Exército israelita perde nove soldados num dia

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

No total, segundo o Exército, 185 dos seus soldados morreram desde 27 de outubro.

O Exército israelita anunciou esta terça-feira a morte de nove soldados na Faixa de Gaza no dia anterior, um dos maiores números diários desde o início da sua operação terrestre no enclave palestiniano, controlado pelo Hamas.

No total, segundo o Exército, 185 dos seus soldados morreram desde 27 de outubro, quando, após uma intensa campanha de bombardeamentos, as forças de Telavive entraram na Faixa de Gaza. Em 0 de janeiro, o Exército israelita anunciou que tinha “concluído o desmantelamento da estrutura militar” do movimento islamita palestiniano Hamas no norte da Faixa de Gaza e explicou que passava a concentrar-se no centro e no sul deste território.

As autoridades militares israelitas declararam ter matado “cerca de 40 terroristas” na segunda-feira, durante uma operação na cidade de Khan Younis (sul). Por sua vez, em dois comunicados de imprensa, as Brigadas al-Qassam, braço armado do movimento palestiniano Hamas, afirmaram na segunda-feira ter “matado e ferido” soldados israelitas e visado um tanque Merkava naquela cidade.

Segundo a imprensa israelita, seis dos nove soldados mortos morreram na explosão de um camião do Exército carregado com explosivos e destinado a destruir infraestruturas subterrâneas. Dezenas de soldados ficaram feridos nesta explosão, incluindo Idan Amedi, ator da série israelita Fauda, segundo os ‘media’ israelitas, mas o Exército não forneceu detalhes.

O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 7 de outubro, matando cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis, segundo números oficiais de Telavive.

No dia seguinte, Israel mobilizou 360 mil reservistas, além dos 169.500 soldados contratados. Os israelitas que completaram o serviço militar, uma grande parte da população judaica adulta, são obrigados a permanecer na reserva até os 40 anos.

Em retaliação aos ataques de 7 de outubro, Israel, que prometeu eliminar o movimento palestiniano considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local, já foram mortas mais de 23 mil pessoas, na maioria mulheres, crianças e adolescentes.

O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população da Faixa de Gaza), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado numa grave crise humanitária.

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Banco Mundial mantém previsão de crescimento global em 2,4% este ano

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

A organização alerta para uma "perspetiva sombria" para os próximos anos, apesar do facto de "a inflação global estar a ser controlada sem levar o mundo a uma recessão".

O Banco Mundial manteve a previsão de crescimento económico global em 2,4% para 2024, mas baixou em três décimas a projeção para 2025, para 2,7%, devido à instabilidade política, segundo o relatório divulgado esta terça-feira.

O Banco Mundial justifica as previsões com a queda do comércio mundial, as elevadas taxas de juro, bem como a instabilidade geopolítica que poderá provocar um “enfraquecimento adicional do crescimento” no futuro.

A organização alerta para uma “perspetiva sombria” para os próximos anos, apesar do facto de “a inflação global estar a ser controlada sem levar o mundo a uma recessão”, segundo o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gil, em declarações aos jornalistas.

“É raro que os países reduzam as taxas de inflação sem provocar um abrandamento, mas desta vez uma aterragem suave parece cada vez mais possível. Contudo, para além dos próximos dois anos, as perspetivas são sombrias”, indicou. Segundo o relatório de previsões económicas mundiais, no final de 2024 registar-se-á o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global a cinco anos mais lento em 30 anos.

Ainda assim, a instituição sediada em Washington melhorou o crescimento de 2023 em cinco décimas, para 2,6%, em comparação com as projeções anteriores publicadas em junho. Este ano, as economias avançadas crescerão 1,2%, o mesmo valor estimado em junho passado, embora em 2025 cresçam seis décimas menos do que o anteriormente esperado, 1,6%.

Para a zona euro prevê um crescimento da economia de 0,7% em 2024 (menos seis décimas que a estimativa anterior) e 1,6% em 2025 (menos sete décimas) e para os Estados Unidos de 1,6% (seis décimos a mais do que o estimado) em 2024 e 1,7% em 2025 (seis décimos a menos).

As economias emergentes crescerão 3,9% em 2024 e 4% em 2025 (face aos 7% que cresceram em 2021, por exemplo), os mesmos números que o Banco Mundial estimou em junho. Quanto à principal potência emergente, a China, continuará a abrandar o crescimento e crescerá 4,5% em 2024 e 4,3% em 2025 (um décimo menos do que o anteriormente estimado, em ambos os períodos).

“Existem múltiplos riscos para as perspetivas de agravamento, incluindo tensões geopolíticas crescentes, stress financeiro relacionado com taxas de juro elevadas, potencial para inflação persistente, crescimento mais fraco do que o esperado na China, maior fragmentação e desastres relacionados com as alterações climáticas”, destacou o economista-chefe da instituição.

