AD ganha com IL ou PS surpreende com esquerda. Quais os cenários pós-eleitorais?

São precisos 116 lugares no Parlamento para alcançar maioria absoluta, um resultado pouco provável, mesmo à direita. Politólogos apontam para vitória minoritária de Montenegro, mas o jogo pode virar.

Com a maioria das sondagens a dar apenas uma ligeira vantagem à AD (coligação PSD/CDS), algumas apontando mesmo para um empate técnico, o resultado das eleições legislativas de 18 de maio pode ser a repetição da ida às urnas de há um ano: ganha a AD sem uma maioria confortável, mesmo com um acordo com a IL, ficando nas mãos do PS viabilizar ou não o Governo. Está tudo em aberto e pode haver surpresas, com uma viragem à esquerda, liderada do PS, também sem maioria absoluta. Um cenário, apesar de tudo, considerado pouco provável pelos politólogos consultados pelo ECO.

Para chegar à maioria absoluta é preciso conquistar pelo menos 116 lugares no Parlamento, isto é, metade mais um dos 230 deputados que serão eleitos no domingo, dia 18. Em 2022, o PS de António Consta conseguiu 120 parlamentares, deixando para trás dois governos minoritários que andaram sempre por um fio com alianças à esquerda. Em 2015, o PS não foi sequer o partido mais votado, mas conseguiu formar Executivo com o apoio da geringonça, suportada na Assembleia pelos socialistas, PCP/PEV e BE, depois de derrubado o Governo de Pedro Passos Coelho com a aprovação de uma moção de rejeição apresentada pelo PS.

Há um ano, o Executivo minoritário de Luís Montenegro, que conseguiu 80 deputados no hemiciclo versus os 78 do PS, lá se aguentou graças à viabilização do seu programa pelos socialistas através da abstenção. O cenário irá repetir-se?

1. AD com IL ainda precisa do PS

“É extremamente arriscado traçar cenários, porque já vimos várias sondagens a não conseguirem antecipar. Neste contexto de Parlamento mais fragmentado, as possibilidades são várias e ao mesmo tempo poucas. À partida não vemos a possibilidade de haver uma maioria absoluta, mas isso também nos pode vir a surpreender. A possibilidade de uma coligação entre AD e IL é possível, mas as sondagens não apontam para nenhuma maioria estável“, prevê Filipa Raimundo, professora de professora de Ciência Política do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Neste cenário, a politóloga considera que o PS voltaria a dar a mão ao presidente do PSD, Luís Montenegro, até porque “o eleitorado não veria com bons olhos uma nova necessidade de eleições e os partidos têm consciência disso”.

Alinhando pelo mesmo diapasão, Bruno Costa, professor de Ciência Política da Universidade da Beira Interior, aponta como “mais provável” a repetição do cenário de há um ano, isto é, de “uma vitória da AD mas com uma incapacidade de formar uma maioria absoluta seja sozinho seja com a IL”. “Com uma diferença, é que depois do caso Spinumviva, Montenegro sairia mais reforçado e validado pelos eleitores, enquanto Pedro Nuno Santos estaria a sofrer a segunda derrota em legislativas, no espaço de pouco mais de um ano”, assinala. Ainda assim, acredita o líder do PS voltaria a deixar passar o Governo da AD para não ficar com o ónus da instabilidade política.

AD ganha e faz coligação com IL, mas ainda não consegue maioria absoluta e continua a precisar da viabilização do PS.

 

2. AD minoritária vê o PS a viabilizar o Governo

Também António Costa Pinto indica que, “a confirmarem-se as intenções de voto, a AD formará um novo Governo minoritário com um eventual acréscimo de resultados”. De igual modo, Paula Espírito Santo antecipa uma “vitória da AD e uma coligação pós-eleitoral com a IL, mas sem maioria absoluta”.

A professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP) alerta ainda para a “contingência de a Assembleia da República não poder ser dissolvida nos seis meses anteriores e posteriores à eleição do Presidente da República”. Por isso, concluiu, “o PS deverá viabilizar o Governo, caso contrário sairia ainda mais penalizado, porque seria responsabilizado por atirar o país novamente para uma crise política”.

AD ganha as eleições mas sem maioria confortável e o PS viabiliza o programa do Governo.

 

3. AD e IL com maioria absoluta

Há também a hipótese de a AD conseguir formar maioria absoluta depois de uma coligação pós-eleitoral com a IL, o partido de Rui Rocha. “Mas, neste caso, estaríamos a considerar o patamar máximo que as sondagens têm dado à AD, em torno dos 35%, e a IL a subir dois pontos”, ressalva Bruno Costa.

AD ganha as eleições e depois de uma coligação pós-eleitoral consegue maioria absoluta no Parlamento.

 

4. AD vence sem maioria e cai com rejeição do PS

Outra possibilidade é Montenegro vencer as eleições mas cair, logo a seguir, no Parlamento, com o PS a rejeitar o programa do Governo. Mas este cenário não colhe junto dos especialistas em Ciência Política. “Estas eleições não vieram numa boa conjuntura para Pedro Nuno Santos. Porque é que ele iria insistir nisso, num momento em que Montenegro tem um ano de governação, os sinais da economia até agora positivos e conseguiu satisfazer algumas das reivindicações de grupos que estavam na rua antes de chegar ao poder? Não vejo que isso possa ser vantajoso para o PS”, segundo a análise de Filipa Raimundo.

Paulo Espírito Santo lembra que “o Governo tem de apresentar o programa do Governo na Assembleia da República, mas não submete-o a votação”. Depois de debatido o documento, os grupos parlamentares podem apresentar moções de rejeição ou de confiança. No ano passado, BE e PCP apresentaram moções de rejeição e o PS ajudou a chumbá-las ao abster-se, viabilizando assim o Executivo de Montenegro.

AD vence as eleições mas sem maioria, o PS rejeita o programa do Governo e é convidado pelo Presidente da República a formar Governo.

 

5. PS com esquerda consegue maioria e AD viabiliza programa

Pode ainda “haver uma maioria à esquerda, liderada pelo PS, mas dificilmente será absoluta”, indica Paula Espírito Santo. Mas, nesse caso, “seria preciso a viabilização do programa pela AD, o que colocaria Luís Montenegro numa posição muito difícil, até porque nunca se percebeu o que o PSD faria numa situação dessas”, sublinha.

Para a politóloga, “a menos que a AD conseguisse uma alternativa segura”, ao formar, por exemplo, uma espécie de geringonça à direita, “é difícil que não viabilize um Governo do PS, porque depois seria acusado de atirar o país para um novo ato eleitoral”.

“O eleitorado não veria com bons olhos uma nova necessidade de eleições e os partidos têm consciência disso. Neste momento, estão a fazer o jogo que têm de fazer, que é o de convencer o eleitorado de que é muito importante concentrar o voto nestes partidos para que saia daqui uma solução estável, mas na ausência dela, acredito que qualquer um deles viabilizará uma solução governativa”, defende Filipa Raimundo.

PS com BE, CDU e Livre consegue maioria, mas ainda precisam que a AD viabilize o programa de Governo.

 

6. PS vence mas sem maioria e cai com chumbo da AD

Um cenário “mais desafiante, mas também pouco provável”, como classifica Bruno Costa, é a repetição do que aconteceu em 2015, mas ao contrário. Ou seja, o PS ganha as eleições, mas a AD derruba-o no Parlamento e é chamado a formar Governo.

“A prática é o Presidente da República convidar o partido mais votado para formar Governo e Pedro Nuno Santos conta com isso”, sublinha o politólogo. No entanto, é preciso lembrar que Marcelo Rebelo de Sousa tem defendido outra tese: “A questão fundamental é ter a certeza de que o Governo que vai ser nomeado tem condições para arrancar com o seu programa”. Ou seja, o importante é o Executivo passe no teste do Parlamento e não o resultado eleitoral.

Perante uma geometria parlamentar em que o PS ganha sem maioria, “muito provavelmente Luís Montenegro já não será o líder do PSD e haverá uma ala do PSD muito apostada em não dar oportunidade ao PS em governar, em não viabilizar um programa do Governo do PS, quase como uma moeda de troca pelo que aconteceu em 2015”, sinaliza.

