Governos de direita mexem mais nas direções-gerais, esquerda prefere institutos públicos

  • Lusa
  • 27 Junho 2025

Conheça as conclusões do estudo "Continuidade e Mudança nas Políticas Públicas em Portugal", da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que analisou dados de 3.000 entidades da administração pública.

A maioria das mudanças nos dirigentes da administração pública acontece em momentos de alternância partidária, sendo que os governos de direita tendem a mexer mais nas direções-gerais, enquanto a esquerda opta tendencialmente pelos institutos públicos.

A conclusão faz parte do estudo “Continuidade e Mudança nas Políticas Públicas em Portugal”, da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), que analisa as três principais ferramentas à disposição dos governos para controlarem a direção das políticas públicas: as reorganizações administrativas, as alocações orçamentais e as nomeações para cargos dirigentes.

“Os governos tendem a utilizar as nomeações para cargos superiores como uma forma de garantir que a administração pública vai agir conforme as suas preferências políticas, especialmente em momentos de alternância partidária”, aponta o estudo elaborado por António F. Tavares, Patrícia Silva e Pedro J. Camões e que analisa a evolução das políticas públicas entre 1976 e 2020.

Segundo os investigadores, que analisaram dados de mais de 3.000 entidades da administração pública (AP), incluindo 1.692 nomeações de dirigentes de 1.º grau, as políticas públicas em Portugal têm demonstrado uma tendência de estabilidade, pelo que a alternância de governos é o principal fator que leva a mudanças minimalistas e moderadas.

No que toca às lideranças da AP, “mais de metade nas nomeações estudadas (64%) aconteceram em momentos de alternância de partidos no governo”, enquanto nos períodos sem alternância “as nomeações tendem a ocorrer com mais frequência a meio do mandato”.

Em termos setoriais, o estudo revela que áreas como a saúde e a educação sofrem mais mexidas de lideranças em momentos de transição política (42%), em contraste com os setores técnicos, que apresentam apenas 25% de renovação nessas circunstâncias.

Há também diferenças entre o tipo de entidades, bem como a ideologia dos partidos no poder. Segundo o estudo, os institutos públicos, bem como as inspeções-gerais tendem a sofrer mais alterações nas suas lideranças com a mudança partidária de governo, ao passo que nas direções-gerais, “mais próximas do controlo ministerial, as mudanças são menos frequentes”, lê-se.

em termos de ideologia política, “os governos de direita preferem nomear para as direções-gerais, enquanto os governos de esquerda nomeiam mais frequentemente para os institutos públicos”.

“Estes resultados sugerem que os governos de esquerda procuram controlar um perímetro maior da administração (…) Em paralelo, não deve ser descurada a hipótese de que estas dinâmicas possam também estar relacionadas com uma estratégia de mobilização de um dos seus grupos eleitorais mais significativos — os funcionários públicos — como parte de um esforço para reforçar a base de apoio político”, concluem.

Ao mesmo tempo, o estudo da FFMS revela que governos de esquerda tendem a nomear mais líderes para institutos públicos nas áreas sociais e técnicas, enquanto os de direita se concentram nas direções-gerais, sem distinção entre setores.

Quanto ao processo de recrutamento de novos dirigentes, o recrutamento interno é o mais utilizado, o que, segundo os investigadores, revela que, “além das preocupações com a sintonia entre governos e dirigentes, é também valorizado o conhecimento interno existente na administração pública”.

E também neste prisma há diferenças consoante a ideologia: a esquerda valoriza mais a experiência no setor público na escolha de dirigentes, enquanto a direita prioriza profissionais do setor privado.

Por outro lado, de uma forma global, os investigadores apontam que “a ideologia dos partidos no governo pode ser um fator determinante” na concretização das mudanças nas políticas públicas.

“Os governos liderados por partidos de direita tendem a focar-se em fusões e extinções de entidades, especialmente em períodos de crise económica, ao passo que os governos de esquerda priorizam a criação de novas entidades e mantêm uma maior continuidade em contextos de estabilidade económica”, sustentam.

Acrescentam que a alternância partidária e o apoio maioritário no parlamento “tendem a surgir associados a mudanças mais frequentes e significativas”, enquanto governos minoritários “demonstram uma maior tendência para a estabilidade nas estruturas da administração pública”.

No que respeita ao orçamento disponível, predominam as pequenas alterações, mas observam-se diferenças entre instituições: as direções-gerais são mais afetadas por cortes orçamentais do que os institutos públicos, enquanto as inspeções-gerais apresentam menos alterações drásticas.

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Hoje nas notícias: impostos, Spinumviva e educação

  • ECO
  • 27 Junho 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Governo vai acelerar a entrada em vigor da descida adicional do IRS. O primeiro-ministro discordou da decisão da Entidade para a Transparência de fazer prova dos serviços prestados pela Spinumviva aos seus clientes e interpôs um recurso no Tribunal Constitucional. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Governo antecipa descida do IRS para agosto com medo da economia

O Governo prepara-se para antecipar a prometida descida adicional de IRS em 500 milhões de euros para que entre em vigor já no início de agosto, com o objetivo de aumentar o consumo no verão e assim tentar travar o abrandamento da economia, uma preocupação assumida para já apenas nos corredores do poder. Apesar de, em público, tanto o primeiro-ministro como o ministro das Finanças manterem o cenário deste ano, fontes do Executivo já admitem que “pode ficar abaixo das previsões” (2,4%). “As pessoas precisam de dinheiro nas férias e em setembro, quando começam as aulas”, justifica um membro do núcleo duro do Governo, garantindo que a entrada rápida em vigor da medida, prometida na campanha das legislativas, “não tem relação” com as eleições autárquicas.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Montenegro recusa dar provas dos trabalhos da Spinumviva

