PS tornou-se num partido “instalado” e de “gestão do poder”, critica Francisco Assis
Atual eurodeputado socialista acusa o PS de não ter falado a verdade ao país quando disse que a austeridade acabou. Sobre as presidenciais, vê Seguro ganhar a Marques Mendes numa segunda volta.
Francisco Assis considera que o PS se tornou num partido “instalado” e de “gestão do poder”, com pouca capacidade de transformar. Em entrevista ao podcast “Política com Assinatura”, da Antena 1, o eurodeputado prevê que os socialistas tenham pela frente um “horizonte complicado”, depois do que caracteriza como uma “derrota brutal” nas legislativas de 18 de maio.
No entender do antigo presidente do Conselho Económico Social (CES), a governação socialista dos últimos anos contribuiu para o estado atual do partido. “O PS não falou a verdade em determinados momentos ao país”, como por exemplo quando disse que a austeridade acabou e que foi uma invenção de Passos Coelho, da Direita e da Comissão Europeia, acusa.
Aliás, “os governos do Partido Socialista não romperam em absoluto com essa austeridade”. Antes, “alteraram a natureza da austeridade” através de cativações, e o eleitorado acabou por ter essa perceção, acrescenta Francisco Assis, que acredita, porém, que o partido está a reagir e que as eleições autárquicas vão permitir perceber “até que ponto existe uma erosão estrutural e profunda do Partido Socialista e até que ponto há uma implantação real do Chega na sociedade portuguesa”.
Sobre as Presidenciais, o atual eurodeputado socialista mostra-se muito crítico do candidato Henrique Gouveia e Melo. “Tudo se vê que é plástico ali”, observa, argumentando que o almirante “não tem a menor preparação para o desempenho de um cargo político como o de Presidente da República” e que perde votos sempre que fala porque não tem cultura nem dimensão políticas.
Questionado sobre o candidato socialista a Belém, Francisco Assis diz não ter “a mais pequena dúvida de que o PS, quando tiver que tomar uma posição, vai apoiar António José Seguro”. O eurodeputado antecipa uma segunda volta entre Seguro e Luís Marques Mendes nas presidenciais, e que no fim ganha o ex-secretário-geral socialista.
Quanto ao tema da imigração, que tem marcado o arranque da nova legislatura, Francisco Assis acusa o Governo de estar a seguir o caminho da “demagogia criminosa”, considerando mesmo que tem seguido o discurso da extrema-direita, e, por isso, incita o PS a ser “radical” e a dizer que “não aceita este caminho e que não está disponível para pactuar com este tipo de discurso”.
Nesta matéria, o eurodeputado volta a criticar os governos de António Costa, apontando que o desinvestimento público pode ter prejudicado as respostas sociais e de integração dos imigrantes que chegaram a Portugal. Assis considera que a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) “foi repentina” e concorda com a criação da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), mas lamenta que Ana Catarina Mendes, antiga ministra dos Assuntos Parlamentares com a pasta da imigração, tenha sido “injustamente tratada”.
Para Francisco Assis, José Luís Carneiro é o líder socialista certo para fazer oposição ao discurso de ódio da extrema-direita em Portugal. “Tem uma noção muito exata da forma como se deve combater esse discurso. Não vai ceder um milímetro que seja”, afirma.
O eurodeputado vê ainda com bons olhos a criação do Ministério da Reforma do Estado, considerando que “até podia ter sido uma ideia do PS”. Por isso, defende que o PS deve dialogar: “Não creio que o Partido Socialista deva ter uma atitude fechada. Temos que avaliar”.
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