Euribor volta a cair a três e seis meses para novos mínimos desde finais de 2022

  • Lusa
  • 28 Maio 2025

Esta quarta-feira, as taxas Euribor recuaram a três e a seis meses para 2,011% e 2,042%, respetivamente. No prazo mais longo (12 meses), manteve-se estável nos 2,056%.

A Euribor desceu esta quarta-feira a três e a seis e estabilizou a 12 meses em relação a terça-feira, nos dois prazos mais curtos para novos mínimos desde dezembro e outubro de 2022, respetivamente. Com estas alterações, a taxa a três meses, que baixou para 2,011%, ficou abaixo das taxas a seis e a 12 meses, que se fixaram nos 2,042% e nos 2,056%, respetivamente.

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, recuou para 2,042%, menos 0,014 pontos e um novo mínimo desde 28 de outubro de 2022.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor manteve-se estável em 2,056%, o mesmo nível de terça-feira.
  • Já a Euribor a três meses, que está abaixo de 2,5% desde 14 de março passado, recuou para 2,011%, menos 0,010 pontos e um novo mínimo desde 9 de dezembro de 2022.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a março indicam que a Euribor a seis meses representava 37,65% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,39% e 25,67%, respetivamente.

Em abril, as médias mensais da Euribor caíram fortemente nos três prazos, mais intensamente do que nos meses anteriores e no prazo mais longo (12 meses): desceu 0,193 pontos para 2,249% a três meses, 0,183 pontos para 2,202% a seis meses e 0,255 pontos para 2,143% a 12 meses.

Em 17 de abril, na última reunião de política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) desceu a taxa diretora em um quarto de ponto para 2,25%. A descida, antecipada pelos mercados, foi a sétima desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024. A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 5 e 6 de junho em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Atena compra empresa espanhola para dar “dimensão ibérica” à Plastrofa

Gestora de private equity estreia-se em Espanha para juntar a Manufacturas Polisac à participada da Trofa e criar um grupo ibérico nas embalagens plásticas flexíveis com vendas de 24 milhões de euros.

A Atena Equity Partners comprou a espanhola Manufacturas Polisac, especialista em sacos técnicos para os setores de segurança, logístico, industrial e alimentar, para reforçar a internacionalização da sua participada Plastrofa, cuja propriedade é agora partilhada com a CoRe Capital.

Este investimento no país vizinho, concretizado através do fundo Atena II, “enquadra-se na estratégia de internacionalização da empresa da Trofa, criando um “grupo ibérico com uma posição relevante no setor das embalagens plásticas flexíveis”, destaca a sociedade gestora de fundos de private equity.

Em conjunto, a Plastrofa e a Manufacturas Polisac têm um volume de negócios superior a 24 milhões de euros e empregam cerca de 130 pessoas. Com produção em Portugal e Espanha e exportações para mais de uma dezena de países, disponibilizam soluções de embalagens em plástico flexível e filmes técnicos, sob a forma de manga, filme, folha e saco.

Na aquisição da empresa de Segóvia, a Atena Equity Partners contou com a assessoria da Albia / IMAP (M&A), da Deloite Espanha (due dilligence financeira, tax e ambiental) e da Cuatrecasas (legal). Do lado do vendedor, a assessoria de M&A e legal esteve a cargo da Ecovis.

“A Atena tem um compromisso com o desenvolvimento dos negócios adquiridos, nomeadamente na sua expansão orgânica e no crescimento por aquisições, permitindo a internacionalização dos negócios e o ganho de dimensão e escala”, frisa Miguel Lancastre, founding partner da Atena Equity Partners, que entrou no capital da empresa nortenha há precisamente dois anos.

Miguel Lancastre, founding partner da Atena Equity Partners

Citado em comunicado, o gestor acrescenta que esta aquisição permite à Plastrofa “ganhar dimensão ibérica e reforçar a sua internacionalização, juntando-se a um conjunto alargado de investimentos já realizados no desenvolvimento das operações”.

Além de ter profissionalizado a gestão e obtido a certificação alimentar BRC, elenca a sociedade liderada por Miguel Lancastre, reforçou a sua capacidade produtiva e investiu em sustentabilidade, com a instalação de uma moderna unidade de tratamento de compostos orgânicos voláteis.

Por outro lado, a aquisição da Manufacturas Polisac representa o primeiro investimento no mercado espanhol por parte da Atena, que garante o interesse em investir em empresas na Península Ibérica que permitam “criar players com posições de liderança nos seus setores de atividade, promovendo sinergias e gerando novas oportunidades”.

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Consumidores da Zona Euro mais pessimistas com inflação pelo segundo mês consecutivo

As expectativas dos consumidores europeus para os próximos 12 meses apontam para uma taxa de inflação a subir para 3,1%, rendimentos a encolher e crédito mais caro. Cresce a pressão do BCE para agir.

As expectativas dos consumidores da Zona Euro para a inflação voltaram a deteriorar-se em abril, marcando o segundo mês consecutivo de agravamento das previsões sobre a evolução dos preços para os próximos 12 meses.

