EUA adiaram anúncio de novas tarifas previsto para esta semana, segundo assessor de Trump

  • Lusa
  • 12 Fevereiro 2025

Assessor para o Comércio e a Indústria dos EUA, Peter Navarro, informou que a ameaça Trump de aplicar taxas alfandegárias recíprocas a parceiros comerciais não vai ser detalhada esta semana.

O assessor presidencial para o Comércio e a Indústria dos EUA, Peter Navarro, informou que a ameaça, feita por Donald Trump, de aplicar taxas alfandegárias recíprocas a parceiros comerciais não vai ser detalhada esta semana.

Antes, o que vai ser feito, adiantou na estação televisiva CNN, é um estudo pelos departamentos do Tesouro e do Comércio do que existe em termos de taxas alfandegárias e outras barreiras ao comércio internacional.

“Em todo o caso, não vai haver taxas alfandegárias recíprocas. Não nos apressemos. O que se vai passar é vamos analisar todos os nossos parceiros comerciais, a começar pelos que temos défices mais elevados. Vamos ver se estão a enganar o povo norte-americano e, se o estiverem, vamos tomar medidas”, adiantou.

O assessor presidencial para o Comércio e a Indústria dos EUA, Peter NavarroVictoria Pickering via Flickr

Em 7 de fevereiro, em declarações à comunicação social na Sala Oval, ao lado do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, Trump disse que esta semana ia anunciar essas taxas recíprocas, para que os EUA fossem tratados em igualdade de condições.

Desde que chegou à Casa Branca que Trump tem utilizado as taxas alfandegárias como forma de pressão, apesar de os economistas avisarem que este tipo de medidas pode causar uma subida de preços nos EUA.

Trump já anunciou taxas alfandegárias de 25% a aplicar às importações vindas de México e Canadá, os principais parceiros comerciais dos EUA, a partir de 4 de fevereiro, mas adiou o seu início para dentro de um mês, depois de estes Estados terem decidido aumentar o controlo fronteiriço, para procurarem reduzir o tráfico de fentanil e a entrada de pessoas sem documentos nos EUA.

O que Trump já cumpriu foi a aplicação de taxas alfandegárias às importações vindas da China, o que levou o Estado asiático a retaliar com agravamentos similares.

Na segunda-feira, assinou duas ordens executivas para impor taxas alfandegárias de 25% a todas as importações de aço e alumínio, a vigorar a partir de 12 de março. “Não nos podemos permitir não ter indústrias fortes de aço e alumínio”, disse Navarro.

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Japão pede a Trump isenção de tarifas de 25% sobre alumínio e aço

  • Lusa
  • 12 Fevereiro 2025

Embaixada japonesa nos EUA formalizou junto da Administração Trump um pedido de isenção das tarifas de 25% às importações de alumínio e aço que irão entrar em vigor em 12 de março.

O Japão solicitou aos Estados Unidos uma isenção das tarifas de 25% às importações de alumínio e aço que irão entrar em vigor em 12 de março, avançou esta quarta-feira um porta-voz do Governo nipónico.

O novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na segunda-feira dois decretos em Washington que estabelecem taxas alfandegárias de 25% sobre o aço e o alumínio, “sem exceção ou isenção”.

As novas regras vão afetar o aço e o alumínio, independentemente da sua origem, incluindo os parceiros económicos que anteriormente beneficiavam de isenções (Argentina, Austrália, Canadá, México, União Europeia e Reino Unido).

O Japão poderá perder a isenção de que beneficia para o aço e derivados. Em 2022, o país obteve uma quota para 1,25 milhões de toneladas de aço por ano destinadas aos Estados Unidos. Em relação ao alumínio, o Japão está atualmente sujeito a taxas alfandegárias de 10%.

“Estamos cientes da emissão do decreto presidencial sobre taxas alfandegárias adicionais sobre o aço e o alumínio (…). Solicitámos ao Governo norte-americano que exclua o nosso país destas medidas”, disse Yoshimasa Hayashi aos jornalistas. O pedido foi feito pela embaixada japonesa nos Estados Unidos, disse o porta-voz.

“O Japão estudará cuidadosamente o conteúdo das medidas e o seu impacto no nosso país e tomará as medidas necessárias”, acrescentou Hayashi.

O Canadá e a União Europeia denunciaram a imposição das taxas alfandegárias na terça-feira, enquanto a Coreia do Sul e o Reino Unido enfatizaram a disponibilidade para cooperar com Washington.

O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, por sua vez, garantiu que Donald Trump “concordou que fosse considerada uma isenção” para o seu país.

O México, por seu turno, apelou ao Presidente norte-americano para não destruir os equilíbrios comerciais e de crescimento da América do Norte.

