Não salvar Inapa foi uma decisão “difícil”, mas que “envelheceu bem”

Secretário de Estado do Tesouro e Finanças disse que o dossier Inapa não estava na pasta de transição do anterior Governo e só dia 12 de julho soube da necessidade de liquidez de emergência.

O secretário de Estado do Tesouro e Finanças, João Silva Lopes, afirmou esta quarta-feira que rejeitar uma injeção de emergência no valor de 12 milhões de euros na Inapa, para impedir a falência na Alemanha com impacto direto no grupo, foi uma decisão “difícil”, mas que “foi muito pensada e adotada na defesa do interesse público e contribuintes”. Apesar desta decisão ter resultado na insolvência do Grupo, o governante defende a sustentabilidade da decisão: “não estamos a discutir um cenário igual à Efacec”.

Rejeitar a injeção de fundos de emergência na Inapa foi “decisão eminentemente técnica e não foi política“, assegurou esta quarta-feira João Silva Lopes numa audição no Parlamento sobre a Inapa. O secretário de Estado citou os pareceres dados pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e pela Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM), assim como a própria Parpública, que detém perto de 45% do capital da Inapa, para justificar a decisão do Governo, ainda que assuma que a decisão de não pôr dinheiro na empresa, precipitando o seu pedido de insolvência, é da responsabilidade deste Executivo.

“Para todos os efeitos fomos nós [Governo] que tomamos a decisão que tomamos e veio a espoletar no processo de insolvência que veio a decorrer”, assumiu.

Mesmo afirmando que não viabilizar a injeção de 12 milhões — dos quais nove seriam assegurados pela Parpública — foi uma “opção técnica fundamentada nos pareceres técnicos”, reconheceu que se tratou de uma “decisão difícil, complexa, mas foi muito pensada e adotada na defesa do interesse público e contribuintes”, voltando a referir que foi uma decisão que “envelheceu bem”. “Não estamos a discutir um cenário igual à Efacec”, atirou em resposta às questões colocadas pelos deputados.

À imagem do que já tinha adiantado o ex-presidente da Parpública, Realinho de Matos, numa audição anterior, João Silva Lopes garantiu queda parte da Inapa não foi apresentado qualquer estudo de viabilidade, nem provas que o Estado iria recuperar o dinheiro. O mesmo em relação à oferta informal dos japoneses da JPP, a qual “não chegou de forma concreta e formal”.

Quanto ao modo como se desenrolou o processo, “apenas no dia 12 de julho o Governo teve conhecimento de toda esta situação iminente de rutura de tesouraria”, na sequência da suspensão de negociação das ações por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários no dia 11 de julho.

Foi após este comunicado que o Governo pediu uma reunião de emergência com a Parpública, reunião esta que aconteceu no dia seguinte e na qual o secretário de Estado foi informado sobre os dois pedidos de injeção de capital feitos pela Inapa ao maior acionista. Em causa, uma primeira injeção de 15 milhões para responder a problemas estruturais em Portugal e uma segunda injeção de 12 milhões para salvar a empresa da falência na Alemanha. Juntando as duas linhas de financiamento, a empresa pedia à Parpública que colocasse 27 milhões de euros na Inapa.

“Esse valor por si só é superior ao valor nominal da participação que detinha na Inapa“, de 8,7 milhões de euros, conforme explicou o secretário de Estado.

Silva Lopes afirmou ainda aos deputados que não tinha conhecimento do despacho do anterior Executivo de António Costa que dava ordem à Parpública para procurar um comprador para a posição da Inapa. “Só tive conhecimento deste despacho no dia 12 de julho do ano passado”, garantiu, acrescentando que “este processo [da Inapa] não estava na pasta de transição que me foi transmitida pelo anterior Governo”.

Trabalhadores em Portugal com salários em dia

Quanto à situação dos 200 trabalhadores da Inapa em Portugal, o secretário de Estado garante que o Governo está a acompanhar todo o processo e “tanto quanto é conhecimento da Parpública não há qualquer dívida de salários aos trabalhadores“.