Para o politólogo, “esta seria a resposta do PSD a António Costa quando, em 2015, conseguiu formar Governo depois de derrubar o partido mais votado, o PSD, no Parlamento”. “Se o Governo de Pedro Nuno Santos não for validado pelo Parlamento, o Presidente da República convoca o segundo partido partido mais votado, neste caso a AD, a formar Governo, tal como aconteceu em 2015. E a AD formaria um Executivo, já com Montenegro afastado da liderança do PSD, e contando com a validação do Chega”, completa Bruno Costa.

PS vence as eleições mas sem maioria e a AD rejeita o programa do Governo e é convidado pelo Presidente da República a formar Executivo.

 

7. Geringonça 2.0

“Outros cenários nada prováveis passam pela AD viabilizar um programa do PS assim como uma Geringonça 2.0. Neste último caso, era preciso um choque de acerto nas sondagens, era preciso uma mudança muito grande nas sondagens“, considera o professor da Universidade da Beira Interior. Paula Espírito Santo também vê como “muito difícil” uma nova gerigonça à esquerda, semelhante à de 2015, isto é, um Governo socialista suportado por acordo de incidência parlamentar pelo PS, BE, PCP e Livre.

PS consegue maioria absoluta com um acordo de incidência parlamentar com BE, CDU e Livre.

 

8. Bloco central

Finalmente, poderá colocar-se em cima da mesa hipótese um novo centrão, com AD ou PS a ganhar as eleições e sem conseguirem uma maioria confortável à direita ou à esquerda e verem-se forçados a um entendimento para evitar um pântano político, pelo menos durante um ano, o período em que o Presidente da República não pode dissolver a Assembleia da República e convocar legislativas antecipadas, devido às eleições presidenciais de 2026.

Seria uma solução extrema, que nem sequer tem sido equacionada por Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, mas poderia ser uma tábua de salvação para Portugal, tendo em conta o contexto de incerteza internacional, de guerra comercial dos EUA e de estagnação económica na Europa.

No passado, já houve um bloco central. Em 1983, o PS de Mário Soares ganhou as legislativas sem maioria e decidiu formar um acordo de coligação com o PSD, na altura, liderado por Carlos Mota Pinto. O Executivo durou apenas dois anos. Com a chegada de Cavaco Silva à presidência do partido, em 1985, o PSD rasga o acordo e são marcadas eleições antecipadas.

AD ou PS ganham sem maioria e decidem formar um entendimento ao centro.

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“Caminho na mediação de seguros não é destruir preço, é acrescentar valor”

Nuno Martins, recém eleito presidente da Aprose, associação de corretores e agentes de seguros, dá a sua primeira entrevista apontando as linhas de mudança na estratégia e objetivos.

Nuno Martins, presidente da Aprose, em entrevista ao ECO Seguros: “O setor da mediação de seguros está muito fragmentado e existem diferenças muito grandes entre a realidade de uns e a realidade de outros”.Hugo Amaral/ECO

A nova direção da Aprose, única associação portuguesa de corretores e agentes de seguros, foi eleita no passado dia 8 de maio. Nuno Martins, nos seguros há mais de 30 anos e um dos responsáveis pela corretora Segurajuda, assumiu a liderança sucedendo a David Pereira que atingiu o limite estatutário de mandatos e não se recandidatou. A lista candidata aos órgãos sociais integrou novas caras e talentos. Logo nos primeiros dias Nuno Martins foi entrevistado por ECOseguros e dá a sua opinião sobre os assuntos passados e futuros que vão marcar a nova época da associação.

Como surgiu esta candidatura com sucesso à direção da Aprose para os próximos três anos?

Eu e um grupo de pessoas com quem eu me relacionava ligadas à distribuição de seguros, incluindo corretores, íamos acompanhando o trabalho da Aprose e a certa altura percebemos que poderia, ou melhor, tinha de haver uma mudança por muitos membros da direção terem atingido o limite de mandatos, e não se estava bem a perceber o que é que poderia ser.

Portanto, comecei a falar com algumas pessoas ligadas aos seguros, no sentido de perceber como é que olhavam para esta situação de juntar um grupo de pessoas fundamentalmente preocupadas com o futuro da distribuição.

Foi decisão de última hora…

Foi uma decisão relativamente recente, não foi nada planeado com muito tempo de antecedência. Depois conseguimos encontrar uma série de pessoas mais ou menos todas alinhadas com a mesma preocupação de levar esta associação a representar a distribuição. Levá-la para um sítio mais institucional com maior reconhecimento e fundamentalmente uma associação mais preocupada com o desenvolvimento do mediador e do corretor em temas como o risco ou a formação.

Ou seja, alguns temas separados das preocupações que a Aprose tinha até agora mas, provavelmente, continuarão alguns dos temas atuais da Aprose. No entanto, queremos pensar em coisas diferentes. Foi isto que nos levou a constituir uma lista e depois, no final no final do dia, descobrimos que éramos a lista única.

Agora temos vontade de assumir esta responsabilidade e disponibilizar tempo das nossas vidas, das nossas empresas para uma união maior da nossa classe profissional da distribuição.

A lista vencedora que deu a atual direção tem um perfil de mediadores de média dimensão…

De média dimensão acho que sim, o mercado tem grandes players que poderiam ter constituído uma lista, mas é óbvio que acreditamos que há pessoas com muita experiência nos seguros que podem trazer muita coisa à distribuição. Não temos na nossa lista pessoas com empresas com décadas e décadas.

Temos fundamentalmente projetos mais recentes, com pessoas relativamente novas, não novas nos seguros, mas não propriamente uma lista de pesos pesados da distribuição em Portugal. Acreditamos que isso pode ser uma mais-valia no sentido de união, porque se a lista fosse muito para os grandes corretores ou muito para os pequenos, extremava-se um bocado.

Uma das preocupações da anterior direção era o crescimento do número de associados. Superaram os 2 mil associados, mas havia vontade de rever os estatutos para deixar entrar mediadores exclusivos…

Para nós é importante a decisão e a vontade dos distribuidores no geral, que são mais de 10 mil em Portugal. Uma das coisas que queremos trabalhar logo numa fase inicial é perceber o que esses players pretendem fazer. A Aprose tem uma representatividade grande em termos de share do mercado e de comissões que passam pelos associados da Aprose, mas há muitos outros que ainda não são membros.

A ideia será perceber como é essa distribuição e começar a analisar e partilhar alguma informação. O setor da mediação está muito fragmentado e existem diferenças muito grandes entre a realidade de uns e a realidade de outros. Achamos muito importante ajudar a desenvolver alguns pequenos mediadores com carteiras significativamente pequenas.

Conhecer o que são com maior rigor? Como?

Com um inquérito, provavelmente de uma empresa especializada com credibilidade para perceber o que é que os mediadores procuram, o que é que os mediadores querem. Há muitos empresários que querem desenvolver as suas empresas, mas também há muito autoemprego.

A ideia é perceber o que todos estes players querem do negócio dos seguros. Se querem um autoemprego, querem aprender, profissionalizar, ajudar a passar de geração para geração….

“Não tenho nada contra que um agente exclusivo esteja na Aprose. É um distribuidor. É uma questão que se tem de analisar e depois submeter, como todos os assuntos, a discussão e a votação dos sócios e tomar uma decisão”.Hugo Amaral/ECO

O que pensa de alargar a adesão de agentes exclusivos de seguradoras?

Por princípio, não tenho nada contra que um agente exclusivo esteja na Aprose. É um distribuidor. É uma questão que se tem de analisar e depois submeter, como todos os assuntos, a discussão e a votação dos sócios e tomar uma decisão.

Este é um assunto em que, provavelmente, vamos ter convicções mais fortes para a frente, nesta fase importa conhecer a realidade da distribuição e tentar entender o que os distribuidores querem. O importante é perceber, desde o grande corretor ao pequeno distribuidor, como podemos ajudar a levar mudança à distribuição, e acreditamos que temos que levar fundamentalmente valor.

Vai haver uma aposta na formação para além da obrigatória?