Já o ministro das Relações Institucionais do Brasil disse que o país não tem intenções de entrar “numa guerra comercial” com os Estados Unidos. “O Brasil não estimula e não entrará em nenhuma guerra comercial, somos sempre a favor do fortalecimento do livre comércio”, disse Alexandre Padilha aos jornalistas. Com 4,08 milhões de toneladas de aço exportadas para os Estados Unidos em 2024, o Brasil é o segundo maior fornecedor norte-americano, a seguir ao Canadá.

Durante o primeiro mandato (2017-2021), o líder norte-americano impôs tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu quotas isentas de impostos a vários parceiros comerciais, incluindo Canadá, México, Austrália e Brasil.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 12 de fevereiro

  • ECO
  • 12 Fevereiro 2025

Ao longo desta quarta-feira, 12 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Plano para levar metro às praias da Caparica e cais da Trafaria em consulta pública. Veja aqui as imagens

Projeto apresentado nesta segunda-feira em Almada aponta para uma ligação entre a estação ferroviária do Pragal e a Costa da Caparica em apenas 14 minutos.

O projeto de extensão do Metro do Sul do Tejo da Faculdade de Ciências e Tecnologia até ao terminal fluvial da Trafaria foi apresentado esta segunda-feira, dando início ao processo de consulta pública.

O traçado da linha 3 terá uma extensão de 7,2 quilómetros e inclui uma dezena de estações: Pêra, Várzea de Pêra (com ligação ao Funchalinho), Centro da Costa da Caparica, Parque Urbano da Costa da Caparica, Santo António, São João, São Pedro, Madame Faber/Matas Nacionais, Bombeiros Voluntários da Trafaria e Estação Fluvial da Trafaria.

Com início em Cacilhas e passagem na estação ferroviária do Pragal, onde faz ligação com os comboios da Fertagus e da CP, a linha 3 termina atualmente na universidade.

Quando a linha estiver concluída, o metro demorará 14 minutos entre o Pragal e a Costa da Caparica, e mais 13 minutos para chegar ao novo interface de transportes no cais fluvial da Trafaria.

Para a comunidade académica, o cais fluvial que permite a ligação a Belém, em Lisboa, na margem direita do Tejo, ficará a 20 minutos, apenas um minuto a mais do que a atual conexão entre a universidade e o serviço fluvial em Cacilhas.

Veja aqui as imagens.

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Famílias portuguesas lideram no aumento do poder de compra na Zona Euro nos últimos três anos

Portugal é país da Zona Euro com o maior crescimento do rendimento disponível real das famílias nos últimos 3 anos, ao mesmo tempo que apresenta a sua taxa de poupança mais elevada desde 2021.

O rendimento disponível real das famílias portuguesas tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos, destacando-se como um dos mais expressivos na União Europeia.

Nos últimos três anos, o aumento acumulado do rendimento disponível real das famílias atingiu 7,2%, colocando Portugal na liderança da Zona Euro e em segundo lugar na União Europeia, apenas atrás da Hungria, segundo dados divulgados esta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Esta tendência positiva é espelhada particularmente no último ano, com o rendimento disponível real (descontado pela inflação) das famílias portuguesas a aumentar 6,06% entre o terceiro trimestre de 2023 e o mesmo período de 2024. Mais uma vez, Portugal ficou em segundo lugar na União Europeia, ligeiramente atrás da Hungria, que apresentou um crescimento de 6,12% neste período.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Os dados da OCDE revelam também que o crescimento do rendimento disponível tem sido acompanhado por um aumento significativo da taxa de poupança bruta das famílias. No terceiro trimestre de 2024 esta taxa atingiu 10,88%, um valor consideravelmente superior aos 8,38% registados há um ano e aos 9,87% observados há três anos. Este aumento da poupança sugere uma maior prudência financeira por parte das famílias portuguesas, possivelmente em resposta à incerteza económica global.

Os dados revelados pela OCDE vão ao encontro do otimismo do Banco de Portugal que, no Boletim Económico de março do ano passado, projetava um crescimento de 4% do rendimento disponível real das famílias em 2024, depois de no ano anterior ter-se assistido a um aumento de 1,9%. “Estes ganhos estão associados à descida da inflação e à dinâmica dos salários e das prestações sociais”, referem os especialistas do Banco de Portugal, notando ainda que “a redução dos impostos diretos contribuirá também para o aumento do rendimento disponível em 2024–25.”

A redução da inflação desempenhou um papel crucial neste processo dado que, segundo dados do Instituo Nacional de Estatística, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou uma taxa de variação média anual de 2,4% face aos 4,3% registados em 2023. Esta desaceleração da inflação contribuiu significativamente para o aumento do poder de compra das famílias.

Porém, isto não significa que não continue a haver muitas famílias com dificuldades em responder ao custo de vida. No final do ano passado, o Gabinete de Proteção Financeira da Deco revelou à Lusa que notou um “aumento significativo” de pedidos de ajuda ao longo do ano, com a maioria a chegarem de pessoas que trabalham, mas cujo rendimento não chega para pagar a casa (prestação ou renda, a conta do supermercado e dos serviços essenciais).