O governante garantiu ainda que a situação dos trabalhadores vai continuar a ser acompanhada pelo Executivo, através da Parpública, que está em contacto com o administrador do processo de insolvência da empresa.

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Crédito às famílias cresceu ao ritmo mais elevado em 16 anos

Alívio das taxas de juro puxou pelo crédito às famílias no ano passado, que registou a maior taxa de crescimento desde 2008.

O crédito às famílias cresceu em 2024 ao ritmo mais elevado desde 2008, impulsionado sobretudo pelos empréstimos para a compra de casa, de acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.

Em dezembro do ano passado, o montante de empréstimos concedidos pelos bancos a particulares registou uma variação anual de 4,2%, que compara com a taxa de -0,6% observada no final de 2023. “Trata-se do maior crescimento em final de ano observado desde 2008 (4,5%)”, observa o supervisor.

O montante de crédito para habitação ascendia a 102,4 mil milhões de euros no final de 2024, mais 3,5 mil milhões face há um ano. “Os empréstimos à habitação cresceram 3,5%, contrariando o decréscimo de 1,2% registado em 2023, que tinha sido motivado pelo contexto de subida das taxas de juro”, explica o Banco de Portugal.

Por seu turno, o crédito ao consumo atingiu os 20,1 mil milhões de euros, mais 1,2 mil milhões em relação ao final de 2023. Neste caso, deu-se um aumento de 7,5%, a maior taxa em final de ano desde 2019 (9,4%).

Já o montante de empréstimos às empresas caiu 600 milhões de euros no ano passado, totalizando os 72,6 mil milhões em dezembro.

O Banco de Portugal explica que o decréscimo do montante vivo de empréstimos às empresas decorre essencialmente de perdas em operações de vendas de crédito, apesar do aumento dos empréstimos concedidos.

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Eversheds Sutherland reforça a equipa do Algarve

A Eversheds Sutherland anuncia a contratação de Alexandre Barreto para o escritório de Faro.

A Eversheds Sutherland anuncia a contratação de Alexandre Barreto para o escritório de Faro.

Com um percurso sólido na área jurídica, Alexandre Barreto irá integrar a equipa do escritório de Faro como Associado Sénior. “Esta contratação reforça o compromisso da Eversheds Sutherland em atrair talento de excelência para consolidar o seu posicionamento como uma referência no mercado jurídico nacional”, segundo comunicado do escritório.

Advogado com mais de 20 anos de prática, formado em Direito pela Universidade Autónoma de Lisboa e pós-graduado em Direito, Finança e Justiça no Desporto pela Faculdade de Direito de Lisboa.

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Riopele emite três milhões de euros em obrigações verdes

Numa operação totalmente subscrita pelo Banco Montepio, a têxtil de Vila Nova de Famalicão pretende utilizar os três milhões para financiar o terceiro parque solar fotovoltaico.

A têxtil Riopele fez a primeira emissão de obrigações verdes, no montante de três milhões de euros, por oferta particular e direta. O Banco Montepio assumiu a responsabilidade pela organização e montagem da operação e subscreveu a emissão.

“Esta emissão de obrigações verdes a cinco anos vai servir para financiar o terceiro parque fotovoltaico da Riopele em Pousada de Saramagos, que já está em construção“, explica ao ECO o presidente da Riopele José Alexandre Oliveira, acrescentando que a inauguração deve acontecer em abril. A têxtil já investiu dez milhões de euros na construção de dois parques fotovoltaicos rumo à neutralidade carbónica.

Esta emissão de obrigações verdes a cinco anos vai servir para financiar o terceiro parque fotovoltaico da Riopele em Pousada de Saramagos, que já está em construção e deverá ser inaugurado em abril.

José Alexandre Oliveira

Presidente da Riopele

Em comunicado, o Banco Montepio afirma que a emissão obrigacionista “Riopele 2025-2030”, sob a forma de Green Bonds, tem como objetivo apoiar o investimento associado à construção de um terceiro parque solar fotovoltaico nas instalações da Riopele, em Pousada de Saramagos, para autoconsumo, com potência instalada de 4.586 kWp.

