Novo crédito para a compra de casa trava no arranque do ano

Montante das novas operações baixou 567 milhões face a dezembro. Empréstimos pedidos por mutuários até 35 anos, que beneficiam da garantia pública para jovens, representam 45% das novas operações.

As novas operações de crédito à habitação atingiram os 1.522 milhões de euros em janeiro, revelou o Banco de Portugal. O montante financiado no arranque do ano representa uma descida de 567 milhões de euros face ao valor emprestado em dezembro, sendo que o crédito concedido a jovens com menos de 35 anos representou 45% do total.

Apesar da quebra registada face aos mais de 2.089 milhões financiados em crédito para a compra de casa, no último mês de 2024, o montante financiado para novos contratos de habitação ficou 313 milhões de euros acima dos 1.209 milhões emprestados em créditos para a mesma finalidade, em janeiro de 2024, mostram os dados divulgados esta quarta-feira pela Banco de Portugal.

Montante de novos contratos de empréstimos à habitação

Fonte: Banco de Portugal

Segundo o regulador, o crédito concedido a mutuários com menos de 35 anos representou 45% do montante de novos contratos para habitação própria permanente concedidos em janeiro, um peso semelhante ao observado para o mês de dezembro.

Os jovens até aos 35 anos que comprem casa beneficiam, desde o início do ano, da garantia pública para o crédito à habitação jovem.

Apesar do ritmo de pedidos de financiamento para a compra de casa ter abrandado no primeiro mês do ano face aos montantes concedidos em dezembro, o valor dos novos empréstimos mantém-se em níveis elevados, sustentando o crescimento do “stock” de crédito que existe nos balanços dos bancos. O montante total de crédito à habitação em Portugal cresceu, em janeiro, 4,1%, pelo 13.º mês.

Em termos globais, as novas operações de empréstimos aos particulares, que incluem contratos renegociados, totalizaram 2.779 milhões de euros em janeiro, menos 635 milhões do que em dezembro.

Sem contabilizar renegociações, os novos contratos de empréstimos a particulares diminuíram 648 milhões de euros, para 2.263 milhões.

Os novos contratos nas finalidades consumo e outros fins diminuiram 13 e 68 milhões de euros, para 532 e 209 milhões de euros, respetivamente.

As renegociações de crédito aumentaram 13 milhões de euros, para 517 milhões de euros. “Este aumento foi transversal a todas as finalidades”, explica o supervisor.

A taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação praticamente não se alterou relativamente ao mês anterior, fixando-se em 3,22% (3,21% em dezembro). A estabilização desta taxa acontece após 14 meses consecutivos de redução, refere o Banco de Portugal.

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CReSAP confiou em Gandra D’Almeida quando disse não ter incompatibilidades

  • Lusa
  • 5 Março 2025

CReSAP confirma que Gandra D'Almeida preencheu duas declarações: uma em que garantiu não ter quaisquer incompatibilidades nem impedimentos para o cargo, ao qual se aplica o estatuto de gestor público.

O presidente da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) esclareceu esta quarta-feira que não é da competência da comissão avaliar incompatibilidades das personalidades sobre as quais dá parecer e disse ter confiado no ex-diretor executivo do SNS, Gandra D´Almeida, que declarou não as ter.

Damasceno Dias, que foi ouvido esta quarta-feira na comissão parlamentar da Saúde, a pedido do PS, sobre a nomeação de António Gandra D’Almeida para as funções de diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), um cargo do qual se demitiu depois de ser noticiado que tinha acumulado de forma irregular funções enquanto responsável do INEM do Norte e prestador de serviços em várias unidades hospitalares.

O responsável da CReSAP confirmou que Gandra D’Almeida preencheu duas declarações: uma em que garantiu não ter quaisquer incompatibilidades nem impedimentos para o cargo, ao qual se aplica o estatuto de gestor público, e que não tinha omitido informações. “Estamos respaldados [por estas declarações] e seguimos o princípio da confiança nas pessoas que se candidatam, que são idóneas”, disse.

Questionado sobre se a CReSAP poderia ter algum “sistema de alerta” para deixar no parecer que emite caso os candidatos tenham acumulado funções no passado, Damasceno Dias afirmou que as declarações preenchidas pelos candidatos salvaguardam esta questão.

“Estas duas peças [declarações] salvaguardaram essa questão e dão responsabilidade a quem se candidata”, disse o responsável, insistindo que não é competência da CReSAP analisar eventuais incompatibilidades dos candidatos, pois apenas avalia o currículo e as competências para o cargo.