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Contração do poder de compra no terceiro trimestre de 2024

Apesar do cenário globalmente positivo, os dados mais recentes da OCDE apontam para uma correção de 1% do rendimento disponível real das famílias portuguesas no terceiro trimestre de 2024, apenas superado pela correção de 1,8% das famílias dinamarquesas entre os países da OCDE.

Esta evolução contrasta com a tendência geral observada das famílias dos países OCDE, onde a maioria dos países registou aumentos no rendimento disponível real das famílias.

A correção registada em Portugal entre julho e setembro de 2024 foi também acompanhada por uma redução na taxa de poupança das famílias, que passou de 12,59% no segundo trimestre para 10,88% no terceiro trimestre de 2024. Esta queda na poupança pode indicar que as famílias estão a recorrer às suas reservas financeiras para manter os níveis de consumo face à redução do rendimento disponível.

Apesar desta correção recente, Portugal tem consistentemente superado a média da União Europeia em termos de crescimento do rendimento disponível real das famílias ao longo dos últimos três e cinco anos.

Entre os países que registaram aumentos no rendimento disponível real mais expressivos no terceiro trimestre do ano, a OCDE destaca “Espanha com o maior aumento no rendimento disponível real per capita no terceiro trimestre de 2024 (2,2%), impulsionado em parte por fortes aumentos na renda de propriedade, enquanto o PIB real per capita aumentou mais modestamente (0,6%)”, lê-se no documento.

É importante notar que, apesar desta correção recente, o desempenho global de Portugal nos últimos anos continua a ser significativo. O país tem consistentemente superado a média da União Europeia em termos de crescimento do rendimento disponível real das famílias, refletindo melhorias nas condições económicas e no nível de vida dos portugueses.

No entanto, a recente correção serve como um lembrete da volatilidade e incerteza que caracterizam o ambiente económico atual. As famílias portuguesas, apesar dos ganhos significativos nos últimos anos, podem enfrentar desafios à medida que a economia global continua a navegar por águas turbulentas.

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Revolut tenta lançar IBAN português há dois anos e justifica atraso com “reorganização de prioridades”

A fintech britânica garante que o objetivo de criar um número de conta internacional e uma sucursal se mantém e será concluído em 2025.

 


O Dia dos Namorados em 2023 foi a data escolhida pela Revolut para ‘namorar’ Portugal e anunciar que iria lançar um IBAN português e uma sucursal no país mas, dois anos volvidos, os planos continuam por avançar. A fintech britânica tem vindo a derrapar esses projetos e recusa apresentar nova data oficial de lançamento.

O atraso deveu-se apenas a uma reorganização interna das prioridades a nível de mercados. Isto não quer dizer que Portugal não fosse uma prioridade para a Revolut, mas preferimos focar-nos em 2024 em produtos locais que fazem também uma diferença na vida dos nossos clientes, como a oferta de crédito pessoal”, explicou fonte oficial da Revolut ao ECO.

A Revolut garante que mantém o objetivo de querer lançar um IBAN e a sucursal portuguesa este ano, porque pretende “consolidar ainda mais o crescimento em Portugal, aumentar a base de utilizadores e o catálogo de produtos e, acima de tudo, aumentar a recorrência e tornarmo-nos o principal banco para os nossos utilizadores”. Atualmente, o IBAN é da Lituânia (LT), até porque o Revolut Bank UAB, licenciado pelo BCE, é regulado pelo Banco da Lituânia.

Em 2024, a Revolut ganhou mais 500 mil clientes em Portugal e elevou o ritmo de crescimento de utilizadores do neobanco em 65%. As transações aumentaram 71% e o volume das mesmas 81%, quando comparados com o ano anterior. Estes números e as ambições em torno da sucursal e do IBAN português, para 2025, alimentam o objetivo da empresa de atingir os dois milhões de clientes no país.

O IBAN – International Bank Account Number é uma estrutura normalizada de número de conta de pagamento que, com a referência nacional PT50, permitirá conquistar a confiança dos cidadãos do país menos aptos a depositar ou investir em instituições financeiras digitais e estrangeiras, crê a Revolut.

Já o recurso a produtos de investimento através desta aplicação financeira mais que duplicou no ano passado. O crescimento da utilização destas ferramentas foi de 135% em 2024. Por exemplo, nos fundos monetários flexíveis, que são alternativas às contas poupança tradicionais, os portugueses já investiram mais de 155 milhões de euros.
Ao nível da aplicação, há mais funcionalidades a chegar no segundo semestre, como a consolidação de dívidas e cartão de crédito. O plano passa ainda por assinar mais parcerias para quem paga subscrição na Revolut (as mensalidades acima do Standard) de forma a incentivar mais assinaturas.