O Banco Montepio detalha ainda que a “construção do parque solar fotovoltaico está enquadrada no projeto Riopele EE+R – Energia mais Eficiente e mais Renovável e apresenta benefícios ambientais como a redução das emissões de gases com efeito de estufa (permite evitar emissões de 1.081 toneladas de CO2 por ano), contribuindo para o objetivo da estratégia de sustentabilidade da Riopele Mitigação e Adaptação às Alterações Climáticas”.

Para Pedro Leitão, CEO do Grupo Banco Montepio “a participação na estruturação e subscrição desta emissão com impacto na aceleração da transição energética e na descarbonização reforça o nosso compromisso enquanto parceiro das empresas na prossecução dos seus objetivos de sustentabilidade”.

“A Riopele tem vindo a desenvolver uma forte aposta no cruzamento da competitividade com a sustentabilidade ambiental, seja ao nível dos processos seja ao nível dos produtos”, afirma o CEO da têxtil. “Com o projeto Riopele EE+R – Energia mais Eficiente e mais Renovável, a empresa dá continuidade a essa aposta investindo em produção de energia renovável solar para autoconsumo e em componentes associadas à eficiência energética na produção e utilização de vapor e de ar comprimido. Inclui ainda uma componente de monitorização e otimização dos consumos energéticos, com base em tecnologias digitais”, nota José Teixeira.

Fundada em 1927, a Riopele é uma das mais antigas empresas têxteis europeias. Especializada na criação e no fabrico de tecidos para coleções de moda e de vestuário, emprega mais de 1.000 pessoas e exporta cerca de 95% da produção, de forma direta ou indireta, para clientes espalhados por 30 países.

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Carlos Costa contraria Centeno e vê Portugal capaz de evitar regresso ao défice em 2025

  • ECO
  • 29 Janeiro 2025

Apesar da estimativa do Banco de Portugal de um défice de 0,1% este ano, o ex-governador da instituição acredita que o país vai conseguir evitar um regresso das contas públicas ao vermelho.

Carlos Costa está convicto de que o país vai conseguir evitar o regresso aos défices orçamentais este ano, contrariamente à estimativa do Banco de Portugal (BdP), instituição que liderou entre 2010 e 2020, que aponta para que as contas públicas voltem a uma execução deficitária de -0,1% do PIB em 2025.

Em entrevista na manhã desta quarta-feira ao programa “Ponto Central”, da Antena 1, o antecessor de Mário Centeno diz que Portugal precisa de uma reforma da Administração Pública para evitar um regresso das contas públicas ao vermelho.

“A única questão que tem de ter é capacidade para fazer uma grande reforma que está por fazer, que é o aumento da eficiência da Administração Pública, de forma a poder fornecer os mesmos bens públicos a um custo menor”, afirmou Carlos Costa.

O ex-governador do BdP realça que esta reforma tem de ser feita “tendo em conta que os processos da Administração Pública foram pensados num momento em que não havia capacidade de automatização nem inteligência artificial”, pois “há tarefas que vão ter de ser repensadas com as novas condições do ponto de vista de produção desses mesmos serviços”.

A entrevista de Carlos Costa à rádio pública coincide com o dia em que Mario Draghi, ex-governador do Banco Central Europeu (BCE) e antigo primeiro-ministro italiano, vem a Lisboa para participar na reunião do Conselho de Estado desta tarde, com o objetivo de analisar “as perspetivas e os desafios sobre o futuro da União Europeia”.

Neste âmbito, o antigo governador do Banco de Portugal insiste que o país tem de pensar a longo prazo, traçando como prioridades para melhorar a competitividade da economia nacional o “relançamento da base industrial” e a criação de “parcerias externas” para “evitar ficar estrangulado no confronto entre dois polos — o americano e o chinês — e, sobretudo, no acesso a matérias-primas e mercados”.