O Banco Mundial considera que o recente conflito no Médio Oriente, juntamente com a invasão russa da Ucrânia, aumentou significativamente os riscos geopolíticos e a intensificação destes conflitos “poderá ter repercussões globais adversas através dos mercados financeiros e de mercadorias, do comércio e da confiança”.

Os ataques a navios comerciais que transitam no Mar Vermelho já começaram a perturbar “rotas marítimas importantes” e corroeram as “redes de abastecimento” e aumentaram “a probabilidade de estrangulamentos inflacionistas”.

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Control lança passatempo relacionado com os cinco sentidos. Viagem a Veneza é o grande prémio

  • + M
  • 9 Janeiro 2024

Bilhetes duplos para cinema VIP, jantares românticos, entradas para concertos à luz das velas, workshops para criar perfumes, massagens para dois e uma viagem a Veneza são os prémios em jogo.

A Control lançou esta semana o passatempo digital “O amor faz sentido”, a propósito do Dia dos Namorados e relacionado com os cinco sentidos. Entre outros prémios que a marca tem para oferecer, o grande vencedor ganha um fim de semana em Veneza para dois.

A decorrer até dia 11 de fevereiro, o passatempo digital vai assim durar cinco semanas e cada uma está relacionada com um dos cinco sentidos. Todas as semanas a marca dá prémios relacionados com cada sentido.

“O Dia dos Namorados é sempre um momento de grande importância para a Control. Todos os anos procuramos marcar esta altura com campanhas que se destacam pela disrupção. Este ano não foi diferente: quisemos celebrar a data junto dos consumidores, explorando os cinco sentidos com eles. Quisemos que o ‘Amor Faz Sentido’ fosse uma oportunidade para os fãs da Control se divertirem e ganharem prémios que os permitam viver os cinco sentidos com a sua cara-metade também fora do digital”, diz Patrícia Nunes Coelho, diretora de marketing da Control Portugal e Espanha, citada em comunicado.

Através de jogos especialmente criados para cada um dos sentidos, os participantes vão assim ser confrontados na primeira semana com um desafio relacionado com o sentido da visão, na segunda semana com um relacionado com o paladar, na terceira com a audição, na quarta com o olfato e na última com o tato.

Para participarem os interessados devem fazer o registo no site passatempocontrol.pt, onde depois têm, todos os dias, um tempo limitado para responder aos desafios que são apresentados.

Dependendo de acertarem nas respostas e do tempo que demoram a responder, os participantes acumulam pontos e habilitam-se a serem os vencedores. Convidar amigos ou fazer compras específicas permite a soma de mais pontos.

Todas as semanas os participantes que amealharem mais pontos habilitam-se a ganhar prémios relacionados com um dos sentidos, como bilhetes duplos para cinema VIP, jantares românticos para dois, entradas para concertos à luz das velas, workshops para criar perfumes ou massagens para dois. No final do passatempo, o jogador que tiver acumulado o maior número de pontos ganha uma viagem para dois a Veneza.

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IL apoia “sem nenhuma reserva” projeto da alta velocidade

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

A IL não tem "nenhuma dúvida, nenhuma reserva, nenhuma hesitação no que diz respeito àquilo que é a importância estrutural da alta velocidade para o desenvolvimento do país".

A IL afirmou esta terça-feira que apoia “sem nenhuma reserva” o projeto da alta velocidade e vai votar favoravelmente a resolução do PS para arrancar com o concurso da linha Porto-Lisboa, acusando os socialistas de “arrastar os pés”.

Em declarações aos jornalistas nos passos perdidos do parlamento pouco antes do debate em plenário, por marcação do PS, sobre vários projetos de resolução acerca da linha ferroviária de alta velocidade Porto–Lisboa, o presidente da IL, Rui Rocha, referiu que o partido tem sobre este tema “uma posição muito clara já desde há muitos anos”, que estava já no programa eleitoral que apresentou às últimas legislativas e que vai voltar a estar no das próximas eleições de março.

“A Iniciativa Liberal é um partido de velocidade alta e apoia sem nenhuma reserva o projeto de alta velocidade”, sintetizou. Esta posição favorável, de acordo com o líder liberal, prende-se com o facto de a “alta velocidade encurtar as distâncias no país”, ao mesmo tempo que aumenta a mobilidade e as oportunidades de crescimento de Portugal.

“Onde o PS durante nove anos arrastou os pés e onde o PSD nos últimos tempos parece ter hesitado, a Iniciativa Liberal avança e avança para a alta velocidade com convicção de que é uma obra estrutural para o país”, defendeu. Segundo Rui Rocha, não há pela parte da IL “nenhuma dúvida, nenhuma reserva, nenhuma hesitação no que diz respeito àquilo que é a importância estrutural da alta velocidade para o desenvolvimento do país”.

