20 casos de suspeita de fraude, mais seis do que em 2022, sendo que o OLAF já deu início a quatro inquéritos. Paralelamente, o Tribunal comunicou 17 destes casos à Procuradoria Europeia, a partir dos quais esta deu início a nove investigações. Durante a auditoria às despesas de 2023, o Tribunal detetou já 12 casos de suspeita de fraude, revela o relatório do guardião das finanças da União Europeia.

O Tribunal reconhece que os Estados-membros estão sob “muita pressão para usarem depressa as verbas de vários fundos da UE, o que lhes pode criar dificuldades em garantir que os projetos de coesão cumprem todas as regras de financiamento”. Por exemplo, Portugal está a concluir a execução do Portugal 2020 – que foi alargada até 2024 –, tem de executar o PRR até final de 2026 e teve de lançar o Portugal 2030, sendo que, em 2025 já está pressionado com os montantes a executar dada a aplicação da regra da guilhotina que determina a percentagem de fundos a executar cada em cada ano.

Ao nível dos fundos de Coesão – que financiam o Portugal 2030, por exemplo –, os erros de elegibilidade foram os que mais contribuíram para o nível de erro estimado nas despesas de risco elevado (53%), seguidos dos erros relacionados com o incumprimento das regras em matéria de contratação pública e de auxílios estatais (31%). Situação idêntica ao que aconteceu em 2022.

Como os projetos com erros correspondem aos que recebem apoios do MRR e são muitas vezes controlados pelos mesmos organismos nacionais, o TCE considera que podem existir falhas parecidas nas despesas deste Mecanismo. A diferença é que, para receberem pagamentos do MRR, os países não têm de cumprir regras nacionais ou da UE (pelo que ninguém controla sistematicamente se o fazem”, explica o relatório.

Relativamente às despesas do MRR, a coluna dorsal do instrumento da UE para a recuperação da pandemia, em 2023, a Comissão efetuou 23 pagamentos de subvenções aos Estados-membros, relacionados com um total de 542 marcos e a totalidade das 135 metas. Portugal foi um deles, uma vez que submeteu, em simultâneo, o terceiro e quarto pedidos de desembolso em outubro e recebeu 2,46 mil milhões de euros em dezembro, tendo sido retidos 714 milhões por incumprimento de metas e marcos (verba que acabou por ser recebida apenas junho deste ano.

O Tribunal concluiu que “há pagamentos que não cumpriram todas as condições e falhas nos sistemas de controlo dos países da UE” relativamente aos 48 mil milhões de euros do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) e por isso emitiu uma opinião com reservas sobre as despesas do MRR. Isto significa que foram detetados problemas, mas não são generalizados.

Em seis pagamentos foram detetados “erros significativos”, mas também houve casos em que “as medidas e os marcos ou metas relacionados estavam mal pensados, ou em que as informações dadas pelos países nas suas declarações de gestão continuam a não inspirar confiança”.

O Tribunal também faz soar as campainhas de alarme no que diz respeito às autorizações por liquidar – dívidas futuras se não forem anuladas – que atingiram “um nível recorde de 543 mil milhões de euros no final de 2023”, que compararam com os 452,8 mil milhões de euros de 2022.

Em 2023, a própria dívida da UE disparou para 458,5 mil milhões de euros (em 2022 era de 348 mil milhões, uma subida de 32%), sobretudo por causa dos novos empréstimos para o Fundo de Recuperação e Resiliência (268,4 mil milhões de euros). A dívida é agora o dobro face a 2021 (236,7 mil milhões de euros), sublinha o Tribunal. “A UE é a entidade que mais dívida emitiu na Europa e não se sabe se a proposta da Comissão para os recursos próprios lhe dará meios suficientes para saldar as contas do fundo de recuperação da pandemia”, sublinha o relatório. Acrescentando que os novos custos dos empréstimos se devem situar entre 17 e 27 mil milhões de euros.

O Relatório Anual do Tribunal aponta ainda vários riscos e desafios que o orçamento da UE enfrenta: risco de anulação de autorizações, aumento da exposição financeira, inflação e riscos financeiros crescentes devido à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. As novas prioridades como a segurança e a defesa ou o alargamento também vão exigir um aumento significativo do financiamento.

“Os decisores terão de encontrar formas de satisfazer estas necessidades financeiras”, lê-se o relatório. Com o aumento brutal do nível de endividamento, resultado das “crises sucessivas que a União Europeia enfrentou”, é preciso garantir recursos para fazer face à amortização do MRR que se inicia em 2028 –30 mil milhões de euros por ano, isto é, um sexto do orçamento europeu.

Verbas que podem ser asseguradas através de recursos próprios (que ainda não foram materializados) ou do aumento do Orçamento da UE, sublinhou o membro português do Tribunal de Contas europeu. “A dívida passou de 50 mil milhões em 2019 para 458 mil milhões em 2023”, ilustra João Leão, sublinhando que esta situação via criar uma pressão adicional sobre o próximo quadro plurianual 2028-2034.

Um quadro para o qual já está aberta a discussão sobre qual o modelo a seguir em termos de distribuição de fundos, seja através da definição de metas e marcos, como no PRR, cujo cumprimento determina os pedidos de desembolso ou através da lógica atual de pagamento de despesa contra fatura.

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Tribunal de Contas europeu aponta falhas a Portugal na execução dos fundos

No relatório anual de 2023, do Tribunal de Contas europeu identifica sete falhas na execução do PRR e mais nove no Portugal 2020. Comissão Europeia vai investigar.

O Tribunal de Contas europeu identificou sete falhas de Portugal no cumprimento das metas e marcos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), conclusões que a Comissão Europeia vai agora investigar. Já ao nível dos fundos de coesão, foram nove os erros detetados.