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Fim de portagens em Espanha fez disparar sinistralidade e tirou receitas ao Estado

Associação de concessionárias portuguesas considera fim das portagens um "duro golpe" para o financiamento das autoestradas e alerta que serão necessários investimentos de 4.000 milhões.

O fim das portagens num grande número de autoestradas em Espanha fez disparar a sinistralidade rodoviária e retirou 409 mil milhões de euros por ano em receitas ao Estado, segundo um estudo apresentado no VII Congresso da Associação Portuguesa das Sociedades Concessionárias de Autoestradas ou Pontes com Portagem (APCAP), que decorre esta quarta-feira no auditório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa.

Bruno de la Fuente, diretor de concessões e do departamento de economia da Asociacion de Empresas Constructoras y Concesionarias de Infraestructuras (SEOPAN), apresentou números, com base em estatísticas oficiais, que apontam para um aumento de 37,7% no número de feridos não hospitalizados, de 94,2% nos feridos hospitalizados e de 134,2% no número de mortos.

Números que refletem um aumento expressivo de tráfego nas vias que deixaram de ter portagem, contabilizado em 40% nos veículos ligeiros e 89% nos pesados.

O responsável da associação que representa as concessionárias de autoestradas espanholas referiu ainda que existiu uma perda de 409,8 milhões de euros em receita fiscal por ano e a eliminação de 1.283 milhões de empregos.

Estes dados ilustraram as críticas deixadas pelo presidente da APCAP no arranque do Congresso ao fim das portagens em autoestradas do interior, que considerou um golpe para o modelo de financiamento baseado no princípio utilizador-poluidor/pagador.

O início de 2025 fica negativamente marcado pela abolição total de portagens no interior destinada, supostamente, a estimular a coesão territorial, a que, aliás, todos somos sensíveis”, apontou o presidente da APCAP. A decisão “resultará numa perda anual de receitas de pelo menos 180 milhões de euros, tendo implicações financeiras adicionais, ainda em análise, designadamente no reequilíbrio dos atuais contratos de concessão das concessionárias afetadas, acrecentou.

É um golpe duro no sistema utilizador-poluídor/pagador, com riscos para o sistema nacional e contrariando as recomendações das diretivas europeias“, apontou Manuel Melo Ramos. “Os próximos tempos são críticos porque continuará a haver pressão para acabar com as portagens”, disse ainda.

O presidente da APCAP defendeu que “a portagem é claramente o melhor vetor de financiamento das centenas de milhões de euros necessários nos próximos anos”. “Num contexto de necessidade de não onerar o Orçamento do Estado, a portagem é a ferramenta mais eficaz parra assegurar a qualidade de manutenção das autoestradas, a sua operação e a assistência a clientes, bem como assegurar os investimentos futuros”, afirmou.

Foi também apresentado um estudo da PwC que aponta que “a transformação do setor da mobilidade requer investimentos em sustentabilidade, segurança e infraestruturas digitais para modernizar a rede europeia”. Manuel Melo Ramos contabilizou, a partir do relatório, que os investimentos necessários em Portugal na próxima década rondem os 4 mil milhões de euros.

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Projetos de hidrogénio verde com “grande dificuldade” na execução

"Há uma corrida à compra de eletrolisadores no mercado europeu e mundial e portanto há aqui dificuldades a executar", justificou a ministra.

O diretor do Fundo Ambiental, Marco Rebelo, afirma que 2025 é um ano de “execução” no que diz respeito aos projetos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que estão sob gestão deste fundo. A taxa de execução está para já nos 17%, mas o responsável espera que “aumente significativamente” ao longo deste ano. Contudo, os projetos de hidrogénio verde estão a criar incerteza quanto à execução. “Os promotores estão a dizer-nos que há uma grande dificuldade em executar todos estes projetos“, confirma a ministra do Ambiente.

A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, assim como o diretor do Fundo Ambiental, falavam numa audição parlamentar que teve lugar esta terça-feira, na Assembleia da República.