“O PS agora traz esse projeto de resolução tentando fazer crer que não podia ter feito mais antes e avançado mais depressa. Claro que podia. O PS a única coisa que fez foi arrastar os pés”, criticou. Apesar destas críticas, o presidente liberal adiantou que o partido vai votar a favor, mas reiterou que “o mais importante é mesmo o desígnio da construção desta infraestrutura”.

Não havendo nenhuma dúvida da parte da IL sobre a importância da alta velocidade e parecendo evidente, face a estas informações, que para termos essa posição privilegiada no acesso aos fundos é necessário avançar com o concurso nos próximos dias, é essa também a posição da IL sem nenhuma hesitação”, explicou.

Esta terça, numa nota enviada à Lusa e assinada pelo vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz, o partido liderado por Luís Montenegro anunciou que vai votar a favor da resolução do PS para arrancar com o concurso da linha de alta velocidade Porto-Lisboa porque “nunca será um entrave” ao desenvolvimento, mas remeteu responsabilidades da solução para os socialistas.

Hoje, no parlamento, vai a votos uma resolução do PS, que recomenda o desenvolvimento das diligências conducentes ao início do concurso da linha de alta velocidade Porto-Lisboa, depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter defendido que seria necessário que Portugal apresente o concurso até final de janeiro para não perder a possibilidade de um financiamento até 750 milhões de euros da União Europeia.

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Comunidade do Alentejo Litoral tem mais 17,4% de orçamento para 2024

Orçamentos dos municípios da CIMAL para 2024 aumentam 17,4% em relação a 2023, atingindo os 266 milhões de euros.

Os cinco municípios que integram a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL) têm mais 17,4% de orçamento para 2024 do que em 2023, num total de 266,5 milhões de euros, destinando-se a maior fatia na ordem dos 63,1 milhões de euros ao concelho de Odemira, avança esta comunidade intermunicipal.

Na prática, o município de Odemira – o maior concelho da CIMAL – tem mais 11,2 milhões (21,5%) de orçamento do que em 2023, calcula a CIMAL num comunicado enviado às redações. Segue-se depois a Câmara Municipal de Grândola, cujo Executivo aprovou um orçamento de 54 milhões de euros para 2024, mais nove milhões de euros (20%) do que no ano anterior.

Já Santiago do Cacém tem uma dotação de 52,1 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 2,4 milhões (4,8%) quando comparado com a dotação inscrita para 2023.

Segue-se depois Alcácer do Sal, o segundo maior concelho da CIMAL, com 49,7 milhões de euros, mais 10,9 milhões (28%) do que no último ano.

Por fim, o município de Sines tem uma verba inscrita na ordem dos 47,6 milhões de euros para gerir, mais seis milhões (14,4%) do em que 2023.

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Horta Osório e Francisco Lacerda apontados à EDP

Depois da anunciada a saída de João Talone da presidência do Conselho Geral e Supervisão da EDP, os principais acionistas avaliam alternativas e querem um perfil técnico e de gestão.

Após o anúncio de João Talone de que não está disponível para um segundo mandato como presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, surpreendente e que resulta de divergências com os principais acionistas relativamente a regras de governação na companhia elétrica, abriu a discussão sobre a escolha do chairman para os próximos três anos e, segundo apurou o ECO junto de duas fontes, ressaltam dois nomes entre os principais acionistas: António Horta Osório e Francisco Lacerda, gestores com perfil técnico e que não têm quaisquer funções executivas.

António Horta Osório é chairman da Bial, não executivo em grupos como a Impresa e os Mello, consultor de instituições com o Mediobanca, e foi recentemente noticiado o seu envolvimento numa operação para comprar a Altice Portugal. Já Francisco Lacerda é administrador não executivo na Endesa, além de consultoria na área financeira. São dois gestores referenciados por alguns dos principais acionistas e têm o perfil técnico e profissional, e alinhados com o perfil da própria comissão executiva, liderada por Miguel Stilwell. A decisão sobre o novo presidente do Conselho é da responsabilidade dos acionistas, terá de ser tomada ao mais tardar até ao final de fevereiro e nenhum nome terá sido ainda contactado.

Quando João Talone foi escolhido, em março de 2021, para suceder a Luís Amado como presidente do CGS da EDP, uma das justificações apontadas pelos acionistas foi a necessidade de ter um perfil diferente na liderança daquele órgão fiscalizador da atividade da comissão executiva. Os acio­nistas como a China Three Gorges (CTG) e a Masaveu pretendiam mudar o perfil do presidente do CGS para competências mais técnicas e profissionais. Talone foi mesmo presidente executivo da EDP e responsável pela entrada da EDP em Espanha entre 2003 e 2006, quando o Estado ainda era acionista da companhia.