“Um exemplo disso é a oferta da subscrição da Uber One nos planos pagos da Revolut. Não queremos ficar por aqui e queremos replicar o modelo que temos em Espanha, que conta nas suas vantagens com subscrições dos maiores jornais do país”, exemplifica a empresa liderada por Nikolay Storonsky.

A Revolut deverá apresentar os resultados financeiros de 2024 no início do segundo trimestre. Em 2023 – terceiro ano seguido de contas no verde – os lucros subiram para 344 milhões de libras esterlinas (414 milhões de euros à cotação atual), o que representou um disparo em relação ao resultado líquido de seis milhões de libras (ou sete milhões de euros) registado em 2022.

A Revolut está avaliada em mais de 45 mil milhões de dólares (44 mil milhões de euros) e emprega cerca de 1.300 trabalhadores em Portugal.

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Governo alinha com a TAP no diferendo sobre empréstimo da Azul

Ministério das Infraestruturas considera que empréstimo da companhia brasileira é um suprimento, o que é contestado pela Azul. Governo espera entendimento entre as empresas.

O Executivo português considera, tal como é defendido pela TAP, que o empréstimo obrigacionista concedido à companhia aérea portuguesa pela Azul é um suprimento, pelo que esta não pode ser considerada um credor privilegiado. Disputa, que já está nos tribunais, deve ser resolvida pelas duas transportadoras, entende Ministério das Infraestruturas.

O caso remonta a 2016, quando a Azul, então detida maioritariamente por David Neeleman, subscreveu uma emissão de obrigações convertíveis de 90 milhões de euros da TAP SGPS, quando o empresário era, com Humberto Pedrosa, também o maior acionista da companhia portuguesa. A Parpública acompanhou a transportadora aérea brasileira com a subscrição de 30 milhões de euros.

A Azul abordou no verão do ano passado a TAP propondo um reembolso antecipado do empréstimo que vence em 2026, tendo a companhia aérea respondido que as garantias reclamadas pela transportadora brasileira não eram válidas, por se tratar de “um empréstimo acionista subordinado”, como avançou o ECO. Ou seja, é equivalente a um suprimento do acionista.

Um entendimento que o Ministério das Infraestruturas e da Habitação subscreve em resposta a uma questão do deputado comunista, António Filipe, acrescentando que cabe às duas companhias chegarem a um acordo.

“O Governo entende que a procura de um acordo entre a SIAVILO SGPS (antiga TAP SGPS) e a Azul, relativamente ao empréstimo obrigacionista que se assume como sendo um suprimento, é da competência das próprias empresas, que têm encetado negociações”, diz a resposta enviada ao Parlamento. “O Governo, preocupando-se com a proteção do superior interesse do Estado, tem acompanhado o tema, respeitando o processo legal”, acrescenta.

A Azul discorda que se trate de um empréstimo subordinado e rejeita que as garantias não sejam válidas.

O diferendo entre a TAP e a Azul já chegou aos tribunais, com a companhia aérea portuguesa a dar entrada de um processo contra a congénere brasileira, em novembro, como noticiou o Expresso.

A Azul decidiu recorrer ao agente fiduciário do contrato de subscrição das obrigações, a Bondholders, uma sociedade com sede em Valência, Espanha, de forma a dirimir o conflito, segundo avançou o Diário de Notícias. As preocupações da companhia brasileira agravaram-se com a venda das participações da TAP SGPS na Portugália, Cateringpor e Cuidados Integrados de Saúde, deixando a TAP SGPS, cujo nome foi alterado para SIAVILO, praticamente sem ativos.

O empréstimo obrigacionista subscrito pela TAP tem um juro elevado, de 7,5%, que, além disso, é composto. A fatura para a TAP SGPS já ia em 165,7 milhões, no ano passado.

O CEO da Azul mostrou-se otimista em relação a um entendimento. John Rodgerson disse, em entrevista à Lusa por telefone, estar confiante de que o processo “vai ser resolvido, porque ninguém questiona que a Azul deu dinheiro para a TAP”. Afirmou também que o tema deve ser resolvido antes da privatização da transportadora portuguesa.

O Governo brasileiro também está a par do conflito entre as duas companhias. O tema esteve na agenda do encontro, em outubro, entre o ministro dos Portos e Aeroportos do Brasil, Sílvio Costa Filho, e o ministro das Infraestruturas de Portugal, Miguel Pinto Luz. Em entrevista à Lusa defendeu que um acordo “é muito importante para as duas companhias”, mas não pode haver “uma ingerência” dos governos nas questões entre ambas.

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Petrogal mantém liderança nas exportações portuguesas. Pfizer tira Faurécia do ranking

Há duas novas entradas na lista das dez principais empresas exportadoras de Portugal em 2024: a Pfizer e a Exolum Aviação. De fora ficaram a Faurécia – Sistemas de Escape Portugal e a Purem Tondela.