“Temos um investimento muito grande no PRR em hidrogénio, cerca de 255 milhões, entre três avisos diferentes. Os promotores estão a dizer-nos que há uma grande dificuldade em executar todos estes projetos“, indicou a governante. Uma dificuldade justificada pela falta de equipamentos para produzir hidrogénio verde, os eletrolisadores. “Não estão disponíveis eletrolisadores para entrega no mercado. O que está acontecer em Portugal está a acontecer no resto da Europa. Há uma corrida à compra de eletrolisadores no mercado europeu e mundial e portanto há aqui dificuldades a executar”, concluiu.

A taxa de execução dos mais de 1.700 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência cuja gestão cabe, para já, ao Fundo Ambiental, é neste momento de cerca de 17%, informou Marco Rebelo, ressalvando que “não estará muito longe da taxa de execução global”.

Em relação às perspetivas, assumiu que é uma questão “mais difícil”, desde logo porque aqui cabem os investimentos em hidrogénio verde e gases renováveis, “onde a incerteza é grande”, apesar dos contratos celebrados com beneficiários. De qualquer forma, “este ano, efetivamente, teremos parte significativa da execução a acontecer”, garantiu.

A convicção de que 2025 é um ano de execução justifica-se com o dado de que “já não há muitos avisos a lançar”, e portanto os contratos feitos até ao momento estão em curso. “Esperamos que aumente significativamente a taxa de execução durante o corrente ano“, afirmou.

O Fundo Ambiental, enquadrou o respetivo diretor no início da sessão, é o intermediário de 7 das 21 componentes do PRR. Estão em causa os apoios nas áreas das florestas, eficiência hídrica, bioeconomia, eficiência energética, hidrogénio e gases renováveis, descarbonização dos transportes e a componente de reforço do programa Repower.

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Crescimento das importações supera o das vendas ao exterior no final do ano

Exportações e importações cresceram 4,1% e 5,1%, respetivamente, entre outubro e dezembro de 2024 em relação ao período homólogo. É o terceiro trimestre consecutivo de crescimento.

As exportações cresceram 4,1% no último trimestre de 2024, naquela que foi a terceira progressão trimestral consecutiva, revela a estimativa rápida divulgada esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). No entanto, as importações estão a crescer mais rapidamente — 5,1% nos últimos três meses do ano, face ao período homólogo. Além disso, o ritmo de progressão das transações de bens comerciais abrandou.

Figura 1. Comércio Internacional – Taxas de variação homóloga trimestrais das Exportações e ImportaçõesInstituto Nacional de Estatística

Segundo o INE, “as transações de bens aumentaram, assim, pelo terceiro trimestre consecutivo” face ao período homólogo, tendo as variações homólogas no trimestre anterior sido de 9,7% nas exportações e 7% nas importações.

No entanto, o gabinete de estatística realça que, à semelhança do trimestre anterior, estas variações nas transações de bem refletem “acréscimos nas transações de bens com vista a ou na sequência de trabalhos por encomenda, sem mudança de propriedade, embora de menor magnitude”.

Esta terça-feira, o INE deu nota dos resultados do inquérito sobre perspetivas de exportação de bens para este ano com as empresas portuguesas a preverem um aumento nominal de 4,6% das exportações de bens em 2025, “seguindo a trajetória de acréscimo” registada entre janeiro e novembro do ano passado, em que as vendas ao exterior cresceram 3%.

Os resultados mostram que o maior acréscimo é esperado nas exportações de material de transporte e acessórios (7,2%) e na categoria de fornecimentos industriais (+6,9%).

Os dados surgem na sequência das projeções divulgadas pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e preveem vários economistas e que sugerem que a economia portuguesa terá acelerado no final de 2024. As estimativas dos economistas consultados pela agência Lusa para o crescimento no último trimestre variam entre 1,2% e 2,1%, em termos homólogos, e 0,2% e 1% em cadeia.

O ministro das Finanças já tinha sinalizado, na audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública em 15 de janeiro, que “os números do quarto trimestre foram significativamente bons, com aceleração económica“.