O nome de Rui Moreira foi noticiado nos últimos dias, primeiro pelo Expresso, como possível candidato à liderança do Conselho, decorrente de um alegado acordo com o primeiro-ministro António Costa. Oficialmente, ninguém faz comentários a este cenário, mas uma fonte próxima do presidente da Câmara Municipal do Porto garantiu ao ECO que não existia qualquer acordo, tanto mais que há dois ou três meses, período apontado para esse entendimento, não se antecipava a saída de João Talone. Além disso, outra fonte próxima da EDP estranha o envolvimento do primeiro-ministro numa empresa totalmente privada, embora admitindo que o principal acionista, chinês, seja sensível à posição do Estado.

De facto, de acordo com duas fontes que conhecem as discussões na EDP, a China Three Gorges, que tem 20% da EDP, defendia a continuidade de Talone num segundo mandato e terá mesmo feito saber ao gestor esta decisão. Mas não foi sensível, pelo menos até ao momento, aos argumentos de Talone sobre a necessidade de reforçar o número de independentes no conselho que tem como função fiscalizar a atividade da comissão executiva da companhia, liderada por Miguel Stilwell. O Conselho Geral e de Supervisão é composto por 16 membros, cinco dos quais são representantes do acionista chinês e dois do acionista espanhol, além de nove membros independentes, incluindo o próprio João Talone.

Nas últimas semanas, o presidente do conselho e antigo presidente executivo da companhia tinha manifestado a visão de que a EDP deveria reduzir o número de membros do CGS, passando a CTG a ter três ou, no máximo, quatro membros, enquanto a família Masaveu teria um representante. Talone apresentou uma proposta aos acionistas e terá dado o prazo do final do ano para ter uma resposta dos acionistas, que não chegou. Mais tarde, a EDP comunicou oficialmente ao mercado a decisão de Talone.

Assim, os nomes de António Horta Osório e de Francisco Lacerda preenchem os requisitos de perfil técnico e profissional defendido pelos principais acionistas, requisitos que também são defendidos pela Comissão Executiva da EDP, liderada por Miguel Stilwell. Outra fonte contactada pelo ECO recorda que a EDP foi, durante anos, uma empresa por onde passaram ex-ministros e políticos próximos do chamado bloco central, o PS e o PSD.

Com a entrada de Talone e a redução do número de membros da comissão executiva, e para salvaguardar a empresa de qualquer contaminação política, os acionistas optaram por criar uma espécie de ‘veto’ a membros não executivos de perfil político, como seria o caso de Rui Moreira, apesar da sua experiência empresarial prévia à presidência da Câmara do Porto. Moreira era acionista da empresa de transportes Transinsular e posteriormente presidente da Associação Comercial do Porto, de onde saiu quando se candidatou ao município.

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Costa critica “angústias e hesitação” na exploração de lítio em Portugal

Primeiro-ministro avisa sucessor que não deve ter “hesitações e medo de avançar” na mineração, refinação e fabrico de bateria de lítio, contabilizando novo recorde no investimento empresarial em 2023.

António Costa alertou esta terça-feira que “o país não pode ter angústias, dúvidas nem qualquer hesitação” em aproveitar as reservas de lítio, que “existe para ser explorado e valorizado”, aproveitando o facto de Portugal ter, “pela primeira vez”, um recurso natural que considera ser “chave” para a transição energética.

“Temos mesmo de conseguir aproveitar o lítio que temos em Portugal e aproveitá-lo de forma inteligente: não é simplesmente fazer a mineração para vender a outros que façam a refinação e tenham o valor acrescentado. Temos todo o potencial em Portugal, se ninguém tiver hesitações e medo de avançar, de podermos ter a mineração, a refinação e termos fabricas de bateria de lítio”, apontou.

Entre as intenções de investimento na área do lítio já apresentadas ao Governo, num total de 9.000 milhões de euros e 8.000 empregos diretos, destacam-se os projetos mineiros e de refinação em Boticas e Montalegre, a fábrica de baterias elétricas projetada pela chinesa CALB para terrenos em Sines, ou a refinaria de lítio da Galp em parceria com a sueca Northvolt prevista para Setúbal.

Desafiado pelo presidente da Toyota Caetano Portugal, José Ramos, o ainda primeiro-ministro aludiu igualmente às células de combustível a hidrogénio (fuel cells) que têm disputado o protagonismo com as baterias de lítio na área da mobilidade — e em que o grupo português tem apostado nos últimos anos com a produção de autocarros a hidrogénio.

De visita à fábrica da Toyota Caetano em Ovar, onde esta manhã foi apresentado o veículo elétrico que vai ser usado nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024, António Costa salientou que Portugal tem “a extraordinária oportunidade de poder apoiar e desenvolver as duas tecnologias, e o mercado e o futuro dirão qual vai triunfar ou se ambas vão conviver”.