Segundo o mais recente inquérito às expectativas dos consumidores, divulgado esta terça-feira pelo Banco Central Europeu (BCE), as projeções para a inflação nos próximos 12 meses subiram para 3,1%, o valor mais elevado desde fevereiro de 2024. Este novo aumento de 0,2 pontos percentuais face a março coloca pela primeira vez desde julho de 2021 as expectativas de inflação ao mesmo nível da perceção que os consumidores têm sobre a inflação passada – ambas nos 3,1%.

O cenário revela um sentimento crescente de pessimismo entre os cidadãos europeus, que antecipam não só preços mais altos como também um agravamento das condições económicas gerais.

As expectativas de crescimento económico para os próximos 12 meses tornaram-se mais negativas, caindo para -1,9% em abril face aos -1,2% de março.

Inquérito de abril sobre as expectativas dos consumidores do Banco Central Europeu

Mas os dados do BCE revelam também uma aparente contradição no comportamento esperado pelos consumidores. Enquanto as “expectativas de crescimento do rendimento nominal durante os próximos 12 meses diminuíram para 0,9%, face aos 1% de março”, as “expectativas de crescimento das despesas nominais durante os próximos 12 meses aumentaram para 3,7% em abril, face aos 3,4% de março”.

Esta divergência sugere que os consumidores preveem ter de gastar mais, mesmo com rendimentos a crescer menos, uma situação que reflete precisamente as pressões inflacionistas que antecipam.

Os dados do BCE revelam que o aumento das expectativas dos consumidores relativamente à inflação foi observado em todos os grupos de rendimento, segundo o inquérito realizado junto de cerca de 19 mil consumidores em 11 países da Zona Euro.

Economia em contração e desemprego a subir

O pessimismo dos consumidores estende-se também às perspetivas económicas mais amplas. As “expectativas de crescimento económico para os próximos 12 meses tornaram-se mais negativas, caindo para -1,9% em abril face aos -1,2% de março”, sinalizando que os cidadãos europeus antecipam uma contração da economia, referem os dados do BCE.

Simultaneamente, a “taxa de desemprego esperada dentro de 12 meses aumentou para 10,5%, face aos 10,4% de março”. Apesar do aumento, os consumidores continuam a esperar que a taxa de desemprego futura seja apenas ligeiramente superior à perceção da taxa atual (9,8%), o que implica um mercado de trabalho globalmente estável, ainda que em deterioração.

No setor imobiliário, as expectativas dos consumidores europeus apontam para um agravamento generalizado das condições do mercado. Os “consumidores esperavam que o preço da sua casa aumentasse 3,2% durante os próximos 12 meses, face aos 3,1% de março”, enquanto as “expectativas para as taxas de juro dos empréstimos hipotecários dentro de 12 meses aumentaram para 4,5%, face aos 4,4% de março”.

Como tem sido habitual em inquéritos anteriores, são as famílias com menores rendimentos que esperam as taxas de juro hipotecárias mais elevadas (5,1%), enquanto as famílias com rendimentos mais altos antecipam as taxas mais baixas (4%). Esta diferenciação reflete as distintas condições de acesso ao crédito conforme o perfil de risco dos mutuários.

Além do agravamento das expectativas, o BCE assinala também que a “incerteza sobre as expectativas de inflação durante os próximos 12 meses também aumentou em abril, atingindo o mesmo nível de junho de 2024”.

O acesso ao crédito também se deteriorou, com a percentagem líquida de famílias que reportaram um endurecimento (relativamente às que reportaram um alívio) das condições de acesso ao crédito durante os últimos 12 meses a aumentar ligeiramente, de 20,2% em março para 21,7% em abril.

Além do agravamento das expectativas, o BCE assinala também que a “incerteza sobre as expectativas de inflação durante os próximos 12 meses também aumentou em abril, atingindo o mesmo nível de junho de 2024”. Este indicador sugere que os consumidores não só esperam preços mais altos como também se sentem menos confiantes sobre a direção futura da economia.

Os resultados do inquérito às expectativas dos consumidores constituem uma ferramenta importante para o BCE na definição da sua política monetária, complementando outras fontes de dados utilizadas pela instituição.

A deterioração consistente das expectativas durante dois meses consecutivos poderá influenciar as próximas decisões do banco central sobre as taxas de juro, numa altura em que a autoridade monetária europeia procura equilibrar o combate à inflação com o apoio ao crescimento económico. A próxima reunião do Conselho do BCE decorre a 4 e 5 de junho em Frankfurt.

O próximo inquérito às expectativas dos consumidores será divulgado a 1 de julho, com dados referentes ao mês de maio.

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Marcas de distribuição desaceleram mas mantêm crescimento. É “crucial” manter um equilíbrio, alerta Centromarca

  • + M
  • 28 Maio 2025

A análise da Kantar e Centromarca alerta para os "riscos de um crescimento desequilibrado das marcas de distribuição", que "pode comprometer a valorização das categorias".