Apesar de serem ainda números provisórios, já indicam um bom desempenho no final do ano passado e isso “traz maior robustez na previsão de crescimento para 2025 de 2,1%”, salientou Joaquim Miranda Sarmento.

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“Os municípios não podem estar divorciados das empresas”, diz ex-ministro

Da redução do IMT e IMI à atribuição de apoios, estas são algumas medidas que os municípios devem adotar para ajudar as empresas a serem mais competitivas, segundo o antigo ministro Arlindo Cunha.

O antigo ministro da Agricultura Arlindo Cunha defende que “os municípios não podem estar divorciados das empresas” e que devem contribuir para a sua competitividade económica face aos desafios que se avizinham. Aponta como medidas a redução da carga fiscal, a atribuição de apoios e a dinamização de uma estratégia de desenvolvimento territorial.

As câmaras municipais devem, por isso, ter um papel ativo em prol da competitividade das empresas nos mercados nacional e internacional, criando uma rede dinamizadora e impulsionadora de riqueza e emprego.

Arlindo Cunha, professor de Economia na Universidade Católica do Porto, vai esta quarta-feira dar conta dessa necessidade no Europarque, em Santa Maria da Feira, durante a apresentação do relatório “Novos desafios das cidades: notas para uma reflexão necessária”. Desenvolveu o estudo para o Eixo Atlântico, que junta o Norte de Portugal e a Galiza, em coautoria com o antigo presidente da Junta da Galiza, Fernando González Laxe, também professor de Economia Aplicada na Universidade da Corunha e ex-senador do Reino de Espanha.

No entender do antigo ministro, “uma liderança local tem de estar sistematicamente envolvida em tudo que sejam redes que incluam as empresas dos seus territórios e as suas preocupações, porque é a partir daí que detetam as necessidades e as podem ajudar nos variadíssimos domínios que têm a ver com a sua competitividade”.

Os municípios podem ter um papel ativo e, no caso de Portugal, ao nível da competitividade fiscal das empresas.

Arlindo Cunha

Antigo ministro da Agricultura e professor de Economia na Universidade Católica do Porto

Com este estudo, Arlindo Cunha e Fernando González Laxe procuraram saber “como é que os governos locais tinham de se preparar para encarar os novos desafios” que afetam as populações, como as crises económicas e os conflitos geopolíticos, por forma a terem cidades mais resilientes, inclusivas e sustentáveis.

“Neste relatório procurámos estruturar as agendas prioritárias que os municípios devem ter”, seja económica, social, ambiental ou institucional, detalha Arlindo Cunha em declarações ao ECO/Local Online. Considera mesmo que “os municípios podem ter um papel ativo e, no caso de Portugal, ao nível da competitividade fiscal das empresas”, por exemplo reduzindo o Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI).

O antigo ministro aponta ainda a necessidade dos presidentes de câmara dinamizarem “uma estratégia de desenvolvimento territorial que inclua, por exemplo, a promoção de eventos de produtos locais, oportunidades de mercado e financiamentos” com vista à competitividade económica das empresas instaladas nos seus territórios. Acresce ainda encontrar respostas às questões energéticas e tecnológicas.

O professor adverte, contudo, que estas conclusões do estudo são contributos para que as autarquias tenham uma intervenção mais ativa na competitividade das empresas instaladas nos seus territórios. “Os responsáveis institucionais deverão, cada um ao seu nível de responsabilidade territorial de governação, criar, reforçar ou ajustar, condições para uma base económica sólida, diversificada e competitiva”, sublinha.

Além da sustentabilidade económica, o antigo ministro elenca ainda a necessidade dos autarcas apostarem no domínio ambiental, social e institucional para enfrentarem os atuais desafios económicos e sociais. “Se algum destes falha, os outros também ficam coxos”, alerta.

Por fim, o professor destaca a crescente importância da governação institucional para garantir uma gestão eficaz e transparente, mantendo os munícipes informados sobre as políticas do Executivo ou, por exemplo, mediante a implementação de orçamentos participativos.