A lista das seis principais empresas exportadoras em Portugal manteve-se inalterada em 2024, com a liderança a continuar a caber à Petrogal, detida pela Galp. No entanto, no restante ‘top 10’ há duas entradas — a Pfizer e a Exolum Aviação –, que ditaram a saída da Faurécia e da Purem Tondela, de acordo com os dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE) cedidos ao ECO.

Olhando para o ranking das principais empresas exportadoras no ano de 2024, a Petrogal é líder pelo quarto ano consecutivo. Tal como nos dois últimos anos, seguem-se a Volkswagen Autoeuropa e a The Navigator Company. Os lugares seguintes são ocupados por empresas fornecedoras da indústria automóvel: a Continental Mabor (pneus), a Bosch Car Multimedia (soluções de multimédia e sensores) e a Aptivport Services (equipamento elétrico e eletrónico).

É chegados ao sétimo lugar que se registam novidades, com a Pfizer a entrar para o lugar que em 2023 era ocupado pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly Export, que desce um lugar em 2024 para o 8º. Em nono lugar, há uma outra entrada: a Exolum Aviação, enquanto a Visteon Electronics Corporation cai para o 10º lugar.

De fora, ficaram a Faurécia – Sistemas de Escape Portugal e a Purem Tondela, duas fornecedoras da indústria automóvel que está a passar por dificuldades.

Veja o top 10 das principais exportadoras em Portugal

  1. Petrogal
  2. Volkswagen Autoeuropa
  3. The Navigator Company
  4. Continental Mabor – Indústria de Pneus
  5. Bosch Car Multimedia Portugal
  6. Aptivport Services
  7. Pfizer
  8. Eli Lilly Export
  9. Exolum Aviação
  10. Visteon Electronics Corporation

Já do lado das maiores importadoras, a Petrogal mantém a liderança, seguida pela Autoeuropa. O principal negócio da alemã Bosch em Portugal sobe do 7º lugar em 2023 para o terceiro lugar, enquanto o Pingo Doce, a Eli Lilly e o Lidl ocupam, respetivamente, o quarto, quinto e sexto lugar.

Já a Itx, do grupo de vestuário Inditex, que detém marcas como a Zara, sobe do nono lugar em 2023 para o sétimo lugar em 2024. A estreia no ‘top 10’ cabe ao Irmãdona Supermercados (Mercadona), enquanto a Siva cai para o nono lugar e a Mercedes-Benz Portugal fica em décimo.

Veja o top 10 de importadoras em Portugal

  1. Petrogal
  2. Volkswagen Autoeuropa
  3. Bosch Car Multimedia Portugal
  4. Pingo Doce
  5. Eli Lilly Export
  6. Lidl
  7. Itx Portugal
  8. Irmãdona Supermercados
  9. Siva – Sociedade de Importação de Veículos Automóveis
  10. Mercedes-Benz Portugal

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“O fator X” com Sandra Alvarez, Diretora-Geral da PHD

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  • 12 Fevereiro 2025

Sandra Alvarez é a décima convidada do videocast Leadership Bites by KW. A Diretora-Geral da PHD deixa um conselho aos jovens talentos: apostem em formação.

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O décimo episódio de “Leadership Bites” – videocast sobre liderança, pessoas, empresas, empreendedorismo e inovação – tem como convidada a Diretora-Geral da PHD, Sandra Alvarez. Produzido pela Keller Williams para assinalar a primeira década no nosso país, “Leadership Bites” aborda os mais variados temas com o objetivo de descobrir e partilhar, através de testemunhos de alguns thought leaders nacionais, fórmulas e caminhos para o sucesso, em diferentes áreas da vida. Conta com a condução de Marco Tairum, CEO da Keller Williams Portugal.

Sandra Alvarez tem mais de 25 anos de experiência profissional nas áreas de gestão, marketing e comunicação, e media. Paralelamente, colabora em múltiplos programas de mentoria, integra a direção Associação de Profissionais de Marketing e é autora de algumas publicações. Para Sandra, a liderança não tem segredos: basta ter como bases consistência, inovação e automotivação.

Sandra Alvarez, Diretora-Geral da PHD e Marco Tairum, CEO da Keller Williams Portugal

Para a Diretora-Geral da PHD, assim como as empresas desenvolvem as suas marcas, todos devemos definir a nossa visão e trabalhar ativamente para a consolidar – uma construção intencional e contínua, que exige autenticidade, compromisso, e uma aposta constante na formação. Um conselho que Sandra Alvarez também deixa aos jovens talentos: que apostem em formação. Que o façam ao longo da vida e que encontrem mentores – serão eles quem os ajudará a simplificar e encurtar o processo de crescimento.