O relatório anual de 2023, divulgado pelo Tribunal de Contas europeu, concluiu que Portugal “não cumpriu com o que estava programado no PRR” em sete situações, embora só numa o erro é de “natureza quantitativa”, revelou em conferência de imprensa João Leão, o membro português do Tribunal de Contas Europeu. As operações estão afetadas por erros quantificáveis nos casos em que o pagamento não deveria ter sido autorizado, explica o tribunal.

Apesar de ser “informação sob reserva”, em causa estão compras públicas, pontos de carregamento de veículos (relativo ao terceiro pedido de pagamento), a entrada em vigor da estratégia nacional para as compras públicas ecológicas, uma reforma que visa combater os principais obstáculos e constrangimentos identificados na valorização dos recursos biológicos para o desenvolvimento da bioindústria sustentável e circular, respeitando o princípio da utilização em cascata (relativa ao terceiro pedido de pagamento) e ainda a criação das estruturas regionais e sub-regionais da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), que visa reforçar a capacidade de resposta operacional aos fogos florestais, referente ao segundo pedido de pagamento, avançou João Leão.

“Portugal não cumpriu com o que está programado no PRR e a Comissão Europeia pode pedir informação adicional, ou ações adicionais para que essas metas e marcos sejam cumpridos”, explicou João Leão, sublinhando que a “Comissão vai investigar”. O ECO questionou o Ministério da Coesão se já tinha recebido pedidos de esclarecimento por parte de Bruxelas, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.

Portugal não é caso único e “até não se destaca” neste capítulo, diz o antigo ministro das Finanças. O Tribunal concluiu que no conjunto da União “há pagamentos que não cumpriram todas as condições e falhas nos sistemas de controlo dos países da UE” relativamente aos 48 mil milhões de euros do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR), a coluna dorsal do instrumento da UE para a recuperação da pandemia. Por isso, a instituição liderada pelo irlandês Tony Murphy emitiu uma opinião com reservas sobre as despesas do MRR. Isto significa que foram detetados problemas, mas não são generalizados.

Em seis pagamentos foram detetados “erros significativos”, mas também houve casos em que “as medidas e os marcos ou metas relacionados estavam mal pensados, ou em que as informações dadas pelos países nas suas declarações de gestão continuam a não inspirar confiança”.

João Leão reconhece que Portugal tem “um desafio muito grande” para cumprir o Plano de Recuperação e Resiliência. O tribunal não faz qualquer recomendação à Comissão Europeia sobre o que deve fazer para garantir a execução da bazuca até final de 2026, apesar de reconhecer que “esta é a grande questão”. Mas reconhece que “há um risco de absorção e execução do PRR”, até porque, os fundos não estão a chegar aos beneficiários finais, mas “cabe à Comissão Europeia e aos Estados-membros “decidir o que fazer para fazer face ao problema”.

75% dos fundos de coesão auditados apresentam erros

Para além do PRR, o Tribunal de Contas Europeu também identificou erros ao nível dos Fundos de Coesão, que financiam o PT2020 e o PT2030, que têm um peso muito significativo em Portugal. E revela que, no conjunto da UE, “os erros detetados nas despesas da coesão” tiveram um “aumento de 45% em relação ao exercício anterior” e explicam o “aumento substancial do nível de erro estimado do orçamento da UE”. Um aumento que é “preocupante”.

No caso português, foram identificados quatro erros quantificáveis, ou seja, nos quais houve um pagamento indevido e cinco erros não quantificáveis. Todos referentes ao Portugal 2020 e num universo de 12 operações auditadas. Isto significa que 75% dos casos auditados revelaram erros.

João Leão sublinhou que, tal como no conjunto da UE, estes erros estão essencialmente relacionados com as despesas elegíveis e com as regras da contratação pública e de auxílios de Estado.

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Mário Centeno “é um nome bom” para candidatura a Belém, admite Pedro Nuno Santos

O governador do Banco de Portugal é um dos nomes sondados internamente no PS para as presidenciais de 2026. Pedro Nuno Santos não se compromete com a escolha, mas diz que seria "um bom candidato".

O secretário-geral do PS considera que Mário Centeno é um “bom nome” para ser candidato às eleições presidenciais, em 2026. Embora não revele se será essa a vontade do atual governador do Banco de Portugal – que já disse que trabalha para ser reconduzido por mais um mandato à frente da instituição –, Pedro Nuno Santos defende que o antigo ministro das Finanças “é um bom candidato”.

Mário Centeno é um nome bom, com grande qualidade política e com grande relação com pessoas“, disse esta quarta-feira, em entrevista para a CNN Portugal/TVI. “Não sei se está disponível para ser candidato. Não sei se vai querer um segundo mandato“, admitiu o líder socialista, mantendo, ainda assim, a confiança no economista.

Pedro Nuno Santos não se limita, no entanto, ao atual líder do banco central como escolha do partido para a corrida a Belém. Em cima da mesa, estão também os nomes como o de Augusto Santos Silva, antigo presidente da Assembleia da República e ministro dos Negócios Estrangeiros; António Vitorino, que preside atualmente o Conselho Nacional para as Migrações e Asilo; ou António José Seguro, antigo secretário-geral do PS.

“O PS tem, felizmente, uma diversidade grande de candidatos a Belém. Todos eles melhores que Luís Marques Mendes”, respondeu o líder socialista, em resposta às declarações de Luís Montenegro, desta terça-feira, quando considerou que o ex-líder do PSD e atual comentador político “encaixa” no perfil de candidato apoiado pelo PSD às presidenciais.