Disse que a CReSAP apenas narrou no parecer que elaborou alguns dos cargos que o candidato (Gandra D’Almeida) tinha exercido num determinado período — “não todos” — e que não tinha forma de saber se havia alguma incompatibilidade ou não, nem essa é a sua função.

“Para além de não ser competência da CReSAP, em 2024 demos parecer relativamente a 302 personalidades, sempre com o foco no que nos é exigido, que é apreciar [a adequação para o cargo] com base nas 12 competências que avaliamos”, explicou.

Quanto à eventual acumulação de funções, recordou que “desde que autorizada, pode acontecer”.

Questionado sobre se considera, depois de tudo o que aconteceu, que António Gandra D’Almeida tinha competências para exercer a função à qual se candidatou, Damasceno Dias respondeu: “Sim, tinha competências, na altura“.

Gandra d’Almeida demitiu-se do cargo de diretor executivo do SNS depois de ter sido noticiado que tinha acumulado, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas urgências dos hospitais de Faro e Portimão.

Apesar de ter dito à CReSAP não ter “omitido informações relevantes, nem possuir quaisquer impedimentos e incompatibilidades para o exercício do cargo”, Gandra d’Almeida nada revelou sobre os serviços prestados aos hospitais de Faro e Portimão na altura em que era ainda responsável pela delegação regional Norte do INEM, cargo que ocupou entre 2021 e 2024.

Segundo o relatório da CReSAP, enquanto ainda era diretor da delegação Norte do INEM, apenas revelou ter exercido funções de médico de cirurgia geral no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia, Espinho de 2015 a 2022.

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Mota-Engil dispara 11% com fundo alemão a levar índice da construção para novo máximo

A possibilidade de um novo fundo alemão de 500 mil milhões de euros para as infraestruturas está a impulsionar setor europeu. Indice Stoxx 600 Construction and Materials sobe 5,7% para novo máximo.

As ações da Mota-Engil EGL 0,46% sobem esta quarta-feira 10,82%, para 3,36 euros cada, em máximos de seis meses, numa sessão em que o índice europeu para as ações do setor da construção estabeleceu um novo máximo, impulsionado pela perspetiva de a Alemanha lançar um novo fundo de 500 mil milhões de euros para as infra-estruturas e rever das regras sobre o limite do endividamento.

Os títulos da construtora portuguesa lideram os ganhos no índice PSI, que avança 1,22%.

O índice pan-europeu Stoxx 600 Construction and Materials avança 5,73% para um novo máximos de 758.18 pontos, com títulos de construtoras alemãs como a Wienerberger e a Hochtief a dispararem mais de 15%, enquanto a espanhola ACS avança 8,4%.

Os partidos que esperam formar o próximo governo da Alemanha concordaram, na terça-feira, em criar um fundo de infraestruturas no valor de 500 mil milhões de euros e em rever as regras de endividamento, numa mudança tectónica nas despesas para renovar as forças armadas e relançar o crescimento da maior economia da Europa.

Os conservadores de Friedrich Merz e os sociais-democratas (SPD), que estão em negociações para formar uma coligação após as eleições nacionais do mês passado, apresentarão as suas propostas ao parlamento alemão na próxima semana. Merz, o provável próximo chanceler da Alemanha, aproveitou o momento após o regresso de Donald Trump à Casa Branca, que colocou a aliança transatlântica em turbulência e sublinhou a urgência de a Europa reforçar a sua própria defesa.

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Euribor sobe e a três meses fica acima de 2,5%

  • Lusa
  • 5 Março 2025

As taxas Euribor subiram esta quarta-feira em todos os prazos. No mais curto, a três meses, avançou para 2,504%, enquanto a seis meses fixou-se em 2,353% e a 12 meses atingiu 2,392%.

A Euribor subiu esta quarta-feira a três, a seis e a 12 meses face a terça-feira e no prazo mais curto ficou acima de 2,5% depois de ter estado abaixo deste nível durante cinco sessões consecutivas. Com estas alterações, a taxa a três meses, que avançou para 2,504%, continuou acima da taxa a seis meses (2,353%) e da taxa a 12 meses (2,392%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu para 2,353%, mais 0,011 pontos.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também avançou para 2,392%, também mais 0,011 pontos.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses subiu, ao ser fixada em 2,504%, mais 0,013 pontos.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a dezembro indicam que a Euribor a seis meses representava 37,64% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,69% e 25,6%, respetivamente.