Em liderança, a marca pessoal ganha ainda mais relevância se considerarmos que liderar é um ato humano, baseado em confiança, empatia e coerência. Uma liderança eficaz não se baseia apenas em competências técnicas, mas também na capacidade de inspirar, ouvir e criar conexões genuínas. Ao alinhar a marca pessoal com uma visão clara e uma atitude consistente, é possível construir um percurso sólido e influente, tanto a nível profissional como pessoal.

Assista ao episódio completo aqui:

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 12 Fevereiro 2025

Três ministros são ouvidos no Parlamento, o INE mostra como evoluiu a inflação em janeiro e a IGCP volta ao mercado com três leilões de Obrigações do Tesouro. Powell é ouvido no Congresso dos EUA.

No mesmo dia em que três ministros são ouvidos no Parlamento, o Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra como evoluiu a inflação em Portugal em janeiro e a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos procura contributos para o novo período regulatório 2026-2029. Já a IGCP volta ao mercado com três leilões de Obrigações do Tesouro. No cenário internacional, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal (Fed), é ouvido pelo segundo dia no Congresso dos Estados Unidos.

Ministros vão ao Parlamento

O dia de hoje é marcado pela audição a três ministros: o ministro das Infraestruturas e Habitação, à ministra da Saúde e à ministra da Administração Interna. Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, é ouvido a requerimento do BE sobre a “revisão do Regime Jurídico da atividade de transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica (TVDE)”, enquanto a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, vai ao Parlamento ser ouvida em audição regimental. Já a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, é ouvida a requerimento do Chega sobre o “Turismo de saúde em Portugal”, a requerimento do BE “sobre os vários obstáculos e limitações de acesso ao SNS que estão a ser criados pelo atual Governo” e a requerimento do PS sobre “o processo de transferência de unidades hospitalares e de cuidados de saúde primários do SNS para as misericórdias”.

Como evoluiu a inflação em Portugal?

O INE divulga esta quarta-feira o índice de preços no consumidor referente a janeiro. Segundo o Instituto Nacional de Estatística – que lança ainda as estatísticas de fluxos entre estados do mercado de trabalho do último trimestre de 2024 –, a taxa de inflação acelerou para 3% em dezembro de 2024, meio ponto percentual acima da taxa de novembro. Para essa aceleração contribuiu, sobretudo, o aumento dos preços nos produtos energéticos e nos produtos alimentares não transformados.

IGCP volta ao mercado com três leilões de Obrigações do Tesouro

Esta quarta-feira, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) volta ao mercado para realizar três leilões de Obrigações do Tesouro (OT), com maturidade a dez, 20 e 38 anos e um montante indicativo global entre 1.250 milhões e 1.500 milhões de euros. O IGCP tem mais duas operações previstas este trimestre, mas com Bilhetes do Tesouro (BT) uma a 19 de fevereiro e outra a 19 de março, segundo um calendário publicado no site da entidade.

ERSE quer contributos para o período regulatório 2026-2029

A ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) realiza esta quarta-feira o seminário “Análise do setor elétrico e prospetiva para o novo período regulatório 2026-2029″, visando recolher contributos para este período regulatório. O evento conta com a presença da Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho.

Powell no Congresso

O presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, vai estar esta quarta-feira, pelo segundo dia, em audiência no Congresso dos Estados Unidos numa altura em que os sucessivos anúncios de tarifas por parte da Administração de Donald Trump lançam diversas incertezas sobre o futuro da economia. Em cima da mesa está a expectativa de que sejam dados sinais relativamente à política monetária nos Estados Unidos e sobre as tarifas e o impacto que estas podem ter, nomeadamente na inflação dos EUA.

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NTT Data e Randstad nomeadas prestadoras de serviços de seguro líderes

  • ECO Seguros
  • 11 Fevereiro 2025

O estudo da IGS analisa a capacidade dos prestadores de serviços em apoiar as companhias de seguros a melhorar a sua eficiência operacional, a experiência do cliente e agilidade.

A NTT Data e a Randstad Digital foram reconhecidas como líderes na Europa na prestação de serviços de tecnologia a empresas de seguro, a segunda no segmento das empresas de média dimensão com soluções tecnológicas ou estratégicas avançadas.

Os dados constam no estudo ISG Provider Lens™ 2024 – Insurance Services para a Europa, que analisa a capacidade dos prestadores de serviços em apoiar as companhias de seguros a melhorar a sua eficiência operacional, a experiência do cliente e agilidade.

O exercício foca-se em prestadores de serviços especializados no setor dos seguros nos seguintes quadrantes: na prestação de serviços de tecnologia de informação nos segmento vida e reforma; prestação de serviços de tecnologia de informação nos segmentos propriedade e acidentes; na prestação de serviços de tecnologia a empresas de seguro, na prestação de serviços de tecnologia a empresas de média dimensão e a última na prestação de serviços de tecnologia a empresas de média dimensão com soluções tecnológicas ou estratégicas avançadas.