“PS quer ter maioria das autarquias”

Mas a questão sobre um candidato presidencial apoiado pelo PS mantém-se em aberto, pois o secretário-geral do partido considera não ser ainda altura para discutir o assunto. Em alternativa, debruçou-se sobre as eleições autárquicas que estão marcadas para 2025.

“Estamos neste momento no processo de decisão interno e em muito pouco prazo teremos as decisões tomadas”, anunciou Predo Nuno Santos, recusando-se a adiantar nomes que estejam nas corridas para as maiores autarquias. “Não quero dar nomes em particular, mas obviamente as autarquias de Lisboa, Porto e grande parte das capitais-distrito são importantes para nós“.

Ainda assim, admite que a atual líder da bancada parlamentar do PS, Alexandra Leitão, seria uma boa candidata para a câmara municipal de Lisboa. “Não tenho as menores dúvidas”, diz, embora diga que “não é o único bom nome”.

Em relação ao Porto, autarquia da qual Pedro Nuno Santos diz estar convicto de que o partido “tem fortes possibilidades de ganhar”, os nomes de Manuel Pizarro e José Luís Carneiro surgem como opções. Sobre ambos, o líder socialista vinca que são figuras “com grande qualidade” e que “qualquer um deles” venceria as eleições na cidade Invicta. No entanto, não se compromete com um nome.

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Universidades falham na análise de candidaturas do PRR

Análise das candidaturas o PRR leva em média 53 dias, muito aquém do objetivo estabelecido pelo Executivo, revelou Castro Almeida. Já ao nível do PT2030 a demora é ainda maior – 56 dias.

As universidades não estão a contribuir na análise de candidaturas como era desejável.” A constatação foi feita, esta quarta-feira, pelo ministro Adjunto e da Coesão que reconheceu que a ajuda das universidades no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ainda não conseguiu ajudar a debelar o número de candidaturas em atraso, nomeadamente ao nível do Fundo Ambiental.

Toda a ajuda é boa”, atestou Manuel Castro Almeida na primeira audição da comissão de acompanhamento do Portugal 2030 e do PRR. Mas as “universidades não estão a fazer tanto como queríamos”, reconheceu. “As famosas candidaturas ao Fundo Ambiental, conhecidas como as candidaturas das janelas, ainda há 80 mil por analisar e continua a ser difícil processar tão grande número de candidaturas”.

Em termos globais, a análise das candidaturas o PRR leva em média 53 dias, muito aquém do objetivo estabelecido pelo Executivo, revelou Castro Almeida. Já ao nível do PT2030 a demora é ainda maior – 56 dias. “O objetivo é usar 30 dias úteis para pedidos de pagamento e 60 dias para análise de candidaturas. É o que está inscrito na lei, mas são reiteradamente violados os prazos de análises e pedidos de pagamento”, disse Castro Almeida. “Ainda estamos atrasados e temos de recuperar os atuais 11 dias em atraso como prazo médio”, acrescentou.

O ministro Adjunto revelou que o Governo decidiu “pagar seis a sete vezes mais face ao que vinha ser pago aos professores” já que o “salário hora de um professor era pouco acima de um profissional de serviços domésticos” o que era “inaceitável para um professor”. E que o contrato feito com o Inesc Tec, integrado por várias universidades, está “numa fase preparatória, mas com resultados auspiciosos” para a utilização de inteligência artificial na análise de candidaturas. “Vão ser feitas novas provas”, acrescentou.

Num balanço da utilização dos fundos europeus, Castro Almeida revelou que a execução do PT2030 está em 838 milhões de euros, o que corresponde a com uma taxa de execução de 3,6%, acima dos 0,5% de abril, quando o Executivo assumiu funções. Estão abertos concursos para 45% da dotação do programa, um montante que subirá para 51,5%, no final do ano.

Até ao final de setembro, o valor de fundos aprovados é de 3,2 mil milhões de euros, o que corresponde a 14,2% da dotação do programa. Mas o Governo quer exceder em 40% a meta de execução até dezembro de 2025, atingindo uma taxa de 4,5 mil milhões.

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PS e Governo “não chegaram a acordo” para o OE 2025. “Não há drama”, diz Pedro Nuno Santos

Pedro Nuno Santos admite que não chegou a acordo com o Governo e diz que "há tempo" para decidir sobre o voto socialista no OE 2025. "Houve aproximação, mas não houve acordo", afirmou.

O secretário-geral do PS admite que o partido e o Governo não chegaram a acordo para o Orçamento do Estado para 2025 (OE 2025). Em entrevista na CNN Portugal/TVI, esta quarta-feira, Pedro Nuno Santos não revela, no entanto, o sentido de voto socialista em relação à proposta do Governo, remetendo a decisão para uma análise em conjunto com o partido, após a entrega, esta quinta-feira, do OE 2025, na Assembleia da República.

“Não chegámos a acordo. Neste momento, resta-nos esperar para conhecer o orçamento e depois fazemos a avaliação”, disse Pedro Nuno Santos, em entrevista. “Se a negociação tivesse chegado a bom porto estaríamos num ponto diferente hoje. Como não conseguimos chegar a acordo, resta-nos esperar pela apresentação, avaliá-lo e decidir em Comissão Política Nacional”, vincou.

Ainda assim, mantém-se otimista quanto ao decorrer das negociações, uma vez que a discussão e votação global está apenas prevista para 30 e 31 de outubro. “Ainda temos tempo para determinar o sentido de voto. Não há nenhuma razão para que o façamos já. Não há drama por não se concluir a negociação com um acordo”, tranquilizou.