A Entidade para a Transparência (EpT) exigiu ao primeiro-ministro o envio de provas dos serviços prestados pela Spinumviva, empresa da sua família, aos seus clientes. No entanto, Luís Montenegro discordou da decisão da EpT, não entregando a prova desse trabalho e interpondo um recurso no Tribunal Constitucional contra a decisão do organismo. O recurso deu entrada no Tribunal Constitucional este mês, “encontra-se a ser tramitado nos termos legais aplicáveis e não foi ainda objeto de apreciação, não se prevendo sequer que possa sê-lo antes do termo das férias judiciais”.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Menos de metade dos alunos conclui a licenciatura no tempo esperado

Dos 51.668 alunos inscritos no 1.º ano, pela primeira vez, de uma licenciatura no ano letivo de 2017/2018, apenas 45,6% concluíram-na no tempo esperado — ou seja, em três anos. Nos mestrados de dois anos, a percentagem não chega aos 30%. Os dados constam do portal InfoCursos, atualizado recentemente pelo Ministério da Educação, em que se revela também que duplicaram os cursos com taxa de desemprego zero, para um total de 87, e que a taxa de desistência nos cursos de curta duração (CTeSP) ultrapassa já os 28%.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Estado recebeu 251,6 milhões em dividendos da Galp em oito anos

O Estado, através da Parpública, é o segundo maior acionista da Galp, detendo 8,24% do capital, uma posição avaliada em cerca de 952 milhões de euros. Porém, esta é uma das participações estatais que o Ministério das Finanças está a avaliar para decidir se é estratégica — e para manter na esfera do Estado — ou se se deve privatizar. Desde 2017, ano em que reforçou ligeiramente a participação na empresa, o Estado recebeu 251,6 milhões de euros em dividendos pagos pela Galp Energia. Nestes últimos oito anos, o exercício que deu mais retorno foi o de 2019, quando o encaixe foi de 40,3 milhões de euros, de acordo com os relatórios da Conta Geral do Estado.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Erros e mau planeamento geram caos no aeroporto de Lisboa

Desde maio, quando o Serviço de Segurança Interna (SSI) instalou novas máquinas para controlo de passaportes, o tempo de espera dos turistas para entrar no país através do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, ultrapassa muitas vezes as quatro horas. Para sair, a espera ronda, em média, uma hora. O problema deve-se ao facto de o SSI ter instalado o novo sistema de controlo automático de passaportes sem avisar atempadamente a ANA Aeroportos — a entidade gestora do aeroporto — e sem realizar os testes necessários para garantir o correto funcionamento. Além disso, não existe um plano de contingência para responder a eventuais falhas que pudessem surgir.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

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Banco Central Europeu acusado de perpetuar pobreza ao ignorar inflação dos “luxos”

A política monetária do BCE está a falhar ao descurar a inflação discricionária, condenando milhões de trabalhadores precários e agravando o ciclo de pobreza na Europa, alertam os especialistas.

Imagine um médico que durante décadas trata a febre de um doente em vez de curar a pneumonia que está justamente a criar essa febre e que realmente o está a matar. É exatamente isto que o Banco Central Europeu (BCE), liderado por Christine Lagarde, tem feito desde 1999, segundo uma investigação que promete abalar os fundamentos da política monetária europeia.

O estudo “A despesa discricionária é o ciclo e porque é que é importante para a política monetária”, conduzido por quatro dos economistas respeitados da City londrina — incluindo Paolo Surico, ex-conselheiro do Banco de Inglaterra –, descobriu algo que vai contra tudo o que os bancos centrais acreditam há décadas. Segundo estes economistas, o BCE e os seus pares estão a combater a inflação errada e, ao fazê-lo, estão a provocar um massacre silencioso entre os trabalhadores mais pobres.

A descoberta é tão perturbadora quanto simples. Segundo os autores deste paper, que será apresentado oficialmente no fórum anual do BCE na próxima semana em Sintra, enquanto o BCE se concentra obsessivamente na inflação geral, deveria estar de olho apenas na inflação dos gastos discricionários, ou seja, nos gastos que os consumidores podem adiar ou cortar quando a vida aperta: restauração, entretenimento, viagens, roupa de marca, bens eletrónicos e atividades de lazer. Segundo os dados apresentados neste estudo, estes gastos representam quase metade de tudo o que os europeus gastam (44% do orçamento das famílias europeias).

[Após um aperto monetário pelo BCE] o consumo discricionário declina notavelmente, atingindo uma contração máxima de aproximadamente 80 pontos base quatro trimestres após um choque de política monetária de um desvio-padrão. Em contraste, o consumo essencial mostra pouca ou nenhuma resposta.

Michele Andreolli, Natalie Rickard, Paolo Surico e Chiara Vergeat

Autores do paper Discretionary Spending is the Cycle, and Why it Matters for Monetary Policy

Paulo Surico e os seus colegas mostram que a política monetária assente na taxa de inflação geral faz com que o BCE ao subir as taxas de juro para combater a inflação, os primeiros a sofrer sejam sempre as mesmas atividades: as pessoas deixam de ir ao restaurante, cancelam férias, adiam a compra de roupa nova, etc. As empresas destes setores, que empregam cinco vezes mais trabalhadores vulneráveis do que os setores essenciais, começam a despedir. E estes trabalhadores, que vivem praticamente ao dia, cortam drasticamente todo o seu consumo, criando uma espiral descendente que atinge toda a economia.