Embora a um ritmo mais lento, especialmente quando comparado com 2023, as marcas de distribuição continuam a ganhar quota de mercado. Esta conquista de terreno é mais evidente junto do sortido amplo — espaços com grande variedade de produtos e marcas –, impulsionada pela intensa comparação de preços que caracteriza este segmento.

No entanto, é “crucial” manter um equilíbrio entre a oferta de marcas de distribuição e marcas de fabricante neste mesmo sortido, aponta o “Painel de Lares”, estudo que a Kantar realiza em conjunto com a Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca. As conclusões são relativas ao primeiro trimestre deste ano.

“Apesar do avanço das marcas de distribuição, os consumidores continuam a procurar estas lojas precisamente pela sua oferta diversificada em marcas e portefólios de fabricante, um fator essencial para o desenvolvimento saudável das categorias“, aponta-se em nota de divulgação do estudo.

A análise alerta ainda para os “riscos de um crescimento desequilibrado das marcas de distribuição”, que “pode comprometer a valorização das categorias“. Segundo o estudo, mais de metade das categorias onde as marcas de distribuição ganham quota em volume, “já se encontra num ponto de rutura, resultando em perdas de valor e volume para o setor”. “Em contrapartida, as marcas de fabricante revelam-se essenciais para o crescimento e premiumização, particularmente no sortido amplo, onde impulsionam a grande maioria das categorias em valorização”, acrescenta-se.

O estudo, que conta com uma amostra de quatro mil lares dispersos em mais de mil pontos de sondagem (com um nível de confiança de 95% e um erro amostral associado de 1,96%), demonstra também uma coexistência entre diferentes estratégias de retalho, onde se destaca a “crescente complementaridade” entre as lojas que apostam num sortido amplo e as que privilegiam um sortido mais curto, focado nas marcas de distribuição.

As lojas de sortido amplo iniciaram o ano a reforçar o seu posicionamento, enquanto as de sortido curto continuam a apostar na expansão e na atração de novos compradores, sendo que, no entanto, 95% do crescimento do sortido curto “vem da intensificação da compra do comprador, e não da subtração direta ao sortido amplo”.

Estes dados evidenciam que o consumidor português está “cada vez mais dinâmico e proativo”, não hesitando em percorrer distâncias maiores para encontrar o supermercado que melhor satisfaz as suas necessidades e preferências. Na verdade, quase metade dos lares portugueses (48,7%) demonstra abertura para se deslocar a lojas mais distantes, na procura por uma oferta diferenciada. Esta tendência traduz-se numa elevada taxa de ‘duplicação’ entre os diferentes tipos de sortido, com 84% dos consumidores a frequentarem tanto lojas de sortido amplo como de sortido curto, aponta o Painel de Lares.

“Este início de ano positivo é um sinal encorajador para todo o setor. Para que este dinamismo se consolide, é fundamental que retalhistas e fabricantes trabalhem em sintonia, valorizando a oferta diferenciada e a inovação que as marcas de fabricante trazem, para que possam responder a um consumidor que procura ativamente qualidade e novas propostas”, diz Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca, citado em comunicado.

O estudo da Kantar revela também “um cenário de crescente otimismo entre os consumidores portugueses, impulsionado pela estabilização da inflação”, denotando um “impulso generalizado na atividade de compra e novas dinâmicas na relação dos consumidores com os diferentes formatos de retalho”.

A análise aponta inclusive para “um alívio nas dificuldades financeiras dos portugueses“, com 28% dos consumidores a reportar dificuldade em gerir o orçamento familiar, numa redução de 6,4 pontos percentuais face a 2024.

Este cenário está a impulsionar um “crescimento equilibrado do consumo, tanto dentro como fora de casa”, com o consumo fora de casa a assumir um “peso crescente” nos hábitos dos portugueses, que optam cada vez mais por realizar as suas refeições principais em estabelecimentos, entrega em casa ou take-away.

Neste sentido, foi registado um crescimento de 4,8% no consumo fora de casa no primeiro trimestre de 2025, o que impacta diretamente as compras para o lar, cujo crescimento foi mais contido, na ordem dos 2,5%. “Adicionalmente, observa-se uma alteração nos padrões de compra no início do ano, sugerindo uma inversão da tendência anterior de idas mais frequentes às lojas com cestas menores, uma estratégia do consumidor para controlar os gastos”, aponta-se na nota de divulgação do estudo.

Marta Santos, clients and analytics director da Kantar, refere que se está a observar “uma evolução natural e saudável do mercado retalhista, onde diferentes formatos encontram o seu espaço e se complementam”. Esta dinâmica cria um cenário ‘win-win‘, em que para um ganhar não é necessário que o outro perca, beneficiando não só os operadores, mas, fundamentalmente, o consumidor, que ganha em diversidade e opções de escolha”, acrescenta.

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Lagarde terá discutido sair do BCE antes de fim do mandato para liderar FEM

  • Joana Abrantes Gomes
  • 28 Maio 2025

Fundador do Fórum Económico Mundial (FEM), Klaus Schwab, alega que Christine Lagarde terá discutido sair do BCE antes do fim do mandato.