A taxa Euribor a três meses entra no cálculo da taxa base dos Certificados de Aforro, que é determinada mensalmente no antepenúltimo dia útil de cada mês, para vigorar durante o mês seguinte, e não pode ser superior a 2,50% nem inferior a 0%. A taxa de juro bruta para novas subscrições de Certificados de Aforro, Série F, foi fixada de novo em 2,500% em março de 2025.

Em termos mensais, a média da Euribor em fevereiro voltou a descer a três e a seis meses. A Euribor a 12 meses, que tinha subido em janeiro pela primeira vez depois de nove meses a cair, também desceu em fevereiro. Assim, a média da Euribor a três, seis e 12 meses em fevereiro desceu 0,177 pontos para 2,525% a três meses, 0,154 pontos para 2,460% a seis meses e 0,118 pontos para 2,407% a 12 meses.

A próxima reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) realiza-se esta semana em Frankfurt. Na reunião de política monetária de 30 de janeiro e como antecipado pelos mercados, a instituição liderada por Christine Lagarde baixou de novo, pela quarta reunião consecutiva, a principal taxa diretora em 25 pontos base.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Crédito Agrícola fecha 2024 com lucros recorde de 438,2 milhões de euros

O resultado líquido da instituição liderada por Licínio Pina disparou mais de 47%, superando pela primeira vez a fasquia dos 400 milhões de euros, ajudado pela subida da margem financeira.

O Crédito Agrícola encerrou 2024 com um resultado líquido recorde de 438,2 milhões de euros, o que representa um aumento de 47,4% face aos lucros registados um ano antes, segundo revelou a instituição em comunicado.

“É com grande satisfação que partilho os resultados do ano de 2024. O Grupo CA superou os 400 milhões de euros, registando o melhor desempenho de sempre e uma rentabilidade dos capitais próprios acima de 16 p.p.”, adiantou o presidente do banco, Licínio Pina, citado em comunicado.

O líder da instituição destacou que “o crescimento orgânico na concessão de crédito e na subscrição de seguros, sem descurar o risco, e na subscrição responsável de soluções de investimento por parte de famílias e empresas, contribuíram significativamente para este notável marco”. “Em 2024, destacámo-nos pelo crescimento da nossa carteira de Associados e Clientes, pelo sucesso da dinâmica comercial, pela redução consistente de ativos não produtivos e pelo reforço do nosso compromisso com as pessoas, as comunidades e o planeta”, acrescentou.

O banco beneficiou do ambiente de taxas de juro elevadas, que tem ajudado os resultados do setor bancário e que suportou a subida da margem financeira – que diz respeito à diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos – para 783 milhões de euros, 4,5% acima do valor registado em 2023.

Com esta subida, o produto bancário subiu 6,5% para 1.057,3 milhões de euros. A suportar o produto bancário esteve ainda o crescimento nos resultados de contratos de seguros, para 115,6 milhões de euros, mais 27,6% que o valor alcançado no ano anterior.

Já as comissões líquidas aumentaram 3,8% para 158,8 milhões de euros.

Os custos de estrutura aumentaram 8,9% para 458,7 milhões de euros, “decorrentes sobretudo do esforço do Grupo com o aumento de custos com pessoal em 10,3% face ao período homólogo (+25,7 milhões de euros)”, explica o comunicado.

A carteira de crédito a clientes (bruto) cresceu 5,7%, para 12.742 milhões de euros, o que equivale a uma quota de mercado do Crédito Agrícola de 6%.

Já os depósitos de clientes ascenderam a 22.019 milhões de euros no final de dezembro de 2024, o que compara com 20.004 milhões de euros em dezembro de 2023 (+10,1%), levando a quota de mercado do Crédito Agrícola a crescer para 8,2% no final do ano, revela a instituição.

O banco fechou ainda 2024 com uma redução das provisões e imparidades face ao período homólogo em 127,6 milhões de euros, “que verificaram um reforço de 1,5 milhões de euros em 2024, o que compara com um reforço de 129,1 milhões de euros em 2023”.

“Hoje e no futuro, o Grupo CA mantém-se empenhado em colocar a sua robustez financeira ao serviço do progresso económico-social do nosso país, praticando uma banca com propósito e sustentável que continue a merecer a confiança de todos os nossos stakeholders”, concluiu Licínio Pina.

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Bright Pixel lidera ronda de 10,6 milhões da americana Knostic

Ronda eleva para 13,5 milhões capital levantado pela norte-americana que pretende eliminar as fugas de dados corporativos dos modelos de linguagem em grande escala.