Segundo a análise destes economistas, 37% dos trabalhadores de menores rendimentos que trabalham em indústrias discricionárias são classificados como “hand-to-mouth” (vivem ao dia), comparando com apenas 8% nas indústrias essenciais. Quando há crise, é aqui que o desemprego explode primeiro e com mais violência.

É por isso que Paolo Surico e os seus colegas defendem que para “mitigar os efeitos adversos das recessões nos trabalhadores de baixos rendimentos e, assim, estabilizar a procura agregada da zona euro de forma mais eficaz”, será mais eficaz que a política monetária do BCE deva abandonar a orientação com base na taxa de inflação geral e se foque apenas na inflação dos gastos discricionários.

O poder preditivo escondido

A análise dos investigadores tem como amostra um conjunto de dados desde 1999, que revelam padrões claros na resposta dos diferentes setores à política monetária. Após um aperto monetário pelo BCE, “o consumo discricionário declina notavelmente, atingindo uma contração máxima de aproximadamente 80 pontos base quatro trimestres após um choque de política monetária de um desvio-padrão. Em contraste, o consumo essencial mostra pouca ou nenhuma resposta”, referem os investigadores.

Nos mercados financeiros, o padrão repete-se. “Após um choque de política monetária, a resposta imediata dos preços das ações discricionárias é duas vezes maior do que a das ações essenciais”, referem os investigadores. Os dividendos das empresas discricionárias também caem aproximadamente o dobro das empresas de bens essenciais, concluem os autores.

Paradoxalmente, os preços comportam-se de forma inversa. “As respostas de preços nos setores essenciais são notavelmente maiores, caindo cerca do dobro em relação aos preços nos setores discricionários”, revelam os investigadores.

Segundo os investigadores, caso a política monetária do BCE fosse mais focada na inflação discricionária e não na taxa de inflação geral permitiria estabilizar mais eficazmente tanto o emprego quanto o consumo agregado na Zona Euro.

Esta investigação revela também que diferentes indicadores setoriais têm capacidades preditivas distintas para a economia. “A capacidade dos preços agregados para prever a produção na Zona Euro é inteiramente explicada pelo subíndice de preços dos bens e serviços essenciais, enquanto a capacidade da taxa de emprego agregada para prever a inflação pode ser explicada apenas pelo movimento na taxa de emprego das indústrias discricionárias”. Esta descoberta sugere que os bancos centrais poderiam melhorar significativamente as suas previsões económicas prestando mais atenção a estes indicadores setoriais específicos.

A análise da recente crise inflacionista de 2021-2023 oferece dados particularmente valiosos que ajudam a sustentar os argumentos deste paper. Os investigadores concluem que “a maior parte do pico de inflação em 2022 foi impulsionada por mudanças de preços em bens essenciais não-duráveis, como mercearia, combustível e energia, enquanto a maior parte da persistência de 2023-2025 deveu-se principalmente à inflação em serviços discricionários”. Este padrão reforça a tese de que diferentes tipos de inflação requerem respostas políticas distintas.

Com base nestas evidências, os autores desenvolveram um modelo teórico que suporta a ideia de que o BCE deveria “abandonar o targeting da inflação geral e focar-se exclusivamente na inflação dos gastos discricionários”.

A lógica desta conclusão assenta na ideia de que os gastos discricionários são mais sensíveis às taxas de juro e empregam mais trabalhadores vulneráveis e, por isso, caso a política monetária fosse mais focada neste setor permitiria estabilizar mais eficazmente tanto o emprego quanto o consumo agregado. “Ao visar a inflação discricionária, o banco central proporciona às famílias um incentivo para suavizar os seus gastos discricionários; por sua vez, isto melhora os efeitos negativos no emprego dos trabalhadores de baixos recursos nas indústrias discricionárias”, explicam os autores.

Com o BCE a enfrentar desafios desde a gestão da inflação pós-pandémica às pressões demográficas e climáticas, a proposta de Paulo Surico e dos seus colegas oferece uma nova perspetiva sobre como tornar a política monetária mais eficaz e socialmente justa. Os autores reconhecem que a sua proposta representa “uma nova forma de repensar as flutuações do ciclo económico” e que requer uma mudança fundamental na forma como os bancos centrais concebem o seu mandato.

Embora o estudo se foque na Zona Euro, as suas implicações podem estender-se a outras economias desenvolvidas que enfrentam desafios similares de desigualdade e volatilidade económica. Para Portugal, país onde as disparidades de rendimento permanecem significativas, esta abordagem poderia oferecer uma forma mais eficaz de proteger os trabalhadores mais vulneráveis durante os ciclos económicos.

A questão que se coloca é se o BCE estará disposto a considerar uma mudança tão fundamental na sua estratégia, especialmente numa altura em que a estabilidade de preços continua a ser vista como o seu objetivo primordial.

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Von der Leyen avisa EUA que União Europeia se prepara para desacordo sobre tarifas

  • Lusa e ECO
  • 27 Junho 2025

Comissão Europeia irá "defender os interesses europeus sempre que necessário" e tem "todas as opções em cima da mesa" para as negociações entre Bruxelas e Washington que decorrem até 9 de julho.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, avisou os Estados Unidos de que a União Europeia (UE) se está a preparar para a possibilidade de não haver um “entendimento satisfatório”, prometendo defender os interesses europeus.

“Recebemos o mais recente documento dos Estados Unidos para prosseguir com as negociações e estamos a analisá-lo neste momento”, começou por dizer Ursula von der Leyen, falando em conferência de imprensa após um Conselho Europeu dedicado em parte a assuntos de competitividade económica, em Bruxelas.

E afiançou: “A nossa mensagem de hoje é clara: estamos prontos para chegar a um acordo, mas, ao mesmo tempo, estamos a preparar-nos para a possibilidade de não se alcançar um entendimento satisfatório”.