Christine Lagarde terá discutido sair do Banco Central Europeu (BCE) antes do fim do mandato, que termina em 2027, para liderar o Fórum Económico Mundial (FEM). Segundo o fundador da organização, que foi afastado dos comandos do FEM após denúncias anónimas sobre conduta irregular, a transição entre cargos foi discutida com a própria Lagarde num encontro em abril em Frankfurt.

Em entrevista ao Financial Times, Klaus Schwab disse que a reunião com a francesa serviu “para discutir a transição de liderança” no FEM, ficando Schwab como chairman até Lagarde “estar pronta para assumir o cargo, o mais tardar, no início de 2027”.

Schwab alega também que foram tomadas medidas específicas nesse sentido, como reservar um apartamento para a atual presidente do BCE na Suíça, onde fica a sede da instituição conhecida pela reunião anual de Davos.

No entanto, Lagarde, que faz parte do Conselho de Administração do Fórum Económico Mundial desde 2008, tem um mandato de oito anos no BCE, não renovável, que terminará apenas no final de outubro de 2027.

Importa lembrar que o fundador do FEM, que tem 87 anos, disse em abril que tencionava deixar a liderança do fórum em janeiro de 2027. Mas acabou por ser afastado pela administração, na sequência de uma série de denúncias anónimas que alegam que o próprio e a família terão recebido benefícios financeiros indevidos da organização.

De acordo com fontes contactadas pelo jornal britânico, se Lagarde eventualmente aceitasse a proposta, teria de abandonar a liderança do BCE pelo menos dez meses antes do fim do seu mandato.

Entretanto, um porta-voz do BCE já reagiu à notícia, dizendo que Lagarde está “determinada em completar o seu mandato”.

Neste momento, o FEM é liderado interinamente pelo vice-presidente do Conselho de Administração e antigo diretor-geral da Nestlé, Peter Brabeck-Letmathe.

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Apagão elétrico aumenta procura por soluções de autoconsumo

  • Lusa
  • 28 Maio 2025

Os segmentos mais informados e com maior capacidade económica têm vindo a aderir ao autoconsumo e a mobilidade elétrica. No entanto, ainda falta informação clara, comparável e fiável, diz ACEMEL.

Os comercializadores de energia asseguram que a escolha por soluções verdes está a ganhar terreno, e desde o apagão elétrico de há um mês a procura por ofertas de autoconsumo com baterias aumentou.

“O apagão de 28 de abril expôs fragilidades no sistema elétrico nacional e acentuou a perceção de risco por parte dos consumidores, e muitos procurarão respostas junto dos seus comercializadores, mesmo quando estes não tinham qualquer responsabilidade direta pelo incidente“, começou por explicar à Lusa o presidente da Associação de Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado (ACEMEL), João Nuno Serra, em entrevista no âmbito do Dia Mundial da Energia, que se assinala na quinta-feira.

Questionado sobre os principais impactos que o incidente que afetou Portugal e Espanha teve na relação entre comercializadores e consumidores e na procura por soluções verdes, o responsável referiu que esse momento reforçou o papel das empresas como primeiro ponto de contacto do cliente final.

Além disso, adiantou que “aumentou a procura por soluções que ofereçam maior autonomia e previsibilidade como sistemas de autoconsumo com baterias ou serviços de gestão ativa de consumos“, que visam promover a eficiência energética e monitorizar os consumos de eletricidade.

A procura por soluções com determinado tipo de armazenamento deve-se ao facto de no dia do apagão ter havido relatos do colapso de energia ter afetado também famílias com painéis solares ligados à rede, mesmo em pleno sol.

Como na altura vários especialistas do setor explicaram, para garantir a segurança, o inversor dos módulos fotovoltaicos – que converte a corrente contínua em corrente alternada – suspendeu a produção de energia. E o mesmo aconteceu com a maioria das baterias usadas pelos consumidores para armazenar energia, por não terem, por exemplo, uma ‘backup box‘ – solução que pode ser ativada em caso de falhas na rede.

O presidente da ACEMEL, que representa 20 comercializadores, garante ainda que, no geral, a procura por soluções verdes está a crescer, mas de forma assimétrica.

Os segmentos mais informados e com maior capacidade económica têm vindo a aderir ao autoconsumo e a mobilidade elétrica. No entanto, para a maioria dos consumidores, ainda falta informação clara, comparável e fiável”, lamentou o responsável da ACEMEL que conta com 20 associados, entre os quais a Aciona, Dourogás ou a Audax. A lista não inclui empresas como EDP, que apesar de estar a perder quota de mercado, continua a ser líder de mercado com mais de 55%.

O autoconsumo tem crescido de forma expressiva em Portugal, impulsionado pelas Unidades de Produção para Autoconsumo (UPAC) — sistemas que permitem a particulares e empresas gerar a própria eletricidade. A potência instalada em UPAC saltou de 86 megawatts em 2017 para cerca de 1,6 gigawatts em 2024, segundo dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).

