Fundo Ambiental “absorvido” por nova Agência para o Clima

Agência para o Clima vai agregar a gestão de vários fundos relacionados com as áreas da energia e do clima, desde o Fundo Ambiental até alguns dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência.

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, anunciou a criação de uma Agência para o Clima (ApC) que vai agregar a gestão de vários fundos relacionados com as áreas da energia e do clima, desde o Fundo Ambiental, considerado um “super-fundo” dada a dotação de quase dois mil milhões, até aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência que se insiram nestas áreas.

“É uma agência onde o Fundo Ambiental vai estar incluído”, afirmou a ministra, na conferência de rescaldo do Conselho de Ministros desta sexta-feira, focado na mobilidade sustentável e na transição energética. Antes da intervenção da ministra, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, havia avançado que “a Agência para o Clima fará a gestão e coordenação de todos os fundos nacionais e europeus na área da energia e ambiente“, procurando uma “simplificação e rapidez na resposta às pessoas, às empresas e aos investidores”.

A ministra esclarece que a eficácia desta agência será possível porque vai dispor de “um número muito superior” de profissionais em comparação com o Fundo Ambiental, multiplicando em cerca de cinco vezes o número atual. Feitas as contas, deverá contar com 60 trabalhadores, em vez dos atuais oito. Isto, sendo que os trabalhadores atuais vão continuar no exercício de funções.

Questionada sobre o cenário que encontrou no Fundo Ambiental quando assumiu as funções de ministra, a líder do ministério do Ambiente realça os “concursos muito atrasados”. “É isso que queremos evitar: abrir concursos sem capacidade de responder”, rematou.

A ministra adiantou ainda que, até ao final do ano, vai estar disponível um planeamento com todos os concursos previstos para o ano seguinte. Em paralelo, indica que vão ser reforçadas as auditorias.

O Fundo Ambiental conta uma base de receitas que ultrapassa os 1,84 mil milhões de euros, alimentado por receitas colhidas com os leilões de licenças de emissão de dióxido de carbono, a taxa de carbono e a Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético, entre outras rubricas.

(Notícia atualizada às 19:53 com mais informação)

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Governo vai corrigir discriminações deixadas pelo PS no IRS jovem e passes, promete Montenegro

  • Lusa
  • 4 Outubro 2024

O primeiro-ministro disse que "era curioso" que um governo socialista tenha discriminado "os jovens que estudam dos jovens que não estudam". E prometeu corrigir isso no IRS Jovem e nos passes.

O primeiro-ministro afirmou esta sexta-feira que o Governo PSD/CDS-PP vai corrigir o que considerou uma discriminação deixada pelos executivos socialistas entre jovens que estudam e os que não estudam, quer no acesso a passes gratuitos, quer no IRS jovem.

Luís Montenegro falava no final da reunião do Conselho de Ministros extraordinário dedicado à mobilidade e transição energética, que decorreu no Entroncamento (distrito de Santarém), antes das intervenções e da ministra do Ambiente e Energia, Graça Carvalho, e do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.

Entre as várias medidas na área da mobilidade, o primeiro-ministro destacou quer o passe ferroviário nacional por 20 euros, já anunciado em agosto, quer o alargamento o passe gratuito para jovens estudantes a todos os jovens até aos 23 anos. “Não deixa de ser curioso que um governo socialista nos tenha legado um instrumento de mobilidade – como de resto também aconteceu com a fiscalidade, com o IRS jovem – que discrimina os jovens que estudam dos jovens que não estudam”, criticou.

Montenegro deixou a garantia de que o executivo PSD/CDS-PP vai corrigir essa situação. “Nós vamos corrigir isso no IRS e vamos corrigir hoje no transporte ferroviário, porque é justo, porque há muitos jovens que também precisam de ter esta mobilidade e que têm uma idade inferior a 23 anos e muitos deles precisam mesmo de ter um acréscimo de condições porque estão a trabalhar e estão a estudar ao mesmo tempo ou estão a trabalhar para poder estudar posteriormente”, defendeu.

Na sua intervenção, Montenegro reconheceu que “há muita curiosidade” por parte da comunicação social sobre todas as matérias ligadas ao Orçamento do Estado para 2025, ainda com aprovação incerta, e repetiu um argumento que já tinha deixado na viagem de comboio entre Lisboa e o Entroncamento.

“A vida continua, há mais vida para além do Orçamento e este Governo continua a alta velocidade o seu espírito reformista e transformador”, disse. Na fase das perguntas, que apenas puderam ser dirigidos a Miguel Pinto Luz e Graça Carvalho, a comunicação social questionou o ministro das Infraestruturas se espera receber ainda hoje uma contraproposta do PS sobre o Orçamento e qual o limite para as negociações de um documento que tem de ser entregue no parlamento até 10 de outubro.

“Não me cabe a mim desviar as atenções de temas tão importantes. Há mais vida para além do orçamento, mas só haverá mais vida se tivermos um mundo mais verde”, respondeu Pinto Luz.

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Continente integra língua gestual nas suas campanhas a partir de novembro

  • + M
  • 4 Outubro 2024

A iniciativa, que tem como objetivo contribuir para uma sociedade inclusiva, surge no âmbito da estratégia de comunicação ‘O Continente é de toda a gente’, lançada no início do ano.