“Graças ao investimento em energias renováveis, conseguimos ter um preço de produção de energia verde muito competitivo à escala global. Vai permitir ter um baixo custo na produção do hidrogénio verde. Temos água abundante no oceano e felizmente um menor custo de produção de energia solar face a outros países. Dá-nos uma grande competitividade para alimentar a nossa própria indústria e também para potenciar a exportação de hidrogénio verde”, acrescentou.

Ainda na área energética, António Costa salientou os “seis dias inteirinhos” em novembro, um novo recorde, em que toda a eletricidade consumida em Portugal teve origem em fontes renováveis, além de um excedente para 95 horas consecutivas a exportar eletricidade para Espanha. “E quando as interconexões com Espanha e França estiverem reforçadas na eletricidade e concretizadas no gás, o nosso potencial exportador vai ser ainda maior”, completou.

Recorde no investimento empresarial e exportações acima de 50% do PIB

De saída do Governo ao fim de oito anos em que, contabilizou, o stock de investimento direto estrangeiro (IDE) aumentou 40%, depois do registo máximo de investimento empresarial no país em 2022, o governante socialista antecipou: no ano passado, “provavelmente, teremos fixado um novo máximo de investimento empresarial na nossa economia”.

Por outro lado, destacou que é o “investimento nas competências, na produtividade e na capacidade de produzir mais e melhor que explica que, pela primeira vez na história, as exportações tenham representado mais de 50% do PIB”. Algo que justificou com a procura de novos mercados externos por parte das empresas, mas também porque “o que o país produz hoje tem maior valor do que o que produzia tradicionalmente”.

“Cada veículo destes [da Toyota Caetano] são umas centenas de pares de sapatos. Sendo muito importante continuar a acarinhar as indústrias tradicionais, como o têxtil, o calçado ou os produtos agroalimentares, temos de apostar cada vez mais em produtos mais sofisticados, que por cada unidade acrescentam muito mais valor à nossa economia”, reforçou António Costa, notando que 38% das exportações nacionais de bens já são atualmente de alta e média-alta tecnologia.

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+M

Delta lidera ranking de 22 marcas com reputação de excelência em Portugal

  • + M
  • 9 Janeiro 2024

Este ano há mais 10 marcas com a "reputação de excelência", em relação ao ano passado. No total são 22 as marcas que em Portugal obtiveram uma classificação superior a 80 pontos.

A Delta é líder entre as marcas com maior relevância e reputação no país em 2023, segundo os dados do RepScore, estudo elaborado pela consultora OnStrategy que analisa a relevância e de reputação emocional das marcas com os portugueses. Há mais 10 marcas este ano com a “reputação de excelência” (mais de 80 pontos), em relação ao ano passado.

De acordo com o ranking divulgado, a Delta registou 83,2 pontos – menos 0,6 pontos do que no ano passado, em que a marca também foi líder do ranking -, sendo que entre as cinco marcas melhor classificadas se segue a Nestlé (82,6), Luso (82,4), Nestum (82,4) e Olá (82,1).

Compal (81,8), Água das Pedras (81,6), Nívea (81,2), Gillette (80,8), Multibanco (80,8), Terra Nostra (80,7), Google (80,6), Vitalis (80,5), Colgate (80,5), Microsoft (80,5), Oliveira da Serra (80,4), Delta Q (80,3), Gallo (80,2), Sumol Compal (80,2), Cerelac (80,1), Danone (80,1) e Farmácias Portuguesas (80), completam a lista de 22 marcas que se destacam como excelentes, ao terem uma avaliação acima de 80 pontos.

O estudo é elaborado tendo por base um trabalho de campo que decorre durante todo o ano junto de uma amostra de cerca de 50 mil pessoas e em conformidade com a certificação das normas ISO20671 (avaliação de estratégia e força) e ISO10668 (avaliação financeira), analisando os atributos associados à relevância, consideração, confiança, admiração, intenção de compra, preferência, recomendação e defesa.

Para a escala de 100 pontos foram auditadas mais de duas mil marcas (associadas a mais de 70 setores de atividade).

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Nova líder da Anacom defende na Madeira mais concorrência nas telecomunicações

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

De visita oficial à Madeira, Sandra Maximiano considera fundamental melhorar a conectividade e estimular a concorrência entre operadores para fomentar o desenvolvimento da região.

A nova presidente da Anacom considera fundamental melhorar a conectividade e estimular a concorrência entre operadores para fomentar o desenvolvimento da Madeira, disse esta terça-feira Sandra Maximiano.