Exatamente. A formação técnica que temos de seguros é-nos trazido pelas seguradoras e há claramente alguns temas que são diretamente relacionados com os seguros, mas há outros que não são diretamente relacionados com os seguros, são relacionados com a gestão da empresa que precisam de ser assumidos pela Aprose.

Mesmo para o entendimento sobre seguros, o esclarecimento de determinadas matérias, a formação técnica sobre determinados produtos, existem pessoas muito qualificadas no mercado, quer dentro das corretoras, quer dentro da distribuição, que podem ajudar a classe a conseguir dar mais valor à sua atividade.

Esse acesso à informação completa a vantagem de ser associado, que está muito focada no favorável preço do seguro de responsabilidade civil?

Hoje em dia claramente é atrativo o seguro, mas também o conhecimento técnico, em particular o transmitido pelo diretor executivo, Paulo Corvaceira Gomes, uma das pessoas que, de longe, mais percebe sobre distribuição de seguros e sobre o que nos interessa a nós, mediadores e corretores. Mas há mais caminhos que se podem fazer, nomeadamente a formação, uma formação específica e direcionada para o que os mediadores e corretores pretendem.

Temos assistido a fusões e aquisições no sentido clássico, mas também uma agregação dos pequenos aos grandes, ou seja, haverem corretoras e mediadores cada vez mais grossistas de seguros…

O que está a acontecer na distribuição é o espelho da sociedade no seu geral, vemos muitas empresas a comprarem-se umas às outras, também as seguradoras diminuíram drasticamente, quer em número, quer em em soluções que trazem aos distribuidores. É uma realidade do mercado mas, por outro lado, sinergias podem acontecer.

Como quer estabelecer as relações com o supervisor ASF?

Acho muito interessante existirem relações institucionais próximas entre associação que representa mediadores e corretores com a entidade que regula. Temos todo o interesse em trabalhar perto e, claro, a ASF é uma entidade que ajuda muito nos processos todos e conta com excelentes profissionais que sabem o que estão a fazer e têm bastante clareza nos seus processos.

Não vejo a situação como seguradores versus mediadores, APS e Aprose correm lado a lado. São entidades diferentes que podem trabalhar em paralelo, mas têm um objetivo comum que deverá ser partilhado

Não considera que há excesso de regulação de reporte por parte da ASF? Os mediadores em geral não perdem muito tempo e dinheiro com reporte excessivo?

Não diria que há excesso, os que são maiores têm uma grande diferença no que reportar que os outros. Fica uma questão em aberto perceber a vantagem ou a desvantagem de estar mais regulado ou menos regulado, mas acho que a regulamentação traz fundamentalmente mais clareza. Obrigatoriamente é exigente, mas há atividades bastante mais reguladas e que vivem com isso.

E quais serão as relações com a APS, associação dos seguradores?

Não vejo a situação como seguradores versus mediadores. APS e Aprose correm lado a lado. São entidades diferentes que podem trabalhar em paralelo, mas têm um objetivo comum que deverá ser partilhado. Uma grande parte dos mediadores fizeram cursos na APS, é uma entidade que consegue trazer alguns assuntos mais técnicos de interesse, quer para seguradores, quer para distribuidores, de um modo mais profundo.

E em relação às relações governamentais sobre, por exemplo, o fundo sísmico?

Não é bem o nosso métier, é um assunto fundamentalmente de Governo e se calhar da APS, que aqui tem um peso mais importante ao representar as seguradoras, mas fundamentalmente é uma força que podemos fazer junto do Governo para seguir algum caminho.

A questão do financiamento do fundo vai passar por segurados a pagar a cobertura sísmica e, mesmo na proporção do risco sísmico em diferentes zonas do país, vai tornar os seguros mais caros…

Podemos ser parte de uma solução, toda a gente na distribuição tem o interesse em que o cliente tenha mais coberturas, tenha mais proteção. É cedo para desenvolver muito por aí, portanto, mas acho que é importante encontrar alguma solução que fundamentalmente ajudasse as pessoas a ter maior cobertura de risco.

Temos que conseguir transferir algum risco para as seguradoras que acho vão arranjar maneira de conseguirem ajudar também nessa parte, e para o Estado que eu acho que tem interesse de também fazer a sua parte no sentido de encontrar uma solução comum.

Vai continuar o combate aos bancos quanto à venda de seguros?

Os bancos vendem a parte financeira ou ganham dinheiro a vender telemóveis, a vender serviços de louça, faqueiros e seguros? Qualquer pessoa que entre no banco percebe como é que eles vendem, portanto as pessoas muitas vezes adquirem seguros e, ou não sabem que os têm, ou porque têm de os fazer. Isto não é só com seguros, quem tem alguma predominância sobre o seu cliente – como os bancos – vai usar isso para mais coisas.

Qual a resposta da mediação, bloqueio pela lei?

O distribuidor normal tem de garantir o serviço adicional, um pós-venda. Não sei o que bancos conseguem fazer nessa área, se realmente o fazem, se preferem não fazer, eu acho que não fazem. O nosso caminho de diferenciação dos bancos fundamentalmente passa pela valorização do nosso trabalho e não por estar preocupado com o que os outros fazem ou não.

Portanto, tem de haver uma clarificação grande, um esclarecimento do consumidor, do que é o nosso serviço, da distribuição, quer no negócio do particular, em que, no dia a dia, a banca interfere mais, quer no negócio das empresas. É importante que o empresário perceba a importância de um mediador ou de um corretor, porque este traz mais-valia na prevenção do risco, na cultura de pagar para transferir o risco, de analisar, de perceber os prós e contras de um caminho.

A competição ainda está muito no preço?

Acho que toda a gente quer na distribuição, quer nas seguradoras, sabe que o caminho não pode ser destruir preço, tem de ser por acrescentar valor. Não queremos que os clientes paguem menos, queremos que os clientes tenham mais coberturas e que recebam maior proteção. Existe pressão positiva neste sentido e não uma pressão negativa de estar preocupado com os outros.

A tecnologia é uma preocupação e há de ser uma oportunidade?

Obviamente que vai criar novos players e que os rituais têm que acompanhar. Quem tem mais capacidade faz mais rápido. Nós ainda estamos atrás na uniformização da informação que as seguradoras podem disponibilizar aos seus parceiros. Temos quatro ou cinco grandes soluções de software de gestão para a distribuição de algum modo elas deveriam uniformizar as coisas. É um caminho que tem que ser feito com a ajuda de todos.

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Caravanas andaram em ‘ponto morto’ e a reboque da AD na campanha eleitoral

Comitivas partidárias percorreram o país durante 13 dias, com incidentes e mobilização, mas sem conseguirem ‘aquecer os motores’ da influência no voto para alterar a geometria parlamentar.

Termina esta sexta-feira a campanha eleitoral para as legislativas antecipadas de 18 de maio, em que a temperatura nunca chegou a subir ao ponto de ferver, as surpresas não abundaram nem arrebataram e que foi mais dominada pelo entusiasmo artificial criado pelas máquinas partidárias e pela discussão sobre os cenários de governabilidade do que pela diferença entre as propostas previstas nos programas. Após 13 dias com as comitivas na estrada, os especialistas ouvidos pelo ECO avaliam esta campanha “morna” que voltou a percorrer o país de norte a sul.

Fechado o período de pré-campanha em que os debates foram menos acompanhados pelos portugueses – em 2024 houve quatro com audiência média superior a um milhão de espetadores e desta vez apenas dois superaram essa fasquia –, nestas duas semanas, os partidos tiveram também de partilhar o palco mediático com outros acontecimentos. Foi o caso da eleição do Papa Leão XIV, das decisões do campeonato de futebol ou da greve na CP, mesmo que alguns tenham sido ‘puxados’ para a arena política. Aliás, ainda na pré-campanha, o apagão energético de 28 de abril já roubara o palco durante vários ciclos noticiosos.

“Foi uma campanha um pouco mais fraca do que a do ano passado, mais dominada pela governabilidade, com acusações mútuas e menos substantiva em termos de propostas. Mesmo que o objetivo da campanha seja mais mobilizar os eleitores do que influenciar o seu sentido de voto – esse impacto é mais diminuto –, cabe aos partidos serem claros quanto ao que vêm. Nesse sentido, a campanha foi menos mobilizadora”, resume Filipa Raimundo, professora do ISCTE.