A consultora global de negócio e tecnologia, NTT Data, apresenta produtos desafiadores em dois quadrantes: na prestação de serviços de tecnologia de informação nos segmento vida e reforma e no segmento propriedade e acidentes.

As empresas distinguidas como apresentando produtos desafiadores oferecem um portefólio de produtos e serviços que representem excelentes serviços e conjuntos tecnológicos avançados. “Estes fornecedores e prestadores disponibilizam uma gama incomparavelmente ampla e aprofundada de capacidades. Demonstram um compromisso com o investimento para fortalecer a sua presença no mercado e as suas vantagens competitivas”, indica o estudo.

“Ao alavancar tecnologias avançadas como IA, machine learning e data lakes, combinando-as com uma abordagem consultiva, ajudamos as seguradoras a modernizar os seus sistemas, a aumentar a eficiência e a acelerar o crescimento sustentável”, afirma Head of Insurance na Europe e Latam na NTT DATA. “Esse reconhecimento reforça o nosso compromisso no sucesso das parcerias com as seguradoras para construir modelos de negócio resilientes e centrados no cliente que se destacam num mundo que prioriza o digital”, declara Bruno Abril.

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“O conceito de país amigo já não é tão claro para os investidores”

O economista-chefe da seguradora de crédito Coface desvenda resultados das investigações que realiza e que vão permitir à empresa segurar o risco de incumprimento de pagamentos no mundo inteiro.

Bruno Moura Fernandes: “Portugal tem potencial turístico para subir a oferta embora o esgotar da capacidade do aeroporto de Lisboa e hotéis sempre cheios podem estar a estagnar o turismo”.

O departamento de Investigação Económica da seguradora de crédito Coface dá as grandes indicações quanto ao risco do país para que as unidades da companhia, com clientes em 160 países do mundo, possam negociar tarifas e prémios a pagar pelas vendas a crédito nos mercados internos e nos clientes de exportação. Daí que a equipa de mais de dez economistas da Coface, liderada por Bruno Moura Fernandes, estude exaustivamente o risco de Portugal, como base de trabalho para determinar o risco que cada empresa corre ao vender para outra determinada empresa no seu país ou noutro. À margem da Conferência realizada em Paris pela Coface, Bruno Moura Fernandes, francês com raízes em Montalegre, foi entrevistado por ECOseguros.

A promessa de imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos, a confirmar-se, será como uma pandemia?

Comparando com a pandemia, não. Durante a pandemia fechámos tudo. Com as tarifas é diferente. Vai depender muito da percentagem de agravamento e se são abrangidos todos os setores ou apenas alguns estratégicos. As nossas previsões vão depender muito da forma dessas tarifas, mas sim, vai ter um impacto negativo. E ainda mais negativo nos países que dependem muito dos Estados Unidos, como por exemplo, México ou Canadá. Nesses países o impacto vai ser muito forte, as estimativas são de 2% ou 3 % do PIB. Também vai depender de quem vai pagar esse preço, porque pode ser o exportador mexicano ou pode ser o que importador dos Estados Unidos. Pode ainda ser o consumidor que vai pagar, porque ninguém vai baixar as margens.

A Europa vai sofrer?

Há regiões mais expostas que outras. A Europa não está tão exposta comparando com o México ou o Canadá, mas na Europa alguns países estão mais vulneráveis, como a Alemanha. Isto acontece num momento em que o problema das tarifas americanas vai adicionar-se às tensões que estamos a ter com a China.

Se for o consumidor a pagar no fim da linha vamos ter inflação, e taxas de juro outra vez?

Nos Estados Unidos, sim. É provável que o Fed (banco central dos EUA) baixe as taxas de juros mais uma ou duas vezes este ano, enquanto o BCE vai baixar quatro vezes. Antes da eleição, Donald Trump falava em quatro ou cinco baixas. Agora só antecipamos uma ou duas e se calhar nem vai haver, porque se houver rapidamente maiores tarifas e aumento da inflação também rápido o Fed vai esperar e depois se calhar até subir os juros. Se realmente todos os preços aumentarem com as tarifas, então sim, vamos ter novo aumento das taxas de juros americanas. Para já estamos mais num cenário de pausa de um Fed que vai esperar, vai ser mais prudente e ver qual será realmente o impacto na inflação. É muito incerto, porque não sabemos como se vão comportar as empresas e depois os consumidores.

O efeito cambial pode ser benéfico?

O dólar está a apreciar agora porque os mercados já pensam que o Fed não vai baixar a taxa de juro tanto como o BCE (Banco central Europeu). O dólar está a apreciar contra todas as moedas incluindo, obviamente, o euro. Se se confirmarem aqueles anúncios e se confirmarem os impactos na inflação, então vamos ter um dólar mais forte, que vai tornar algumas importações mais baratas. Também é verdade que a maior parte das importações americanas são em dólares e não vai ter muito impacto para eles. Temos que ver como vai responder a Europa, mas o facto de ter euro mais depreciado, vai fazer pagar a energia um pouco mais cara. Quando falamos dos preços da energia em geral e espacialmente o petróleo, continua ser cotado em dólares.