“Nós não podemos controlar preços diretamente, há um mercado livre, mas podemos ter um papel muito importante, a par com a Autoridade da Concorrência, em promover maior concorrência”, disse, sublinhando que “o anseio [da Anacom] é que haja maior concorrência” na Madeira.

Sandra Maximiano, que assumiu a presidência do regulador em dezembro para um mandato de seis anos, falava após uma audiência com o presidente do Parlamento regional, José Manuel Rodrigues, no Funchal, no âmbito de uma visita oficial à região.

“Os principais anseios são que haja uma melhor conectividade, uma melhor qualidade de serviço e melhores preços, e que isso permita o melhor desenvolvimento da região”, afirmou.

Sandra Maximiano alertou também para a importância de a região autónoma “não ficar para trás” na adoção de novas tecnologias de conectividade, nomeadamente ao nível do novo hospital central e universitário, atualmente em construção.

“Temos de pensar que estamos a construir um hospital para as pessoas, mas nunca podemos perder também essa grande ambição que é como o podemos fazer olhando para o futuro, para daqui a 100 anos e não só para as necessidades presentes”, avisou, reforçando que “é preciso que não se perca a visão de curto, médio e longo prazo”.

A responsável sublinhou, por outro lado, que Anacom “sempre teve uma visão de futuro para a Madeira” e, por isso, vai manter a delegação no arquipélago.

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Segurança Social pronta para acionar fundo de garantia salarial para Global Media

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

O secretário de Estado do Trabalho disse também que o despedimento coletivo na Global Media foi uma declaração sem consequências formais porque a DGERT ainda não foi notificada.

A ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, garantiu esta terça-feira, no parlamento, que a Segurança Social está preparada para acionar o fundo de garantia salarial para os trabalhadores do grupo Global Media, caso as empresas recorram ao mecanismo.

“A Segurança Social estará preparada para acionar o fundo de garantia salarial, caso as empresas recorram ao mecanismo, como sabemos, para isso, é preciso que as empresas acionem os mecanismos necessários para o efeito“, garantiu a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Ana Mendes Godinho foi ouvida no parlamento, por requerimento do PCP e do BE, sobre a situação no grupo Global Media, que abrange títulos como o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSF, entre outros, e que manifestou a intenção de despedir até 200 trabalhadores.

A ministra, que fala na véspera da greve de trabalhadores do Global Media Group (GMG), explicou que a Autoridade para as Condições De Trabalho (ACT) foi acionada assim que o ministério soube pela comunicação da situação do grupo de comunicação social, para levar a cabo ações inspetivas em cinco empresas, no Porto e em Lisboa.

“O não pagamento pontual dos salários, além de inaceitável, é uma contraordenação muito grave, pelo que a ACT está a desencadear os procedimentos legais previstos para estas situações“, realçou Ana Mendes Godinho.

Os trabalhadores do grupo não receberam o salário de dezembro e, segundo a administração do grupo, vão receber o subsídio de Natal em duodécimos durante este ano, o que não é legal.

De acordo com o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, “não houve nenhum contacto por parte do GMG”, com o ministério, “para nenhuma reunião”, ao contrário do habitual, apontou, “quando se avizinham dificuldades”, para procurar “uma resposta que ajude”.

Segundo a ministra, a ACT está também a analisar as situações dos prestadores de serviços, os chamados “recibos verdes”, que além de pagamentos em atraso, viram os seus serviços cessados a partir de janeiro, num anúncio feito com pouco tempo de antecedência.

O secretário de Estado do Trabalho garantiu que o “Governo não hesitará em desencadear todos os mecanismos que no quadro legal existam para fazer cumprir a lei“.

O código do trabalho é suficientemente robusto nesta matéria, para podermos atuar“, acrescentou.

Em 28 de dezembro, a Global Media informou os trabalhadores de que não tinha condições para pagar os salários referentes a dezembro, sublinhando que a situação financeira é “extremamente grave“.

A Comissão Executiva não se comprometeu com qualquer data para pagar os salários de dezembro, mas sublinhou que estava a fazer “todos os esforços” para que o atraso seja o menor possível.

O programa de rescisões na Global Media termina em 10 de janeiro, dia para o qual também foi convocada uma greve dos trabalhadores do grupo.

Global Media não notificou DGERT sobre intenção de despedimento coletivo

O secretário de Estado do Trabalho disse na mesma audição que o despedimento coletivo no Global Media Group foi uma declaração sem consequências formais até ao momento, porque a DGERT ainda não foi notificada, conforme obriga a lei.

“Se essa situação se colocar [despedimento coletivo], como habitualmente, o que é feito é verificar se estão reunidos os pressupostos que a lei define para que esse processo possa acontecer. Até ao momento, não passou de uma declaração que não teve consequências formais”, afirmou o governante.

O secretário de Estado lembrou que, em caso de despedimento coletivo, a lei obriga a uma formalização junto da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), que, até ao momento, não foi feita.