Sobre o risco de um chumbo do OE 2025 poder resultar em eleições antecipadas, Pedro Nuno Santos demarca-se de qualquer responsabilidades, garantindo que o “PS não quer eleições”. E embora a opinião pública sugira que o partido que suporta o Governo, a Aliança Democrática, possa sair beneficiado de tal cenário, ao contrário dos socialistas, o líder do PS diz, ainda assim, que não irá viabilizar a proposta do orçamento “a todo o custo”. “Nem a todo o preço, não seria bom para a democracia”, argumenta.

“Acho que toda a gente compreende que o PS não quer eleições. Se a nossa decisão fosse norteada pelo medo de eleições eu já tinha dito que viabilizava o Orçamento há muito tempo”, diz.

Sobre o Chega que, esta terça-feira, e perante um impasse sobre a posição do PS, admitiu estar disponível para viabilizar a proposta do Governo para o OE 2025, Pedro Nuno Santos sublinha ser “importante que a viabilização seja feita com uma negociação que resulte num acordo” entre os dois maiores partidos, e que o PS “tenha ganhos de causa”, já que tem “muitas dúvidas sobre 90% das medidas” que estão no Orçamento.

“A bipolarização política tem de ser entre o PS e o PSD, não entre o Chega e o PSD/PS”, sublinhou.

“Governo teve derrota ainda antes de começar a negociação”

Pedro Nuno Santos mantém a convicção em relação às linhas vermelhas traçadas pelo PS: o IRS Jovem e o IRC. Sobre a primeira, o secretário-geral diz que o Governo “abandonou uma medida cara”, mas recusa-se a ficar com os créditos da mesma, uma vez que os recuos do Governo “não foram suficientemente satisfatórios”.

“O Governo teve uma derrota ainda antes de começar a negociação” que foi “perceber” que a medida do IRS Jovem “era errada”, diz, rejeitando que a proposta atual seja da autoria dos socialistas. “A partir do momento em que é modelada, não é uma medida do PS”, diz, admitindo, no entanto, que passou a ser “uma medida melhor”, tal como reconheceu o próprio primeiro-ministro.

“É uma nova medida, melhor do que a anterior, mas ainda com custo muito elevado e com uma desigualdade intergeracional que não desaparece”, vinca.

No que diz respeito ao IRC, Pedro Nuno Santos “tira o chapéu” a Luís Montenegro por ter “a capacidade de dizer que houve cedência” da parte do PS, uma vez que, diz o socialista, “nunca esteve” no plano do PS aceitar uma descida do IRC a para 17%. Assim, o secretário-geral rejeita a noção que as diferenças entre o PSD e o PS se reduzam “a um ponto percentual no IRC”.

“Infelizmente, o Governo não aceitou recuar nessas linhas vermelhas e isso implica que partamos para o processo orçamental de outra forma”, diz ainda.

Fim da publicidade na RTP é de uma “gravidade tremenda”

Sobre o programa para os media, apresentado esta segunda-feira pelo Governo, e no qual está previsto um fim da publicidade progressiva na RTP, num prazo de três anos, Pedro Nuno Santos considera ser uma ambição de “gravidade tremenda”.

O que o Governo quer fazer à RTP é de uma gravidade tremenda. Muda o regime comunicacional do pais”, acusa, assumindo que o plano tem em vista dois objetivos: “forçar a privatização da RTP ou condenar a RTP à irrelevância”. Ou até “asfixiar” o grupo de media público.

A entrevista ao secretário-geral do PS ocorre um dia depois de o primeiro-ministro ter concedido a sua primeira entrevista enquanto chefe do Governo, e na qual Luís Montenegro anunciou que a proposta para o OE 2025 está fechada, sem nova margem adicional de negociação para a oposição.

A proposta final foi discutida e aprovada, esta quarta-feira, em Conselho de Ministros e será entregue esta quinta-feira, 10 de outubro, na Assembleia da República. A conferência de imprensa conjunta entre o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, está agendada para as 16h00.

Notícia atualizada pela última vez às 21h59

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Mapfre lança coberturas diferenciadoras no novo seguro multirriscos para habitação

  • ECO Seguros
  • 9 Outubro 2024

Já disponível desde o início desta semana, o novo produto pretende reforçar o posicionamento da seguradora no tipo de seguros multirriscos habitação.

A Mapfre lançou um novo seguro multirriscos para habitação – Seguro da Casaque inclui coberturas além do que é obrigatório por lei (seguro contra incêndios), como de proteção de equipamentos de trabalho destinado aos clientes que laboram a partir de casa.

Carla Quinteiro, diretora técnica e de operações da Mapfre Portugal: “com este novo Seguro da Casa pretendemos reforçar o posicionamento da Mapfre junto das famílias”.

Segundo comunicado pela seguradora, com este produto os clientes podem transferir para a seguradora os riscos do seu imóvel relacionados com tempestades, inundações, rebentamento de canos, pesquisa de avarias, riscos elétricos, quebra de vidros e furto ou roubo, responsabilidade civil e, se o cliente pretender, fenómenos sísmicos.

Alinhando a oferta com práticas de sustentabilidade, a seguradora aplica um desconto que pode chegar aos 3% – que pode ser acumulado com outros descontos e campanhas – para casas energeticamente mais eficientes.

A inclusão da proteção contra danos em painéis solares ou de pontos de carregamento para veículos elétricos responde à própria exigência sobre os novos imóveis de eficiência energética, .

Indagada pelo Ecoseguros, Carla Quinteiro esclarece que este produto “foi pensado para todos”, para proprietários, inquilinos e de habitação principais, casas de férias ou casas de arrendamento de longa duração. A inclusão de coberturas de danos nos equipamentos eletrónicos contra quedas, avarias e danos elétricos inesperados ou de trabalho é exemplo da inclusão de coberturas “a perfis muito atuais”.

Em resposta há redução do tempo disponível para “realizar pequenos serviços domésticos”, a seguradora decidiu disponibilizar esse tipo de serviços.