A partir de novembro, as campanhas do Continente passam a contar com tradução para língua gestual portuguesa. A marca pretende “reforçar o compromisso com a diversidade, a equidade e a inclusão garantindo que a sua mensagem chega a todos, incluindo a comunidade surda”.

A iniciativa será aplicada todos os seus filmes publicitários de conceito (spots cuja mensagem gira em torno de uma ou várias histórias) exibidos na televisão e nas redes sociais. A estreia vai ocorrer através de uma “campanha publicitária especial” a ser lançada em novembro e “já produzida sob estes pressupostos”.

“O Continente é de toda a gente e a integração da Língua Gestual Portuguesa nos nossos anúncios publicitários reflete bem a dedicação da marca a esse compromisso. É importante garantir que todos conseguem aceder às mensagens que recebem, para que tenhamos realmente uma sociedade mais justa e inclusiva. Para que todos possam participar e tomar decisões de compra úteis e esclarecidas“, explica Filipa Appleton, head of brand & marketing do Continente, citada em comunicado.

Isto significa mais uma etapa superada de um caminho de promoção da inclusão que o Continente já começou a trilhar há bastante tempo e que, naturalmente, é transversal a todas as áreas da empresa”, acrescenta a responsável.

A iniciativa é desenvolvida em articulação com a Federação Portuguesa das Associações de Surdos (FPAS), que entende que “este será um passo importante do Continente rumo a uma acessibilidade mais plena da Comunidade Surda através da Língua Gestual Portuguesa (LGP), no sentido de promover uma maior igualdade de oportunidades na comunicação/informação”.

Lançada com o objetivo de contribuir para uma sociedade inclusiva, a medida surge no âmbito da estratégia de comunicação ‘O Continente é de toda a gente’, lançada no início do ano e integra “um plano concertado de iniciativas do Continente que concorrem para o mesmo objetivo: aproximar ainda mais a marca de toda a gente, garantindo que todos se sentem verdadeiramente representados”, refere-se em nota de imprensa.

Neste sentido, durante o próximo ano serão lançadas “várias medidas que materializam e reforçam este mesmo desafio”, como a incorporação de diversas funcionalidades nos canais digitais de comunicação que garantam “maior facilidade de acesso às comunidades excluídas por diferentes tipos de incapacidades”.

Também nesta perspetiva, encontra-se em fase de implementação o projeto de loja inclusiva para pessoas singulares lançado no Continente Modelo em Leça do Balio. Esta loja está adaptada para que pessoas com incapacidade, nomeadamente no espetro autista, possam fazer as suas compras com autonomia e maior tranquilidade, sendo que o objetivo é estender este projeto a mais lojas no país.

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As novas contas do OE2025 com a contraproposta “irrecusável” do Governo

Executivo não aumenta a despesa anteriormente prevista com a contraproposta apresentada ao PS, apenas faz uma redistribuição das verbas.

“A margem orçamental para a negociação é estreita”. O aviso foi do primeiro-ministro, Luís Montenegro, após a reunião com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, na qual apresentou uma contraproposta que não reformula apenas as medidas, como também a forma como se distribuem os milhões de modo a não colocar em causa o excedente orçamental que está a negociar com Bruxelas.

A contraproposta apresentada pelo Governo ao PS revê em baixa o custo do IRS Jovem de mil milhões de euros para 645 milhões de euros. Ou seja, há 355 milhões de euros libertados com a reformulação da medida e que Montenegro quer utilizar para responder a três reivindicações do PS sobre habitação, pensões e saúde sem pôr em causa o excedente de cerca de 700 milhões que o Ministério das Finanças está a negociar com a Comissão Europeia para o plano orçamental de médio prazo.

As estimativas constam da informação distribuída pelo gabinete do primeiro-ministro após o encontro em São Bento e revelam diferenças entre os números previstos inicialmente pelo Governo e a distribuição atual.

O Governo contabiliza em 2.252 milhões de euros a margem orçamental para medidas discricionárias para o próximo ano. A este valor é preciso descontar as medidas aprovadas na Assembleia da República (740 milhões de euros) e as chamadas medidas carry-over (4.599 milhões de euros de acordo com o Quadro de Políticas Invariantes, remetido ao parlamento em 31 de agosto).

Nas contas do Ministério das Finanças sobram, assim, 1.060 milhões de euros. Deste montante, 1.000 milhões de euros destinavam-se ao IRS Jovem e 60 milhões do impacto da isenção de IMI e imposto de selo na compra da primeira casa para jovens até aos 35 anos. Com a modelação do IRS Jovem, o impacto desta medida diminui.

Com esta margem, o Governo “assume o compromisso de utilizar a margem orçamental libertada pela redução do impacto financeiro do IRS Jovem para acomodar os compromissos” com os socialistas no que toca à valorização dos médicos no SNS, ao reforço das pensões mais baixas e ao alojamento estudantil. Segundo a proposta está disponível para

  • “um esforço adicional de disponibilização” de camas para alojamento estudantil;
  • atribuir sempre que possível, aos pensionistas com pensões mais baixas, reforços extraordinários acima do valor da atualização legal
  • “reforçar significativamente” o incentivo à permanência, com novo modelo de exclusividade no SNS

Na prática, segundo o documento, com a resposta a estas reivindicações ao PS, o Executivo não aumenta a despesa anteriormente prevista, apenas faz uma redistribuição das verbas. Até porque assume que “a margem orçamental disponível está ainda limitada pela opção quanto ao saldo orçamental a atingir”.