“Este é o tempo para fazermos crer a todos que a lei existe, Portugal é um Estado de direito, a lei é para cumprir, e que é absolutamente inaceitável que uma estratégia de quem quer seja, pudesse gerar uma situação de incumprimento”, apontou o secretário de Estado, acrescentando que a situação “gera perplexidade e é a todos os títulos inaceitável”.

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Douro Cidade Europeia do Vinho 2023 termina com gala e homenagens

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

Serão homenageados os mais de 23 mil vitivinicultores que "trabalham a vinha e o vinho no Douro e são promotores económicos indispensáveis para o sucesso da região".

O Douro Cidade Europeia do Vinho 2023 realiza a gala de encerramento este sábado, em Sernancelhe, depois de um ano com 600 atividades que promoveram a região, valorizaram os produtores e os viticultores que preservam a paisagem. “O evento marca o ponto final do Douro Cidade Europeia do Vinho, distinção que permitiu ao Douro capacitar, promover e refletir o vinho enquanto produto endógeno e atrativo turístico de um território com 19 municípios”, afirmou, citado em comunicado, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro, Carlos Silva Santiago.

Para o também presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, distrito de Viseu, esta “foi igualmente uma oportunidade para se valorizar os produtores e trabalhadores da vinha, que contribuem na sua atividade laboral para a preservação da paisagem”.

A gala será um momento de homenagem aos viticultores, escritores e individualidades do panorama nacional que, nas suas áreas, contribuíram diretamente para o desenvolvimento da região e foram parceiros da Cidade Europeia do Vinho. Serão homenageados os “obreiros do Douro”, ou seja, os mais de 23 mil vitivinicultores que “trabalham a vinha e o vinho no Douro e são promotores económicos indispensáveis para o sucesso da região“. E será também destacado o papel que os escritores do Douro têm na afirmação do território, pelo que serão homenageados, entre outros, Miguel Torga, Aquilino Ribeiro e Guerra Junqueiro.

“A gala de encerramento será um momento em que reviveremos um ano de intensa promoção do Douro, de afirmação da região no panorama nacional e internacional, através de mais de 600 atividades que englobaram conferências, workshops, espetáculos e provas de vinho nos 19 municípios do nosso território”, salientou Carlos Silva Santiago.

Um dos momentos altos do Douro Cidade Europeia do Vinho 2023 foi a celebração, por escolha do Presidente da Republica, Marcelo rebelo de Sousa, do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas na cidade do Peso da Régua, distrito de Vila Real.

A gala de encerramento será um momento em que reviveremos um ano de intensa promoção do Douro, de afirmação da região no panorama nacional e internacional.

Carlos Silva Santiago

Presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro

O objetivo do evento programado para sábado é lembrar “todos aqueles que, com a sua ação, conseguiram elevar o nome do Douro, fazendo jus ao lema da candidatura duriense “All Around Wine, All Around Douro” (tudo à volta do vinho, tudo à volta do Douro). “Uma marca que afirmámos em Portugal e na Europa, e que contribuiu diretamente para o desenvolvimento do nosso território“, sublinhou o presidente.

A distinção da Cidade Europeia do Vinho 2023 foi atribuída pela Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN) e tem como objetivo promover o vinho e respetivos produtores nos países associados, assim como território europeu e internacional.

Nesta gala, segundo a organização, pretende-se assinalar também a passagem de testemunho do Douro para vários municípios da região de Piemonte, Itália, que em 2024 ostentará o título de Cidade Europeia do Vinho.

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“A IA vai contribuir para garantir novas soluções de defesa”

  • BRANDS' ECO
  • 9 Janeiro 2024

Graça Canto Moniz, professora de direito e especialista em proteção de dados, é a sexta convidada do podcast Vale da Inquietação.

Graça Canto Moniz, professora de direito e especialista em proteção de dados, é a convidada do sexto episódio do podcast Vale da Inquietação, que teve como mote “A Inteligência Artificial e os nossos direitos”. Nesta conversa, moderada por Pedro Duarte, vice-presidente da CIP, foram abordadas as questões éticas, sociais, políticas e económicas que se colocam com o desenvolvimento e a aplicação da Inteligência Artificial.

Doutorada em Direito e com especialidade na proteção de dados, Graça Canto Moniz encara as inovações tecnológicas com entusiasmo, apesar de ressalvar a importância de saber perceber a diferença entre “aquilo que é a tendência do momento e aquilo que veio para ficar”. “Às vezes, essa separação nem sempre é muito fácil de fazer. Por exemplo, nos últimos cinco anos, nós passamos de uma grande excitação com a blockchain e as bitcoins, depois veio o Metaverso, e depois o ChatGPT, que apareceu aí de repente e é a última novidade, embora eu ache que, de facto, no caso da IA generativa, a mudança veio para ficar e não é só o tema do momento“, disse.