Para a especialista em Ciência Política, “o facto de estarmos sistematicamente numa campanha negativa, evasiva, mas ao mesmo tempo insistindo na questão do voto útil e da governabilidade, põe de parte outras questões” como a economia, elenca. “As campanhas de rua também são o que são: os candidatos precisam de aparecer e têm muito mais o objetivo de trazer visibilidade e tentar mobilizar, do que propriamente influenciar o voto”, concede.

Com a montra da campanha em curso este ano o discurso de dramatização do apelo ao voto chegou mais cedo. Utilizado normalmente na reta final, foi ouvido desta vez desde a primeira semana, com alertas sobre a estabilidade do day after. Os líderes partidários chegaram a ser chamados à atenção pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que “expliquem” como é que “vão pôr no terreno” as medidas que prometem e, “com que base de apoio, para que não haja crises governativas”.

A campanha não foi esclarecedora, por isso não é expectável numa grande mudança face à geometria parlamentar de 2024. Foi mais para a oposição aguentar perdas, enquanto a AD só deve conseguir ganhos ligeiros.

Bruno Costa

Professor da Universidade da Beira Interior

Bruno Costa concorda que a campanha foi “mais morna do que seria expectável, muito centrada no velho estilo com muitos encontros com militantes e apoiantes que já estão convencidos em quem votar e sem falar muito para fora, para os indecisos”. O professor de Ciência Política da Universidade da Beira Interior (UBI) arrisca que isso tenha acontecido “talvez por causa da estabilização das sondagens, que apontavam para uma AD mais confortável”, o que pode ter “amenizado o ambiente da campanha, que ficou aquém de ser uma dinâmica e vigorosa”.

E terá sido a campanha útil para esclarecer o eleitorado? “Não foi esclarecedora, por isso não é expectável numa grande mudança face à geometria parlamentar de 2024. Permitiu cimentar o eleitorado, em vez de conquistar novos eleitores. O PS está a lutar por uma margem de eleitorado fixo, mas está a ter muita dificuldade em mobilizar eleitorado mais volátil. Esta campanha foi mais para a oposição aguentar perdas, enquanto a AD só deve conseguir ganhos ligeiros”, responde Bruno Costa.

Exemplo disso é o número de indecisos, que continua elevado. De acordo com a sondagem da Pitagórica para o Jornal de Notícias, a TSF, a TVI e a CNN Portugal, divulgada na quarta-feira, 19,1% dos eleitores ainda não sabem em quem votar, o que compara com os quase 20% registados um dia depois do arranque oficial da campanha.

“Esta campanha não difere fundamentalmente da anterior. A conjuntura evidentemente é diferente. Temos eleições provocadas por um problema pessoal do primeiro-ministro, o que levou à queda do Governo e se transformou numa crise. No entanto, além do caso Spinumviva, tudo o resto não teve uma diferença significativa. Os partidos reforçaram a sua mensagem, os temas não se alteraram. A campanha não teve nenhuma característica especial”, avalia António Costa Pinto, investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL).

Não estranhando a falta de novidade por ter passado pouco tempo desde o último ato eleitoral, os projetos eleitorais serem uma continuidade e haver também um “desgaste”, Paula Espírito Santo, professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP) alerta que “a repetição desses argumentos pode provocar um desligamento da população”, mobilizando mais para as urnas aqueles que buscam “mais estabilidade”.

Montenegro, líder ou “insensível”?

Com o PS sempre a correr atrás do prejuízo nas sondagens que foram sendo publicadas, excluindo o caso Spinumviva que andou sempre a pairar sobre a campanha da AD, acabaram por ser os acontecimentos políticos – como o almoço que juntou os ex-líderes do PSD e deixou a direita a disputar as ideias de Passos Coelhoe os temas introduzidos pelo incumbente Luís Montenegro os mais debatidos: desde a expulsão de imigrantes às benesses para os pensionistas, passando pela potencial coligação com os liberais ou as alterações à lei da greve quando milhares ficaram sem comboio para chegar ao trabalho.

Filipa Raimundo explicita que foi a coligação entre PSD e CDS que “marcou mais a agenda”, dando o exemplo da imigração – “o tema mais marcante, com algum potencial de influenciar os resultados e que a AD tentou capitalizar, esvaziando essa bandeira do Chega” – e dos pensionistas. Um eleitorado mais numeroso e que se consegue “mobilizar mais facilmente”, em comparação com os jovens, com Montenegro a “tentar tirar proveito de algumas medidas que aprovou para reconquistar” parte dos votos dos mais velhos, perdidos durante o período da troika.

A AD foi a força partidária que mais marcou a agenda nesta campanha eleitoral, sobretudo na questão da imigração e também no tema dos pensionistas.

Filipa Raimundo

Professora do ISCTE

Corroborando que, “apesar de tudo, a AD demonstrou alguma vitalidade e confiança, socorrendo-se das medidas que adotou nos últimos 11 meses e alegando que o caminho foi interrompido”, na retina de Bruno Costa ficaram dois episódios “penalizadores” em que Montenegro “mostrou alguma insensibilidade” e estar até “desfasado da realidade e das preocupações” do povo. “Quando confrontado com uma pensionista com uma reforma muito baixa, respondeu que era o resultado da carreira contributiva; e a uma pessoa de etnia cigana que tinha fome disse que tinha de ir trabalhar”, concretizou.

De resto, o professor da UBI viu a coligação liderada pelo PCP “surpreender” ao nível da mobilização e da prestação do secretário-geral, Paulo Raimundo. À direita, a colega do ISCSP destaca ainda Rui Rocha, da Iniciativa Liberal. Por outro lado, ainda antes dos episódios de saúde relacionados com André Ventura que amplificaram o “tempo de antena” e “podem levar a uma mobilização maior”, já o partido tinha conseguido contrariar a “expectativa de esvaziamento” e saído “favorecido” dos protestos da comunidade cigana em consecutivas ações de campanha, que deram “madeira para o incêndio que é a campanha do Chega”, completa Bruno Costa.

“Tivemos as habituais arruadas que acabam por não ter um efeito mobilizador, não desencadeiam momentos novos. É um bocado mais do mesmo e depois os candidatos e líderes caem em trivialidades como andar de mota, dar mergulhos ou jogar vólei de praia”, sublinha Paula Espírito Santo, numa referência a ações de campanha de Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro. Já na fase final da campanha ficou “evidente” o apelo ao voto e a necessidade de os partidos apontarem a possíveis coligações ou entendimentos pós-eleitorais.

As arruadas não desencadeiam momentos novos e depois os candidatos e líderes caem em trivialidades como andar de mota, dar mergulhos ou jogar vólei de praia.

Paula Espírito Santo

Professora do ISCSP

No que toca ao formato da campanha eleitoral, que nesta reta final e durante algumas horas foi contaminada pelo avanço de Gouveia e Melo para Belém, criticado pelos partidos, Bruno Costa lamenta que os partidos continuem a “fazer o roteiro nacional a falar para pessoas já convencidas” e a “jogar pelo seguro para garantir imagens e notícias para os noticiários da noite nas televisões”. Notória, para este analista político, foi a maior preocupação dos partidos em marcarem presença em locais onde a máquina partidária funciona.

Este ano, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos optaram por “fugir ao escrutínio dos média tradicionais” ao não darem grandes entrevistas aos jornais ou participarem no debate a dois que tinha sido proposto pelas rádios. Isto é, interpreta o politólogo, houve um “esforço dos atores políticos em mostrarem um lado mais humano e familiar, daí preferirem ir aos programas [televisivos] da manhã ou da tarde e aos podcasts de humoristas, onde encontram um eleitorado mais descontraído”.

“Têm consciência do impacto que isso pode ter. São também partidos que têm tentado entrar e fazer uso das redes sociais, mas com uma distância muito grande face ao Chega, que tem outra capacidade de entrar em determinados meios. Essas alternativas são vistas como uma forma de chegar àquele que acreditam ser mais o seu eleitorado, que ainda vê televisão e não será tão jovem”, remata Filipa Raimundo, investigadora do lisboeta ISCTE.