Equipa da Knostic

A Bright Pixel, o braço de investimento de capital de risco da Sonae, liderou a ronda de investimento de 11 milhões de dólares (cerca de 10,6 milhões de euros) da norte-americana Knostic, que tem como missão eliminar as fugas de dados corporativos dos modelos de linguagem em grande escala (LLM, na sigla em inglês).

“Nesta era de rápida transformação digital é raro encontrar um conselho de administração que não esteja a discutir IA e, ainda assim, as tentativas de controlar os LLM falharam repetidamente”, afirma Fernando Martins. “As empresas que desejam utilizar os LLM a seu favor precisam da Knostic para proteger as suas informações”, diz o diretor de investimentos em Cibersegurança da Bright Pixel Capital, citado em comunicado.

A ronda — que contou com a participação da Silicon Valley CISO Investments (SVCI), DNX Ventures, Seedcamp e investidores individuais como Kevin Mahaffey (fundador da Lookout) e Gerhard Eschelbeck (antigo CISO da Google) — eleva o financiamento total da tecnológica norte-americana para 14 milhões de dólares (cerca de 13,5 milhões de euros).

Fundada em 2023, pelos especialistas em cibersegurança Gadi Evron (anteriormente no Citibank e PwC) e Sounil Yu (ex-Bank of America), a Knostic fornece controlos de acesso baseados no princípio need-to-know para LLM.

“Ao contrário dos controlos de acesso tradicionais, que limitam as nossas opções a permitir ou negar acesso, as políticas need-to-know possibilitam respostas dos LLM que podem ser ajustadas ao contexto empresarial do utilizador,” diz Sounil Yu. “Os limites baseados no princípio need-to-know permitem que as empresas acelerem a adoção da IA sem comprometer a segurança”, acrescenta o cofundador e CTO da Knostic, citado em comunicado.

Com esta ronda, o objetivo é “reforçar a oferta” da startup “adicionando uma camada personalizável de segurança a ferramentas como o Microsoft 365 Copilot e o Glean”, informa comunicado.

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Hugo Soares garante que Montenegro será o candidato do PSD se houver novas eleições

  • ECO
  • 5 Março 2025

Em entrevista à SIC Notícias, o líder da bancada do PSD disse não ter dúvidas de que o atual presidente do partido conseguirá ganhar e até ter um resultado melhor do que o das últimas legislativas.

O líder parlamentar do PSD assegura que Luís Montenegro será o candidato do partido se o Governo cair e houver eleições antecipadas. “Se houver eleições legislativas em Portugal, o candidato a primeiro-ministro será Luís Montenegro“, afirmou Hugo Soares, em entrevista à SIC Notícias na terça-feira.

Hugo Soares disse não ter dúvidas de que o atual presidente social-democrata conseguiria ganhar e até reforçar o resultado em relação às últimas legislativas. Mas, ressalvou, “o país não está para eleições”, pois “quer e precisa de estabilidade“.

O negócio que Luís Montenegro fez — doando a sua parte da empresa familiar à mulher, com quem era casado em comunhão de bens — é “perfeitamente legítimo” e o chefe do Governo “não é avençado”, apontou também o líder parlamentar do PSD, sublinhando que o primeiro-ministro “é um tipo sério”.

Sobre a comissão parlamentar de inquérito à empresa familiar de Montenegro, pedida pelo PS acerca do património e rendimento do primeiro-ministro, o líder da bancada social-democrata considera que o objetivo deste instrumento não será obter respostas. “Pedro Nuno Santos não quer respostas a nada. Quer achincalhar, achincalhar, achincalhar“, atirou.

O líder socialista também não pretende a queda do Governo. Caso contrário, “votava a favor da moção de censura” apresentada pelo PCP e que vai a votos esta quarta-feira — o que já disse que não fará –, argumentou ainda Hugo Soares, criticando a “fantochada política que alguns estão a criar”.

Quanto à falta de comunicação entre o primeiro-ministro e o Presidente da República — Luís Montenegro só telefonou a Marcelo Rebelo de Sousa depois de ter feito a declaração ao país na qual admitiu avançar com uma moção de confiança –, Hugo Soares defende que os Chefes de Estado “não servem para dar a mão ao Governo”. “Não devem, os dois, imiscuírem-se nos poderes um do outro“, defendeu.

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Governo sobe de dez para 15 euros apoio à compra de botijas de gás

Ao mesmo tempo, o Governo pretende redesenhar o processo do programa para o tornar "mais simples" e "mais célere", revelou a ministra do Ambiente.

A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, indicou que o Governo vai reforçar a dotação do programa Botija Solidária e que irá subir o nível do apoio para 15 euros por botija.