De acordo com a líder do executivo comunitário, a Comissão Europeia irá “defender os interesses europeus sempre que necessário” e tem “todas as opções em cima da mesa” para as negociações entre Bruxelas e Washington que decorrem até 9 de julho.

Fontes comunitárias ouvidas pela Lusa apontaram que a UE ambiciona e ainda acredita num acordo com os Estados Unidos, rejeitando uma prorrogação do prazo por implicar discussões mais pormenorizadas.

As mesmas fontes adiantaram que a parte mais difícil das negociações se deve ao défice comercial norte-americano face ao bloco comunitário e ao interesse dos Estados Unidos em vender automóveis à Europa.

Presente na conferência de imprensa, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou: “Um acordo é sempre melhor do que um conflito, e zero direitos aduaneiros é sempre melhor do que um direito aduaneiro”. “A incerteza é a pior coisa para a nossa economia e temos de avançar para dar certezas aos nossos investidores, aos nossos trabalhadores, às nossas empresas, o mais rapidamente possível”, apelou.

António Costa defendeu ainda, como abordado no Conselho Europeu, o “reforço da posição da Europa no palco mundial”, e que para tal contribuirão “as próximas cimeiras com o Japão, a China e os países da América Latina, das Caraíbas e da União Africana, na segunda metade deste ano”.

Já o presidente francês, Emmanuel Macron, apelou a um “acordo rápido”, defendendo que a situação atual não pode durar “para sempre”. “Há um desejo real entre os europeus de concluir (…) Mas não queremos concluir rapidamente a qualquer custo”, acrescentou, após uma cimeira dos 27 Estados-membros em Bruxelas.

As tensões comerciais entre Bruxelas e Washington devem-se aos anúncios de Donald Trump de imposição de taxas de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas, entretanto, suspensas por 90 dias.

A suspensão acalmou os mercados, que chegaram a registar graves perdas, e foi saudada e secundada pela UE, que suspendeu, durante o mesmo período e até meados de julho, as tarifas de 25% a produtos norte-americanos em resposta às aplicadas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio europeus.

A Comissão Europeia, que detém a competência da política comercial da UE, tem optado pela prudência e essa cautela é apoiada por países como Portugal. Bruxelas quer conseguir negociar com Washington, tendo já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.

Atualmente, 379 mil milhões de euros em exportações da UE para os Estados Unidos, o equivalente a 70% do total, estão sujeitos às novas tarifas (incluindo as suspensas temporariamente) desde que a nova administração dos Estados Unidos tomou posse, em janeiro passado. Segundo a instituição, está em causa uma taxa média de direitos aduaneiros dos Estados Unidos mais elevada do que na década de 1930.

Prazo de julho para negociação de tarifas “não é crítico”, alegam EUA

Por outro lado, a Casa Branca alega que não considera “crítico” o prazo de 9 de julho inicialmente fixado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, para negociar novos acordos comerciais com os seus parceiros e evitar assim a aplicação “tarifas recíprocas”.

“O prazo não é crítico. O Presidente pode simplesmente oferecer um acordo a esses países se eles se recusarem a fazer um acordo connosco antes do prazo, e isso significa que o Presidente pode escolher uma taxa tarifária recíproca que considere vantajosa para os Estados Unidos”, afirmou a porta-voz da administração, Karoline Leavitt, numa conferência de imprensa.

Quanto ao progresso das negociações comerciais, Leavitt acrescentou que o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, “está a trabalhar arduamente e tem tido discussões muito boas e produtivas” com vários dos principais parceiros comerciais de Washington.

Questionada por um jornalista sobre o que irá acontecer depois de 9 de julho com a suspensão das tarifas, a porta-voz da Casa Branca respondeu que “essa é uma decisão que cabe ao Presidente tomar”.

No início de junho, o líder republicano já tinha manifestado abertura para alargar os prazos dos novos acordos comerciais e disse que “a dada altura” o seu Governo iria enviar cartas aos países com novos pactos elaborados pelos EUA e que estes poderiam “aceitar ou rejeitar”. “Eles não têm de o utilizar (o acordo). Não têm de comprar aos Estados Unidos, como eu disse”, acrescentou.

Desde que regressou ao poder em janeiro passado, Trump impôs tarifas globais, erradamente consideradas “recíprocas”, que depois suspendeu até 9 de julho para dar espaço aos restantes países para negociarem novos pactos comerciais com Washington.

Atualmente, a administração republicana chegou a um acordo informal com o Reino Unido e a outro pacto com a China para reduzir as tarifas. Trump especificou no início deste mês que estava a negociar com cerca de 15 países, incluindo o Japão e a Coreia do Sul, e insistiu que tinha “mais de 150” ainda em espera.

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Catawiki bloqueou 10 milhões de euros de contrafações em 2024

  • Servimedia
  • 27 Junho 2025

De acordo com a plataforma, na quinta-feira, o valor total dos artigos contrafeitos intercetados pelas alfândegas europeias aumentou 77% em 2023, em comparação com o ano anterior.

A Catawiki, a plataforma de leilões online de objetos especiais, bloqueou contrafações no valor de 10 milhões de euros em 2024.
De acordo com a plataforma, na quinta-feira, o valor total dos artigos contrafeitos intercetados pelas alfândegas europeias aumentou 77% em 2023, em comparação com o ano anterior.