Além dos autores do estudo, a sessão de apresentação conta com a presença do presidente do Eixo Atlântico, Luís Nobre, e do secretário-geral, Xoán Vázquez Mao.

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Pedro Duarte vai ao “senado da cidade” antes das autárquicas no Porto. Nuno Cardoso avança como independente

Ministro Pedro Duarte, favorito no PSD à Câmara, é próximo convidado das “Conversas na Bolsa”, iniciativa da Associação Comercial do Porto. Já um ex-autarca socialista tenta voltar como independente.

Pedro Duarte, um dos favoritos do PSD para uma candidatura à Câmara do Porto, a par de José Pedro Aguiar-Branco, é o primeiro convidado de 2025 das “Conversas na Bolsa”, uma iniciativa da Associação Comercial do Porto, conhecida como o “Senado da cidade” e liderada por Nuno Botelho.

O atual ministro dos Assuntos Parlamentares e também líder da distrital do partido aceitou participar nesta sessão de debate, agendada para sexta-feira, 31 de janeiro, em que vai “refletir sobre os desafios que o país atravessa nos próximos anos”, segundo uma nota da organização, onde se explica que esta é uma ação “aberta à sociedade civil do Porto e do Norte”.

Confirmado na corrida está o socialista Manuel Pizarro, que concorre pela terceira vez ao cargo, depois de sair derrotado nas urnas em 2013 e em 2017. Filipe Araújo, número dois do atual Executivo, poderá avançar com o apoio do movimento que suportou Rui Moreira, apesar das tentativas do PSD de montar uma aliança.

Nuno Cardoso, que liderou a Câmara do Porto entre 1999 e 2022 depois da saída de Fernando Gomes para ministro, vai concorrer como independente nas próximas eleições autárquicas. É a segunda vez que ex-autarca socialista, que na altura entregou a liderança ao município a Rui Rio, tenta voltar ao cargo, depois de em 2013 já ter protagonizado igualmente uma candidatura independente.

Nuno Cardoso

A candidatura será apresentada também na sexta-feira de manhã na Cooperativa Árvore e é apoiada pela associação “Pensar o Porto”, presidida precisamente por Nuno Cardoso e da qual foi um dos fundadores, em junho de 2023.

“O movimento independente que se tem mobilizado em torno da personalidade de Nuno Cardoso pretende aproveitar a sua larga experiência autárquica e de gestão da cidade do Porto no período das grandes transformações ocorridas entre os anos 1990 e 2002, para relançar a cidade para os desafios atuais”, refere em comunicado.

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Assembleia de credores da dona da Visão reúne-se esta quarta-feira

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2025

Os credores da Trust in News avaliam as propostas do administrador de insolvência, que recomenda a continuidade da empresa e a suspensão da liquidação da massa insolvente. 

A assembleia de credores da Trust in News (TiN) reúne-se na manhã desta quarta-feira, tendo em cima da mesa a continuidade ou liquidação da empresa, dona de várias publicações.

O administrador de insolvência da TiN propôs a continuidade da empresa e suspensão da liquidação da massa insolvente e, caso os credores chumbem, o caminho será a liquidação do património da insolvente e o seu encerramento. Esta informação consta do relatório do administrador de insolvência da dona da Visão e de outros títulos, André Pais.

No que respeita à solução proposta para deliberação dos credores, o administrador de insolvência apresenta dois pontos, sendo que o primeiro respeita a “continuidade da empresa e a suspensão da liquidação da massa insolvente, mediante a aprovação de um Plano de Insolvência a votar em assembleia a convocar para esse efeito“.

Até à votação do Plano de Insolvência (segundo ponto), “a administração da insolvente deve ser atribuída à anterior gerência, ainda que sujeita a fiscalização pelo aqui administrador de insolvência, nos moldes previstos no artigo 226.º do CIRE, ou como entendam melhor os senhores credores”, lê-se no documento.