Na sequência do diálogo técnico com a Comissão Europeia conducente à aprovação do Plano Orçamental e Estrutural de Médio Prazo de Portugal (POEMP), este ligeiro excedente corresponde a um saldo positivo de 0,3% do PIB em 2025, isto é, cerca de 700 milhões de euros”, pode ler-se na proposta.

Este saldo compara com um saldo positivo de cerca de 500 milhões de euros que o Ministério das Finanças sinalizou aos partidos esperar para o próximo ano, aquando das reuniões no parlamento em setembro.

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Hospital da Luz e SL Benfica unem-se para ensinar a salvar vidas

  • + M
  • 4 Outubro 2024

O objetivo da iniciativa que aconteceu no Estádio da Luz passou por partilhar informação correta, ensinando os gestos básicos que salvam vidas, numa "gigante aula de Suporte Básico de Vida (SBV)".

O Hospital da Luz e o Sport Lisboa e Benfica protagonizaram uma ação de sensibilização alertando para a importância do conhecimento sobre manobras de reanimação, num país onde mais de 80% da população admite saber “pouco ou nada” sobre estas técnicas.

No estádio, durante o intervalo de uma partida, entoou-se o “Cântico do Coração” – uma versão alterada do cântico “Eu Amo o Benfica” para 120 bpms (frequência máxima ideal para reanimação cardiorrespiratória), numa ação que contou com a participação do jogador das águias António Silva, do DJ Kamala, dos Tocá Rufar e dos adeptos encarnados. O momento ficou registado em vídeo.

Coube ao defesa do Benfica mostrar como é feita uma massagem cardiorrespiratória enquanto os quase 59 mil adeptos presentes no Estádio foram desafiados a entoarem o “Cântico do Coração” ao ritmo das batidas cardíacas. O objetivo passou por partilhar informação correta, ensinando os gestos básicos que salvam vidas, numa “gigante aula de Suporte Básico de Vida (SBV)”.

“O SBV é essencial para manter as funções vitais de uma pessoa em paragem cardiorrespiratória, através de manobras simples como compressões torácicas e ventilação boca-a-boca, ou apenas compressões torácicas de forma ininterrupta até que chegue ajuda diferenciada. A intervenção precoce pode aumentar significativamente as hipóteses de sobrevivência e prevenir danos neurológicos, uma vez que no SBV o que ganhamos é tempo. O direito de eu ser reanimado passa pelo dever de eu saber reanimar o próximo”, explica Paulo Fonseca, enfermeiro e formador do Hospital da Luz.

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Pacote de mobilidade verde vai custar 115 milhões até 2025

O Conselho de Ministros aprovou um pacote de mobilidade que inclui medidas como o alargamento do passe gratuito, o passe ferroviário verde e o incentivo à aquisição de elétricos. Conheça as medidas.

O Governo apresentou, esta sexta-feira, um pacote de oito medidas para a mobilidade verde, que representam um investimento de 115 milhões de euros até 2025. Neste pacote incluem-se medidas como o alargamento do passe gratuito, o passe ferroviário verde e o incentivo à aquisição de elétricos.

O anúncio destas medidas foi feito na conferência de imprensa, após o Conselho de Ministros, realizado no Entroncamento, focado na mobilidade sustentável e na transição energética. A medida mais dispendiosa do pacote de Mobilidade Verde de Passageiros é o passe gratuito para jovens estudantes vai passar a aplicar-se a todos os jovens até aos 23 anos de idade, uma despesa anual de 40 milhões de euros.

Segue-se o apoio para a aquisição de veículos elétricos, de 20 milhões de euros. Este apoio vai comparticipar 4.000 euros por veículo, sendo que estes podem ir apenas até aos 38.500 euros.

A criação do passe ferroviário verde, o passe de 20 euros que dá acesso a vários dos comboios nacionais, vai custar 18,9 milhões de euros por ano ao Governo, na forma de uma compensação entregue via contrato de serviço público.

Um pouco abaixo desta fasquia está o custo do Circula.pt, que vai alargar a cobertura do passe social, de forma a abranger 2,5 vezes mais cidadãos: está orçado em 17 milhões de euros por ano.

É criado também um fundo para o serviço público de transportes, com uma dotação de 10 milhões de euros, que se destina a apoiar medidas de descarbonização, digitalização e uso da inteligência artificial, informação e comunicação ao passageiro e promoção da mobilidade verde.

Os planos de mobilidade urbana sustentável preveem ainda um apoio de 3 milhões de euros para municípios, para os poderem desenvolver. Já a digitalização da mobilidade, que passa por melhorar as plataformas de bilhética dos diferentes operadores e “melhorar a experiência” da utilização do transporte público, custa 2,7 milhões de euros. Também na fasquia dos 3 milhões está orçada a implementação da Estratégia Nacional de Mobilidade Ativa, que prevê a aceleração da construção de ciclovias e aquisição de bicicletas pela administração pública, com um teto de 200 mil euros em 2024.

O transporte de mercadorias, por outro lado, arrecada um total de 55 milhões de euros, cuja medida mais dispendiosa é o apoio ao transporte ferroviário de mercadorias.

(Notícia em atualização)

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Lisboa comparada a Barcelona na pressão turística e habitacional

  • Lusa
  • 4 Outubro 2024

A investigadora Ethel Baraona Pohl compara Lisboa a Barcelona nas consequências d procura turística. É necessária regulação para não promover o turismo em massa que afeta o acesso à habitação, alerta.