Sobre o atual quadro de regulação em Portugal, João Nuno Serra considera que apesar dos esforços desenvolvidos pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), “continua excessivamente complexa e, por vezes, desproporcional para os comercializadores de menor dimensão“.

“Esta realidade traduz-se numa carga burocrática significativa e num modelo de mercado que ainda favorece os operadores historicamente dominantes, dificultando a diferenciação e a inovação”, apontou.

No que toca à liberalização dos mercados da eletricidade e do gás natural, iniciada em 1996, o responsável sublinha que foi um passo positivo, mas considera que a sua concretização plena ainda está longe de ser alcançada.

“A concentração de quota de mercado em poucos operadores, aliada a barreiras de entrada de ordem técnica e comercial, continua a limitar o verdadeiro dinamismo competitivo”, defendeu, lembrando que a ACEMEL tem realizado denúncias destas “distorções junto das autoridades competentes”.

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A transformação digital do setor público e a melhoria do serviço ao cidadão

  • ECO
  • 28 Maio 2025

Como é que os processos de transformação e a tecnologia podem ajudar os serviços públicos, o papel do Estado e, sobretudo, a sua relação com os cidadãos? Saiba tudo no 1º episódio do podcast InGov.

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A experiência do cidadão com os serviços públicos está diretamente relacionada com a forma como a administração pública consegue alinhar inovação tecnológica e a proximidade humana. A transformação digital está a transformar esta relação com novos canais, criando novas formas de interação, que prometem maior eficiência e personalização.

Mas para que esta transformação seja bem-sucedida é necessário ultrapassar desafios importantes, como a modernização dos serviços públicos e a adaptação às crescentes expectativas dos cidadãos. Foi este o mote do primeiro episódio do podcast InGov, no qual Rui Gidro, Partner da Deloitte, Responsável de Consultoria para o Setor Público em Portugal, e João Carracha, Associate Partner, Responsável de Customer Experience na área de Consultoria para o Setor Público em Portugal da Deloitte, se juntaram numa conversa, moderada por Tiago Freire, Subdiretor ECO, para falarem sobre Citizen Experience.

“A transformação digital tem permitido uma aceleração e uma disponibilização dos serviços públicos aos cidadãos ao nível da acessibilidade, isto porque se consegue garantir que os serviços públicos são acessíveis a todas as pessoas, independentemente da geografia onde moram, das suas profissões e disponibilidade. E há, também, uma maior agilidade e rapidez no acesso aos serviços porque os serviços, sendo digitais, permitem que se façam pedidos e que se tenha acesso a informação muito mais rápido, bem como a personalização dos serviços customizados ao perfil das pessoas“, começou por dizer Rui Gidro.

O Partner da Deloitte acrescentou ainda que já existem exemplos concretos destes casos e descreveu-os: “Quando vamos ao gov.pt, o site já tem toda a panóplia de serviços a que é possível aceder. Se formos ao Portal das Finanças também já tem vários destes serviços acessíveis. Além disso, temos a Chave Móvel Digital, que já nos permite assinar um documento, independentemente de onde estejamos”.

Rui Gidro, Partner da Deloitte

Neste sentido, João Carracha realçou o método de partilha única de informação, que pretende que o cidadão só tenha de partilhar os seus dados pessoais uma única vez com as diferentes entidades públicas. “A Europa tem seguido esse movimento nos últimos anos e estima-se que cerca de 850 mil horas anuais são poupadas aos cidadãos. Imaginem a satisfação que isso pode dar ao cliente ao nível de horas que não foram gastas em filas e serviços que são redundantes, mas também ao nível das empresas, que pouparam cerca de 11 biliões de euros anuais. Isto porque, enquanto que, para um cidadão, um mau serviço público pode resultar numa má experiência, para as empresas pode significar o adiamento de um lançamento de um produto, a incapacidade de obter uma licença para a expansão do seu negócio“, explicou.

Lojas do cidadão virtuais? É o caminho.

Esta poupança de tempo para o cidadão é o principal objetivo da inserção das transformações digitais e, até, da Inteligência Artificial Generativa dentro dos serviços públicos. Rui Gidro afirma, por isso, que as próprias lojas do cidadão se têm vindo a reinventar e isso pode levar a que tenhamos “lojas de cidadão virtuais”: “Este conceito pode evoluir e o que se pretende é que o cidadão perca menos tempo e que tenha mais serviços, ao mesmo tempo que consegue acompanhar a evolução desse serviço, no qual a Administração Pública possa conhecer o cidadão e/ou a empresa e, face ao seu perfil, consiga propor os serviços públicos que lhe fazem sentido“.

Neste ponto, João Carracha considera que “o Estado tem um papel muito desafiante porque se, por um lado, os cidadãos mais jovens pretendem ter canais digitais, existem vários segmentos de cidadãos que ainda preferem o canal físico. Vivemos num momento em que temos diferentes segmentos de cidadão e o Estado tem a responsabilidade de fornecer esses serviços a todos os cidadãos com a mesma qualidade“.