Fala-se da falta de produtividade na Europa?

Estamos a ver claramente a diferença entre Estados Unidos e Europa, quanto a produtividade. Há várias razões para isso, mas o custo da energia que faz com que seja tudo mais caro na Europa do que nos Estados Unidos. O preço do gás na Europa está três, quatro vezes mais caro do que nos Estados Unidos e aí já temos um problema. Isso explica porque há uma divergência entre os Estados Unidos que estão a aguentar muito bem a economia, este ano estamos a ter uma projeção de 2,2% de crescimento para o PIB. Vai ser entre 2% de 2,5%. Temos de ver o impacto das tarifas, mas para já estamos a ver uma economia muito sólida, enquanto a zona euro vai crescer 1% e sem tarifas. Há estratégias para aumentar a produtividade na Europa, que vão ser fundamentais, se não será difícil, a longo prazo, concorrer com os Estados Unidos e outros países.

E o que se espera de Portugal?

Portugal está a conseguir, como Espanha, muito bons resultados económicos. O quarto trimestre de 2024 demonstra Portugal e Espanha acima dos outros, com um crescimento sólido e em Portugal estamos a ver um consumo das famílias também sólido. Isto também se deve à emigração, a população ativa que está a subir muito rápido. Em Portugal e em Espanha a população ativa subiu muito mais do que em França, Alemanha e Itália e as pessoas e as famílias, poupam mais que em toda a Europa. Em 2025, o investimento das empresas vai subir porque as taxas de juro de juro vão ficar mais baixas e também pelos fundos europeus. Assim, estamos a ver um panorama positivo para a economia portuguesa. As nossas projeções são de 2,5% de crescimento do PIB, bem acima de França, que vai ser 0,5%, da Itália 0,7% e da Alemanha 0,2%. Depois, e claramente, o turismo que vai continuar a apoiar a atividade, são muitos fatores positivos que explicam porque Portugal, tal como Espanha, são os dois países mais dinâmicos da Europa no momento.

Se excluirmos o turismo vê alguma nota positiva no perfil de exportação portuguesa?

Sim, as exportações de produtos farmacêuticos estão a aumentar, é um setor os que está a apoiar o crescimento das exportações. Há o risco aqui: muitas delas vão para os Estados Unidos. Então aí, se houver tarifas americanas, pode ser também um problema para as exportações farmacêuticas portuguesas. Depois temos também produtos eletrónicos. Também estão a subir. Temos que ver se essa tendência vai seguir ou não, mas já permitiu, por exemplo, compensar os problemas da indústria automóvel europeia. Esse problema é também do têxtil, que já há muito tempo está a sofrer pela concorrência mundial.

Será que os países e empresas aprenderam a reagir a crises mundiais depois de 2008, 2011 e pandemia?

O objetivo depois da pandemia, sobretudo, era fazer melhor o near shoring, basicamente relocalizar a produção nos países mais perto de nós. Depois, com a guerra na Ucrânia, já começámos a falar de risco geopolítico e de friend shoring – ir produzir em países amigos. O problema é que estamos a ver aquelas tensões entre Donald Trump, México, Canadá e Europa, que são os aliados naturais. Então, o conceito de “friends” não é tão óbvio para as empresas, e são elas que decidem onde investir. Se calhar as empresas já se habituaram a outra realidade, a pandemia pode ter levado as empresas a pensar em estratégias com vários cenários, não só no cenário central. Já estão mais preparadas e ágeis para se adaptarem a realidades e a decisões políticas e geopolíticas.

Para o investidor quais os prós e contras de escolher Portugal?

Há muitos prós. Estamos a ver claramente uma dinâmica boa nos próximos anos. Estamos a ver que a emigração está a ser bastante mais integrada do que no resto da Europa, pelos dados do Governo e do FMI. Vemos que há potencial turístico para subir a oferta embora o esgotar da capacidade do aeroporto de Lisboa e hotéis sempre cheios podem estar a estagnar o turismo. Portugal tem uma energia barata, e tal como Espanha, tem sol e capacidade para energias renováveis. E também fundos europeus muito elevados com perspetivas positivas. O país ainda é competitivo pelos salários baixos e por ser um país sério, sempre a baixar a dívida pública com uma responsabilidade orçamental positiva. Vemos que em Portugal esquerda e direita podem, para já, trabalhar juntos. Outros países não são assim: Espanha não tem orçamento, França é muito complicada. Alemanha não tem governo. Nos contras o peso administrativo e dos impostos. Tem também um mercado pequeno, precisa exportar, não só para desenvolver, depois também para subir na categoria das indústrias. Ainda pesam muito as indústrias de baixo valor acrescentado.

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