A investigadora Ethel Baraona Pohl vê Lisboa a aproximar-se de Barcelona, com “dois ou três anos de atraso”, no que diz respeito à pressão turística e ao seu impacto na habitação.

Curadora e cofundadora da dpr-barcelona, uma editora-estúdio de investigação e prática arquitetónicas, e investigadora no departamento de arquitetura da universidade ETH Zürich, Ethel Baraona Pohl está em Lisboa para participar no festival “Uma revolução assim – luta e ficção: a questão da habitação”, promovido pelo Goethe-Institut Portugal.

Em declarações à Lusa, a investigadora de origem salvadorenha a viver em Barcelona considera que o anterior governo português “fez coisas boas” e que Lisboa tem “gente boa a investigar e a debater”.

“Espero que Lisboa já tenha passado o período extremo que Barcelona viveu nos últimos anos”, disse, assinalando que a cidade catalã sofreu o impacto de “políticas que promoveram um turismo de massas ou que apenas tiveram a intenção de gerar dinheiro”.

Porém, nos últimos oito anos, foram adotadas “bastantes regulações para os alojamentos locais e a cidade está um pouco mais tranquila”, constata.

“O que é preciso é equilíbrio e regulação”, aponta, frisando que as soluções têm que ser políticas e que “os arquitetos e os urbanistas apenas podem ajudar um pouco”.

Só a regulação fará com que “as rendas não aumentem desmedidamente, os negócios não se foquem apenas em servir os turistas, os preços estejam a um nível em que as pessoas locais possam tomar um café ou uma cerveja”, considera.

Ethel Baraona Pohl tem-se focado na habitação inclusiva, para grupos mais vulneráveis.

“Ainda há muitas dificuldades, mas estão a surgir boas práticas”, diz, reconhecendo que “não é fácil” dar resposta às várias camadas de exclusão.

A investigadora defende a criação de “um espaço próprio” para estes grupos – mulheres, seniores, as pessoas racializadas, as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, queer –, onde se sintam “mais seguros”, o que facilitará depois o relacionamento com outras comunidades.

“Não é fácil criar habitação inclusiva para todos, de uma forma rápida”, reconhece, acrescentando que é necessário “trabalhar com as comunidades, para perceber as suas necessidades”.

Em Barcelona, nos últimos seis anos, tem havido “alguns projetos de habitação cooperativa focados em diferentes grupos da população que estão a funcionar bastante bem”.

Também ajuda – sublinha – que “os arquitetos mais jovens tenham mais sensibilidade e não estejam ainda metidos na dinâmica de mercado”.

O festival “Uma revolução assim – luta e ficção: a questão da habitação”, que começou a sua programação de debates e outras iniciativas em 25 de setembro, tem o seu final marcado para este domingo.

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Barreiro aprova construção de 202 fogos de renda acessível

  • Lusa
  • 4 Outubro 2024

Câmara Municipal do Barreiro aprovou concurso que irá disponibilizar 202 habitações acessíveis. O Município "cede o terreno, o privado constrói" e "a câmara paga o que o decreto-lei estipula".

A Assembleia Municipal do Barreiro, no distrito de Setúbal, aprovou uma proposta do executivo camarário para a construção de 202 fogos de habitação de renda acessível.

A proposta, aprovada na noite de quinta-feira com os votos a favor dos deputados de PS, PSD, Chega e a abstenção do BE e da CDU, consiste num modelo — que a autarquia classifica como inédito e criativo –, de transmissão do uso de terreno camarário, na Quinta das Canas, a um investidor privado por um período máximo de 60 anos. Caberá a este a construção de habitação a custos controlados.

Os edifícios serão arrendados pelo município, com a manutenção a cargo do adjudicatário, para posterior subarrendamento no âmbito do regime de renda acessível.

O vice-presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Rui Braga, explicou que este é o primeiro concurso público que dá uma resposta concreta com algum volume no que diz respeito à renda acessível, “para todos os barreirenses ou que escolheram o Barreiro para viver”.

Rui Braga adiantou que está a ser também ultimada uma outra proposta, nos mesmos moldes, nos antigos terrenos do Nicola.

Os moldes do concurso são mais ou menos estes: a câmara cede o terreno, o privado constrói os prédios e a câmara paga o que o decreto-lei estipula por cada tipologia para a temática de renda acessível. No final da concessão [até 60 anos], o património virá para a autarquia”, explicou.

Rui Braga disse ainda considerar que a proposta defende o interesse público e aumenta o património da autarquia no parque habitacional, sem recurso a empréstimos.

“A expectativa de impacto orçamental desta operação é quase neutra porque o compromisso que a autarquia assume com o vencedor do concurso é de alugar a totalidade dos apartamentos pelo preço da portaria”, referiu, adiantando que este “é talvez o melhor dos dois mundos porque o privado constrói sem a Câmara Municipal se endividar”.

A expectativa de impacto orçamental desta operação é quase neutra porque o compromisso que a autarquia assume com o vencedor do concurso é de alugar a totalidade dos apartamentos pelo preço da portaria

Rui Braga

Vice-presidente da Câmara Municipal do Barreiro

O vencedor do concurso, acrescentou, será quem apresentar uma proposta com menor número de anos, tendo como ponto de partida o máximo de 60 anos, e menor valor.