O Programa Bilha Solidária, que está em vigor, terá a dotação reforçada em 2,5 milhões euros para este ano de 2025, o que já havia sido anunciado. No entanto, em acréscimo, a ministra fez outro anúncio: “Vamos ainda aumentar o nível dos apoios, subindo de dez euros por botija para 15 euros o valor pago aos beneficiários na compra das botijas de gás.”

Ao mesmo tempo, o Governo pretende redesenhar o processo do programa para o tornar “mais simples” e “mais célere”, e que tenha uma maior divulgação, já que “há algum desconhecimento” deste programa na população, entende a ministra.

O Governo está atento à subida do preço do gás e a tomar medidas que permitam mitigar os impactos“, garantiu Maria da Graça Carvalho, afirmando que terá em especial atenção as comunidades mais vulneráveis e em risco de pobreza energética.

Planos de resíduos, água e floresta em breve

Considerando a gestão de resíduos “um dos maiores desafios” que tem em mãos, a ministra anunciou que está concluído um plano de ação, cujos detalhes serão tornados públicos nos próximos dias.

Também será “brevemente apresentado” um plano para a floresta e, igualmente em breve, será apresentada a Estratégia Água que Une, que está também concluída, “prevendo orientações e investimentos para termos segurança e sustentabilidade no uso da água em Portugal”.

A apresentação desta estratégia estava inicialmente prevista para dezembro do ano passado.

Restrições pela seca no Algarve podem recuar

No que diz respeito ao Algarve, a situação de escassez de água “tem vindo a evoluir favoravelmente”, registando-se mais 99,3 hectómetros cúbicos face ao período homólogo de 2024, o que representa a duplicação das disponibilidades hídricas no território. “Teremos, por isso, condições para equacionar um possível novo alívio das restrições em vigor“, afirmou a ministra. A Comissão de Acompanhamento dos Efeitos da Seca irá reunir no próximo dia 10 de março, em Faro.

Em paralelo, o ministério prevê um reforço do financiamento para a redução das perdas de água, embora a ministra não o tenha quantificado.

Estas iniciativas acontecem depois de, em maio do ano passado, o Governo ter já aliviado as restrições impostas pelo anterior executivo, liderado por António Costa, sobre o consumo de água no Algarve. No último maio, o Governo decidiu aliviar em cerca de 20 hectómetros cúbicos (hm3) as restrições, que se distribuíram da seguinte forma: 2,65 hm3 de alívio no consumo urbano, 13,14 hm3 de alívio no consumo agrícola e 4,17 hm3 de alívio no turismo.

Na mesma data, o Governo anunciou um reforço dos investimentos destinados à região de 103 milhões de euros, destacando 27 milhões para medidas de eficiência hídrica no perímetro hidroagrícola de Silves, Lagoa e Portimão e dez milhões para medidas de eficiência hídrica no reforço do abastecimento público em baixa e para o uso da água residual tratada.

Candidaturas para apoio a carros elétricos abrem para a semana

Maria da Graça Carvalho acrescentou, na Assembleia da República, que as candidaturas para o apoio à compra de carros elétricos reabrem para a semana. No âmbito deste apoio, os particulares têm direito a 4.000 euros na aquisição de um veículo ligeiro de passageiros 100% elétrico, desde que o valor da compra não ultrapasse os 38.500 euros.

A ministra informou ainda que a dotação da medida foi revista em alta para 13,5 milhões de euros, sendo que a verba não executada em 2024 vai somar-se ao apoio previsto para 2025. Assim, será possível atribuir um maior número de cheques.

(Notícia atualizada às 12h23 com mais informação)

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Juro das ‘bunds’ alemãs dispara com acordo para aliviar limites da despesa na Alemanha

CDU e SPD chegaram a acordo para aliviar regras de despesa, aumentando investimento em defesa e infraestruturas. A yield das bunds a dez anos está a agravar-se 20 pontos base.

Os juros da dívida alemã estão a agravar-se significativamente esta quarta-feira, depois de o provável próximo chanceler, Friedrich Merz, ter falado num acordo para aliviar o travão constitucional ao endividamento e viabilizar um reforço da despesa em Defesa e infraestrutura.

Cerca das 10h00, hora de Lisboa, a taxa de juro das bunds alemãs a dez anos, a maturidade de referência, subia cerca de 20 pontos base, para 2,67%, um movimento a que não se assistia desde 2020.

Na terça-feira, 4 de março, Friedrich Merz anunciou que tanto a CDU como o rival SPD propõem a isenção das despesas de mais de 1% do PIB em defesa de regras que limitam a capacidade do governo em pedir dinheiro emprestado. O responsável acrescentou também que, na próxima semana, será apresentado ao parlamento uma proposta legislativa sobre esta questão e sobre o pacote de infraestruturas, que será financiado por empréstimos.