“À medida que os objetos de coleção ganham popularidade, valor e atração de investimento, tornam-se também um alvo crescente para os falsificadores. Só em 2024, o número de artigos rejeitados pelos peritos da Catawiki por motivos de autenticidade aumentou 20% em comparação com os dois anos anteriores. Em termos monetários, estima-se que mais de 10 milhões de euros de artigos tenham sido bloqueados em todo o mundo, o que demonstra o elevado nível de proteção proativa da plataforma em comparação com outras no mesmo mercado. Em Espanha, quase 1 milhão de euros de artigos contrafeitos foram impedidos de entrar no mercado”, explicou a plataforma.

Os dados também mostram que as categorias relacionadas com a moda são as mais atraentes para os falsificadores. Em Espanha, em 2024, a Catawiki rejeitou a maior percentagem de anúncios falsos em categorias como malas de mão (10,47 %), sapatos de marca (7,79 %) e acessórios de moda (4,34 %). As recordações desportivas também registaram uma elevada percentagem de rejeições de autenticidade (4,59%), em especial artigos de futebol (4,53%). As coleções LEGO e Disney também se encontram entre as 10 categorias com maior número de rejeições.

Em termos de categorias com o maior crescimento anual da atividade de contrafação, as moedas antigas e os cartões Pokémon lideraram a lista em Espanha, com mais do dobro do número de anúncios falsos detetados pelos especialistas da Catawiki em 2024 (+103,85% e +101,41%, respetivamente) em comparação com o ano anterior.

“Garantir a qualidade começa com um rigoroso processo de revisão no qual uma equipa de centenas de especialistas internos da Catawiki analisa e seleciona cuidadosamente cada objeto especial que é carregado na plataforma. Os compradores também estão protegidos pela Garantia do Comprador da Catawiki, que inclui o cancelamento e o reembolso total no caso improvável de um objeto ser considerado não autêntico”, detalhou a plataforma.

“A contrafação é uma realidade infeliz, mas crescente, e estamos a fazer tudo o que podemos para a combater. Na Catawiki, temos tolerância zero para artigos contrafeitos e enfrentamos o problema com ferramentas robustas e conhecimentos profundos”, afirmou Ravi Vora, CEO da Catawiki.

Assim, “ao combinarmos o conhecimento humano com a tecnologia, estamos a detetar mais contrafações do que nunca e a elevar continuamente a fasquia da qualidade em grande escala. É um esforço contínuo: os nossos especialistas mantêm-se alerta e adaptam-se continuamente aos desenvolvimentos do mercado. Os dados mostram que estamos no caminho certo e continuaremos a investir para nos mantermos na vanguarda.

DICAS

Um exemplo revelador de como a experiência é crucial para determinar a qualidade e o valor dos objetos pode ser encontrado no mundo dos ténis exclusivos. “As sapatilhas combinam uma elevada procura por parte dos consumidores, colecionabilidade e um forte potencial de revenda, o que as torna um alvo crescente para os falsificadores”, afirma Kris Panavara, especialista em sapatilhas e streetwear da Catawiki. “As edições limitadas populares podem esgotar-se em minutos e atingir preços na ordem dos milhares de euros. Os falsificadores tiram partido desta urgência com técnicas cada vez mais sofisticadas, sendo muitas vezes necessário um olho treinado para as detetar.”

As principais dicas do Panavara para os compradores de sapatilhas que procuram garantir que compram um par autêntico começam por examinar o exterior e a forma geral, uma vez que “a má qualidade de construção é muitas vezes um sinal óbvio”. Quando autênticas, as sapatilhas verdadeiras têm normalmente costuras consistentes e apertadas, com curvas bem formadas, especialmente à volta do calcanhar, da entre sola, da perfuração e da biqueira, enquanto as falsas têm frequentemente costuras irregulares, fios soltos ou construção desalinhada. Deve prestar-se atenção a curvas desleixadas ou painéis que não estejam corretamente alinhados.

As etiquetas internas e os números de série também devem ser inspecionados: os sapatos falsos têm frequentemente pormenores internos em falta, como a etiqueta da língua. As etiquetas genuínas são limpas, com tipos de letra consistentes, espaçamento uniforme e códigos QR que conduzem ao produto correto, mas as etiquetas falsificadas parecem frágeis, com espessura de letra incorreta, texto desalinhado ou códigos QR que conduzem a páginas não relacionadas.

Outra parte a verificar é a palmilha e a costura interna, uma vez que a qualidade de construção interna é difícil de falsificar. Assim, as autênticas têm geralmente uma costura limpa e precisa sob a palmilha, especialmente perto da curva do calcanhar, enquanto as falsas têm muitas vezes linhas sujas, costura apressada ou acabamentos irregulares. Mesmo as falsificações bem feitas tendem a negligenciar estes pormenores ocultos.

Além disso, este especialista recomenda sempre a utilização de plataformas fiáveis: “Evite vendedores privados ou não verificados e opte por plataformas de confiança. Na Catawiki, cada par de sapatos é cuidadosamente analisado digitalmente por especialistas internos, que utilizam uma combinação de tecnologia e experiência no setor antes de os aprovarem para leilão.

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Nortia torna-se acionista da Expertia Seguros

  • Servimedia
  • 27 Junho 2025

Juan Antonio Alcaraz, CEO da Nortia, junta-se ao Conselho de Administração.

A holding Nortia Capital adquire uma participação significativa na Expertia Seguros, no âmbito da sua estratégia de diversificação e reforço da sua posição no setor financeiro e segurador.
Com esta transação, a Nortia continua a investir em empresas com elevado potencial de crescimento em sectores-chave. Para além disso, o CEO da Nortia, Juan Antonio Alcaraz, junta-se ao Conselho de Administração da seguradora.