“Penso que se conseguirmos efetivar este concurso público, será sem dúvida uma boa arma para combater a especulação imobiliária, para combater o elevado preço das casas e dar uma resposta”, salientou.

O grupo municipal da CDU, que se absteve na votação, considerou que a proposta garante um bom negócio ao privado, comprometendo futuros executivos, e criticou o facto de a câmara se colocar como intermediária no arrendamento, questionando porque não foi o empreendimento financiado pelos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A CDU classificou ainda a proposta como uma espécie de parceria público-privada para a habitação, defendendo que não é através deste modelo que são resolvidos os problemas de habitação do Barreiro.

A esta crítica, o vice-presidente da autarquia do Barreiro respondeu que é uma opção política que tenta “reunir o melhor dos dois mundos, uma vez que a câmara não necessita de se endividar, nem junto da banca tradicional, nem junto do fundo do PRR”.

Por outro lado, recordou, o PRR não financia a 100% os projetos de renda acessível como o faz na habitação social.

“A opção foi perceber de que forma não nos endividamos para fazer este projeto, tendo um impacto neutro nas nossas contas”, reiterou o vice-presidente do município.

Por seu lado, o Bloco de Esquerda (BE), que também se absteve, corroborou que o modelo escolhido é de um negócio público-privado, salientando que se trata de uma escolha política e ideológica com a qual o partido não concorda. “A autarquia transforma-se num garante de um rendimento obtido pelos privados. Temos a certeza de que a função da autarquia deve ser criar soluções que diminuam as carências habitacionais, mas o modelo de negócio não é o que defendemos. Temos sérias dificuldades em acompanhar esta resolução”, disse Francisco Alves, deputado municipal do BE.

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Lucro das empresas públicas dispara 67% e dívida baixa 23%

A UTAO revela que as empresas públicas tiveram uma melhoria significativa dos seus resultados durante o primeiro semestre de 2024, que é espelhado por um lucro agregado de 556 milhões de euros.

As empresas públicas apresentaram uma melhoria significativa nos seus resultados financeiros durante o primeiro semestre de 2024, segundo o mais recente relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), publicado esta sexta-feira.

O relatório da UTAO, que teve por base as contas de 117 das 142 empresas que compõem o SEE, revela um aumento de 22% do EBITDA, uma subida de 67% do resultado líquido e uma queda de 23% da dívida.

Segundo os dados compilados pela UTAO, o EBITDA alcançado pelo conjunto de empresas públicas que integram o SEE “aumentou 288 milhões de euros no primeiro semestre de 2024, face ao período homólogo anterior: passou de 1.296 milhões de euros no primeiro semestre de 2023 para 1.584 milhões de euros no primeiro semestre de 2024″, destaca o documento.

o resultado líquido destas empresas registou um aumento de 223 milhões de euros relativamente aos primeiros seis meses do ano passado, “tendo o conjunto de empresas em análise recuperado de 333 milhões de euros no primeiro semestre de 2023 para 556 milhões de euros no primeiro semestre de 2024″, refere o relatório.

É interessante notar que os segmentos empresariais que apresentam melhores indicadores de rentabilidade (Empresas Públicas Financeiras e Empresas Públicas Não Reclassificadas) foram os que aumentaram a dívida e vice-versa, ainda que não sejam aqueles que acumulam os maiores stocks de dívida.

Unidade Técnica de Apoio Orçamental

Relatório Apreciação económico-financeira do Sector Empresarial do Estado: janeiro a junho de 2024

No entanto, nem todos os segmentos do SEE apresentaram um desempenho uniforme. As Empresas Públicas Financeiras (EPF) e as Empresas Públicas Não Reclassificadas (EPNR) foram as que registaram os melhores resultados, enquanto as Empresas Públicas Não Financeiras (EPNF) e as Empresas Públicas Reclassificadas (EPR) viram os seus indicadores piorarem.

Um ponto de preocupação destacado no relatório da UTAO, orientado e revisto por Rui Nuno Baleiras e elaborado por António Antunes, é o aumento da dívida em alguns segmentos do SEE. “O stock global de dívida das empresas que integram o SEE diminuiu significativamente no primeiro semestre de 2024, embora este não tenha sido um resultado uniforme”, refere o relatório da UTAO.

Embora o stock global de dívida tenha diminuído 23%, passando de 25.343 milhões de euros no primeiro semestre de 2023 para 19.533 milhões de euros no mesmo período de 2024, as EPF e as EPNR registaram aumentos nos seus níveis de endividamento.

  • As EPNF (110 empresas de um total de 132) registaram uma redução de 6.344 milhões de euros (-27,5%) no seu stock de dívida, enquanto as EPF (7 de um total de 10) aumentaram a sua dívida em 535 milhões de euros (+24%);
  • As EPR (63 empresas de um total de 78) reduziram o stock de dívida em 6.350 milhões de euros (-30,3%), enquanto as EPNR (54 empresas de um total de 64) registaram um aumento da sua dívida em 541 milhões de euros (+12,2%);

É interessante notar que os segmentos empresariais que apresentam melhores indicadores de rentabilidade (Empresas Públicas Financeiras e Empresas Públicas Não Reclassificadas) foram os que aumentaram a dívida e vice-versa, ainda que não sejam aqueles que acumulam os maiores stocks de dívida”, observa a UTAO.