João Carracha, Associate Partner, Responsável de Customer Experience na área de Consultoria para o Setor Público em Portugal da Deloitte

A acessibilidade e a inclusão deixaram de ser temas físicos e passaram a estar embebidas naquilo que são os canais digitais. Por um lado, é uma responsabilidade, mas, por outro lado, sem dúvida, os canais digitais têm muito mais facilidade, desde a sua conceção, de aplicar princípios centrados no humano, design inclusivo, para garantir que todas as pessoas têm acesso da maneira mais confortável possível, tendo em conta o seu contexto”, acrescentou o Associate Partner da Deloitte.

Sem dúvida que, para isso, a GenAI é uma excelente ajuda que, de acordo com Rui Gidro, “pode permitir uma evolução muito grande na inovação dos serviços públicos” através da análise de dados e da personalização de serviços para os diferentes tipos de segmentos. E como? João Carracha explica: “Se nós pensarmos nos 750 mil funcionários públicos que existem, à data de hoje, a servirem cerca de 10 milhões de cidadãos, e se pensarmos em todas as interações que existem em todos os departamentos, sejam digitais, sejam canais físicos, e se, contra isso, projetarmos a aplicação de GenAI, que nos vai permitir automatizar decisões, ter agentes virtuais a ajudarem os funcionários públicos a tomarem a melhor decisão, sumarizar informação, ajudar a agregar, fazer triagens automáticas… Se nós pensarmos em tudo isto nas centenas de milhares de interações que existem, eu acho que o potencial é imenso“.

“O grande paradigma é: neste mundo digital, no qual a informação é poder, como é que eu garanto que, de facto, o Estado tem essa informação segura e garantida? Isso passa por continuar a estratégia de investimento em infraestrutura, em tecnologia, para garantir que continuamos a ter sistemas inovadores de GenAI a disponibilizar esses serviços, assentes em infraestruturas tecnológicas seguras e, por último, garantir que se continua a personalizar e uma inclusão dos cidadãos nesses serviços que eu vou prestar“, concluiu Rui Gidro.

Veja, aqui, o episódio completo:

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Mariana Vieira da Silva admite que travou candidatura para não prejudicar o PS nas autárquicas

  • ECO
  • 28 Maio 2025

Ex-ministra e atual deputada socialista volta a defender que as eleições internas no PS deviam ser após as autárquicas, mas não se candidata à liderança porque “dividir o partido não seria correto”.

Mariana Vieira da Silva reitera que as eleições internas no PS, às quais apenas concorre José Luís Carneiro, deviam ter sido agendadas para depois das autárquicas. Em entrevista ao podcast “Política com Assinatura”, da Antena 1, a ex-ministra da Presidência do Governo de António Costa justifica que não avança com uma candidatura à liderança porque “dividir o partido não seria correto”. “Dividiria o partido de uma forma que neste momento não é útil”, considera a atual deputada, para quem seria exequível manter Carlos César como líder até às autárquicas, até porque “ninguém queria uma disputa eleitoral a tão pouco tempo” dessas eleições. Não obstante, deixa uma crítica: “Como é possível antes de fazer a reflexão, escolhermos o líder?”

Sobre os resultados dos socialistas nas legislativas de 18 de maio, Mariana Vieira da Silva afirma que o PS perdeu eleitores porque não conseguiu resolver duas questões: habitação e imigração. Na habitação, em particular, acredita ser possível “entendimentos fortes com a Aliança Democrática”. Contudo, recusa responsabilizar Pedro Nuno Santos pela forte derrota nas urnas e critica quem dentro do partido “aponta o dedo a um protagonista”, pensando que assim resolve os problemas. “Está errado”, atira, rejeitando também a ideia de que o PS “atirou o PSD para os braços do Chega”.

Na entrevista, a antiga governante defende ainda que nenhum partido deve dizer que aprova um orçamento sem saber o que está lá escrito. “O PS não deve dizer que aprova já xis orçamentos“, aponta. A deputada socialista culpa o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por considerar “que quando um Orçamento do Estado não era aprovado isso significava, por si só, a queda de um Governo”. Mas Mariana Vieira da Silva deixa um recado: “Se [o PSD] decidir fazer a revisão constitucional à margem do PS, teria o direito de exigir que o PS viabilizasse orçamento após orçamento nos próximos anos?“.

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Italiano Antonio Filosa nomeado CEO da Stellantis

  • Lusa
  • 28 Maio 2025

A fabricante automóvel Stellantis anunciou a nomeação do italiano Antonio Filosa como CEO, substituindo Carlos Tavares, que apresentou a demissão em dezembro.

A fabricante automóvel Stellantis anunciou esta quarta-feira a nomeação do italiano Antonio Filosa como CEO, substituindo Carlos Tavares, que apresentou a demissão em dezembro.

Antonio Filosa, que anteriormente era diretor da Stellantis para a América do Norte e do Sul, foi também nomeado no início de fevereiro para dirigir um novo departamento global de qualidade.