A entrada da Nortia na Expertia Seguros apoia a visão de futuro da Expertia e reforça a posição da seguradora no mercado espanhol, numa nova fase em que procura continuar a crescer num mercado em mudança.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 27 de junho

  • ECO
  • 27 Junho 2025

Ao longo desta sexta-feira, 27 de junho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Baraka apresenta uma queixa contra o BBVA junto das autoridades bolsistas do Reino Unido, do México e da Turquia relativamente aos direitos de reversão da operação Madrid Nuevo Norte

  • Servimedia
  • 27 Junho 2025

Enviou cartas aos reguladores bolsistas para alertar e denunciar o conflito entre o seu grupo e o BBVA, cotado nas bolsas desses países.

O fundador do Grupo Baraka, Trinitario Casanova, e representante da Associação Sem Abuso, que reúne um milhar de famílias afetadas pelos direitos de reversão dos terrenos da operação Madrid Nuevo Norte, enviou várias cartas aos reguladores bolsistas de Londres (Inglaterra), Cidade do México (México) e Ancara (Turquia) para alertar e denunciar o conflito entre o seu grupo e o BBVA, cotado nas bolsas desses países, relativamente aos direitos de reversão dos terrenos onde será executado o projeto.

Nestas cartas, e tal como fez em fevereiro passado com a SEC (supervisor norte-americano), Baraka explica que pretende informar os reguladores do processo judicial aberto no Tribunal Superior de Justiça de Madrid “para reclamar os direitos de reversão correspondentes aos terrenos expropriados para a construção dos complexos ferroviários de Chamartín e Fuencarral, em Madrid, e que em 1994 foram expropriados para a construção dos complexos ferroviários de Chamartín e Fuencarral, em Madrid, e que em 1994 foram objeto de uma concessão administrativa para o seu desenvolvimento urbanístico na denominada “operação Chamartín” (hoje “Madrid Nuevo Norte”)“ e informar sobre ”a medida cautelar de averbamento preventivo da pretensão acordada no referido processo judicial sobre praticamente todos os imóveis que compõem a referida zona de “Madrid Nuevo Norte””.

O presidente do Grupo Baraka explica que o BBVA registou um aumento de cerca de mil milhões de euros depois de ter adquirido à ADIF, em dezembro passado, os terrenos ferroviários afetados pelo projeto. Apesar do processo judicial, sublinha, “não foi incluída qualquer provisão ou contingência, nem foi deixada qualquer nota ou menção em relação ao referido processo judicial e à medida cautelar acordada no âmbito do mesmo, que afeta precisamente os terrenos cuja aquisição em dezembro de 2024 levou à revisão em alta das ações do BBVA em mais de mil milhões de euros”.

Por último, a carta alerta os supervisores da bolsa para o facto de o BBVA “estar a violar gravemente as normas internacionais de contabilidade por não refletir nas suas demonstrações financeiras consolidadas a realidade da situação e a imagem verdadeira e apropriada do grupo”.

Para além das comunicações com as bolsas mundiais onde o BBVA está presente, o Trinitario Casanova escreveu também à CNMV (Comisión Nacional del Mercado de Valores) há meses, informando-a da omissão do BBVA e da carta enviada à SEC. A mesma comunicação foi enviada à EY, a empresa de auditoria do BBVA, avisando que a sua auditoria teria de fazer referência à decisão do TSJM.

O objetivo do empresário é assegurar que qualquer futuro comprador da participação do BBVA seja informado de que o recurso administrativo entre o Baraka e o BBVA continua por resolver e, por conseguinte, se comprar, está consciente do risco que corre. Assim, no caso hipotético de os direitos de reversão virem a ser reconhecidos, Casanova poderá exigir ao Crea Madrid Nuevo Norte, sejam quais forem os seus acionistas, a devolução do terreno ou uma indemnização, que estima em cerca de mil milhões de euros, de acordo com as cartas enviadas às autoridades de supervisão das bolsas de valores dos Estados Unidos, Inglaterra, México e Turquia.

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Inteligência Artificial já transforma milhares de consultas médicas em Espanha

  • Servimedia
  • 27 Junho 2025

A Quirónsalud realizou quase um milhão de consultas com a sua ferramenta de IA generativa Scribe, já utilizada por mais de 5.000 profissionais do Grupo.

A entrada da Inteligência Artificial (IA) nas práticas médicas já não é uma promessa para o futuro, mas uma realidade crescente. Enquanto vários sistemas de saúde públicos em Espanha começam a testar este tipo de solução nos centros de cuidados primários, alguns grupos hospitalares do setor privado já estão a consolidar a sua utilização em grande escala.

Um dos casos mais avançados é o de Quirónsalud, que lançou um projeto de integração de IA generativa na consulta médica sob o nome de Scribe no final de 2024. Em poucos meses, a ferramenta foi utilizada em quase um milhão de consultas médicas e conta com mais de 5.000 profissionais envolvidos na sua utilização regular em diferentes centros do grupo.

A ferramenta permite transcrever a conversa entre o médico e o doente em tempo real, identificar automaticamente os elementos clinicamente relevantes e gerar um relatório estruturado, sem que o médico tenha de interromper a consulta ou desviar a atenção para um ecrã ou teclado. O relatório é revisto e validado antes de ser incluído no registo médico.

Como explica a Dr.ª Cristina Caramés, diretora de cuidados e investigação do Quirónsalud, “os pacientes estão muito satisfeitos nos inquéritos de avaliação dos cuidados, nos quais refletem que as consultas decorrem num diálogo constante, com total atenção do médico ao seu caso e às suas apreensões, sem distrações tecnológicas”.

O sistema, para além de automatizar a parte documental, orienta o profissional durante a consulta, sugere aspetos clínicos a explorar e estrutura a entrevista para evitar omissões. Ao final da consulta, o paciente recebe um relatório claro, sem tecnicismos ou abreviações, o que melhora a compreensão do diagnóstico e do tratamento e reforça a continuidade do atendimento.