O relatório também destaca que o período de janeiro a junho de 2024 registou um aumento homólogo da atividade económica das empresas que integram o SEE, “quer por via do aumento da receita total quer dos gastos totais, com um impacto (líquido) agregado positivo (mais 288 milhões de euros), com reflexo direto no acréscimo do EBITDA alcançado”.

Apesar da notável melhoria nos resultados financeiros globais nos primeiros seis meses do ano, com aumentos significativos no EBITDA e no resultado líquido, bem como uma redução expressiva da dívida total, persistem desafios importantes para o Setor Empresarial do Estado.

O desempenho heterogéneo entre os diferentes segmentos do SEE merece especial atenção. Enquanto as Empresas Públicas Financeiras e as Não Reclassificadas apresentaram resultados robustos, as Não Financeiras e as Reclassificadas enfrentaram dificuldades. Esta disparidade sublinha a necessidade de uma abordagem diferenciada na gestão e supervisão destas entidades.

Particularmente preocupante é o aumento da dívida nos segmentos mais rentáveis do SEE, nomeadamente as EPF e as EPNR. Este fenómeno levanta questões sobre a sustentabilidade a longo prazo destas empresas.

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Patrões e sindicatos apontam falhas na quantificação do custo com redução de impostos nas GOP

Conselho Económico e Social aprovou um parecer crítico às Grandes Opções do Plano do Governo pela "dispersão de medidas", como a descida do IRS, cujo impacto não está quantificado.

O Conselho Económico e Social (CES), que junta confederações patronais e sindicais, aprovaram um parecer crítico às Grandes Opções do Plano (GOP) 2024-2028 do Governo, apontando várias falhas como a “dispersão de medidas” e a ausência da quantificação do seu custo, como a descida do IRS. Os parceiros sociais criticam ainda a ausência de respostas de combate ao desemprego, baixos salários e precariedade laboral dos jovens.

Verifica-se assim “alguma dispersão nos temas e nas medidas que, em diversos casos, se entrecruzam ao longo dos diferentes desafios estratégicos com repetições frequentes”, de acordo com o mesmo relatório. A entidade, presidida por Luís Pais Antunes, considera que “algumas das medidas são referenciadas em múltiplos desafios, como sucede com a descida do IRS, e não existe uma quantificação dos respetivos custos, nem é fixado um prazo preciso para o período de implementação”.

“A escassez é a nota dominante com o destaque a ir para as reduções do IRS e do IRC que se fazem acompanhar de um conjunto de medidas que não estão verdadeiramente alinhadas com os grandes objetivos enunciados”, de acordo com o mesmo parecer.

CES arrasa proposta inicial do Governo para o IRS Jovem

Especialmente em relação ao IRS Jovem, proposto anteriormente pelo Governo e que consta do seu programa, o CES é particularmente arrasador, porque, na sua perspetiva não vai efetivamente conseguir reter talento em Portugal. “Existe uma distância assinalável entre as intenções e as medidas de políticas públicas concretas apresentadas neste domínio”, escrevem os parceiros.

De recordar que medida inicial para IRS Jovem, e não a que entretanto foi apresentada ao PS como sendo “irrecusável”, previa o fim do regime em vigor, assente em isenções durante cinco anos e até aos 30 anos. E estabelecia um novo modelo, com uma tabela de taxas própria, cuja tributação máxima ía até 15, abrangia todos os jovens até aos 35 anos com rendimentos mensais brutos até ao 8.º e penúltimo escalão de IRS.

“Sem prejuízo de o CES partilhar as preocupações subjacentes à adoção desta medida, não pode deixar de alertar que a mesma pode gerar tensões na sociedade portuguesa, considerando-se que existem outras medidas, que de uma forma mais equitativa, poderiam contribuir para ajudar os jovens na fase inicial da vida”, segundo o relatório.

O CES “considera como positivas medidas que contribuam para a retenção e regresso de jovens a Portugal”, mas “desde que sejam construídas com base em princípios de equidade, justiça social e solidariedade”. Os parceiros sociais alertam que políticas de retenção de talento não se podem esgotar na área fiscal. Por isso, “as medidas incluídas nas GOP não respondem aos problemas com que os jovens se debatem, como o desemprego, os baixos salários e a precariedade laboral, nem às dificuldades no acesso à habitação”.

Falta de respostas de combate à pobreza

No capítulo de combate à pobreza e às desigualdades, um dos desafios das GOP, o CES conclui que “as medidas elencadas são escassas e, em alguns casos, não estão verdadeiramente focadas na pobreza ou nas desigualdades”. Apenas se destacam “o reforço do complemento solidário para idosos (CSI) e o aumento do salário mínimo, o que é manifestamente insuficiente num país em que a taxa de pobreza, antes de transferências sociais, é superior a 40% e, mesmo após essas transferências, o risco de pobreza é significativo”.

Para além disso, patrões e sindicatos reiteram “as preocupações expressas em anteriores pareceres sobre os défices existentes de proteção e de segurança social que abrangem alguns grupos sociais, nomeadamente desempregados”.