Nesse sentido, o seguro da casa inclui ainda serviços relacionados com o imóvel como reparação de eletrodomésticos e serviços bricolage na habitação segura, contratação de reparações urgentes de serralharia, vidraçaria, eletricista, canalizador ou serviços de serralharia para abertura de portas.

O novo produto disponibiliza também apoio à habitação disponível durante 24 horas para serviços urgentes, como inundações ou incêndios, ou assistência em casa inabitável, como o transporte ou guarda de mobiliário.

“Desenvolvemos este novo produto porque identificamos novas necessidades no mercado, fruto de alterações sociais, laborais e demográficas e consequentes mudanças na utilização e perfil das casas e equipamentos”, esclarece Carla Quinteiro, diretora técnica e de operações da Mapfre Portugal

Quando questionada se os benefícios dados e prometidos aos jovens na compra da primeira habitação influenciaram o lançamento deste produto, a diretora responde prontamente que “este produto já estava a ser pensado e preparado antes desta alteração legislativa. Mas não podemos negar que a decisão de lançamento neste momento a teve em consideração”.

“Os benefícios para os jovens na compra da primeira habitação vêm reforçar o que já havíamos identificado como necessário e também é a preocupação dos mais jovens: um produto flexível para se adaptar à sua disponibilidade financeira, que promova a sustentabilidade e que disponibilize coberturas para as necessidades atuais” acrescenta.

Já disponível desde o início desta semana, o novo produto pretende reforçar o posicionamento da seguradora no tipo de seguros multirriscos habitação, assinala a diretora técnica e de operações da Mapfre Portugal. Segundo Carla Quinteiro “com este novo Seguro da Casa pretendemos reforçar o posicionamento da Mapfre junto das famílias, garantindo que o valor que todos os anos gastam – no ano passado subiu mais de 39% – possa ser investido de forma eficiente no seu bem mais valioso”.

 

(Notícia atualizada às 14h08 do dia 10 de outubro)

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Ministro da Defesa de Israel diz que ataque ao Irão será “letal” e “surpreendente”

  • Lusa
  • 9 Outubro 2024

Israel acredita que a resposta israelita deixará o Irão confuso. "Não compreenderão o que aconteceu e como aconteceu", afirmou o ministro israelita Yoav Gallant.

O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou esta quarta-feira que um ataque israelita ao Irão em resposta ao seu recente ataque com mísseis sobre território israelita seria “letal” e “surpreendente”. Segundo um comunicado do gabinete de Gallant, o ataque israelita deixaria o Irão confuso. “Não compreenderão o que aconteceu e como aconteceu”, afirmou o ministro israelita.

O Irão disparou cerca de 180 mísseis contra Israel na semana passada, numa escalada do conflito entre os dois países. A Guarda Revolucionária do Irão afirmou que o ataque foi lançado contra bases militares israelitas em torno da cidade israelita de Telavive, em resposta às mortes de Ismail Haniyeh e Hassan Nasrallah, líderes da ala política do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e da milícia xiita libanesa Hezbollah, respetivamente, ambos grupos apoiados por Teerão.

Referiu ainda que 90% dos mísseis lançados no âmbito da operação “True Promise II” atingiram com êxito os seus alvos, incluindo “centros estratégicos israelitas”, bases de radares e instalações de organizações envolvidas nos ataques que resultaram na morte de Haniyeh – assassinado no final de julho em Teerão – e Nasrallah, morto na semana passada num bombardeamento na capital do Líbano, Beirute.

Os ataques ocorreram horas depois de Israel ter anunciado o início de uma ofensiva terrestre no Líbano, após quase um ano de fogo cruzado transfronteiriço com o Hezbollah, desencadeado pela guerra iniciada por Israel na Faixa de Gaza a 7 de outubro de 2023 contra o Hamas, em retaliação ao ataque sem precedentes perpetrado no mesmo dia em território israelita pelo Hamas e outras fações palestinianas.

O ataque do Hamas saldou-se em 1.205 mortos, na maioria civis, e 251 sequestrados, 43 dos quais continuam vivos em cativeiro, segundo o Exército Israelita. A escalada do conflito e a abertura de uma segunda frente de batalha de Israel – com o Líbano – está a aumentar o medo de uma guerra em grande escala na região do Médio Oriente.

Após o ataque com mísseis, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Israel, o General Herzi Halevi, afiançou que as autoridades israelitas vão responder ao Irão com um ataque que demonstrará as capacidades “precisas e surpreendentes” do país. Por seu lado, o Presidente iraniano, Massud Pezeshkian, advertiu Israel contra um conflito aberto e defendeu a resposta do Irão às ações israelitas na região.

A guerra de Israel na Faixa de Gaza, que hoje entrou no 369.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 42.000 mortos (quase 2% da população), entre os quais 17.000 menores, e de 97.700 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.

O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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“Se o OE2025 não for aprovado vamos forçosamente ter eleições”, dramatiza Castro Almeida

Está prevista "uma reprogramação" acordada com Bruxelas no final deste ano. "Com que legitimidade iria um Governo em gestão fazer essa reprogramação?", questiona Castro Almeida.

O ministro Adjunto e da Coesão considera que se a proposta de Orçamento do Estado para 2025 não for aprovada, então nenhum outro orçamento será aprovado e o que se antecipa é um governo de gestão, em duodécimos ao longo de toda a legislatura. Um cenário que Manuel Castro Almeida rejeita por completo e, por isso, diz que se a proposta de OE 2025 não for viabilizada o país terá de caminhar forçosamente para eleições.