Para os profissionais, um dos benefícios mais destacados é a redução da carga burocrática, principalmente nas primeiras consultas, onde é necessário registar mais informação. Além disso, destacam melhorias na elaboração dos relatórios, que passam a ser mais úteis tanto para o paciente quanto para outros especialistas envolvidos no seu acompanhamento.

“O facto de podermos prestar toda a atenção ao doente durante a consulta sem que esta seja diluída por dispositivos tecnológicos, de podermos olhá-lo nos olhos e perceber o que ele precisa, é a nossa forma de colocar no centro o que é mais importante para nós: as pessoas”, afirma o Dr. Caramés.

NOVO MODELO DE CUIDADOS

Este novo modelo de atendimento, centrado na voz e apoiado pela tecnologia, representa um passo em frente na evolução da prática clínica. Os profissionais do grupo também destacam que a ferramenta lhes permite atender melhor não apenas ao que o paciente diz, mas como ele diz, analisando seu tom, emoções e preocupações.

A adoção de ferramentas semelhantes noutros países, como o Reino Unido, a Suécia e a Suíça, já mostrou resultados promissores. Nestes contextos, a utilização da IA nas consultas reduziu significativamente o tempo gasto em tarefas administrativas, aumentou a satisfação dos doentes e melhorou a precisão do acompanhamento clínico. Estes casos internacionais reforçam a viabilidade destes sistemas como parte do futuro próximo dos cuidados de saúde.

Da mesma forma, a experiência da Quirónsalud mostra como este tipo de solução pode contribuir para melhorar a qualidade dos cuidados, otimizar os tempos de consulta e reforçar a ligação entre o médico e o paciente. Um avanço que, segundo o Grupo, pode ser fundamental para enfrentar alguns dos desafios estruturais que a saúde enfrentará nos próximos anos.

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5 coisas que vão marcar o dia

Nesta sexta-feira, termina a reunião do Conselho Europeu e esperam-se protestos da Administração Local e trabalhadores de empresas municipais.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar dados sobre a evolução das rendas a nível local, enquanto nos mercados é o dia em que a Navigator entra em ex-dividendo. Termina ainda a reunião do Conselho Europeu. Veja cinco coisas que poderão marcar esta sexta-feira.

Fim do Conselho Europeu

Termina nesta sexta-feira a reunião de chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros da União Europeia (UE), presidida por António Costa, presidente do Conselho Europeu. A reunião começou nesta quinta-feira onde os líderes europeus comprometeram-se a financiar aumentos dos gastos com defesa alinhados com a nova meta da NATO. Na quinta-feira, o primeiro-ministro português afastou a hipótese de reprogramar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para ir ao encontro da nova ambição nesta área.

Onde sobem mais as rendas?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai atualizar as estatísticas das rendas da habitação ao nível local referentes ao primeiro trimestre de 2025. No último trimestre de 2024, as rendas em Portugal continuaram a aumentar (9,3%), embora tenham desacelerado face à subida anual de 11% registada no trimestre anterior. O órgão de estatística vai divulgar ainda os resultados dos inquéritos de conjuntura às empresas e aos consumidores de junho, bem como dados das empresas portuguesas no âmbito do Dia Internacional das Micro, Pequenas e Médias Empresas, celebrado esta sexta-feira.

Ações da Navigator perdem direito ao dividendo

A partir desta sexta-feira, as ações da Navigator passam a ser negociadas sem direito ao dividendo. Isto significa que os investidores que adquirirem ações a partir desta data já não terão direito ao respetivo pagamento. Como é habitual nestas situações, o preço da ação deverá ajustar-se, refletindo aproximadamente o valor do dividendo, que neste caso é de 0,10545 euros por ação.

Administração Local em protesto

Está marcado um protesto nacional dos trabalhadores do setor administrativo e empresarial local público. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL) convocou o protesto que começa no Largo de Camões às 10h30 e vai até ao Parlamento. A greve abrange trabalhadores da Administração Local, Câmaras e Juntas de Freguesia, bem como os trabalhadores de empresas municipais.

Onde está Portugal no ranking do poder de compra?

O Eurostat vai divulgar dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e o emprego nos países na UE, ajustados pela paridade do poder de compra – forma de comprar a riqueza produzida pelos países, ajustando as diferenças nos níveis de preços. Em 2023, Portugal ocupou o 5.º lugar entre os países da Zona Euro com a menor paridade de poder de compra entre os trabalhadores que auferem a retribuição mínima garantida.

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Mafra quer ser estação intermédia de mercadorias num investimento acima dos 100 milhões de euros

Presidente da autarquia pretende atrair pelo menos 100 milhões de investimento privado para um território atravessado pela renovada linha do Oeste e duas autoestradas.

Hugo Moreira Luís, presidente da Câmara Municipal de Mafra, pretende aproveitar a localização do seu concelho às portas de Lisboa e o atravessamento pela renovada linha do Oeste para criar um parque empresarial e um hub logístico numa área a rondar os 100 hectares

O presidente da Câmara de Mafra tem em vista a criação de um hub logístico e parque empresarial que aproveite infraestruturas ferroviárias e rodoviárias renovadas, apostando na captação de empresas exportadoras. Ciente da inexistência dos latifúndios de outras paragens, Hugo Luís acredita, ainda assim, ser possível reunir vontades e terrenos para criar uma área de 100 hectares, usando para tal de uma estratégia similar à da Parque Expo, que requalificou e dinamizou o desenvolvimento pela agregação de parcelas.