Em cima da mesa está também a hipótese de um fundo de 500 mil milhões de euros para financiar as despesas com as infraestruturas da Alemanha, nos próximos dez anos, para recuperar a economia para “um caminho de crescimento estável”.

Num comentário ao Financial Times, Tomasz Wieladek, economista chefe da T Rowe Price, considerou que esta alteração à Constituição alemã “vai alterar permanentemente a forma como as bunds negoceiam” no mercado. O aumento dos juros da dívida alemã irá também levar agravar “significativamente” os custos de financiamento para “todas as outras economias soberanas do euro”.

Em Portugal, esta quarta-feira, os juros da dívida estão a subir a dois, cinco e dez anos. No prazo mais longo, a yield atingiu um máximo desde julho de 2024.

É uma tendência transversal na Europa. A yield da dívida francesa a dez anos sobe quase 14 pontos base, para 3,364%. O juro da dívida italiana no mesmo prazo agrava-se 15 pontos base, para 3,712%, enquanto o de Espanha avança 14,7 pontos base, para 3,313%.

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Entrada na Eslováquia é “símbolo importante” quando Biedronka cumpre 30 anos

  • Lusa
  • 5 Março 2025

A entrada da Biedronka na Eslováquia é a primeira internacionalização da insígnia de retalho alimentar do grupo que detém as cadeias Pingo Doce (Portugal) e Ara (Colômbia).

A entrada da Jerónimo Martins na Eslováquia através da Biedronka, que inaugura hoje a primeira loja, é um “símbolo muito importante” e acontece no ano em que esta faz 30 anos, sublinha, em entrevista à Lusa, o presidente. A Biedronka abre hoje o centro de distribuição e a primeira loja na capital da Eslováquia.

A entrada na Eslováquia “tem um símbolo muito importante”, é “o ano em que a Biedronka faz 30 anos e que para nós é um orgulho atingir o que atingimos”, sublinha o presidente da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos.

“É muito interessante esta entrada na Eslováquia, no fundo é a demonstração da maturidade que esta companhia tem e a importância de saber continuar a crescer e (…) mostrar o trabalho dos meus colegas todos”, prossegue o responsável, adiantando que o grupo trabalhou ano e meio para entrar neste mercado.

A entrada da Biedronka na Eslováquia é o primeiro passo de internacionalização dado por uma insígnia de retalho alimentar do grupo que detém as cadeias Pingo Doce (Portugal) e Ara (Colômbia).

A Eslováquia faz fronteira com cinco países: Polónia, Hungria, Chéquia, Áustria e Ucrânia, sendo que muitas destas fronteiras são naturais, como o rio Danúbio, que marca a fronteira com a Hungria durante cerca de 100 quilómetros, ou as montanhas Tatra, que separam o país da Polónia. Em Bratislava, que é a capital, vivem cerca de 500 mil pessoas.

“Não há dúvida nenhuma que vivemos num mundo muito incerto” e, relativamente ao ano passado, “a incerteza é a mesma, a polarização é a mesma, sinto que existe aqui uma instabilidade para a decisão muito superior do que existia do que quando nós começámos quer na Polónia, quer noutras aventuras”, prossegue Pedro Soares dos Santos, quando questionado sobre o tema.

“Mas há uma coisa que não posso ignorar, é que a decisão está cada vez mais na Europa central e mais para leste e o crescimento vai estar aqui nesta zona, do ponto de vista económico isto continua a fazer todo o sentido“, aponta, salientando que em termos económicos não tem dúvidas nenhumas que os crescimentos vão estar nesta zona do globo.

“E aí a Biedronka teve um papel muito importante” nestas três décadas e “agora também é interessante para a Biedronka continuar a crescer e pela primeira vez, entre nós, internacionalizar uma marca”, sublinha. Até porque “nunca internacionalizámos uma marca, vamos ver como vai correr, como vai funcionar”, diz o gestor.

Sobre o impacto da guerra na Ucrânia, Pedro Soares dos Santos salienta que este é “grande”, principalmente para o país, mas também tem impactos na vida de todos.

“Acho que vamos continuar a viver esta instabilidade, mas nestas instabilidades há também algumas oportunidades, acho que fizemos bem do ponto de vista de conhecimento: Como é que essa marca num país vizinho se vai portar e o que tem de introduzir e como a companhia-mãe, que é a Biedronka, vai construir a relação com os produtores locais, a importância da economia local para essa marca”, prossegue.