A Stellantis, que agrupa 14 marcas na Europa e na América, como Fiat, Citroen, Peugeot, Opel, Chrysler e Jeep, viu o presidente executivo, Carlos Tavares, abandonar a empresa a 1 de dezembro, após maus resultados no terceiro trimestre.

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Eólica offshore Gazelle levanta mais 2 milhões

Com esta nova injeção de capital, eleva-se para 18,8 milhões de euros o investimento total angariado pela empresa que está a desenvolver plataformas eólicas flutuantes para o piloto “Nau Azul”.

A Gazelle Wind Power, empresa de desenvolvimento de tecnologia de plataforma eólica offshore flutuante, levantou mais dois milhões de euros junto do Banco Português de Fomento (BFP), através do programa de coinvestimento Deal-by-Deal. Com esta nova injeção de capital, eleva-se para 18,8 milhões de euros o investimento total angariado para o projeto piloto “Nau Azul”, ao largo da Póvoa de Varzim.

“O apoio de um investidor institucional respeitado como o Banco Português de Fomento é um forte voto de confiança na nossa plataforma eólica flutuante e no seu potencial para desbloquear a energia eólica offshore a nível global”, afirma Jon Salazar, CEO da Gazelle Wind Power, citado em comunicado.

Sediada em Viana do Castelo, a Gazelle Wind Power está a desenvolver plataformas flutuantes de nova geração para energia eólica offshore, visando tornar a “produção de energia eólica em águas profundas mais viável, acessível e com menor impacto ambiental nos ecossistemas marinhos”, pode ler-se em comunicado.

Com este reforço de investimento a empresa pretende “reforçar a sua posição como player estratégico no panorama global das energias renováveis, reforçar a sua estrutura operacional, expandir a sua equipa técnica e avançar com a construção do projeto-piloto “Nau Azul”, ao largo da Aguçadoura”, Póvoa de Varzim, informa comunicado.

Este investimento reforça o nosso compromisso com soluções tecnológicas sustentáveis e de elevado impacto económico. Ao apoiar a Gazelle Wind Power, contribuímos para acelerar a transição energética em Portugal e para reforçar também o posicionamento do nosso país como polo de inovação em energias limpas, contribuindo para a criação de emprego qualificado e para o desenvolvimento sustentável da economia azul”, diz Teresa Fiúza, administradora do BPF, citada em comunicado.

“A Gazelle está a progredir na sua missão de lançar a Nau Azul, o projeto-piloto em grande escala no mar. Este investimento da BPF deixa a empresa mais perto de obter o financiamento total para executar o lançamento e colocar a plataforma a funcionar”, diz Stephan de Moraes, managing general partner da Indico Capital Partners, que investiu na empresa na última ronda.

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Sete em cada 10 cidadãos querem voltar a discutir a regionalização, revela estudo do Iscte

  • Lusa
  • 28 Maio 2025

Os portugueses fazem uma avaliação muito positiva do poder local e consideram que o seu município melhorou na última década, enquanto avaliam pior o desenvolvimento do país no mesmo período.

Sete em cada 10 inquiridos num estudo de opinião realizado pelo Iscte, divulgado esta quarta-feira, consideram que a regionalização deve ser novamente discutida, enquanto quatro em cada cinco defendem um novo referendo sobre a criação de regiões.

O estudo “O que pensam os portugueses 2025 — Descentralização, Desconcentração e Regionalização”, a que a Lusa teve acesso, revelou que 71% dos inquiridos defendem que a regionalização “deve ser discutida de novo”, cerca de 28 anos depois de um referendo que recusou as regiões, com 19% a dizer que a questão não deve voltar a ser discutida (10% respondeu não saber).

“Esta posição é transversal a todo o território nacional, embora na região Norte os inquiridos sejam ligeiramente mais favoráveis à reabertura desta discussão (74%)”, é destacado.

Por outro lado, 75% das respostas indicaram que o debate deve ser concluído com um novo referendo aos portugueses, 9% que deve ser decidido pela Assembleia da Republica e 7% pelo Governo (8% dos inquiridos não sabe ou não respondeu).

Entre os inquiridos que defendem que a regionalização deve ser novamente discutida, são 84% os que querem a realização de um novo referendo.

Também os que consideram que a questão não dever ser reaberta preferem a realização de um novo referendo: são 71% neste grupo que preferem ter uma voz ativa nesta decisão.

Os autores destacaram que a percentagem de inquiridos que gostaria de ver esta decisão tomada por referendo se distribui “de forma muito semelhante por toda a escala de posicionamento ideológico, ou seja, da esquerda à direita, cerca de 75% dos respondentes em cada grupo ideológico é favorável”.

No estudo de opinião realizado pelo Instituto para as Políticas Públicas e Sociais do Instituto Universitário de Lisboa (IPPS/Iscte), 57% dos inquiridos defendem “a eleição direta pelos habitantes de cada região” dos presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).

Por outro lado, 16% considera que os presidentes das CCDR devem ser escolhidos por “concurso público”, 13% defendem o atual modelo de eleição “pelo conjunto dos autarcas de cada região” e apenas 3% consideram que deve ser o Governo a escolher estes dirigentes.