“O município de Mafra tem que ser o indutor do desenvolvimento, um dinamizador do desenvolvimento e não deixar unicamente na perspetiva dos privados todas as intenções e as realizações”, defende o autarca.

O investimento, superior a 100 milhões de euros, assenta “maioritariamente em capitais privados”, diz Hugo Luís ao ECO/Local Online. Entre os chamarizes que o autarca acredita ter para os investidores está, à cabeça, a proposta de um hub logístico com ligação rápida entre a indústria da zona de Leiria e o porto de Lisboa, aproveitando a renovada linha ferroviária do Oeste.

Adicionalmente, sintetiza, Mafra reúne condições como a população jovem – dos cerca de 100 mil habitantes, 35% tem menos de 30 anos, assegura –, a incubadora ligada ao mar, a única reserva mundial de surf na Europa (Ericeira), uma distância de cerca de 25 quilómetros até ao porto de Lisboa, valores agrícolas como o limão, e uma forte presença na logística de transporte.

O objetivo é instalar empresas industriais e tecnológicas com vocação exportadora. Para isso, não basta ir procurar empresas nos concelhos de Sintra ou de Torres Vedras.

Hugo Luís

Presidente da Câmara Municipal de Mafra

“O objetivo é instalar empresas industriais e tecnológicas com vocação exportadora. Para isso, não basta ir procurar empresas nos concelhos de Sintra ou de Torres Vedras”, assinalou o autarca ao ECO/Local Online, à margem da conferência Outlook Mafra, organizada pelo ECO e decorrida nesta quinta-feira.

Com os olhos no mapa, onde a A8 e a A21 surgem a atravessar o concelho, o presidente da Câmara de Mafra assinalou um território na ordem dos 100 hectares onde pretende instalar uma área de acolhimento empresarial que permita captar empresas com vocação exportadora, mas hoje ausentes do concelho. Adicionalmente, já existem manifestações de interesse de outras que, estando em Mafra, necessitam de espaço para crescer. Entre os exemplos disponibilizados pelo autarca estão a Movimar (indústria de mobiliário de cozinha), Cubotónic (metalomecânica atualmente presente na Venda do Pinheiro) e a Despomar, especialista em surf e detentora de mais de 20 pontos de venda no país.

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IA tornou-se num “caso demasiado sério” que precisa de “regulação própria”

A IA na contabilidade e auditoria acelerou nos últimos anos, sendo necessário, dizem os especialistas, criar uma regulação própria e garantir que não substitui as competências destes profissionais.

A Inteligência Artificial é “fundamental” para o processo de transição das áreas de contabilidade e auditoria, automatizando tarefas repetitivas e permitindo que estes profissionais se foquem mais na estratégia das empresas. Mas, alertam os especialistas, esta tecnologia tornou-se num “caso demasiado sério” e é preciso que haja regulação própria.

“O empresário precisa de um copiloto que pode ser o contabilista”, começou por dizer Valter Pinho, general manager SAF-T da Sovos, na conferência “A Política Fiscal como Agente de Transformação da Economia” para marcar o lançamento do EContas, a nova marca de informação do ECO, num painel sobre a IA na contabilidade.

Para que o contabilista possa ser um parceiro estratégico das empresas deve contar com esta tecnologia para automatizar tarefas repetitivas e, assim, conseguir focar-se mais em responder às necessidades estratégicas dos clientes e ajudar na tomada de decisão. “Se a simplificação for injetada nas empresas, para a automação dos processos que não criam valor, o mercado muda completamente. A utilização de IA é fundamental neste processo de transição”, refere, notando que a “automação não está suficiente madura”.

É preciso, porém, estar atento aos desafios que esta tecnologia representa, tanto para a contabilidade como para a auditoria. “Tornou-se num caso demasiado sério. Precisa de uma regulação própria, de um governance próprio e é esse o desafio para os contabilistas e para os auditores”, afirmou Hugo Salgueiro, CEO da DFK, no mesmo painel.

Nesse sentido, a DFK vai criar “um centro de excelência de serviços partilhados de auditoria com IA que terá as suas regras de governance próprias”, anunciou o CEO da empresa, defendendo que as competências dos auditores não podem ser substituídas pela IA.

Para o responsável, é necessário implementar “mecanismos muito robustos para mitigar os riscos que possam advir” da introdução de IA nos processos de auditoria, notando que esta tecnologia torna ainda mais relevante o papel dos auditores e contabilistas na verificação e revisão das contas, porque “a contabilidade é um ato de responsabilidade e de verdade”.

Subsídios para implementar IA nas empresas

O gestor defendeu ainda a criação de “apoios para a implementação de tecnologias de IA” nas empresas, uma vez que se trata de um investimento avultado. “Sentimos que não existem apoios específicos para esse investimento. Conseguimos alocar algumas verbas do PRR, mas tem de haver um trabalho conjunto com os vários players do mercado, os auditores, os contabilistas e o Governo no sentido de criar um ecossistemas para incentivar a utilização destas ferramentas, se não perdemos a competividade do mercado e depois ficamos de fora do comboio”.

Já Valter Pinho diz que, mais do que subsídios, é preciso haver uma simplificação do reporte fiscal. “Em vez de estar a pedir subsídios, o que eu pedia aos governantes e reguladores é que simplifiquem a função fiscal e o meu processo de reporte fiscal“, afirmou, pedindo, por exemplo, que “havendo um problema na entrega do IVA, que se saiba rapidamente como resolver”.

“Vejo mais isto no cenário de baixo do que de cima. Os subsídios põem as pessoas gordas e depois têm problemas”, referiu o general manager SAF-T da Sovos, apelando a que haja “simplificação e automação” dos processos.

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