Sobre a entrada na Colômbia, que este mês cumpre 12 anos, Pedro Soares dos Santos diz que hoje a empresa está num bom caminho. “Diria que em 80% era o que eu esperava”.

“Se me perguntar do estudo inicial qual foi a maior surpresa, sei dizer: a logística”, pois “não pensava que fosse tão complexa” e requeresse “maior investimento do que nós estávamos à espera”, conta.

Mas tudo o resto comportou-se “exatamente” como esperado, com exceção da covid-19 e da inflação.

O grupo registou vendas de 33.465 milhões de euros em 2024, um aumento de 9,3%, sendo que a cadeia polaca Biedronka obteve um crescimento de 9,6% para 23.570 milhões de euros, o Pingo Doce subiu 4,5% para 5.073 milhões de euros e a Ara avançou 17% para 2.850 milhões de euros.

As vendas do Recheio subiram 1,9% para 1.357 milhões de euros e as da Hebe cresceram 24,3% para 583 milhões.

Os resultados anuais são divulgados a 19 de março.

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China avisa que resistirá até ao fim se EUA continuarem com guerra comercial

  • Lusa
  • 5 Março 2025

Pequim reafirmou que se “opõe firmemente" à decisão dos Estados Unidos de utilizar o fentanil como desculpa para aplicar mais taxas sobre as exportações chinesas.

A China avisou esta quarta-feira que vai “resistir até ao fim” se os Estados Unidos “insistirem em prejudicar os interesses chineses”, em resposta às novas taxas alfandegárias impostas por Washington sobre produtos oriundos do país asiático.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, reiterou, em conferência de imprensa, que Pequim “se opõe firmemente” à decisão dos Estados Unidos de utilizar o fentanil como desculpa para aplicar mais taxas sobre as exportações chinesas.

Se os EUA querem realmente resolver o problema do fentanil, devem negociar com a China com base na igualdade, no respeito e no benefício mútuo“, afirmou o porta-voz.

Lin Jian disse que não tinha visto as declarações da embaixada chinesa nos Estados Unidos, segundo as quais a China está “pronta para qualquer tipo de guerra”, mas insistiu que Pequim deixou clara a sua posição.

Exortamos os EUA a abandonar as suas táticas de intimidação e a regressar ao caminho certo do diálogo e da cooperação o mais rapidamente possível“, concluiu.

O Executivo chinês defendeu, num livro branco sobre o fentanil divulgado na véspera, que tomou medidas rigorosas contra a produção e o tráfico de fentanil e dos seus precursores químicos.

O Governo chinês afirmou ainda que tem promovido ativamente a construção de um sistema de rastreabilidade com recurso às novas tecnologias para monitorizar quaisquer ligações à produção, transporte, importação e exportação destas drogas.

Trump disse que 90% das mortes por consumo de opiáceos nos EUA se devem ao fentanil. Washington defende que os opiáceos chegam através do México e do Canadá, mas cujos precursores vêm da China.

Na sua primeira presidência (2017-2021), Trump teve já uma relação tensa com Pequim, ao impor várias rondas de taxas, no valor de cerca de 370 mil milhões de dólares (346 mil milhões de euros) anuais, a que a China respondeu com taxas sobre as exportações norte-americanas.

Washington anunciou esta semana a duplicação para 20% das taxas sobre produtos chineses, o que levou Pequim a responder com taxas de 10% e 15% sobre as importações agrícolas dos EUA.

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+M

Plataformas de streaming devem apostar em estratégia híbrida de recomendação de conteúdos

Estudo evidencia a necessidade de as plataformas de streaming estarem atentas às novas tendências dos utilizadores e de os seus algoritmos não apostarem apenas na análise de comportamentos passados.

As falhas na classificação através de inteligência artificial (IA) podem impactar negativamente os consumidores, sendo que recomendações e sugestões em plataformas de streaming que não vão ao encontro do pretendido pelos utilizadores podem levar a resultados adversos, como arrependimento e insatisfação com o prestador de serviços.

As conclusões são do estudo “Misaligned AI andItsImpactonConsumerIdentity”, conduzido pelos investigadores Diego Costa Pinto (Nova IMS), Ana Rita Gonçalves (IPAM Porto), Héctor Gonzalez-Jimenez (ESCP Business School), Marlon Dalmoro (Federal University of Rio Grande do Sul) e Anna S. Mattila (Pennsylvania State University). O estudo inclui dados de utilizadores da Netflix e do Spotify em Portugal, Reino Unido e Estados Unidos, e utilizou técnicas de neuromarketing.