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Ventura fora da campanha após alta hospitalar

  • ECO
  • 15 Maio 2025

Para o líder do Chega, que foi novamente avaliado por hospitais esta quinta-feira, a campanha terminou. André Ventura regressa a casa assim que tiver alta médica.

André Ventura já não voltará à campanha eleitoral e vai regressar a casa assim que receber alta do hospital de Setúbal, depois de ter sentido mal numa arruada naquela cidade.

Informamos que atendendo à situação e às últimas informações médicas, o Presidente do Chega não estará mais na campanha e regressará a casa logo que receba alta do hospital de Setúbal”, adianta fonte oficial do partido.

Apesar da ausência do líder, a agenda do Chega manter-se-á inalterada. Sexta-feira é o último dia de campanha antes das eleições de 18 de maio.

O líder do Chega voltou a sentir-se mal durante uma arruada esta quinta-feira de manhã, em Odemira, e foi retirado do local. O episódio ocorreu no dia em que regressou à campanha, depois de ter sido assistido no hospital de Faro na terça-feira à noite.

André Ventura chegou cerca de quinze minutos após o início da arruada em Odemira, prestou declarações aos jornalistas e percorreu alguns metros durante aquela ação de campanha. Poucos minutos depois de chegar, demonstrou estar a sentir-se mal e foi retirado da ação por elementos da equipa do partido para dentro do carro que tem usado nesta campanha eleitoral para as eleições legislativas antecipadas de 18 de maio.

Cerca das 12:06 André Ventura foi assistido no local por uma ambulância do INEM, estando também presente uma ambulância dos bombeiros voluntários, que rapidamente chegaram ao local. Foi primeiro atendido no centro de saúde de Odemira e seguiu, depois, para o hospital de Santiago do Cacém.

“André Ventura está estável, mas vai ser encaminhado para o hospital de Setúbal para fazer um cateterismo”, disse o diretor clínico do Hospital de Santiago do Cacém, em declarações aos jornalistas. Este exame serve para descartar uma doença cardíaca.

O diretor clínico assegura que os exames que foram realizados não mostram “nenhum problema cardíaco”, mas que é necessário fazer um cateterismo. “Sendo um segundo episódio optamos por contactar o hospital de Setúbal para fazer um cateterismo, que é um exame que vai observar se tem lesões a nível das artérias coronárias”, explica o diretor clínico, referindo que no hospital de Santiago do Cacém “não há serviço de cardiologia, apenas um médico cardiologista para realização de consultas”.

Depois, também o diretor de cardiologia do Hospital de Setúbal, Filipe Freixo, disse que, após o cateterismo, não encontraram mais nada e que o líder do Chega iria fazer mais exames complementares nas próximas “três-quatro horas”. O responsável adiantou que André Ventura deveria ter alta ainda esta quinta-feira.

O líder do Chega esteve ausente da campanha eleitoral na quarta-feira, dia em que tinha uma ação agendada para a tarde em Vila Nova de Milfontes, depois de se ter sentido mal enquanto discursava num jantar comício em Tavira. Num vídeo publicado na quarta-feira na rede social Instagram, gravado num hotel, o líder do Chega descreveu um “episódio muito assustador que [teve] pela primeira vez na vida” e agradeceu “de coração” o apoio recebido e o tratamento dos profissionais de saúde.

“Ainda não vou poder estar hoje na campanha, não me sinto ainda capaz disso. Estou a fazer essa recuperação por indicação dos médicos. Não devo fazê-lo, mas a campanha tem de continuar, temos de continuar a chegar às pessoas. Não estou ainda de regresso, mas é como se tivesse. Temos de continuar na luta”, referiu.

O presidente do Chega sentiu-me mal enquanto discursava num jantar comício em Tavira, no distrito de Faro, na terça-feira à noite, tendo sido retirado do palco e assistido no local. Depois, foi transportado para o Hospital de Faro, onde passou a noite em observação. Em causa esteve um espasmo esofágico resultante de problemas de refluxo gástrico, associado a um pico de tensão.

Marcelo recomenda “juízo” a Ventura para recuperar

O Presidente da República realçou que a campanha para as legislativas tem sido longa e intensa, aumentando o cansaço dos líderes partidários. Marcelo Rebelo de Sousa considerou que André Ventura deveria ter aguardado para retomar a campanha, desejando “juízo” para uma recuperação mais célere.

“A minha experiência é que devia ter precauções e não lançar-se imediatamente, não se expondo muito num dia que ia ser logo a seguir muito quente, muito intensa. Como sabem na política, as pessoas abraçam, apertam, beijam. Isso já motivou noutro líder partidário um problema de tensão, de arritmia, é frequente”, afirmou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que “uma campanha como esta, muito longa e muito intensa na rua, aumenta a probabilidade da pessoa se sentir menos bem”. “Espero que recupere e tenha juízo“, desejou o Presidente da República.

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ECO da Campanha. O aviso de Marcelo sobre a “melhor” solução (ou a “menos má”) e o périplo de Ventura pelos hospitais

Presidente da República declarou que a sua missão será "tentar encontrar a solução de governabilidade melhor ou menos má". Dia ficou também marcado pelo estado de saúde de Ventura.

Luís Montenegro acredita que segunda-feira o país terá um governo “com todas as condições de governabilidade”, Pedro Nuno Santos aposta que está a três dias de derrotar a AD e Marcelo Rebelo de Sousa avisa que irá procurar a “melhor ou menos má” solução de governabilidade. Tudo isto num penúltimo dia de campanha que não aqueceu, apesar das tradicionais arruadas na rua de Santa Catarina, no Porto, e que ficou marcado pelo estado de saúde do líder do Chega, André Ventura.

O líder do Chega voltou a sentir-se mal durante uma arruada esta quinta-feira de manhã, em Odemira, e foi retirado do local. O episódio ocorreu no dia em que regressou à campanha, depois de ter sido assistido no hospital de Faro na terça-feira à noite. André Ventura chegou cerca de quinze minutos após o início da arruada, prestou declarações aos jornalistas e percorreu alguns metros durante aquela ação de campanha.

Poucos minutos depois de chegar, demonstrou estar a sentir-se mal e foi retirado da ação por elementos da equipa do partido para dentro do carro que tem usado nesta campanha. Foi assistido no local pelo INEM, seguindo para o centro de saúde de Odemira, e depois para o hospital de Santiago do Cacém. Depois de ter realizado exames e análises que afastam suspeitas de algum problema cardíaco, mas, “por precaução”, foi transferido para o hospital de Setúbal para fazer um cateterismo.

O líder do Chega, André Ventura, sente-se mal, durante uma arruada no âmbito da campanha eleitoral para as eleições legislativas, em Odemira, 15 de maio de 2025. NUNO VEIGA/LUSANUNO VEIGA/LUSA

Durante a tarde, o Observador noticiou que a Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve nega que tenham existido incidentes de segurança, nomeadamente envolvendo a comunidade cigana, durante a assistência hospitalar a André Ventura no Hospital de Faro. À SIC, fonte oficial da PSP também referiu que não existe qualquer registo ou comunicação de uma tentativa de invasão, o que contradiz a versão do Chega de que durante a noite em que esteve internado houve quem tentasse “invadir” o estabelecimento hospitalar.

No entanto, o líder parlamentar do partido, Pedro Pinto, não recuou. “As declarações foram claras e André Ventura estava num quarto, sozinho, por questões de segurança”, disse. Atirou ainda aos comentadores e às televisões pelos comentários.

Num estilo diferente, foi a vez do porta-voz do Livre defender a redução do IVA de 23 para 21%, tal como acontece em Espanha, e pedir cautela a quem promete IVA zero, argumentando que este imposto tem de ser negociado a nível europeu. No final de uma visita ao Mercado de Benfica, em Lisboa, onde ouviu pedidos de ajuda para baixar os preços dos produtos, Rui Tavares assumiu que o Livre é a favor de baixar o IVA que é o “grande ausente” do discurso sobre fiscalidade em Portugal.