Por considerar que a IA generativa não é apenas uma tendência de momento, a professora de direito explicou que está a tentar perceber as suas funcionalidades e a usá-la ao máximo no seu dia-a-dia, até para as suas aulas: “Usei e estou a usar bastante, tentei aprender um bocadinho mais sobre isso, tanto para a minha vida académica, na parte da educação, e, por outro lado, para incentivar o seu uso às pessoas com quem trabalho. Tenho procurado sensibilizá-los muito para utilizarem o ChatGPT, para lhe fazerem perguntas e para refletirem como aquilo vai afetar aquilo que fazem no seu dia-a-dia”.

“Há uma ideia generalizada, tanto na academia, no direito e fora, de que a UE está a assumir uma liderança na regulação da economia digital, em geral. O RGPD é um exemplo disso, e agora temos aí um diploma para regular a Inteligência Artificial. E, olhando para a solução jurídica, eu acho que é interessante porque a UE está a regular o risco da regulação de determinadas tecnologias e isto pode ser feito de várias formas“, afirmou.

De acordo com Graça Canto Moniz, o RGPD e o diploma que está agora a ser pensado para a IA têm abordagens diferentes: “No RGPD há uma mensagem muito simples, que é a atribuição de uma autogestão dos riscos às organizações que tratam e utilizam dados pessoais. Isto é uma metodologia que tem vantagens e desvantagens. A esta solução do RGPD deve estar associada uma forte fiscalização por parte das autoridades nacionais. Já na regulação da IA, temos uma abordagem ligeiramente diferente e que vem um bocadinho mais de cima para baixo relativamente ao risco, isto porque, neste caso, a UE está a tornar proibidas, através da lei, determinadas utilizações tecnológicas. Portanto são duas abordagens que têm risco no seu centro, no seu core, mas que são muito diferentes“.

Apesar de não conseguir dizer qual das abordagens é a melhor, a professora de direito garante que o caminho de experimentalismo que tem vindo a ser feito pela UE é muito importante. “É verdade que a UE tem a ambição de influenciar a regulação fora do espaço europeu, e isso é chamado de efeito Bruxelas, mas depois há aqui outros fatores que é importante ter em conta. Um tem a ver com a matriz da UE estar muito apegada aos direitos fundamentais, até por questões históricas. E depois há um outro ponto muito interessante, que tem a ver com a construção do mercado interno da UE, isto porque a UE tem diferentes culturas jurídicas, o que faz com que haja países, como a Alemanha ou a Holanda, que decidem adotar diplomas internamente, trazendo o risco de a UE ter estados-membros com diplomas muito diferentes e criar dificuldades na atualização do direito. Por isso é que a União Europeia tem sempre esta preocupação de procurar garantir que as regras dentro da UE são todas iguais”.

Relativamente à forma como a proteção de dados é encarada, Graça Canto Moniz ainda destacou a incapacidade de se perceber o risco associado à transmissão de dados pessoais a um terceiro. “Quando falamos do digital, por ser uma realidade muito abstrata, é muito distante, intangível e impercetível, e isso tem implicações no nosso processo cognitivo e na tomada de decisões que nós temos no momento de darmos ou não os nossos dados, isto porque não vemos os riscos no momento de consentirmos. E depois há, ainda, algumas plataformas que estão desenhadas de maneira a que as pessoas deem o máximo de informação para o prestador e há, até, algumas armadilhas, os chamados ´padrões obscuros´, e isso também tem influência na quantidade de informação que nós damos online e na maneira como somos manipulados a dar a informação”, alertou.

No entanto, apesar do risco existente, a professora de direito garante que a Inteligência Artificial trará muitas vantagens, mesmo no campo da defesa e da própria cibersegurança: “Eu acho que há a ideia de que a IA pode beneficiar o atacante, pode abrir espaço para novos ataques, para a circulação de informação falsa e para estimular problemas humanos, mas, por outro lado, na perspetiva da defesa, sem dúvida que a IA vai contribuir para garantir novas soluções de defesa das empresas e dos seus ativos. Aliás, eu acho que a IA pode-nos ajudar muito na cibersegurança e em muitas outras áreas. Por isso, considero que olhar só para os problemas e para os riscos da IA não é positivo e, sobretudo, não é positivo enquanto sociedade e enquanto país, como Portugal, que quer evoluir e quer construir uma sociedade melhor”.

Os dilemas éticos, as oportunidades de transformação e as implicações sociais da revolução tecnológica, mais concretamente da Inteligência Artificial, serão os temas abordados ao longo da primeira temporada do podcast “Vale da Inquietação”, uma iniciativa da CIP – Confederação Empresarial de Portugal e da Microsoft.

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