Para o CES, há vários problemas de fundo “não estão suficientemente enfatizados no documento”, e “cuja eventual inércia permite antecipar o respetivo agravamento, como sejam: a ameaça demográfica e a perda de talentos pelos elevados fluxos de emigração; o modelo económico ainda predominante no país, que cria pouco valor e assenta em baixos salários e numa baixa produtividade; a questão da efetivação do direito à habitação, as políticas do território associadas, em especial, às ‘políticas de cidade’, essenciais na melhoria da qualidade de vida da população; e, finalmente o défice, em quantidade e em qualidade, de serviços públicos essenciais, a que acresce a morosidade do sistema judicial”.

Acresce que os vários documentos estratégicos referenciados ainda não estão elaborados ou neles se pretende proceder à respetiva revisão (não havendo a indicação de qualquer calendarização e muitos com data-limite de 2030), tornando mais difícil a obtenção dos resultados pretendidos no quadro temporal destas GO”, sinaliza a instituição.

Elevada dependência de fundos europeus e fraca execução do PRR

Por outro lado, o CES olha com preocupação para “a elevada dependência do investimento e, em particular, do investimento público dos fundos europeus”, como já alertou em anteriores pareceres. Citando, aliás, o de 2023, indica que “existe a necessidade de se ponderar a articulação entre as fontes de financiamento nacionais e os fundos europeus, os quais devem ser complementares, devendo o Estado assegurar as dotações necessárias para não comprometer os objetivos de desenvolvimento e investimento”.

“Os números apresentados nestas GO mostram que o contributo dos fundos europeus é, atualmente, superior a 75% do total do financiamento previsto”, sinaliza. Analisando o documento, verifica-se que, dos cofres públicos, mais concretamente, dos Orçamentos do Estado (2024-2028), apenas irão sair 14,28 mil milhões de euros, isto é, um quarto (24,6%) dos cerca de 58 mil milhões que o Governo estima gastar. A fatia de leão, de 43.651 milhões de euros (75%), vem de Bruxelas: 18,58 mil milhões são do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), 18,38 mil milhões do PT2030 e 6,7 mil milhões terão origem noutras fontes europeias, tal como o ECO já escreveu.

Por outro lado, há um “problema” na “execução dos programas Comunitários, que, na opinião do CES, deveria merecer uma referência reforçada, seja no plano qualitativo, seja no plano da execução quantitativa, em que os baixos níveis de execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e os atrasos na implementação do PT 2030 são altamente preocupantes”.

“A alteração deste contexto impõe a tomada de medidas por parte do Governo que não podem ser meramente circunstanciais, exigindo uma resposta à reconhecida falta de recursos humanos, mas também a alteração de aspetos organizacionais e processuais”, recomenda.

Dando respaldo aos alertas já manifestados pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) do Parlamento, o CES considera que as GOP do Governo correm o risco de se transformar num “texto rapidamente desarticulado”, tendo em conta que esta proposta de lei pode ficar desatualizada face ao novo um plano orçamental estrutural de médio prazo que Portugal vai entregar em Bruxelas este mês e que irá substituir o plano de estabilidade.

Para além disso, o CES refere que “a necessidade do Governo para efeito da aprovação do(s) Orçamento(s) do Estado de negociar as medidas a contemplar no(s) mesmo(s) pode também limitar a sua capacidade de concretização das GOP 2024-28, ficando por esclarecer como se articula o projeto de lei das GOP 2024-2028, em apreciação, com o plano orçamental estrutural nacional de médio prazo (POENMP) com uma duração de quatro anos, podendo a existência de possíveis incongruências tornar estas GOP um texto rapidamente desarticulado”.

O CES aprovou o parecer com a abstenção da CGTP e da CNA. UGT e as restantes confederações empresariais (CIP, CCP, CTP e CAP) votaram favoravelmente.

(Notícia atualizada às 18h23)

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OE2025. Setor da distribuição pede contenção nas medidas “supostamente bondosas” que implicam encargos

  • Lusa
  • 4 Outubro 2024

O setor da distribuição avisou para medidas que se "traduzem em obrigações e encargos custosos, desproporcionais e desadequados à realidade das empresas".

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) pediu esta sexta-feira ao Governo “contenção e realismo” na adoção de medidas “supostamente bondosas”, que se traduzem em encargos e obrigações para as empresas.

Esperamos “que haja contenção e realismo na adoção de medidas supostamente bondosas e orientadas para a sustentabilidade e que se traduzem em obrigações e encargos custosos, desproporcionais e desadequados à realidade das empresas, não apenas na distribuição e retalho, mas também em vários setores industriais”, defendeu, em resposta à Lusa, a APED, a propósito do Orçamento do Estado para 2025.

Por outro lado, defendeu que o Governo deve fazer uma reflexão progressiva sobre a tributação, permitindo que o rendimento disponível dos trabalhadores seja melhorado.

A APED classificou ainda o IRS (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares) Jovem como uma medida politicamente controversa, que precisa de “muita modelação” e disse que as mudanças no IRC (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas) parecem estar aquém das expectativas inicialmente criadas nas empresas, apesar de garantir apoiar a decisão da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) em assinar o acordo tripartido.

A proposta do Orçamento do Estado para 2025 deverá ser entregue, na próxima quinta-feira, na Assembleia da República.

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Investimento em seed e early stage dispara 36% para 1,6 mil milhões

Investimento para a expansão das empresas ou às que pretendem reorientar a sua estratégia também aumentou cerca de 11% e 9%, respetivamente.