Caso este segundo ponto não tenha concordância, é proposto, “em último recurso, e caso seja essa a vontade dos senhores credores, a continuação da administração do estabelecimento pelo aqui administrador da insolvência até à data de apreciação e votação de um Plano de Insolvência, sendo que nesse sentido o aqui signatário propõe uma remuneração mensal de oito mil euros a que deverá acrescer um montante de 500 euros para deslocações e outras despesas”.

Caso os credores entendam que a proposta não deverá ser acolhida e em caso de não aprovação do ponto um, o administrador de insolvência propõe o “prosseguimento dos autos para a liquidação do património da insolvente e, consequentemente o encerramento do estabelecimento da mesma, ainda que tal encerramento possa ocorrer em data posterior à do início da liquidação, permitindo assim, eventualmente, a manutenção de forma temporária, e se for o caso, de algumas atividades e operações que sejam indispensáveis à não deterioração do valor dos ativos apreendidos”.

Consequentemente, será feita uma comunicação oficiosa, por parte dos serviços do tribunal, ao serviço de Finanças e à Segurança Social da cessação da atividade da Trust in News e seu encerramento definitivo.

Adicionalmente, o administrador de insolvência propõe “a votação de toda e qualquer proposta ou moção que possa ser colocada à consideração da assembleia por credor ou conjunto de credores que representem pelo menos 10% do total dos créditos constantes na lista provisória” que está no relatório.

O administrador de insolvência da TiN tem indicação do sócio único da empresa, Luís Delgado, que este irá colocar, antes da assembleia de credores, à disposição da massa insolvente valores que permitam liquidar de imediato dívidas vencidas. Fundada em 2017, a Trust in News de Luís Delgado é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e digital.

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192,7 mil milhões de euros: nunca as famílias guardaram tanto dinheiro no banco

Depósitos bancários cresceram 12,9 mil milhões de euros no ano passado, o valor mais elevado desde a crise financeira de 2008.

As famílias portuguesas nunca tiveram tanto dinheiro guardado no banco: 192,7 mil milhões de euros era o montante que estava aplicado em depósitos bancários em dezembro do ano passado, de acordo com os dados revelados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.

Em 2024, os depósitos tiveram um reforço de 12,9 mil milhões de euros, à boleia da remuneração atrativa oferecida pelos bancos, correspondendo ao aumento mais pronunciado desde 2008, ano da crise do subprime nos EUA.

Aproximadamente 112,5 mil milhões de euros estavam aplicados em depósitos a prazo no final do ano passado, cerca de 60% do total das poupanças guardadas no banco, depois de um aumento de 13,4 mil milhões em 2024. Cerca de 80,2 mil milhões estavam ‘parados’ em contas à ordem, menos 500 milhões face há um ano.

Nos últimos dois anos, por força da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) para controlar a inflação, os bancos subiram a remuneração dos depósitos a prazo, atraindo as poupanças das famílias. Mas da mesma forma que aumentar as taxas dos depósitos, já estão a baixar devido ao alívio do BCE desde o verão passado.

O Banco de Portugal nota que desde 2020 que o crescimento dos depósitos vinha a desacelerar, tendo mesmo sido registado um decréscimo de 1,4% em 2023. “Em 2024, esta tendência inverteu-se, observando-se uma taxa de variação anual de 7,3%”, observa o regulador.

No que diz respeito às empresas, o montante de depósitos totalizava os 69,4 mil milhões de euros, mais 5,3 mil milhões do que no final de 2023.

Depósitos de particulares atingem 193 mil milhões

Fonte: Banco de Portugal

Norte e Lisboa concentram 58% dos depósitos das famílias

O Banco de Portugal adianta ainda que as regiões do Norte e de Lisboa concentravam a maior parte dos depósitos dos particulares, com 57 mil milhões de euros e 55 mil milhões, respetivamente.

Nos depósitos de empresas, há uma troca de posições: Lisboa (28 mil milhões de euros) detinha a maior parcela dos depósitos, seguida da região Norte (21 mil milhões), segundo os dados do supervisor. As duas regiões concentram 70% do total de depósitos das empresas.

(Notícia atualizada às 11h38)

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