Por sua vez, o secretário-geral do PCP apostou esta quinta-feira nos direitos das mulheres, de quem diz que “não precisam de nenhum conselho, muito menos de um homem”, mas antes de salários e do reconhecimento dos seus direitos. “As mulheres não precisam de nenhum conselho, muito menos de um homem. O que precisam é de condições materiais, de salários, do reconhecimento das suas vidas, dos seus direitos para se emanciparem”, disse Paulo Raimundo, que discursava num almoço na Casa do Alentejo, onde participaram 300 mulheres.

A norte, a coordenadora nacional do BE apelou ao voto no seu partido para forçar o secretário-geral do PS a ceder à proposta de tetos máximos nas rendas, pedindo aos indecisos que rejeitem a “conversa das impossibilidades”.

Se as pessoas votarem no BE, se nós conseguirmos que toda a gente que quer baixar o preço das casas, que toda a gente que se preocupa com o que está a passar na Palestina vote no BE, a cedência de Pedro Nuno Santos será para termos tetos às rendas”, afirmou Mariana Mortágua, à margem de uma iniciativa para a campanha das legislativas que decorreu na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).

Tema quente

O dia depois de domingo

Ao início da manhã, o presidente do PSD chegou a afirmar que fez “tudo o que podia” para que os portugueses votem “por uma maioria que garanta estabilidade” e desdramatizou se os resultados eleitorais não permitirem esse caminho. No entanto, horas mais tarde, já no desfile na baixa do Porto a confiança foi mais forte e garantiu ter a certeza que haverá uma maioria estável.

“Creio que os portugueses e as portuguesas, tranquilamente, com serenidade de um povo que foi sempre muito inteligente e muito profundo na sua avaliação, vão dar as condições de que precisamos para dar as respostas em todas as áreas que as pessoas precisam”, afirmou. Ainda assim, vincou que está apto a governar “qualquer que seja a dimensão da vitória”.

As declarações ocorrem no dia em que o líder da IL criticou quem, entre AD e PS, tem apelado ao voto útil, que considerou ser um “conceito estranho porque é conceito utilizado por aqueles que fizeram muito pouco, para ganhar na secretaria”. E lançou o desafiou a Pedro Nuno Santos para esclarecer se vai ser uma “oposição de bloqueio” ou se vai colaborar com um Governo que integre os liberais. “Na oposição, o PS vai construir, vai permitir que a IL acelere o país, ou vai ser uma oposição de bloqueio?”, questionou.

Com o ‘namoro’ entre a IL e a AD na sombra, o Presidente da República declarou que a sua missão será “pegar nos resultados eleitorais e tentar encontrar a solução de governabilidade melhor ou menos má daquelas que resultem, teoricamente, na prática, do voto portugueses”.

Interrogado se tem feito contactos para aferir possíveis soluções de Governo, o chefe de Estado respondeu: “Não, como imaginam, eu a última coisa que faria era durante a campanha eleitoral estar a ter contactos desses. Os contactos são para ter depois da campanha eleitoral e depois dos resultados eleitorais, porque verdadeiramente decisivo é o povo”.

E é ao povo que Pedro Nuno Santos apelou para que concentre o voto no seu partido. “Não fizemos nada para que estas eleições acontecessem. Chegados aqui vamos ganhá-las”, afirmou o líder socialista, onde esteve rodeado por Fernando Araújo, cabeça de lista do PS pelo Porto, o eurodeputado Francisco Assis e o ex-presidente do parlamento Augusto Santos Silva.

Já de manhã tinha deixado garantias: “Primeiro temos que ganhar as eleições e depois com o parlamento que sair do dia 18 de maio conseguiremos, com certeza, como já conseguimos no passado, o Partido Socialista várias vezes, eu próprio com um papel importante nisso, garantir as condições para que tenhamos um Governo com estabilidade para quatro anos, que é o que nós precisamos”, afirmou.

Enquanto isso, o partido à esquerda que mais tem vocalizado a vontade de seguir para o Governo, assumiu que precisa de crescer no domingo e ter um resultado “que se veja e que os outros vejam” para passar a contar “determinantemente” no tabuleiro político nacional.

“O que é preciso é o Livre aumentar, é o Livre ter um grupo parlamentar, ter um resultado, neste domingo, que se veja e que os outros vejam e que, a partir daí, digam que não é possível sair desta situação sem contar com o Livre”, salientou Rui Tavares durante uma ação de contacto com eleitores no Jardim do Alto de Santo Amaro, em Lisboa.

A figura

Carlos Moedas

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, opôs-se ao pedido de manifestação do partido Ergue-te para sexta-feira, dia da tradicional arruada dos partidos em Lisboa. O pedido do partido liderado por Rui Fonseca e Castro para a praça do Martim Moniz, no encerramento da campanha eleitoral, foi justificado pelo autarca lisboeta pelo parecer da PSP.

Carlos Moedas fundamentou a decisão com o “risco real e fundado de perturbação da ordem pública” e considerou que a manifestação é uma “afronta à dignidade de comunidades residentes em Lisboa e ameaça à convivência democrática”.

Porém, Rui Fonseca e Castro anunciou que o partido irá manter a arruada. “A razão está do nosso lado. Não apenas a razão moral, como a razão legal, jurídica está do nosso lado. Não é o senhor engenheiro Carlos Moedas que nos intimida. Somos capazes de muitos sacrifícios para salvar o nosso país. Amanhã vamos estar no local, com toda a civilidade e urbanidade“, afirmou o antigo juiz em declarações à Lusa.

O líder do Ergue-te argumentou que a iniciativa “não é uma manifestação, é uma arruada, uma ação de campanha”. “Sou presidente de um partido que está a concorrer a estas eleições, estou em plena campanha eleitoral, tenho o direito de exercer a minha liberdade político-partidária onde quer que eu entenda, desde que não ofenda regras como o código penal e, os direitos individuais de cada um”, disse.

A frase

"A democracia é um sistema que encontra sempre saída e, portanto, eu não vou estar aqui a dizer que o país vai acabar na segunda-feira se não houver uma maioria que garanta esta estabilidade. O país não vai acabar.”

Luís Montenegro

Presidente do PSD

A capital

Porto

O Porto foi o centro da ação esta quinta-feira. Como habitualmente, os dois maiores partidos rumaram até à Invicta para uma arruada no penúltimo dia da campanha e, a determinado momento, os apoiantes das duas caravanas até se cruzaram. Cerca das 17h30 horas, o secretário-geral do PS descia a Santa Catarina, enquanto distribuía abraços, beijos e cumprimentos a quem encontrava, recebia flores e mostrava-se confiante numa vitória.

Estamos à beira de uma vitória e derrotar a AD, mas para isso não dispersem o voto”, afirmou Pedro Nuno Santos, numa arruada mais participada do que a do ano passado em dia de chuva.

O secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos (C), é saudado por apoiantes durante uma arruada na rua de Santa Catarina no Porto, no âmbito da campanha para as eleições legislativas, 15 de maio de 2025. JOSÉ COELHO/LUSAJOSÉ COELHO/LUSA

Cerca de uma hora depois, foi a vez de a AD desfilar na baixa do Porto com alguns dos ministros de braço dado, como António Leitão Amaro, Paulo Rangel, Miguel Pinto Luz e Joaquim Miranda Sarmento. Luís Montenegro, ao lado da mulher, Carla, disse acreditar que “o povo é sempre muito inteligente” e ter “a certeza que segunda-feira teremos um país com todas as condições de governabilidade”.

Número

314.859

Foi este o número de eleitores que votaram antecipadamente. A afluência dos mais de 333 mil inscritos para esta modalidade no domingo correspondeu a 94,45%, de acordo com dados do Ministério da Administração Interna. Este valor supera a percentagem de eleitores que entre os inscritos votaram efetivamente antecipadamente nas legislativas de 2024: 93,8%.

O número de eleitores inscritos este ano nesta modalidade é o mais elevado de sempre, desde que foi alargada a todos os eleitores a possibilidade do voto antecipado.