“Se o OE 2025, o primeiro OE da legislatura, que se aproxima completamente do principal partido da oposição, ninguém acredita que os próximos serão aprovados. O que seria ter um Governo de gestão durante toda a legislatura”, disse Castro Almeida na primeira reunião da comissão de acompanhamento do Portugal 2030 e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “Se o OE2025 não for aprovado vamos ter forçosamente de ter eleições”, disse perentório.

E se o país avançar para eleições antecipadas, as terceiras no espaço de três anos, “será impossível executar o PRR”, reiterou o responsável. “Estamos sem folga para executar o PRR”, justificou, retomando os alertas lançados nas jornadas parlamentares do PSD. “Para conseguir cumprir o PRR dentro do prazo limite é preciso uma pressão tão intensa junto dos serviços e da Administração Pública que qualquer abrandamento ou quebra de autoridade no Governo tornam impossível isso”, alerta.

Além disso, Castro Almeida recordou que está prevista uma “uma reprogramação acordada com Bruxelas no final deste ano. “Com que legitimidade iria um Governo em gestão fazer essa reprogramação?”, questionou o responsável. O ministro não revelou, contudo, detalhes sobre o que constará desta execução, que “está agora a ser iniciada”.

Em resposta ao Chega, o ministro Adjunto confirmou: o Orçamento do Estado para 2025 está apenas inscrita a redução de um ponto percentual do IRC para “fazer coincidir esta posição com o PS com quem tentamos chegar a acordo”. “No OE 2025 não temos de dizer como vai ser o OE2026, OE2027 ou OE2028”, acrescentou.

“A opção foi tentar entendimento com o PS e não com o Chega. Foi uma opção e não uma distração”, atirou.

O ministro Adjunto rejeitou as críticas lançadas por Rui Tavares do Livre e garante que “a democracia não está suspensa” e que “não está escrito em lado nenhum que não pode haver eleições”. “Sou eu que digo se houver eleições, Portugal não vai conseguir executar o PRR até dezembro de 20216. Haja alguém que conheça este processo que diga o contrário”, desafia. “Estamos a trabalhar numa linha ténue que não permite qualquer desvio de prazos”, acrescentou.

“Não há perda de soberania por haver eleições, mas o país tem de ter consciência das escolhas que toma. O país é totalmente livre de fazer eleições. Não vale a pena levantar qualquer espantalho de perda de soberania nacional”, atirou.

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Carta Municipal de Habitação de Lisboa acaba em troca de acusações entre PS e executivo de Carlos Moedas

A Carta Municipal de Habitação não foi a votos na reunião de câmara em Lisboa. Socialistas falam de “patética vitimização”. Filipa Roseta diz que o PS tentou apagar gráficos que o penalizavam.

A discussão da Carta Municipal de Habitação na reunião desta quarta-feira na Câmara de Lisboa terminou em polémica, com troca de argumentos entre o Partido Socialista, na oposição, e o executivo de Carlos Moedas. Apesar da perspetiva inicial de acordo, uma proposta de alteração solicitada pelo PS no dia anterior à discussão, levou a vereadora Filipa Roseta a decidir retirar a proposta, impedindo que fosse a votos.

Ao ECO/Local Online, a vereadora socialista Inês Drummond classificou a retirada do documento como “uma tentativa patética de vitimização, retirando uma carta que estava prestes a ser viabilizada, e que a vereadora Filipa Roseta, retira à última hora, impedindo qualquer discussão”.

Filipa Roseta, vereadora com o pelouro da Habitação, membro do Executivo de Carlos Moedas, contesta, em declarações ao ECO/Local Online, a acusação e atira para o PS a responsabilidade pela situação vivida na reunião: “Estamos prontos para aprovar a carta se o PS retirar a proposta que fez, de apagar dois gráficos com dados do INE e da câmara, os quais revelam a brutal venda de habitação municipal e a produção de habitação municipal”. O retrato desses gráficos é um “diagnóstico em que o PS [líder do executivo municipal no período de 2011 a 2021] não sai bem na fotografia”.

O primeiro dos gráficos mostra que durante os executivos de António Costa e Fernando Medina só se construíram, em média, 15 casas por ano. O segundo, que o PS exigiu serem retirados da carta, mostra um défice, para o mesmo período 2011-2021, entre património municipal vendido e nova construção de habitação camarária, da ordem dos 500 milhões de euros, aponta a vereadora da Habitação.

“A única coisa que não estamos disponíveis é alterar a história só porque não é favorável ao PS”, diz Filipa Roseta. “Como investigadora que sou – venho da academia –, para nós é muito importante o rigor dos números. Para mim é totalmente impensável apagar números, seja prejudicial a mim, seja a outros. Este gráfico do INE é igual ao do Programa Nacional de Habitação”, nota. “O problema não é se nós fazemos mais ou eles fazem mais. Temos de olhar com rigor científico. Aqui, não é quem fez mais, é uma questão de rigor de números”, prossegue, acentuando que “a proposta do PS é eliminar, sem alternativa” esses dois gráficos.

A única coisa que não estamos disponíveis é alterar a história só porque não é favorável ao PS. Como investigadora que sou — venho da academia –, para nós é muito importante o rigor dos números. Para mim é totalmente impensável apagar números, seja prejudicial a mim, seja a outros. Este gráfico do INE é igual ao do Programa Nacional de Habitação

Filipa Roseta

Vereadora da Habitação da Câmara Municipal de Lisboa

Confrontada pelo ECO/Local Online com esta tomada de posição, Inês Drummond diz que “os dados do INE não podem suplantar os dados da câmara. A carta refere que os dados do INE não estão rigorosos na foto de 2011 a 2021. O presidente Carlos Moedas sabe exatamente que isto é assim. A carta refere que é assim”, insiste a vereadora socialista, para quem a posição tomada em reunião veio “cumprir a narrativa e o spin do presidente, de que se construíram 17 casas” por ano.