Ao analisar o papel da IA na personalização de conteúdos, o estudo demonstrou que quando as sugestões e recomendações das plataformas não vão ao encontro do sentido de identidade e dos desejos dos consumidores, tal tem implicações concretas, como a mudança de plataforma, o abandono temporário da mesma, ou, em casos mais extremos (e raros), o cancelamento de subscrições.

Estas falhas acontecem porque as plataformas e as suas recomendações baseadas em IA se focam demasiado no passado e histórico do utilizador. “A plataforma não consegue perceber mudanças momentâneas no padrão de comportamentos. Claro que a médio prazo, a plataforma adapta-se. Mas ela baseia as suas decisões em comportamentos passados e o consumidor está sempre a mudar as suas necessidades e expectativas. E quando há um gap entre as novas expectativas do consumidor e o que a plataforma oferece, é aí que está o problema“, refere Diego Costa Pinto.

Para fazer face a esta realidade, a recomendação do investigador é de que estas plataformas apostem numa estratégia híbrida. “Apesar de boa parte do conteúdo que o utilizador quer consumir poder ser previsto tendo em conta os seus comportamentos passados, é preciso estar atento às trending topics que a pessoa vai querer no futuro”, explica ao +M.

Tem de ser adaptativo. É esse o grande segredo. É estar atento a essas micro tendências do consumidor, algo que é super difícil de fazer. É importante não colocar todo o peso do algoritmo em comportamentos passados, mas olhar para as tendências mais recentes do consumidor para conseguir propor coisas novas“, acrescenta.

Ou seja, as plataformas e os seus algoritmos têm de ir testando a sugestão de conteúdos junto dos consumidores. Imaginando que um utilizador ouviu apenas e esporadicamente uma música de um determinado artista, a plataforma pode depois testar e, em vez de apenas colocar essa música desse artista, colocar também mais uma outra. Se essa ação for bem acolhida, pode ir depois acrescentando mais, ou, se não, voltar atrás, exemplifica o investigador.

Essa predição tem de ser feita de forma adaptativa. O conhecimento que se tem do consumidor, de comportamentos passados, não vai necessariamente ajudar a prever o que o consumidor vai querer no futuro. Esse é o grande desafio. Às vezes os algoritmos colocam bastante peso no passado, conseguindo prever 80% do que o consumidor gosta de ouvir, mas os 20% que não consegue e que são uma nova tendência de mudança que o consumidor está a fazer poderão vir a ser os conteúdos que mais tarde mais vão ser consumidos”, explica.

Segundo Diego Costa Pinto, outro problema identificado que leva a reações negativas por parte dos utilizadores prende-se com a insistência das plataformas em sugerirem, constantemente, determinados conteúdos. Ou seja, quando fazem um “push comercial” para tentar “impingir” constantemente um conteúdo ao consumidor, sendo que este “muitas vezes percebe que aquilo é empurrado e que não tem sentido para si”.

Outra das conclusões é que a faixa etária está bastante relacionada com a forma como os consumidores são afetados pelas falhas nas classificações feitas por IA. A Geração Y (entre os 30 e 39 anos) é a mais suscetível a ter sensações negativas em cenários de falha de IA, segundo dados avançados por Diego Costa Pinto, sendo 45,5% mais afetada do que os consumidores da Geração Z (18-29) e 18,9% mais afetada do que os da Geração X (mais de 40 anos).

Estes resultados, segundo Diego Costa Pinto, podem ser explicados pelo “contexto tecnológico em que cada geração cresceu e pela familiaridade com serviços de streaming e algoritmos de IA“.

Ou seja, enquanto a Geração Z “já nasceu na era do streaming”, tendo “expectativas mais realistas” em relação às capacidades e limitações dos algoritmos de IA — o que os torna “mais resilientes emocionalmente perante falhas” –, a Geração Ytransitou da era da televisão linear para o streaming e tende a ter expectativas mais elevadas em relação a estas plataformas”.

Mesmo por “terem testemunhado uma evolução tecnológica significativa”, estes consumidores “esperam que os algoritmos de IA compreendam melhor as suas preferências, o que amplifica o impacto emocional de uma falha”.

Já no que diz respeito aos consumidores de faixas etárias mais velhas, como os da Geração X, embora estes tenham adotado os serviços de streaming de forma mais tardia, “a sua menor familiaridade com as capacidades dos algoritmos pode resultar em expectativas mais moderadas, reduzindo o impacto emocional de uma falha”, entende Diego Costa Pinto.

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