O estudo será apresentado esta quarta-feira no Fórum das Políticas Públicas 2025, no Iscte, com a participação de presidentes de CCDR, autarcas e académicos.

Os portugueses fazem uma avaliação muito positiva do poder local e consideram que o seu município melhorou na última década, enquanto avaliam pior o desenvolvimento do país no mesmo período. É, porventura, essa inclinação municipalista que ajuda a explicar a concordância com a reabertura da discussão sobre regionalização”, afirmou Pedro Adão e Silva, um dos autores do estudo, juntamente com Isabel Flores, e que apresentará os resultados esta quarta-feira.

No ano em que se realizam mais umas eleições autárquicas, o Fórum das Políticas Públicas do ISCTE é dedicado ao tema “Novas Competências do Poder Local”.

Além do estudo, o Fórum irá debater a “crise da habitação”, as “desigualdades socioterritoriais” e a “coordenação das estratégias de especialização inteligentes”.

O Prémio Iscte Políticas Públicas 2025 será entregue à “Política Municipal de Sustentabilidade Ambiental” do município de Loures, cabendo à Área Metropolitana do Porto uma menção honrosa para a sua “Política Pública Metropolitana de Juventude” e à Câmara Municipal de Oeiras outra menção honrosa pela “Intervenção social com crianças e jovens através da música”.

O relatório baseia-se em inquéritos individuais, realizados pela GfK Metris, entre 13 de fevereiro e 14 de abril, a cidadãos com 18 anos ou mais, residentes no continente.

De 14.297 contactos telefónicos elegíveis foram obtidas 3.059 entrevistas telefónicas válidas, assegurando a representatividade ao nível de NUTS II (Nomenclatura de Unidade Territorial para Fins Estatísticos) e aplicando quotas de sexo, idade, região e instrução em linha com os censos de 2021.

O grau de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2% para Portugal Continental; 3% para a região Norte; 4% para a região Centro e Lisboa e Vale do Tejo e 5% para o Alentejo e Algarve.

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Metade dos pensionistas da Segurança Social com reforma até 500 euros no final de 2024

  • Lusa
  • 28 Maio 2025

Do total de quase um milhão de pessoas que recebiam até 500 euros, quase sete em cada dez (703,5 mil, o equivalente a 68,2%) eram mulheres e 31,7% (282,7 mil) eram homens.

Quase um milhão dos reformados da Segurança Social recebiam, no final de 2024, uma pensão de velhice de até 500 euros, o equivalente a 51% do total, e abaixo do limiar de pobreza fixado para aquele ano.

Com base nos dados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), uma análise da CGTP assinala que “perto de 1 milhão de pensionistas de velhice da Segurança Social (986,2 mil) recebiam menos de 500 euros de pensão por mês”, o equivalente a 51,2% do total. Este valor situa-se abaixo do limiar de pobreza fixado para aquele ano, que era de 542 euros, assumindo o rendimento anual dividido por 14.

Do total de quase um milhão de pessoas que recebiam até 500 euros, quase sete em cada dez (703,5 mil, o equivalente a 68,2%) eram mulheres e 31,7% (282,7 mil) eram homens. Já “outros 25,8% recebiam entre 500 e 750 euros, correspondendo a perto de 497 mil pensionistas de velhice de ambos os sexos”, nota a central sindical. Assim, no total, quase 1,5 milhões de reformados recebiam até 750 euros, isto é, 77% do total de pensionistas da Segurança Social (1,92 milhões).

Segundo o documento, há ainda 102.789 que ganhavam entre 1.200 euros e 2.000 euros, 26.907 que recebiam entre 2.000 e 2.500 euros, 14.872 que auferiam entre 2.500 e 3.000 euros, enquanto 26.880 recebiam 3.000 euros ou mais. Ou seja, cerca de 2% (41.752 mil) recebiam uma pensão de velhice igual ou superior a 2.500 euros, segundo os cálculos da Lusa, com base na análise da CGTP. “Na Segurança Social, que abrange a maioria dos reformados e pensionistas do país, os valores médios das pensões são muito baixos, principalmente no caso das mulheres”, alerta a CGTP.

Em dezembro do ano passado, “o valor médio das pensões de velhice era de cerca de 666 euros mensais no conjunto de todos os regimes, situando-se pouco acima do limiar de pobreza”, nota. “As pensões do regime geral são pouco mais elevadas (516 euros na média do conjunto dos regimes e 524 euros no regime geral), mas em qualquer dos casos são sempre mais baixas entre as mulheres (rondam os 62% do valor recebido pelos homens), devido aos seus salários serem também, em média, mais baixos e as carreiras contributivas mais curtas”, conclui a CGTP.

Esta análise insere-se num conjunto de dados que a CGTP tem vindo a realizar no âmbito da conferência nacional que a Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens — CIMH/CGTP-IN vai realizar em 05 de junho, tendo em vista debater a situação das mulheres no mundo do trabalho.

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