Os dados do INE não podem suplantar os dados da câmara. A carta refere que os dados do INE não estão rigorosos na foto de 2011 a 2021. O presidente Carlos Moedas sabe exatamente que isto é assim. A carta refere que é assim.

Inês Drummond

Vereadora do Partido Socialista na Câmara Municipal de Lisboa

Os números do INE constantes num dos dois gráficos, que geraram a polémica, indicam que no horizonte temporal de 1919 a 1945 houve uma cadência de construção aproximada às alegadas 15 casas construídas anualmente, em média, entre 2011 e 2021. Nesse longínquo período, a média foi de 19. Os períodos mais profícuos, segundo o mesmo gráfico do INE, foram entre 1981 e 2000 (483 fogos anualmente) e de 2001 a 2010 (237). Bem longe dos 15 referidos pelo INE entre 2011 e 2021.

Contudo, o PS responde à proposta do executivo de Moedas apresentando números de construção bem superiores: 663 casas na década, o que representa mais de 60 fogos por ano. Apesar de continuar a comparar mal com o período de 1961 a 2010, é quatro vezes superior ao apresentado no gráfico do INE cuja presença na carta é imprescindível para Filipa Roseta.

Nos números do PS constam construção nova, reabilitação e parcerias com cooperativas.

O responsável pela carta indica, nas notas a que o ECO/Local Online teve acesso, relativas às propostas de alteração feitas há cerca de um mês pelo PS, “habitação construída pela EPUL vendida parcialmente a preço reduzido e maioritariamente em preço livre”; “habitação resultante da reabilitação e reconversão de edifícios da segurança social, portanto que não se trata de construção nova” e “habitação construída por cooperativas de habitação em direito de superfície municipal vendida aos cooperadores”.

Assim, a discórdia parece assentar numa divergência entre o que é habitação construída de raiz pela câmara e todo o parque habitacional colocado durante a década ao serviço da população.

Filipa Roseta lamenta que, para lá do facto de o PS exigir a retirada de dois gráficos que a vereadora considera factuais, só 24 horas antes da reunião desta quarta-feira tenha havido uma posição do partido. Inês Drummond responde que “os 155 fogos do INE não correspondem ao que efetivamente aconteceu na cidade” entre 2011 e 2021, e que “663 casas é o número real de construção de habitação na cidade”. Por outro lado, diz a socialista, segundo o regulamento, as propostas de alteração podem ser apresentadas na própria discussão, ou seja, nem tão pouco teria sido necessário enviar proposta de alteração 24 horas antes.

Inês Drummond relembra que “na década em que pouco se construiu, a câmara estava a fazer um enorme esforço financeiro para sair do défice de 1.000 milhões de euros deixados pelo PSD”, enquanto hoje a autarquia “tem quase 800 milhões de euros do PRR para construir”. A socialista põe a tónica no que chama de “vitimização” do atual presidente, que, prossegue, “vive para os polígrafos e soundbytes”.

“O normal numa reunião de câmara é que quando há uma proposta e temos um executivo com esta fragmentação política, o partido que não tem maioria absoluta tem de integrar propostas de alteração”, afirma Inês Drummond. Contudo, “nem houve debate”, porque Filipa Roseta retirou a proposta, acusa. “Nem houve oportunidade de debater se os números fazem sentido”.

Igualmente contundente, Filipa Roseta afirma que “o PS não quer enfrentar a história verdadeira. O que se ia passar nesta reunião era o apagar de dois gráficos. Os dados do INE constam do programa nacional do governo. Também têm de aparecer na nossa carta municipal. São a fonte mais segura que este país tem”.

Agora, a discussão saltará para a próxima reunião. Isto, se o PS voltar atrás no pedido de retirar os gráficos.

 

Artigo corrigido às 13h20 de 10 de outubro com número de fogos indicado pelo PS – 663 vs 683

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Inapa Packaging vendida por 20 milhões à Next Pack

  • ECO
  • 9 Outubro 2024

No seguimento do processo de insolvência da Inapa, a Europackaging acordou a venda da Inapa Packaging e das suas subsidiárias à empresa francesa Next Pack SAS por 20 milhões de euros.

A Inapa – Investimentos, Participações e Gestão (Inapa IPG), que conta com o Estado como maior acionista (44,89%), anunciou esta quarta-feira a venda da sua subsidiária Inapa Packaging SAS à francesa Next Pack SAS por 20 milhões de euros.

Segundo um comunicado enviado à CMVM, esta transação, realizada através da Europackaging – Investimentos, Participações e Gestão, uma subsidiária da Inapa IPG, inclui também a venda indireta das empresas SEMAQ – Societé D’Emballage et de Manutention D’Aquitaine e Embaltec SAS.

Esta alienação surge na sequência da deliberação da Assembleia de Credores da empresa realizada a 27 de setembro, que aprovou a proposta apresentada pelo administrador de insolvência da Inapa.

O negócio foi concluído esta quarta-feira, com a transferência das participações sociais e o pagamento integral do valor acordado, “não condicionado contratualmente a qualquer mecanismo de revisão”, refere a Inapa em comunicado.

Esta transação está alinhada com o comunicado emitido pela Inapa a 20 de setembro, em que a empresa informava o mercado sobre a aprovação pelos credores do plano de reestruturação financeira. Nesse comunicado, a Inapa já havia mencionado a intenção de vender ativos não estratégicos, incluindo a Inapa Packaging SAS, como parte da sua estratégia de reestruturação.

Esta operação faz parte de um processo mais amplo de reestruturação da Inapa, que entrou em insolvência em julho de 2024 devido a problemas de liquidez.