Norte-Sul

No penúltimo dia de campanha, a maioria dos partidos concentrou as ações nas grandes cidades. O PS foi o primeiro a percorrer a tradicional rua de Santa Catarina, seguido pela AD uma hora depois. Mas antes, Pedro Nuno Santos visitou a feira de Gondomar e almoçou em Paços de Ferreira. Já Luís Montenegro visitou uma exposição sobre Francisco Sá Carneiro na Câmara Municipal do Porto e almoçou em Gondomar.

À esquerda, o Bloco e o PAN também marcaram presença na Invicta, com Mariana Mortágua a visitar a Faculdade de Letras e Inês Sousa Real a marcar presença na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Já à direita, a IL também andou pela região do Porto: primeiro no Externato de Vila Meã, tendo previsto um um “arraial liberal” no Jardim de Arca D’Água.

A CDU dividiu-se entre o Barreiro (desfile), Lisboa (almoço) e irá terminar o dia num comício em Beja. O Livre visitou o EVOA, um espaço natural e de observação de aves em Vila Franca de Xira, teve uma ação de rua em Alcântara (Lisboa) e irá fechar o dia com um comício no Teatro Thalia, também na capital portuguesa.

Por sua vez, o Chega esteve em arruadas em Odemira e Pegões.

O derradeiro dia de campanha ficará marcado pelas arruadas dos sociais-democratas e dos socialistas em Lisboa. Como tradicionalmente, a AD irá descer o Chiado, às 12 horas, ao qual se seguirá um almoço com mulheres. O comício de encerramento da campanha está marcado para o Campo Pequeno às 18h30.

O PS tem marcado um contacto durante a manhã com a população em Moscavide, mas será a tarde que centrará atenções. Às 13 horas, o almoço está marcado para a Cervejaria Trindade, que será seguido da descida do Chiado às 15h30. A festa de encerramento terá lugar às 19 horas no jardim da sede nacional, no Largo do Rato.

O PAN também optou por ficar em Lisboa, tendo prevista uma caminhada durante a tarde e o jantar de encerramento no Sana Malhoa Hotel. Por seu lado, a IL rumará até Braga depois de uma visita ao mercado municipal de Guimarães. Na capital de distrito de Rui Rocha, o partido tem prevista uma ação durante a tarde e um jantar comício com estudantes.

É também a Norte que estará a CDU, com um desfile durante a tarde no Porto e um comício à noite em Braga. Antes disso, durante a manhã, Paulo Raimundo ainda tem uma ação na Moita. O Porto é também ponto de agenda para o Bloco de Esquerda, onde tem durante a manhã marcado um encontro com voluntários da campanha. A festa de encerramento é será feita no jardim da Avenida Luísa Todi, em Setúbal.

Rui Tavares andará por Matosinhos e pelo centro do Porto e fechará o dia com um jantar comício na escola artística Ginasiano, em Vila Nova de Gaia.

* Com Lusa

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Nova sondagem amplia vantagem da AD para 34% dos votos

  • ECO
  • 15 Maio 2025

A AD de Luís Montenegro poderá eleger entre 84 e 95 deputados no próximo domingo e distancia-se do PS, de acordo com a sondagem da Católica para a RTP, Antena 1 e Público.

A Aliança Democrática poderá alcançar 34% dos votos, devendo eleger entre 84 e 95 deputados, de acordo com a última sondagem da Católica para a RTP, Antena 1 e Público, divulgada esta quinta-feira.

A coligação liderada por Luís Montenegro alarga a vantagem para o PS de Pedro Nuno Santos, que alcança 26% dos votos, podendo eleger entre 62 e 72 deputados, segundo a estimativa de resultados. Na última sondagem da Católica, a 9 de maio, as intenções de voto na AD e PS estavam mais próximas, em 32% e 28%, respetivamente.

O Chega mantém-se como a terceira maior força no Parlamento: obtém 19%, elegendo entre 43 e 50 deputados, menos um ponto que na sondagem anterior.

Com 12% de indecisos – menos três pontos que no inquérito anterior –, a Iniciativa Liberal conquista 7% dos votos, à frente de Livre (5%), CDU (3%), Bloco (2%) e PAN (1%).

O inquérito da CESOP – Universidade Católica Portuguesa, realizado entre os dias 6 e 13 de maio de 2025, teve 1.741 inquéritos válidos, dos quais 44% mulheres. Para este inquérito foram contactadas 7.018 pessoas.

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Trabalhadores da Teijin fecham acordo que prevê aumento salarial de 2%

  • Lusa
  • 15 Maio 2025

As comissões sindicais detalham que além do aumento salarial, de 2% com um mínimo de 65 euros, o subsídio de alimentação vai também ser atualizado para 10,20 euros.

Os trabalhadores da multinacional japonesa Teijin fecharam acordo para um aumento salarial de 2% com um mínimo de 65 euros, após a realização de greves este mês.

A conclusão do processo negocial do caderno reivindicativo 2025 foi anunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE) do Norte e do Sul em comunicado enviado esta quinta-feira aos trabalhadores.

Os funcionários da empresa de tecnologia da informação, química e farmacêutica, que tem uma unidade em Leça do Balio (Matosinhos) e outra em Palmela (Setúbal), tinham realizado greve nos últimos dias, reclamando aumento de salários justos e a efetiva negociação do caderno reivindicativo.

“As Comissões Sindicais do SITE-NORTE e SITE-SUL na Teijin saúdam todos os trabalhadores que aderiram à greve realizada nos dias 8, 9 e 12 de maio de 2025”. No comunicado, as comissões sindicais detalham que além do aumento salarial, o subsídio de alimentação vai também ser atualizado para 10,20 euros. As atualizações vão produzir efeitos no final de maio e terão retroativos a janeiro.

“É do conhecimento de todos que o processo negocial do presente ano foi bastante difícil e demorado. Os trabalhadores não fazem greve porque querem. Até porque sai-nos do bolso”, assinalam no mesmo comunicado. Nesse sentido, lamentam que “tenha sido necessário recorrer à greve, para que a administração da empresa mostrasse disponibilidade em encontrar uma solução que satisfizesse as reivindicações” dos trabalhadores.

“Sempre estivemos, e estaremos sempre, disponíveis para dialogar de forma séria, construtiva, com o objetivo de alcançar entendimentos que respeitem e valorizem os direitos dos trabalhadores e contribuam para a melhoria das condições de trabalho e do ambiente laboral”, acrescentam.

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UnitedHealth investigada por suspeitas de fraude no programa Medicare

  • ECO Seguros
  • 15 Maio 2025

Esta investigação junta-se a uma série de outros inquéritos que envolvem o grupo, incluindo suspeitas de práticas anticoncorrenciais e uma investigação civil sobre faturação no Medicare.

O UnitedHealth Group está a ser investigado pelo Departamento de Justiça dos EUA por suspeitas de fraude relacionada com o programa federal Medicare, segundo avançou o Wall Street Journal (acesso pago). A unidade de fraudes nos serviços de saúde do departamento iniciou a investigação no verão passado, mas ainda não são conhecidos mais detalhes sobre o inquérito.

A investigação centra-se nas práticas do grupo no segmento Medicare Advantage, um programa gerido por seguradoras privadas que recebe fundos públicos para cuidar de idosos e pessoas com deficiência. O maior grupo segurador em volume de prémios emitidos afirma que ainda não foi formalmente notificado sobre a investigação criminal, mas garante a integridade do seu programa Medicare Advantage.

Esta investigação junta-se a uma série de outros inquéritos que envolvem o grupo, incluindo suspeitas de práticas anticoncorrenciais e uma investigação civil sobre faturação no Medicare, nomeadamente nos consultórios médicos da empresa.

O impacto da crise interna é agravado pela recente queda das ações da UnitedHealth, que perderam cerca de 50% do valor no último mês. Às 16h22 desta quinta-feira as ações em bolsa caiam 14,62%. A instabilidade foi acentuada pela saída inesperada do CEO Andrew Witty, substituído esta semana pelo presidente do conselho e antigo CEO, Stephen Hemsley.

Esta investigação surge no contexto em que a administração Trump e o Congresso norte-americano procuram cortar despesas federais na saúde, uma fonte essencial das receitas da UnitedHealth. Em março, o novo diretor da agência Medicare e Medicaid, Mehmet Oz, foi questionado no Senado sobre práticas das seguradoras Medicare Advantage, tendo prometido medidas mais rigorosas.