O mercado de capital de risco continua muito ativo em Portugal. No ano passado, o valor dos ativos sob gestão do setor subiu 29% para 9.254 milhões de euros, de acordo com o “Relatório sobre a Atividade de Capital de Risco — 2023”, da Comissão de Mercado de Valore Mobiliários (CMVM), divulgado esta sexta-feira.

Deste “bolo”, 1.653 milhões foram alocados ao investimento a empresas nas fases de seed capital, startup ou early stage, traduzindo-se numa subida de 36% face aos valores de 2022.

A subida de 29% nos ativos sob gestão do capital de risco em 2023 surge tanto pelo crescimento no investimento efetuado diretamente através da carteira própria das Sociedades de Capital de Risco (SCR), quer no investimento realizado pelos Organismos de investimento alternativo (OIA) de capital de risco: as “SCR aumentaram a carteira própria de 211 para 273 milhões de euros (+30%), enquanto os ativos sob gestão nos OIA de capital de risco cresceram cerca de 2.028 milhões de euros, atingindo o montante de 8.981 milhões de euros em dezembro de 2023 (+29%)”.

“Os OIA de capital de risco continuam, deste modo, a ser o veículo preponderante na realização de investimentos pelo capital de risco, tendo um peso no total de ativos sob gestão superior a 97%”, aponta o relatório do regulador e mercados financeiros.

Investimento sobe na fase inicial e de expansão

“Em 2023, destaca-se o investimento nas fases de seed capital, startup ou early stage, atingindo 1.653 milhões de euros (+36% do que em 2022, considerando valores de final do ano)”, pode ler-se no relatório da CMVM.

O investimento para a expansão das empresas (growth/mezzanine) ou às que pretendem reorientar a sua estratégia (turnaround/special situations) também aumentou cerca de 11% (para 1.959 milhões) e 9% (para 913 milhões de euros), respetivamente.

“Em sentido oposto, o valor investido pelos OIA de capital de risco nas situações em que se visa o apoio à gestão de uma empresa através da aquisição do respetivo capital (management buyout) diminuiu para 252 milhões de euros (304 milhões de euros no final de 2022)”, aponta o relatório. Já o investimento de capital de risco em management buyin — entrada de uma equipa de gestão externa na empresa — subiu 5%, para 19 milhões de euros.

Fazendo uma análise comparativa com o setor de capital de risco europeu, o relatório aponta algumas diferenças. No ano passado “predominava o investimento em management buyout (63% versus 4% em Portugal). Ao invés, o investimento na fase de turnaround não tem expressão na Europa, mas representa 14% em Portugal”, aponta. Já o na fase de expansão (growth/mezzanine) tinha expressão quase idêntica em Portugal e na Europa: 26% versus 22%, respetivamente.

Fonte: Relatório sobre atividade de capital de risco — 2023, CMVM

No ano passado, as aquisições (investimento) por parte das sociedades gestoras totalizaram 1.792 operações, atingindo um valor total de 2.130 milhões de euros, uma subida face aos 1.583 milhões de euros em 2022, correspondendo a 71% do total de transações.

“As aquisições de ações e quotas, em 2023, totalizaram 504 milhões de euros (num total de 496 operações), o que traduz um aumento face ao ano anterior (400 milhões de euros)”, detalha o relatório. O valor médio por aquisição também aumentou mais 0,3 milhões de euros face a 2022 para cerca de 1,2 milhões por transação.

Já as operações de alienação (desinvestimento) ascenderam a 748 (29% do número total das transações), com um valor total de 840 milhões de euros, abaixo dos 898 milhões registados em 2022. “O valor médio das alienações foi inferior ao de 2022, atingindo cerca de 1,1 milhões de euros (1,2 milhões de euros em 2022)”, destaca o relatório.

“No que respeita a alienações de participações sociais com mais-valias (menos-valias), verificou-se que, face ao valor inscrito em carteira, tal ocorreu em cerca de 33% (13%) das alienações e, face ao valor de aquisição, em 30% (15%) dos casos. Nos demais 54% (55%) dos casos de alienação, face ao valor da carteira (face ao valor de aquisição), não se registaram nem mais, nem menos-valias”, pode ler-se no relatório.

“O valor total das mais-valias face ao valor em carteira foi de 22,5 milhões de euros, sendo de 53,7 milhões de euros face ao valor de aquisição. Em termos de menos-valias observou-se um valor total de -5,7 milhões de euros, face ao valor de carteira, e -6 milhões de euros, face ao valor de aquisição”, especifica.

Quota de mercado das sociedades gestoras

Ao contrário do ocorrido em 2022, no ano passado não se registam alterações no top cinco das maiores entidades que gerem OIA de capital de risco em Portugal. Pese em embora uma perda de quota face ao ano anterior, a Oxy lidera com uma quota de 10,4% do mercado, seguida da ECS com uma quota de 8,47% (um recuo face aos 10,65% em 2022) e da Explorer com 7,92% (uma subida face aos 6,44% de 2022). Também a Lynx (6,05% vs 5,48% em 2022) e a Iberis (6,04% vs 5,43%) registam um reforço da sua quota.

Fonte: Relatório sobre atividade de capital de risco — 2023, CMVM

Globalmente, apesar de não haver mexidas no ranking, as cinco principais sociedades de risco passaram de uma quota de 41% para 39%, ou seja, menos dois pontos percentuais.

Das 43 entidades que gerem OIA de capital de risco (mais duas entidades do que em 2022) apresentam uma quota de mercado inferior a 1%.

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