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Ferrovia. Atrasos nas entregas de carruagens custam 16 milhões por mês

Há vários investimentos que serão impossíveis de executar a tempo do PT2030: expansão da rede metro a sul do Tejo até à Costa da Caparica, prolongamento da linha de metro até Alcântara e Sacavém.

O ministro Adjunto e da Coesão Territorial revelou que os atrasos na entrega das automotoras para comboios suburbanos e regionais estão a custar 16 milhões de euros por mês. A entrega das carruagens estava prevista de modo faseado, mas como o concurso está parado em tribunal já há 387 milhões de euros que iriam ser suportados pelo Portugal 2030 que não poderão ser suportados pelo atual quadro comunitário de apoio.

Pedindo ajuda aos deputados da comissão de acompanhamento do PT2030 e do PRR para encontrar uma solução, Manuel Castro Almeida manifestou a sua preocupação face aos atrasos na entrega das carruagens encomendadas: 62 automotoras para comboios suburbanos e 58 para comboios regionais. “Houve um concurso que foi objeto de impugnação e está pendente nos tribunais”, explicou. Ficou assim “suspensa a eficácia do concurso”.

Estava previsto que as carruagens fossem entregues faseadamente ao longo do tempo até ao final do prazo de execução do PT2030, mas “cada vez que passa tempo há um conjunto de automotoras cujo financiamento já não poderá ser assegurado pelo PT2030. De fora já estão 387 milhões de euros, revelou Manuel Castro Almeida, “que será impossível de executar e que terão de ser assegurados pelo Orçamento do Estado.

Mas há mais investimentos que serão impossíveis de executar a tempo do Portugal 2030 revelou o ministro na sua intervenção inicial na primeira audição da comissão de acompanhamento do PT2030 e do PRR. Em causa está a expansão da rede metro a sul do Tejo até à Costa da Caparica e o prolongamento da linha vermelha do metro de Lisboa até Alcântara e a da linha de Santa Apolónia até Sacavém. Estes três projetos têm apenas uma “estimativa orçamental” e nem sequer existem estudos dos projetos, diz Castro Almeida. “Os serviços dizem que vai ser impossível executar esta obra dentro do prazo do PT2030, ou seja, 2029”, precisou.

Isto não significa que estes projetos vão cair, precisou em resposta à deputada bloquista, Joana Mortágua. Mas antes que este projetos poderão ter de transitar para o quadro comunitário seguinte, à semelhança do que já aconteceu com tantos outros projetos em quadros comunitários anteriores. “Ao contrário do PRR, em que o prazo é improrrogável, uma obra financiada pelos fundos de coesão pode começar num quadro comunitário e ser transferida para o ciclo seguinte”, explicou. “Estou convencido que haverá um PT qualquer a seguir, embora receio que substancialmente inferior”, acrescentou.

“O que os serviços dizem é que é impossível executar o metro Sul do Tejo dentro do PT2030, não tem nada que ver com fazer ou não fazer a obra. No estado em que as coisas estão, ou não estão, significa que dentro de três a quatro anos ainda vamos estar na fase de estudos”, acrescentou.

(Notícia em atualização)

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Rede social X começa a funcionar no Brasil após 40 dias de suspensão judicial

  • Lusa
  • 9 Outubro 2024

Esta decisão surge um dia depois do juiz Alexandre de Moraes ter autorizado o regresso das atividades da rede social X, após a empresa ter pagado 4,7 milhões de euros em multas.

A rede social X começou esta quarta-feira a funcionar no Brasil, após autorização pelo Supremo Tribunal Federal, depois de a plataforma ter pagado a multa por incumprimento de decisões judiciais, terminando uma suspensão que durava desde 30 de agosto. Em comunicado, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) indicou ter começado a notificar “as prestadoras de serviços de telecomunicações para que permitam a seus clientes o acesso à plataforma X”.

“Caberá a cada uma das prestadoras tomar as providências técnicas necessárias para implementar essa ordem judicial”, detalhou, acrescentando que o tempo para a execução do desbloqueio depende agora das prestadoras de internet. Esta decisão surge um dia depois do juiz Alexandre de Moraes ter autorizado o regresso das atividades da rede social X, após a empresa ter pagado 4,7 milhões de euros em multas.

Em comunicado, a rede social X afirmou que “orgulha-se” de regressar ao Brasil. “Continuaremos a defender a liberdade de expressão, dentro dos limites da lei, onde quer que operemos”, garantiu a rede social X que está suspensa desde 30 de agosto no âmbito de um processo criminal por desinformação e crimes de ódio na internet. O Governo brasileiro já reagiu através do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, enaltecendo “a decisão do X de pagar multas pendentes e se adequar à legislação brasileira”.

“Mostramos ao mundo que aqui as leis devem ser respeitadas, seja por quem for. O Brasil é soberano”, lê-se na mesma nota. O juiz Alexandre de Moraes tomou essa decisão devido à recusa da empresa de Elon Musk em remover uma dezena de perfis dedicados à desinformação e ligados à extrema-direita.

Elon Musk recusou-se durante semanas a cumprir as ordens de remoção dos perfis e, após receber um ultimato do juiz, anunciou o encerramento do escritório da rede social no país e a dispensa da representação legal no país, apesar das exigências da lei brasileira.

O magnata acusou ainda Alexandre de Moraes de ser um “ditador de toga” que ameaçava a liberdade de expressão e juntou-se aos apelos do ex-Presidente Jair Bolsonaro para que fosse aberto um processo de ‘impeachment’ contra o juiz.

No entanto, no final de setembro, o magnata recuou nas suas provocações, voltou a nomear representantes legais no país e concordou em cumprir as ordens judiciais sobre a remoção de perfis.

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