O Departamento de Justiça está especialmente atento a esquemas que inflacionam os pagamentos do Medicare, como a atribuição de diagnósticos duvidosos para justificar maiores compensações. Reportagens do Wall Street Journal apontam que práticas da UnitedHealth nesse sentido podem ter custado milhares de milhões de dólares aos contribuintes, acusações que a empresa contesta, classificando-as como imprecisas e tendenciosas.

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Chinesa BYD abre centro de desenvolvimento em Budapeste

  • Lusa
  • 15 Maio 2025

O centro, um investimento de 248 milhões de euros, será "um polo fundamental para o mercado europeu", com serviços de vendas, pós-vendas, certificação e testes de veículos.

A fabricante chinesa de automóveis BYD vai abrir um centro de desenvolvimento em Budapeste, num investimento de 248 milhões de euros, pretendendo criar 2.000 postos de trabalho.

A BYD “decidiu estabelecer a sua sede europeia e centro de desenvolvimento em Budapeste”, num investimento de cerca de 248 milhões de euros, avançou esta quinta-feira, em comunicado, o governo húngaro, após uma conferência de imprensa com o primeiro-ministro, Viktor Orbán, e com o presidente executivo da empresa, Wang Chuanfu.

Para o vice-presidente da BYD, “este é um novo passo na cooperação” entre os dois países. Conforme detalhou, este centro será “um polo fundamental para o mercado europeu”, com serviços de vendas, pós-vendas, certificação e testes de veículos.

O grupo chinês já está presente na Hungria, onde deverá abrir também em Budapeste a sua primeira fábrica na Europa de produção de automóveis elétricos até ao final do ano.

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Dils “brinca” com o seu nome em campanha

  • + M
  • 15 Maio 2025

Assinada pela agência DJ, a campanha pretende "romper com o status quo de um setor tradicionalmente formal", bem como posicionar a Dils como uma marca "inovadora e disruptiva".

A Dils lançou a sua primeira campanha nacional, onde “brinca” de forma criativa com o seu nome e a semelhança com a palavra inglesa “deals” (negócios). O objetivo passa por aumentar o reconhecimento da marca e “mudar a forma como o setor imobiliário é percecionado em Portugal“.

No centro da campanha estão assim jogos de palavras bilingues que colocam o nome “Dils” como expressão literal e simbólica de valor, num tom “irreverente mas acessível, utilizando o humor e a criatividade linguística”.

Esta campanha marca um momento decisivo na construção da nossa marca em Portugal. Queremos ser reconhecidos não apenas como uma nova marca, mas como uma marca que gera mudança. A Dils entra em Portugal para repensar o setor imobiliário — com criatividade, confiança e foco nas pessoas”, diz Marta Silva Carvalho, marketing & communications director da Dils Portugal.

Numa criação da agência DJ, a campanha pretende “romper com o status quo de um setor tradicionalmente formal“, bem como posicionar a Dils como uma marca “inovadora e disruptiva”. Com planeamento de meios a cargo da Havas, a campanha está presente em digital, rádio e exterior.

Quisemos romper com o tom tradicional e conservador, típico do setor imobiliário. Como ainda nos lembramos, dos nossos tempos de escola, do que são palavras homófonas, jogámos com a linguagem para que a marca Dils fique no ouvido e na memória de toda a gente”, refere Diogo Anahory, co-fundador e diretor criativo da DJ.

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Mota-Engil quase duplica empréstimo obrigacionista para 95 milhões

  • ECO
  • 15 Maio 2025

A operação decorre até 20 de maio. A taxa de juro fixa bruta desta emissão, ligada à sustentabilidade, é de 4,5%.

A Mota-Engil decidiu quase duplicar o empréstimo obrigacionista, que tem em curso, de 50 milhões para 95 milhões de euros, segundo comunicado ao mercado esta quinta-feira. A construtora vai aumentar o “número máximo de obrigações” para “até 190.000 obrigações e, por conseguinte, aumentar o respetivo valor nominal global para até €95.000.000”, indica a nota publicada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A operação do grupo, liderado por Carlos Mota Santos, decorre até 20 de maio e inclui duas ofertas em simultâneo: uma oferta de subscrição de novos títulos; e também uma oferta de troca que visa refinanciar o anterior empréstimo obrigacionista realizado em 2021 e que vence em 2026.

A taxa de juro fixa bruta desta emissão, ligada à sustentabilidade, é de 4,5%. A oferta destina-se a particulares, mais precisamente pequenos investidores, sendo que o mínimo de investimento é de 2.500 euros.

Para quem já tem obrigações 2021-2026, as que são o alvo da oferta de troca, há um reforço da remuneração em 25 pontos base, o que pode convencer os obrigacionistas desse empréstimo. Além disso, por cada obrigação trocada, a Mota-Engil dá um prémio em numerário no valor de 1,25 euros – além de pagar os juros corridos até à data de emissão das novas obrigações.

Segundo explica a própria Mota-Engil, estas obrigações são ligadas à sustentabilidade pois a construtora compromete-se a atuar de forma a melhorar a percentagem de talento local em posições de gestão (indicador medido por um KPI). O objetivo passa por aumentar a proporção de talento local em posições de gestão para 76,8% face aos atuais 71,4% (final de 2024).

Caso a empresa não cumpra esta meta, terá de ‘compensar’ os obrigacionistas com uma remuneração de 1,5 euros por cada obrigação, um montante a ser pago na data de reembolso.

Com este financiamento, a Mota-Engil pretende obter fundos para dar continuidade à sua expansão internacional e alongar a maturidade da sua dívida “de modo a alinhá-la melhor com a geração de cash flow“, segundo explica. Por outro lado, a oferta de troca permitirá substituir parte da dívida que vence este ano e no próximo por dívida que só terá de ser reembolsada daqui a cinco anos.

A sessão especial de divulgação dos resultados desta emissão vai realizar-se no próximo dia 21 de maio e a data de liquidação física e financeira, assim como de admissão à negociação das obrigações na Euronext Lisbon – sujeito à decisão da dona da bolsa de Lisboa – ocorre dois dias depois, a 23 de maio de 2025. Logo, a partir de dia 20, não será possível aos investidores revogarem as ordens.

A coordenar a operação da Mota-Engil estão os bancos CaixaBI, Haitong, Novobanco e Millennium bcp.

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Volvo mostra em campanha que o XC60 está preparado para “acompanhar os momentos mais autênticos e exigentes”

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  • 15 Maio 2025

Esta é a primeira campanha cocriada com a Initiative e marca o início da colaboração com a agência de meios, responsável pelo planeamento e compra de media da Volvo em Portugal desde 1 de abril.

A Volvo lançou uma campanha dedicada ao renovado Volvo XC60, o SUV híbrido plug-in da marca escandinava, que aposta numa “abordagem emocional e profundamente humana“.

A assinatura “Descobrir o renovado Volvo XC60. For Life” encapsula o propósito do modelo, que passa por “acompanhar os momentos mais autênticos e exigentes da vida real, com tecnologia de ponta, conforto premium e uma estética escandinava intemporal”, refere-se em nota de imprensa.

A narrativa assenta em fragmentos do quotidiano, como rotinas familiares ou desafios profissionais — onde o XC60 surge como um aliado “fiável, seguro, conectado e sempre pronto a responder”.

Esta é a primeira campanha cocriada com a Initiative, pelo que marca o início da colaboração da Volvo com a agência de meios do Grupo IPG Mediabrands, que é responsável pelo planeamento e compra de media da marca em Portugal desde 1 de abril.

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Com criatividade da agência Stendahls e produção da Bacon, a mesma marca presença até 11 de julho em televisão e connected TV, digital programático, redes sociais e search, “combinando construção de marca com uma forte orientação para geração de leads”.

Os spots pretendem também destacar quatro pilares do modelo Volvo XC60, nomeadamente o da sua tecnologia híbrida plug-in, experiência sonora, conectividade e segurança com tecnologia de apoio à condução.

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